02 novembro 2011

A Maçonaria NÃO É uma sociedade secreta (I)


Em relação à Maçonaria criou-se um mito, frequentemente repetido, em tom acusatório, pelos detratores da maçonaria: a Maçonaria seria uma "sociedade secreta" e, assim sendo, boa coisa não é (pois, se o fosse, não necessitaria de ser secreta).

Não é verdade. A Maçonaria não é uma sociedade secreta, antes é uma associação que existe e funciona ao abrigo das leis civis e no integral respeito do que estas postulam. Qualquer Obediência maçónica existe enquanto pessoa jurídica coletiva, normalmente organizada sob a forma de associação, devidamente registada no Registo Nacional de Pessoas Coletivas em Portugal e nos serviços equivalentes nos outros países, constituída por escritura notarial, arquivada onde a lei do país em que se insere determina, fiscalmente manifestada e, a exemplo das demais pessoas coletivas, cumprindo as obrigações fiscais que a Lei determina, com os seus órgãos sociais designados pela forma que a Lei e os seus Estatutos determinam e publicitados pela forma que a Lei determina. Enfim, a Maçonaria Regular, que tem por princípio fundamental o respeito da legalidade vigente, existe e funciona ao abrigo e cumprindo as leis em vigor nos Estados onde funciona, como qualquer outra associação nesse Estado existente.

No entanto, e como já o Ministro da Propaganda nazi, Joseph Goebbels, descaradamente referia, uma mentira mil vezes repetida passa a ser entendida por muitos como verdade.

E a mentira de que a Maçonaria é uma sociedade secreta tem vindo a ser muitos milhares de vezes repetida, ao longo de mais de três séculos. O poder e persistência desta mentira são proporcionais às forças de quem a lançou e repetidamente a sustentou ao longo do tempo: a alta hierarquia da Igreja Católica.

Que a alta hierarquia da Igreja Católica não tenha visto com bons olhos a Maçonaria, é compreensível: tratava-se de uma agremiação nascida num país que, em termos religiosos, se rebelara contra a Igreja de Roma - a Inglaterra; e a Maçonaria consumava um princípio que então (muito antes de o ecumenismo ser um conceito aceite pela Igreja Romana) lhe era insuportável: a junção, a colaboração fraterna, entre crentes de diferentes religiões. Com efeito, a Maçonaria postula um princípio fundamental, inerente à hoje aceite e comum, na sociedade ocidental, noção da liberdade religiosa, que é o de que a crença religiosa de cada um só a ele diz respeito e que homens livres e de bons costumes podem auxiliar-se mutuamente na sua respetiva evolução ética e espiritual, independentemente das respetivas crenças religiosas. Quaisquer diferenças nestas são de somenos em face da essencial semelhança do que é ser Homem, da Ética que a todos deve unir, do comum anseio de melhoria, de aperfeiçoamento pessoal, moral e espiritual. Compreende-se que esta noção não seja bem vista para uma conceção religiosa que entende que o caminho para a Salvação é o da sua religião e não o de qualquer outra (e essa era a postura da alta hierarquia da Igreja Católica, pelo menos até ao Concílio Vaticano II).

Bastaram 21 anos, a contar da fundação de Premier Grand Lodge, em Londres, em 1717, para a alta hierarquia da Igreja Católica efetuar o primeiro ataque violento à maçonaria, utilizando o falso argumento de ser a Maçonaria uma "sociedade secreta". A primeira bula papal de condenação da Maçonaria foi subscrita por Clemente XII em 28 de abril de 1738, ficou conhecida pela designação de Bula In Eminenti e nela pode ler-se, designadamente (destaque meu):

Agora, chegou a Nossos ouvidos, e o tema geral deixou claro, que certas Sociedades, Companhias, Assembleias, Reuniões, Congregações ou Convenções chamadas popularmente de Liberi Muratori ou Franco-Maçons ou por outros nomes, de acordo com as várias línguas, estão se difundindo e crescendo diariamente em força; e que homens de quaisquer religiões ou seitas, satisfeitos com a aparência de probidade natural, estão reunidos, de acordo com seus estatutos e leis estabelecidas por eles, através de um rigoroso e inquebrantável vínculo que os obriga, tanto por um juramento sobre a Bíblia Sagrada quanto por uma variedade de severos castigos, a um inviolável silêncio sobre tudo o que eles fazem em segredo em conjunto.

A decisão anunciada na bula foi de proibição e condenação: decidimos fazer e decretar que estas mesmas Sociedades, Companhias, Assembleias, Reuniões, Congregações,ou Convenções de Liberi Muratori ou de Franco-Maçons, ou de qualquer outro nome que estas possam vir a possuir, estão condenadas e proibidas, e por Nossa presente Constituição, válida para todo o sempre, condenadas e proibidas.

