06 abril 2009

Da Loja - Capitulo I

Artic Lodge Temple
Em Novembro de 2007 escrevi um post a a que chamei “ Da Loja – Prefácio” e que pode ser lido aqui .


Por uma razão ou por outra não escrevi de então para cá qualquer outro capítulo sobre este tema.

Maçonaria, já foi dito aqui no blog inúmeras vezes, é intemporal pelo que os 16 meses que passaram não significam nada em termos relativos, é como se tivesse sido a semana passada.

Retomo portanto o tema que abordei há uns tempos e que pretende analisar as Lojas nalgumas das suas vertentes.

Hoje falarei do percurso no tempo.

As Lojas como qualquer organismo societário têm várias fases de vida, a saber:

Constituição, Instalação e Levantamento de Colunas.
Os primeiros anos.
A Velocidade de Cruzeiro.
O Declínio.
O Abate de Colunas.

Todas estas fases são importantes e decisivas.

Constituição, Instalação e Levantamento de Colunas

Começa aqui uma Loja. Alguns Irmãos juntam-se e tomam a decisão de formar uma nova Loja. Reúnem a documentação necessária, seguindo o estipulado no regulamento geral e fazem a petição de Constituição.
Esta petição é analisada e a respectiva autorização concedida ou não pelo Grão-Mestre, que para tal emite um decreto de Constituição.
É convocada então uma sessão extraordinária de Grande Loja, com o objectivo único de instalar a nova Loja e simbolicamente fazer o Erguer Colunas. Esta Cerimónia, cheia de simbologia se bem executada é de uma beleza fantástica transportando-nos a eras míticas.

Nesta altura são investidos os 3 Oficiais principais da Loja ou seja o Venerável e os Vigilantes.

Os primeiros Anos

São fundamentais para a consolidação da Loja. É nesta altura que o entusiasmo é maior e que se torna necessário estabelecer as bases do projecto. Toda a gente quer fazer coisas e a estruturação das actividades é importantíssima para que os esforços não se dispersem e a frustração pelo não acontecimento não sobrevenha.
Nestes anos o trabalho ritual de iniciação e de subidas a companheiro e a mestre assume uma grande importância e ocupa a maior parte das sessões.

A Velocidade de Cruzeiro

Esta fase que se quer a mais longa é a da implementação do projecto que foi decidido nos anos anteriores.
Nesta fase a Loja já estável no que a quadros e membros diz respeito pode dedicar-se a melhorar a instrução, a discutir assuntos mais delicados, e sobretudo a manter viva a chama.
As iniciações continuam, eventualmente a ritmo mais lento e com um maior escrutínio dos candidatos, não porque antes o processo fosse leviano, mas porque agora os mestres também estão mais seguros de si e são mais experientes. O grau de exigência aumentou, não só para a escolha de novos membros mas essencialmente para o tipo de trabalho que permite a progressão até ao grau de mestre.

Uma das coisas que é normal acontecer é a Loja aumentar de tamanho e dentro dela nascerem projectos alternativos que levam a que uma parte dos Irmãos se congregue para iniciar outro caminho ou seja fundar uma nova Loja, que será “filha” da primeira.

Nesta fase é fundamental prestar atenção à motivação, pois se ela desaparecer a Loja perderá pujança.


O Declínio

É isso mesmo. A assiduidade começa a decrescer, o interesse dos membros diminui. Não se fala do assunto, deixa-se ir. Os projectos são abandonados.
É frequente acontecerem desentendimentos, há sempre quem não aceite a derrota facilmente e queira lutar por encontrar um novo caminho que relance a Loja.
Pode acontecer ou não. Quando acontece a Loja recomeça o ciclo como se fossem os primeiros anos, quando não acontece é o fim.

O abate de Colunas

Voltamos ao processo administrativo. Aplicam-se o regulamentos e a Loja cessa de existir. Os seus activos passam a ser da Grande Loja. Os membros vão para outras Lojas ou abandonam a Ordem.
É o fecho de um ciclo.


Como se pode ver uma loja, do ponto de vista evolutivo, não é muito diferente de uma qualquer sociedade, associação, grupo formal ou informal. Nasce, desenvolve-se, atinge a maturidade e termina.

Todavia uma loja é muito diferente de uma sociedade, associação ou grupo, porque uma Loja é mais que um aglomerado de pessoas.


Mas isso fica para um próximo artigo.



José Ruah

4 comentários:

jpa disse...

Sr. José Ruah;
Durante a minha vida pertenci a grupos cujo os objectivos eram simples e estavam de acordo com as idades dos seus elementos, na altura mais jovens. Pertenci também a associações, inclusivé com cargos de direcção, que me deram alguma experiencia, felicidade no que fazia, e orgulho no resultado final.
No entanto o envolvimento nestes grupos e associações é sempre de tempo reduzido quando comparado com o envolvimento em loja, pois sabemos que não vamos estar em funções por muitos anos.
Os assuntos a tratar em termos mentais são de pequeno significado, sendo mais abrangedores em termos de trabalho corporal. Não que sejam de menor importância, mas são sem duvida diferentes.
Penso que em loja os trabalhos são para toda a vida e de caractér mental muito aliciante.
Mas isto é um pensamento profano, sem qualquer base que o justifique.

Cumprimentos
JPA

Unknown disse...

Também parece a história de muitas empresas, particularmente familiares. Mas nem sempre tem que ser assim, se o ou os lideres souberem preparar e motivar os mais novos. se tiverem a humildade de os fazer crescer. Os fluxos devem ser renovados.

Jose Ruah disse...

@jpa
Ha algumas diferenças entre as associações e as Lojas. Espero poder em textos futuros elaborar sobre o assunto.

@José
A seu tempo tratarei desse assunto.

Nuno Raimundo disse...

Boas...

Para além dos restantes textos, estes que fazem parte de seriados de postagens que me prendem (ainda) mais a a minha atenção.
São este tipo de textos que nos mostram o que há para lá da "cortina".

E quem desejar aprender alguma coisa, aprenderá...
Quem não quiser, apenas perderá o seu (valioso) tempo.

abr...prof...