O pioneiro do cinema português faleceu há 75 anos mas o Porto, cidade onde Aurélio da Paz dos Reis nasceu e morreu, não organizou qualquer iniciativa para assinalar a data. A autarquia não tem programado nenhum evento nem recebeu qualquer pedido de apoio relacionado com a passagem, hoje, dos 75 anos da morte do primeiro cineasta português, disse fonte da Câmara contactada pela agência Lusa."É incrível, é uma anormalidade que já passa a ser normal no Porto", disse ao DN Manoel de Oliveira. "Foi um feito notável [ter sido o primeiro realizador português pouco depois da invenção do cinema pelos irmãos Lumière] e é lamentável, muito triste, esquecerem-se das pessoas com tal mérito", acrescentou o cineasta.Aurélio da Paz dos Reis, que nasceu a 28 de Julho de 1862 e morreu a 19 de Setembro de 1931, foi um activo republicano que se destacou em áreas tão diversas como a política, a floricultura, a fotografia e o cinema.Em 1896, apenas um ano após a exibição de La Sortie de La Usine Lumière pelos irmãos Lumière, compra em França uma máquina de filmar e projectar que utiliza para a realização de pequenos filmes. Saída do Pessoal da Fábrica Confiança, guardado pela Cinemateca Portuguesa desde 1982, marca o nascimento do cinema português.Captados no Porto e Braga, os filmes de Paz dos Reis ostentam títulos hoje impensáveis, como Cortejo Eclesiástico Saindo da Sé do Porto no Aniversário da Sagração do Eminentíssimo Cardeal D. Américo e Chegada de Um Comboio Americano a Cadouços. Mercado do Porto, Rio Douro, Costumes da Aldeia, Jogo do Pau, Azenhas no Rio Ave, Feira de Gado na Corujeira, O Zé-Pereira na Romaria de Santo Tirso, Torre de Belém, Marinha no Tejo - Saída de Dois Vapores e A Rua do Ouro integram o espólio de 33 fitas realizadas pelo portuense.Liberal e maçon, participou na revolta do Porto, a 31 de Janeiro de 1891, e foi um grande defensor da República, desempenhando funções na Câmara do Porto (1914-1922) como vice-secretário e vice-presidente do Senado.
JPSetúbal
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