Grau e qualidade
É raro - mesmo muito raro! -o José Ruah cometer uma imprecisão quando escreve sobre Maçonaria. Aliás, é muito mais provável que desse defeito sofra muito mais eu, com o meu estilo palavroso, de frases complicadas e conceitos fluidos e o meu hábito de me entusiasmar com o que me parece um bom argumento, sem, por vezes, curar de todas as implicações das teses que defendo ou afirmo. O Ruah não. Com o seu estilo seco e directo e com o seu gosto pelas afirmações simples e claras, branco é branco, preto é preto e essa história dos cinzentos é para quem gosta de perder tempo com detalhes insignificantes, raramente escreve algo diferente do que quer efetivamente transmitir e do que tem por acertado.
Mas uma vez não são vezes e, num esclarecimento a uma pergunta do NuNo_R, formulada em comentário ao texto Nelson Évora, Campeão em Pequim e na Vida, quiçá apressadamente formulado, lá permitiu a exceção que confirma a regra e cometeu uma raríssima imprecisão. E eu, não porque alvoroçadamente aproveite para expor o pecadilho, mas porque não gosto que erros, ainda que menores, nas informações dadas aos nossos leitores fiquem sem correção, cá venho procurar pôr tudo no são, esperando que não fique a emenda pior que o soneto e não tenha o Ruah, ou outro qualquer, que vir limpar nódoa que eu irrefletidamente deixe em pano que melhor ficasse sem minha intromissão. Mas basta de entretantos, avancemos para os finalmentes!
Escreveu nesse esclarecimento o Ruah, a propósito das condições de elegibilidade para o ofício de Grão-Mestre, a dado passo:
Ou seja, é preciso ter o grau mais alto das Lojas AZUIS o de Mestre Instalado - não confundir com Altos Graus - e não há auto candidatos.
Não corresponde este trecho que citei, tenho a certeza, ao que o José Ruah queria dizer, pois bem sabe ele que não existe, nas Lojas Azuis, o grau de Mestre Instalado, nem esse hipotético e inexistente grau, precisamente por inexistir, é o mais alto das Lojas Azuis. Na Maçonaria Azul existem apenas três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre. O que existe é a qualidade de Mestre Instalado.
Essa qualidade assiste aos Mestres maçons que foram instalados na Cadeira de Salomão, isto é, que exercem ou já exerceram o ofício de Venerável Mestre.
Mas um Mestre Instalado não é mais Mestre do que os demais, não se encontra num grau superior aos demais Mestres maçons. Apenas se lhe reconhece a qualidade de ter sido instalado na Cadeira de Salomão e, portanto, ter sido considerado apto a dirigir uma Loja maçónica, tanto assim que já uma dirigiu, ou está dirigindo, ou, no limite, em ato imediatamente subsequente à sua instalação na cadeira de Salomão, vai dirigir.
O facto de ser condição de elegibilidade para o ofício de Grão-Mestre, na GLLP/GLRP, possuir-se a qualidade de Mestre Instalado tem a ver com o entendimento de que não deve ser admitido a exercer o mais importante ofício da Obediência quem não tenha a experiência de direção de uma Loja. Tão só.
Porque este blogue é - felizmente! - lido por maçons não só da GLLP/GLRP, faço aqui um pequeno desvio para deixar bem claro que esta opção regulamentar da GLLP/GLRP é apenas isso mesmo: uma escolha feita, pela razão aduzida, mas que não decorre de um Landmark ou de qualquer imposição maçónica. Outras Obediências podem legitimamente ter outras opções regulamentares, outros e diferentes critérios e condições de elegibilidade, sem que, por isso, alguma diminuição de estatuto ou consideração ou capacidade sofram os seus líderes. Cada Potência Maçónica tem as disposições regulamentares que muito bem entende e que tem por adequadas, dentro do espírito da Maçonaria. Esclarecimento que, por cautela, aqui deixo, para que não corra o risco de ser mal interpretado e de que se tirem ilações ou conclusões que eu não quis consignar e que porventura pudessem ferir suscetibilidades, que eu não quero, nem devo, nem tenho qualquer razão ou desejo de atingir. Quem percebeu, fique tranquilo e descansado quanto à pureza das minhas intenções; quem não percebeu, esqueça e passe adiante, que o assunto não lhe diz respeito...
