28 outubro 2019

O Quadro Simbólico do Grau de Companheiro no Rito Escocês Antigo e Aceite


Nos primeiros tempos da Maçonaria especulativa, qualquer local podia ser transformado num Templo Maçónico, para isso bastava a Irmão Experto desenhar no chão, com giz, o quadro simbólico do grau em que a Loja iria trabalhar. Depois da sessão, bastava apagar o quadro para se considerar que esta, estava encerrada. 

Mais tarde, para facilitar o trabalho repetitivo, surgiram as telas pintadas, que eram desenroladas no início de cada sessão. Atualmente, os Templos Maçónicos têm todos os símbolos representados num quadro simbólico emoldurado, no eixo longitudinal do Templo, entre as colunetas da “Sabedoria” da “Força” e da “Beleza”, voltado para o Ocidente, de modo a permitir a livre circulação entre o Norte e o Sul e entre o Altar e as Colunas “J” e “B”.

A presença do quadro simbólico do grau na Loja, para além de ter como função, a de informar todos os irmãos de qual o grau em que os trabalhos estão a ser realizados, informa também, que nenhum trabalho deve ser iniciado sem que antes tenha havido um planeamento prévio das atividades.

De forma sintética irei de seguida apresentar-vos o Painel de Companheiro.

Este painel é composto por uma orla como que a proteger todo o retângulo do painel. Nessa orla estão marcados os quatro pontos cardeais e simbolizam a atração Universal, através da Fraternidade.

Na parte inferior do Painel estão Cinco Degraus que simbolizam a idade do Companheiro, o tempo necessário para a aprendizagem teórica e prática da construção do edifício social a que todos nos propomos.

O Cordão de Nós, ou corda de nós, deverá ter cinco nós, e terminar por uma borla. O número de Nós reflete a idade do Companheiro

O Sol à direita e a Lua à esquerda, simbolizando o antagonismo da Natureza que gera o equilíbrio, pela conciliação dos contrários.

As Sete Estrelas, representando as sete Ciências Liberais, (A Retórica, a dialética, a gramática, a música, a aritmética, a geometria e a astronomia) representam ainda o número mínimo de I.’. que deverão estar presentes para se abrir uma Loja. Quando em número indeterminado representa a Universalidade da Maçonaria.

As Colunas “J” e “B”. Nos seus capitéis estão na Coluna “B”, uma esfera terrestre e na Coluna “J” uma esfera celeste.

O Esquadro e o Compasso entrelaçados, estando este último aberto em 45º. A posição do esquadro e do compasso sobre o Livro da Lei Sagrada, determina o Grau em que a Loja está a trabalhar. No grau de companheiro, o esquadro e o compasso apresentam-se entrelaçados, A ponta direita do compasso sobre o esquadro, simbolizando que, o Companheiro já atingiu o ponto de equilíbrio entre materialidade e espiritualidade. A haste livre do compasso pretende demonstrar que a mente turvada por preconceitos e convenções que impediam o aprendiz de livremente pesquisar e procurar a verdade, se começa agora a abrir, e o Companheiro, com certa liberdade de raciocínio, encontra-se no caminho para se tornar um Livre - Pensador, que lhe possibilitará encontrar a verdade.

A Letra G está no centro da Estrela Flamejante e traduz o nome do Criador. Representa também a Geometria, que é a ciência da Construção fundamentada nas aplicações infinitas do triângulo, a Gravidade, porque há uma força irresistível que une os irmãos Gnose, porque inquire as Verdades Eternas.

Há Três Janelas, uma no Oriente de onde vem a luz, uma na Coluna do Sul onde a luz é mais fraca e outra no Ocidente onde estão os Aprendizes, e a escuridão é total. Na mesma sequência, podem ainda e também representar o V.’. M.’. e a Sabedoria, o P.’. V.’. e a Força, e o S.’. V.’. e a Beleza.

A Pedra Cúbica, própria do Grau de Companheiro, fica ao lado da coluna “J”. É o símbolo do Grau de Companheiro, que trabalhando no polimento da pedra, com a ajuda do Esquadro, do Nível (que simboliza a Igualdade) e do Prumo (simbolizando o Equilíbrio, a Prudência e a Retidão.), a fará passar de bruta a polida, até que se transforme em cúbica, símbolo da perfeição, ideal de todo Maçom.

O Maço e o Cinzel (ou escopro) indica-nos que a vontade e a inteligência, a força e o talento, a ciência e a arte, a força física e a força intelectual, quando aplicadas em doses certas, permitem que a pedra bruta se transforme em pedra polida.

Uma Alavanca e uma Régua. A Régua representa a retidão do caráter e a exatidão de conduta, e lembra-nos que não devemos perder tempo na ociosidade, representando as vinte quatro horas do dia, pretende mostrar-nos a divisão do dia entre trabalho, oração, repouso e estudo; a Alavanca, símbolo da força, firmeza da alma, da coragem do homem independente e do poder invencível que desenvolve o amor pela liberdade e do poder do trabalho, serve para vencer a resistência da inércia e possibilita o desempenho de grandes tarefas, sob o ponto de vista intelectual, exprime a segurança da lógica e a força da vontade, que se tornam irresistíveis quando emanam da inteligência isenta da justiça.

Uma Espada que ligada à 5ª viagem, simboliza a igualdade, o poder e a autoridade. Simboliza ainda a coragem, a lealdade e a honra.

O chão da Loja está representado no painel por um Pavimento Mosaico, como num tabuleiro de xadrez, simboliza a harmonia dos contrários.

Ao fundo, vê-se o Pórtico do Templo. O Pórtico é a entrada da Câmara do Meio, a entrada por onde se tem acesso ao Santo Sanctorum ou Santo dos Santos, exibindo inscrições em hebraico, quatro letras que formam o tetragrama sagrado, que significa “Aquele que é” Jeová (JeHoWah), ou Javé (JahWeH), ou Iavé (YaHWeH). Sendo assim, é o umbral da Luz, a porta de entrada para o atingir da perfeição e o conhecimento da verdade.

A Estrela Flamejante está representada com cinco pontas, deriva do latim flammantis, que significa ”que expele chamas” e “flammigerus”, que gera chamas. É o símbolo distintivo do Grau de Companheiro. O iniciado já atingiu um certo estado de espiritualidade e de iluminação que permite que sua mente esteja aberta a todas as compreensões,

Concluindo, os painéis sintetizam os mistérios de cada grau.

Estudando e analisando cada Símbolo, descobriremos a riqueza histórica, e evolução da Maçonaria Universal, polindo as imperfeições inerentes a todos seres humanos, do Neófito ao mais alto Grau Hierárquico.

Estudo, prática, estudo e prática, engrandece o Iniciado na Arte Real, engrandece-nos a todos no nosso caminho.


Rui F.
Mestre Maçom
Loja Mestre Affonso Domingues, n.º 5

1 comentário:

Jerome Dylan disse...

Excelente...! V.'. i.'.