Negligência ou algo mais?
O jornal 24 Horas de ontem publicou, com título e enorme fotografia na primeira página, a notícia de que um conhecido político tinha sido "expulso" da Maçonaria. No interior do jornal, a notícia foi desenvolvida e procedeu-se à publicação de uma lista de algumas dezenas de indivíduos que tinham também sido "expulsos da Maçonaria", entre os quais mais alguns políticos. Publicou-se ainda uma mais reduzida lista de nomes de indivíduos cuja "admissão na Maçonaria" teria sido rejeitada.
Nada tenho a apontar ao jornal com esta publicação: um jornal existe para descobrir e publicar notícias! Mas considero inadmissível que o jornal tivesse tido acesso aos elementos que lhe pemitiram publicar essa notícia.
Compreendo que a "Maçonaria" seja mais notícia do que um grupo excursionista ou um clube desportivo e que, portanto, haja interesse em publicar a notícia de que figuras públicas tinham sido excluídas da "Maçonaria", por falta de pagamento de quotas, ao passo que dificilmente seria notícia idêntica exclusão, por idênticos motivos, de grupo excursionista ou clube desportivo.
Preciamente por essa razão é que a Organização que excluiu alguns indivíduos por falta de pagamento de quotas não deveria ter permitido que essa informação passassse para o domínio público!
No caso, quem excluiu foi o GOL (Grande Oriente Lusitano), a mais antiga Organização de tipo maçónico actualmente existente em Portugal, embora não internacionalmente reconhecida como detendo a Regularidade Maçónica.
O GOL existe desde há muitos anos, está perfeitamente organizado e a "passagem" desta informação para o exterior ou ocorreu por grosseira negligência - o que é grave!, - ou deliberadamente - o que é pior!
É um dos princípios básicos da Maçonaria o de que nenhum maçon expõe outro maçon, isto é, divulga publicamente a identidade de outro maçon, a não ser que o mesmo tenha, ele próprio, divulgado essa condição, ou que tenha já falecido.
No caso, o GOL, ou alguém no seu seio, cometeu uma grave infracção a esse princípio.
Nem mesmo o facto de se tratar de pessoas excluídas (e não expulsas: a expulsão ocorre por indignidade; a exclusão, por mera falta de cumprimento de obrigações, como a de pagar as quotas devidas; o elemento expulso não pode ser readmitido, salvo se previamente reabilitado; o excluído pode ser readmitido, se manifestar interesse nisso e regularizar o pagamento das quotas) justifica a divulgação: o maçon, ainda que excluído, continua a sê-lo e mantém o seu direito a não ver o seu nome divulgado como maçon, a não ser que ele próprio proceda a essa divulgação.
No caso concreto, acresce que a "passagem" da informação "cheira" a vingançazinha rasteira contra figuras públicas que, quiçá, se desinteressaram do GOL (eles lá saberão porquê...) e, por isso, decidiram deixar de pagar quotas e de se integrar em tal organização...
Pior ainda, verificou-se um "dano colateral" absolutamente grotesco: a divulgação da identidade de pessoas que terão solicitado a sua admissão como maçons e que terão visto esse propósito recusado pelo GOL. O GOL tem o direito de recusar quem muito bem entender; o que não tem é de divulgar que não aceitou A, B ou C. Ao fazê-lo, ou ao ter permitido que essa divulgação tivesse ocorrido, traiu o dever de reserva que se garante a quem pede para ser admitido maçon, isto é, traiu quem se quis juntar a si!
É por estas e por outras que, em Portugal, a única organização maçónica internacionalmente reconhecida como tal, isto é, como Regular, é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP...
É por estas e por outras que o rico e antigo GOL é internacionalmente considerado irregular, isto é, não reunindo as condições para ser considerado uma verdadeira Organização Maçónica.
Mais uma vez, infelizmente parece que, por aquelas bandas, não se pratica Maçonaria, antes se busca, e se faz, simplesmente, Política sob a capa de pseudo-maçonaria. E porque o que ali se faz e se busca é política é que se fazem jogadas políticas como a que resultou na notícia em causa...
Rui Bandeira
Nada tenho a apontar ao jornal com esta publicação: um jornal existe para descobrir e publicar notícias! Mas considero inadmissível que o jornal tivesse tido acesso aos elementos que lhe pemitiram publicar essa notícia.
Compreendo que a "Maçonaria" seja mais notícia do que um grupo excursionista ou um clube desportivo e que, portanto, haja interesse em publicar a notícia de que figuras públicas tinham sido excluídas da "Maçonaria", por falta de pagamento de quotas, ao passo que dificilmente seria notícia idêntica exclusão, por idênticos motivos, de grupo excursionista ou clube desportivo.
Preciamente por essa razão é que a Organização que excluiu alguns indivíduos por falta de pagamento de quotas não deveria ter permitido que essa informação passassse para o domínio público!
No caso, quem excluiu foi o GOL (Grande Oriente Lusitano), a mais antiga Organização de tipo maçónico actualmente existente em Portugal, embora não internacionalmente reconhecida como detendo a Regularidade Maçónica.
O GOL existe desde há muitos anos, está perfeitamente organizado e a "passagem" desta informação para o exterior ou ocorreu por grosseira negligência - o que é grave!, - ou deliberadamente - o que é pior!
É um dos princípios básicos da Maçonaria o de que nenhum maçon expõe outro maçon, isto é, divulga publicamente a identidade de outro maçon, a não ser que o mesmo tenha, ele próprio, divulgado essa condição, ou que tenha já falecido.
No caso, o GOL, ou alguém no seu seio, cometeu uma grave infracção a esse princípio.