Retomando caminho certo, direito e seguro, não vá o Ruah, ou qualquer outro, concluir mesmo, porventura com acerto, que efetivamente é pior a emenda que o soneto e melhor fora que eu não tivesse metido esta colherada, reafirme-se que a Maçonaria Azul tem apenas e só três graus e que cada maçon a um destes três pertence. Quanto às qualidades, duradouras, efémeras, ou mesmo ocasionais, podem ser de diferente natureza.
Exemplo claro de uma qualidade duradoura é a que aqui se refere de Mestre Instalado: uma vez obtida, conserva-se durante toda a vida maçónica. Quem tiver sido instalado na Cadeira de Salomão, será para sempre Mestre Instalado e nunca deixará de o ser, qualquer que seja o grau que lhe tenha porventura sido conferido fora da Maçonaria Azul, qualquer que seja a função que venha a exercer ou mesmo que mais nenhuma exerça.
Mais efémera é a qualidade que assiste ao maçon no exercício de um ofício: dura enquanto durar esse exercício. Quando um Mestre maçon exerce o ofício de Vigilante, ou de Orador, ou de Secretário, ou qualquer outro em Loja, atua na qualidade de Vigilante, ou Orador, ou Secretário, ou de Oficial de qualquer outro ofício. Quando intervém em Loja sem exercer qualquer ofício, não o faz na qualidade de Oficial.
Ocasional é, por exemplo, a qualidade de visitante numa Loja.
Com alguma frequência ouve-se um maçon dirigir-se a todos os Irmãos presentes, em todos os vossos graus e qualidades.
Rui Bandeira
Mas uma vez não são vezes e, num esclarecimento a uma pergunta do NuNo_R, formulada em comentário ao texto Nelson Évora, Campeão em Pequim e na Vida, quiçá apressadamente formulado, lá permitiu a exceção que confirma a regra e cometeu uma raríssima imprecisão. E eu, não porque alvoroçadamente aproveite para expor o pecadilho, mas porque não gosto que erros, ainda que menores, nas informações dadas aos nossos leitores fiquem sem correção, cá venho procurar pôr tudo no são, esperando que não fique a emenda pior que o soneto e não tenha o Ruah, ou outro qualquer, que vir limpar nódoa que eu irrefletidamente deixe em pano que melhor ficasse sem minha intromissão. Mas basta de entretantos, avancemos para os finalmentes!
Escreveu nesse esclarecimento o Ruah, a propósito das condições de elegibilidade para o ofício de Grão-Mestre, a dado passo:
Ou seja, é preciso ter o grau mais alto das Lojas AZUIS o de Mestre Instalado - não confundir com Altos Graus - e não há auto candidatos.
Não corresponde este trecho que citei, tenho a certeza, ao que o José Ruah queria dizer, pois bem sabe ele que não existe, nas Lojas Azuis, o grau de Mestre Instalado, nem esse hipotético e inexistente grau, precisamente por inexistir, é o mais alto das Lojas Azuis. Na Maçonaria Azul existem apenas três graus: Aprendiz, Companheiro e Mestre. O que existe é a qualidade de Mestre Instalado.
Essa qualidade assiste aos Mestres maçons que foram instalados na Cadeira de Salomão, isto é, que exercem ou já exerceram o ofício de Venerável Mestre.
Mas um Mestre Instalado não é mais Mestre do que os demais, não se encontra num grau superior aos demais Mestres maçons. Apenas se lhe reconhece a qualidade de ter sido instalado na Cadeira de Salomão e, portanto, ter sido considerado apto a dirigir uma Loja maçónica, tanto assim que já uma dirigiu, ou está dirigindo, ou, no limite, em ato imediatamente subsequente à sua instalação na cadeira de Salomão, vai dirigir.
O facto de ser condição de elegibilidade para o ofício de Grão-Mestre, na GLLP/GLRP, possuir-se a qualidade de Mestre Instalado tem a ver com o entendimento de que não deve ser admitido a exercer o mais importante ofício da Obediência quem não tenha a experiência de direção de uma Loja. Tão só.
