Ainda o Movimento Pijaminha
Em 30 de setembro do ano passado, o JPSetúbal publicou aqui no blogue um texto intitulado Movimento PIJAMINHA (da treta!). Faça o favor de seguir o atalho e ir lá (re)ler, antes de continuar a ler este texto... ... ...
Já está? Então ficou a saber ou recordou-se. Quem teve o cuidado de ler os comentários ao texto, tem já todos os elementos para prosseguir a leitura deste escrito. Quem não teve, faça o favor de voltar ao atalho e ler também os comentários. Este escrito espera e não foge, entretanto... ... ... Já está? Ótimo! Estamos então todos quase devidamente enquadrados para entender plenamente o que segue. Só falta saber dos antecedentes. Mas isso resolvo já no parágrafo seguinte...
O JPSetúbal, sempre solidário, tinha recebido uma daquelas mensagens-corrente que proliferam pela Rede Mundial de Computadores, no caso sobre o Movimento Pijaminha, e inquiriu dois ou três outros elementos da Loja sobre a possibilidade desta apadrinhar a campanha e ajudá-la. Da conversa havida, resultou que era uma possibilidade a ponderar, mas que, antes de tudo, havia que investigar sobre a efetiva existência da campanha, a bondade dos seus propósitos, o real interesse dos seus objetivos, a sua relevância social - enfim, as verificações que habitualmente fazemos antes de decidirmos dar o nosso apoio a qualquer entidade ou iniciativa. O JPSetúbal encarregou-se de obter algumas informações e... logo na primeira diligência, no IPO, apanhou com um banho de água fria: não só o IPO não necessitava de pijaminhas, como não caucionava a iniciativa e, até, a considerava perturbadora dos seus serviços. Daí o texto do JPSetúbal referenciado no atalho acima.
Parecia assunto acabado. Mas alguns comentários àquele texto puseram-me o ninho atrás da orelha... O simple, embora confessando o seu ceticismo, informou da existência de um blogue do Movimento Pijaminha. Elsa Nascimento assumia-se como elemento desse movimento e também assinalava o dito blogue.
Quando alguém dá a cara, merece-me, pelo menos, o benefício da dúvida. Resolvi ir espreitar o tal blogue e ver por mim próprio. Encontrei lá este texto da assumida líder do movimento. Pareceu-me esclarecedor, mas continuei a reservar a minha opinião e decidi ir acompanhando o assunto.
Em novembro último, recebi uma mensagem dando-me conta deste comunicado de imprensa do IPO. Novo mau sinal...
Já este mês, li esta entrada no blogue do Movimento Pijaminha.
Creio já ter elementos suficientes para ter uma opinião formada.
Segundo o Movimento, este ano, apesar de afetados pela polémica, conseguiram recolher donativos que lhes permitiram distribuir 310 pijamas no Hospital D. Estefânia, 20 pijamas e 20 pares de meias na Casa da Criança de Tires e 44 pijamas e 30 pantufas e chinelos e vários pares de meias no Instituto da Sãozinha, na Abrigada, Alenquer. Não é já feita nenhuma referência ao IPO.
O IPO, por sua vez, continua a rejeitar a associação do seu nome ao movimento.
Em face das duas posições, as minhas conclusões são:
1. O Movimento terá sido iniciado por pessoas bem intencionadas, mas voluntaristas.
2. Algo inorgânico, mas desorganizado e vulnerável a entusiasmos avulsos, deu origem a mensagens eletrónicas e apelos descoordenados, utilizando o nome de Movimento Pijaminha e associando-o, indevidamente, ao IPO - o que esta instituição não apreciou nada!
3. O núcleo inicial do projeto tenta salvá-lo e fazê-lo ultrapassar a polémica e dirige a sua atividade em benefício de outras instituições que não o IPO.
4. Se na minha mente permanecem algumas dúvidas sobre a efetiva necessidade social de distribuir pijamas no Hospital público de D. Estefânia, admito que seja relevante o auxílio prestado a instituições de acolhimento de crianças.