Nem mesmo o facto de se tratar de pessoas excluídas (e não expulsas: a expulsão ocorre por indignidade; a exclusão, por mera falta de cumprimento de obrigações, como a de pagar as quotas devidas; o elemento expulso não pode ser readmitido, salvo se previamente reabilitado; o excluído pode ser readmitido, se manifestar interesse nisso e regularizar o pagamento das quotas) justifica a divulgação: o maçon, ainda que excluído, continua a sê-lo e mantém o seu direito a não ver o seu nome divulgado como maçon, a não ser que ele próprio proceda a essa divulgação.
No caso concreto, acresce que a "passagem" da informação "cheira" a vingançazinha rasteira contra figuras públicas que, quiçá, se desinteressaram do GOL (eles lá saberão porquê...) e, por isso, decidiram deixar de pagar quotas e de se integrar em tal organização...
Pior ainda, verificou-se um "dano colateral" absolutamente grotesco: a divulgação da identidade de pessoas que terão solicitado a sua admissão como maçons e que terão visto esse propósito recusado pelo GOL. O GOL tem o direito de recusar quem muito bem entender; o que não tem é de divulgar que não aceitou A, B ou C. Ao fazê-lo, ou ao ter permitido que essa divulgação tivesse ocorrido, traiu o dever de reserva que se garante a quem pede para ser admitido maçon, isto é, traiu quem se quis juntar a si!
É por estas e por outras que, em Portugal, a única organização maçónica internacionalmente reconhecida como tal, isto é, como Regular, é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP...
É por estas e por outras que o rico e antigo GOL é internacionalmente considerado irregular, isto é, não reunindo as condições para ser considerado uma verdadeira Organização Maçónica.
Mais uma vez, infelizmente parece que, por aquelas bandas, não se pratica Maçonaria, antes se busca, e se faz, simplesmente, Política sob a capa de pseudo-maçonaria. E porque o que ali se faz e se busca é política é que se fazem jogadas políticas como a que resultou na notícia em causa...
Rui Bandeira
3 comentários:
Pois é.
Vi a notícia, não exactamente a que referes mas a que o Correio da Manhã publicou.
Por acaso trata-se de 2 publicações sobre as quais não perco tempo, mas também como dizes, se tiveram acesso à informação puseram-na na rua e fizeram muito bem (pelo menos do ponto de vista comercial, que é legitimamente o deles !).
No caso do CM o jornal escolheu ainda pior, ao lado do título "Soares adormecido" aparece uma foto de Mário Soares, ao lado de Maria Barroso, ambos aparentemente adormecidos durante um qualquer evento público.
É evidentemente um truque sujo para ridicularizar a figura de um português a quem os articulistas, e os respectivos patrões, devem em grande parte, a liberdade de ganhar dinheiro desta forma.
Mas é sempre a mesma coisa, estes herois só aparecem à luz quando o leão está ferido...
Independentemente de se gostar ou não de M.Soares, o respeito que Lhe é devido pelo seu talento de político, pela forma como foi Presidente durante 2 mandatos, por tudo o que fez de bem por Portugal (enormemente mais do que o que fez de mal) deve merecer o respeito dos portugueses e por maioria de razão dos jornalistas, que Lhe devem, como a nenhum outro, a liberdade que hoje têm para todos os disparates que publicam e asneiras que livremente dizem (são muito poucos os que conseguem uma frase inteira com os tempos verbais correctos).
Quanto ao resto prefiro postar a seguir por questão de espaço e de visibilidade.
...É por estas e por outras que, em Portugal, a única organização maçónica internacionalmente reconhecida como tal, isto é, como Regular, é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP..."
Mais uma mentira! Não é a única, felizmente, nem é ...GLRP.
Mas já agora: que autoridade moral têm vocês quando, em 99, se lambuzavam a fabricar documentos com o nosso timbre, cedidos por traidores e vendidos por vocês por meia dúzia de contos de reis a jornaleiros da Capital? Tiveram escrúpulos? Respeitaram-nos, ao menos como pessoas?
Têm alguma noção do mal que fizeram?
@ memorias:
1. A Grande Loja de referência na Maçonaria Regular é a United Grand Lodge of England. Basta consultar o seu sítio na Rede para verificar que a única Potência Maçónica reconhecida como Regular em Portugal é a GLLP/GLRP. O mesmo sucede com as Grandes Lojas americanas, com a Grande Loge Nationale Française (sob cujos auspícios se reiniciou o caminho da regularida maçónica em Portugal) e com as Grandes Lojas Regulares europeias. Contra factos não há argumentos!
2. "Vocês", quem? Quem acusa de ter feito as malfeitorias que indica? Eu não as fiz e até desconheço a que se refere... As generalizações abusivas e a zelosa discriminação entre "nós" (os verdadeiros, os puros, os bons) e "vocês" (os falsos, os infiéis, os desviados) podem ser característica de muita coisa, mas não da Maçonaria. Esta é Tolerância e Fraternidade, não ódio e divisão.
Deduzo que esteja integrado na GLRP que resultou da cisão da Casa do Sino. É a sua escolha e não receberá de mim nunca qualquer censura por ela. Nas circunstâncias e nos tempos de então, uns escolheram um caminho, outros optaram por outro. Em ambos os casos, fizeram-no segundo a sua consciência e no uso da sua Liberdade.
Se optou por caminho diverso do meu, teve certamente razões para tal e de mim nunca ouvirá uma censura pela sua opção. Respeito-a, acredite! Só não prescindo de que, similarmente, respeite a minha!
Siga o seu caminho com satisfação e, sobretudo, sem azedume! Deixe-me procurar seguir o meu de igual forma.
Será aqui sempre bem-vinda a sua opinião, mesmo que diferente da minha. Só peço que a exprime com cordialidade e sem (escusada) agressividade.
Até sempre!
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