Porque este blogue é - felizmente! - lido por maçons não só da GLLP/GLRP, faço aqui um pequeno desvio para deixar bem claro que esta opção regulamentar da GLLP/GLRP é apenas isso mesmo: uma escolha feita, pela razão aduzida, mas que não decorre de um Landmark ou de qualquer imposição maçónica. Outras Obediências podem legitimamente ter outras opções regulamentares, outros e diferentes critérios e condições de elegibilidade, sem que, por isso, alguma diminuição de estatuto ou consideração ou capacidade sofram os seus líderes. Cada Potência Maçónica tem as disposições regulamentares que muito bem entende e que tem por adequadas, dentro do espírito da Maçonaria. Esclarecimento que, por cautela, aqui deixo, para que não corra o risco de ser mal interpretado e de que se tirem ilações ou conclusões que eu não quis consignar e que porventura pudessem ferir suscetibilidades, que eu não quero, nem devo, nem tenho qualquer razão ou desejo de atingir. Quem percebeu, fique tranquilo e descansado quanto à pureza das minhas intenções; quem não percebeu, esqueça e passe adiante, que o assunto não lhe diz respeito...
Retomando caminho certo, direito e seguro, não vá o Ruah, ou qualquer outro, concluir mesmo, porventura com acerto, que efetivamente é pior a emenda que o soneto e melhor fora que eu não tivesse metido esta colherada, reafirme-se que a Maçonaria Azul tem apenas e só três graus e que cada maçon a um destes três pertence. Quanto às qualidades, duradouras, efémeras, ou mesmo ocasionais, podem ser de diferente natureza.
Exemplo claro de uma qualidade duradoura é a que aqui se refere de Mestre Instalado: uma vez obtida, conserva-se durante toda a vida maçónica. Quem tiver sido instalado na Cadeira de Salomão, será para sempre Mestre Instalado e nunca deixará de o ser, qualquer que seja o grau que lhe tenha porventura sido conferido fora da Maçonaria Azul, qualquer que seja a função que venha a exercer ou mesmo que mais nenhuma exerça.
Mais efémera é a qualidade que assiste ao maçon no exercício de um ofício: dura enquanto durar esse exercício. Quando um Mestre maçon exerce o ofício de Vigilante, ou de Orador, ou de Secretário, ou qualquer outro em Loja, atua na qualidade de Vigilante, ou Orador, ou Secretário, ou de Oficial de qualquer outro ofício. Quando intervém em Loja sem exercer qualquer ofício, não o faz na qualidade de Oficial.
Ocasional é, por exemplo, a qualidade de visitante numa Loja.
Com alguma frequência ouve-se um maçon dirigir-se a todos os Irmãos presentes, em todos os vossos graus e qualidades.
Rui Bandeira
3 comentários:
Boas...
Agradeço a "correção" da respectiva informação, mas tinha percebido o seu sentido.
Conheço os 3 da Maçonaria dita "Azul" e sabia e sei que são apenas 3. Por isso percebi que a necessidade de gerir "algo" passava pela experiência de se ter "gerido" uma Loja, sendo que para isso o Mestre tenha passado a Past-Master como aparece muitas vezes nos quadros de Lojas que por vezes encontro nas minhas pesquisas.
Mas fico grato pela atenção que o Rui pôs na resposta do José. Por isso agradeço aos dois o facto de me responderem às questões e acima de tudo me "ensinarem" ( e aos outros leitores) mais acerca da Arte Real.
abr...prof...
nao sei se me enganei ou se o rui quis aproveitar uma questao semantica, mas estando em Israel nao tenho possibilidade de ver isso agora, mas vou ver quando chegar.
Atualizar o uso da ortografia é mais difícil do que parece! Mesmo com atenção, o hábito de muitos anos prevalece e, sem se dar por isso, continua a escrever-se como sempre se escreveu.
Após a elegante chamada de atenção do NuNo_R, que aspou correção para indicar que a palavra no texto estava ainda escrita à antiga, fui rever o texto e detetei, nada mais, nada menos, do que quatro deslizes. Já editei e espero que agora todo o texto esteja como eu prometi que ia passar a fazer: segundo as novas regras ortográficas.
Mas já vi que vai levar algum tempo até chegar à habituação... Mais uma razão para começar já...
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