5. As intenções dos promotores do movimento parecem ser louváveis e, pelo menos, quanto aos lares de acolhimento de crianças, são suscetíveis de suprir ou ajudar a suprir algumas necessidades reais.
6. No entanto, o "pecado original" da polémica ocorrida, afeta, talvez irremediavelmente, a "marca" Movimento Pijaminha.
Correndo o riso de dar uma opinião que me não é pedida, penso que a iniciativa tem possibilidades de ser relevante para ajudar a suprir efetivas necessidades sociais, designadamente no particular "nicho" das instituições de acolhimento de crianças, mas, para tal, necessita de fazer duas coisas:
1. ORGANIZAR-SE. ESTRUTURAR-SE. Evoluir do voluntarismo de simples boa-vontade para uma instituição particular de solidariedade social, que conquiste a confiança pública. Hoje em dia, as pessoas, de tão solicitadas, começam a ser mais seletivas na consideração dos apelos à sua solidariedade e penalizam ou não dão o apoio, que porventura seria justificado, a iniciativas que suspeitem de desorganizadas, amadoras, insuficientemente controladas e, logo, não lhes dando suficientes garantias de boa aplicação dos seus donativos.
2. SUBSTITUIR A "MARCA" MOVIMENTO PIJAMINHA POR OUTRA. Justa ou injustamente, a "marca" Movimento Pijaminha está afetada, talvez irremediavelmente, pela polémica e desconfiança. Queira-se ou não, potencia desconfianças e, logo, desmobiliza vontades de ajudar. A superação da desconfiança será porventura possível, mas implicará esforços acrescidos, que melhor aproveitados seriam na atividade central de solidariedade. Embora eu compreenda o capital afetivo que esta "marca" implicará para os promotores originais do movimento, objetivamente ela prejudica já mais do que beneficia.
Esta a minha análise, o meu juízo, a minha opinião - que ninguém pediu!
Rui Bandeira
Já está? Então ficou a saber ou recordou-se. Quem teve o cuidado de ler os comentários ao texto, tem já todos os elementos para prosseguir a leitura deste escrito. Quem não teve, faça o favor de voltar ao atalho e ler também os comentários. Este escrito espera e não foge, entretanto... ... ... Já está? Ótimo! Estamos então todos quase devidamente enquadrados para entender plenamente o que segue. Só falta saber dos antecedentes. Mas isso resolvo já no parágrafo seguinte...
O JPSetúbal, sempre solidário, tinha recebido uma daquelas mensagens-corrente que proliferam pela Rede Mundial de Computadores, no caso sobre o Movimento Pijaminha, e inquiriu dois ou três outros elementos da Loja sobre a possibilidade desta apadrinhar a campanha e ajudá-la. Da conversa havida, resultou que era uma possibilidade a ponderar, mas que, antes de tudo, havia que investigar sobre a efetiva existência da campanha, a bondade dos seus propósitos, o real interesse dos seus objetivos, a sua relevância social - enfim, as verificações que habitualmente fazemos antes de decidirmos dar o nosso apoio a qualquer entidade ou iniciativa. O JPSetúbal encarregou-se de obter algumas informações e... logo na primeira diligência, no IPO, apanhou com um banho de água fria: não só o IPO não necessitava de pijaminhas, como não caucionava a iniciativa e, até, a considerava perturbadora dos seus serviços. Daí o texto do JPSetúbal referenciado no atalho acima.
Parecia assunto acabado. Mas alguns comentários àquele texto puseram-me o ninho atrás da orelha... O simple, embora confessando o seu ceticismo, informou da existência de um blogue do Movimento Pijaminha. Elsa Nascimento assumia-se como elemento desse movimento e também assinalava o dito blogue.
Quando alguém dá a cara, merece-me, pelo menos, o benefício da dúvida. Resolvi ir espreitar o tal blogue e ver por mim próprio. Encontrei lá este texto da assumida líder do movimento. Pareceu-me esclarecedor, mas continuei a reservar a minha opinião e decidi ir acompanhando o assunto.
Em novembro último, recebi uma mensagem dando-me conta deste comunicado de imprensa do IPO. Novo mau sinal...
Já este mês, li esta entrada no blogue do Movimento Pijaminha.
Creio já ter elementos suficientes para ter uma opinião formada.
Segundo o Movimento, este ano, apesar de afetados pela polémica, conseguiram recolher donativos que lhes permitiram distribuir 310 pijamas no Hospital D. Estefânia, 20 pijamas e 20 pares de meias na Casa da Criança de Tires e 44 pijamas e 30 pantufas e chinelos e vários pares de meias no Instituto da Sãozinha, na Abrigada, Alenquer. Não é já feita nenhuma referência ao IPO.
O IPO, por sua vez, continua a rejeitar a associação do seu nome ao movimento.
Em face das duas posições, as minhas conclusões são:
1. O Movimento terá sido iniciado por pessoas bem intencionadas, mas voluntaristas.
2. Algo inorgânico, mas desorganizado e vulnerável a entusiasmos avulsos, deu origem a mensagens eletrónicas e apelos descoordenados, utilizando o nome de Movimento Pijaminha e associando-o, indevidamente, ao IPO - o que esta instituição não apreciou nada!
3. O núcleo inicial do projeto tenta salvá-lo e fazê-lo ultrapassar a polémica e dirige a sua atividade em benefício de outras instituições que não o IPO.
4. Se na minha mente permanecem algumas dúvidas sobre a efetiva necessidade social de distribuir pijamas no Hospital público de D. Estefânia, admito que seja relevante o auxílio prestado a instituições de acolhimento de crianças.
5. As intenções dos promotores do movimento parecem ser louváveis e, pelo menos, quanto aos lares de acolhimento de crianças, são suscetíveis de suprir ou ajudar a suprir algumas necessidades reais.
6. No entanto, o "pecado original" da polémica ocorrida, afeta, talvez irremediavelmente, a "marca" Movimento Pijaminha.
Correndo o riso de dar uma opinião que me não é pedida, penso que a iniciativa tem possibilidades de ser relevante para ajudar a suprir efetivas necessidades sociais, designadamente no particular "nicho" das instituições de acolhimento de crianças, mas, para tal, necessita de fazer duas coisas:
1. ORGANIZAR-SE. ESTRUTURAR-SE. Evoluir do voluntarismo de simples boa-vontade para uma instituição particular de solidariedade social, que conquiste a confiança pública. Hoje em dia, as pessoas, de tão solicitadas, começam a ser mais seletivas na consideração dos apelos à sua solidariedade e penalizam ou não dão o apoio, que porventura seria justificado, a iniciativas que suspeitem de desorganizadas, amadoras, insuficientemente controladas e, logo, não lhes dando suficientes garantias de boa aplicação dos seus donativos.
2. SUBSTITUIR A "MARCA" MOVIMENTO PIJAMINHA POR OUTRA. Justa ou injustamente, a "marca" Movimento Pijaminha está afetada, talvez irremediavelmente, pela polémica e desconfiança. Queira-se ou não, potencia desconfianças e, logo, desmobiliza vontades de ajudar. A superação da desconfiança será porventura possível, mas implicará esforços acrescidos, que melhor aproveitados seriam na atividade central de solidariedade. Embora eu compreenda o capital afetivo que esta "marca" implicará para os promotores originais do movimento, objetivamente ela prejudica já mais do que beneficia.
Esta a minha análise, o meu juízo, a minha opinião - que ninguém pediu!
Rui Bandeira
1 comentário:
Pois, é capaz de ser tal e qual, sim senhor...
A minha referência de há 1 ano foi de facto o IPO e por aí... nada feito. Tirei isso a limpo (ou a sujo, como preferirem).
Também conheci o sítio do movimento mas nunca comuniquei com ele porque nessa data a última entrada tinha meses (!) o que na altura pareceu confirmar o "não movimento". Se funciona e está a andar, então vamos nessa !
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