Mas este foi apenas o primeiro ataque. Treze anos depois, Bento XIV emitiu, em 18 de maio de 1751, a Bula Provida Romanorum Pontificum, onde se pode ler:

Finalmente, entre as causas mais graves das supraditas proibições e condenações enunciadas na Constituição acima inserida, — a primeira é: que nas tais sociedades e assembleias secretas, estão filiados indistintamente homens de todos os credos; daí ser evidente a resultante de um grande perigo para a pureza da religião católica;
— a segunda é: a obrigação estrita do segredo indevassável, pelo qual se oculta tudo que se passa nas assembleias secretas, às quais com razão se pode aplicar o provérbio (do qual se serviu Caecilius Natalis, em causa de caráter diverso, contra Minúcius Félix): “As coisas honestas gozam da publicidade; as criminosas, do segredo”;

— a terceira é: o juramento pelo qual se comprometem a guardar inviolável segredo, como se fosse permitido a qualquer um apoiar-se numa promessa ou juramento com o fito de furtar-se a prestar declarações ao legítimo poder, que investiga se em tais assembleias secretas não se maquina algo contra o Estado, contra a Religião e contra as Leis;

Neste documento, o pretexto da "sociedade secreta" continua a ser invocado, mas desvendam-se as verdadeiras razões da decisão: o facto de, na Maçonaria estarem filiados indistintamente homens de todos os credos e tal "constituir um grande perigo para a pureza da religião católica" e o receio de que, nas reuniões maçónicas se maquine "algo contra o Estado, contra a Religião e contra as Leis".

O século XVIII não findou sem que, precisamente em 1800, mais um Papa, Pio VII, publicasse mais uma bula condenatória da maçonaria, a Bula Ecelesian a Jesus Christo, de que não consegui encontrar publicação do seu texto. O século XIX (em que, recorde-se, ocorreu a emergência da Maçonaria Irregular e da intervenção desta orientação na Coisa Pública, inclusivamente com ações revolucionárias) foi também fértil em documentos papais de condenação da Maçonaria, em que a classificação da mesma como sociedade secreta foi recorrente.

Mas isso é já matéria para o próximo texto.

Rui Bandeira

01 novembro 2011

Instrução em Maçonaria - I




Uma das obrigações, ou seja mais que funções, de um Mestre Maçon é prover à instrução. Surge então aqui a questão sobre se todos os Mestres têm que ser instrutores e ainda uma segunda sobre quem são os destinatários dessa instrução.

Numa análise simplista, e que convém a muito boa gente, a instrução estaria acometida ao 2º Vigilante e teria apenas como destinatários os aprendizes sob a sua alçada.

Numa análise mais lata, haverá quem inclui aqui o 1º Vigilante e a sua coluna de companheiros.

Raramente, mas muito raramente se fala e mais raramente ainda se pratica instrução para Mestres, aquilo que no nosso mundo se chama Formação de Formadores, e que aqui por analogia se deveria chamar Instrução de Instrutores.

Fala-se há muito tempo do inicio de uma academia maçónica, .... eu já me apresentei como voluntário para ensinar.... mas ainda não tive resposta.

Na verdade nunca na minha vida dei uma aula, fui professor, nem sequer eduquei filhos, porque não os tenho, mas acho que aprendi bastante sobre maçonaria, e que é meu dever partilhar o que sei.

Decidi portanto criar eu próprio a minha escola. Não uma escola com bancos e quadro e giz e essas coisas  ( hoje é mais quadro electrónico, computador, projector....  mas desculpem eu ainda sou muito antigo ainda uso papel e caneta para muitas coisas )  mas escola no sentido de criar coisas novas e tentar que outros venham a seguir o que estou a por em prática.

Pode parecer imodesto pretender ser o percursor de uma forma de passagem de conhecimento, mas na verdade e a meu conhecimento aqui na GLLP até agora ninguém fez nada parecido com o que tenho vindo a fazer nos últimos meses.

Ao longo dos tempos fui ficando absolutamente convencido que a forma tradicional de instrução, embora de grande utilidade, era escassa e logo seria fundamental criar algo em complemento. Não foi de um dia para o outro que cheguei lá. 

Mas aqui há uns meses um Irmão abordou-me e disse :

- Oh Ruah, achas que podias ir lá à minha Loja e falar sobre.....
respondi:
- Claro que sim, se achas que é necessário eu faço isso com o maior prazer.

Mal acabara de aceitar o desafio e já estava com um problema enorme. Como fazer o que me era pedido, para que fosse bem aceite pela Loja a que se destinava e que no fim produzisse efeitos.

Tive a sorte de que a visita foi adiada, e que na tarde do dia  em que finalmente ocorreu ter tido que ficar, no meu âmbito profissional, à espera fechado numa sala de reuniões durante 45 minutos. Nesse tempo escrevi 4 paginas A4 ( a caneta ) com o alinhamento do que iria ser a sessão dessa noite.

O resultado foi muito acima do que esperava.

Interrompo aqui a minha prosa, porque na Maçonaria há sempre um "peixe maior e mais experiente" que nós e por isso aprendi com o Rui Bandeira que se fraccionarmos os textos, temos para mais semanas e os leitores chateiam-se menos.

Até para a semana

José Ruah

26 outubro 2011

Maçonaria e Poder (XV)

Estandarte da GLLP/GLRP

Se a GLLP/GLRP não intervém politicamente, então não deve ter no seu seio políticos. Se os tem, não deveria ter - ou então pratica de facto aquilo que nega de palavra. Esta é uma objeção que já ouvi. E que é aplicável aos políticos, como aos magistrados, como aos gestores públicos, por exemplo.

Não tem razão de ser esta objeção. Mas não basta afirmá-lo, há que mostrar porquê.

Elenquemos alguns factos, formulemos algumas hipóteses (não propriamente impossíveis, mas de efetivação muito improvável, refira-se já, para que não haja dúvidas ou suspeitas infundadas) e coloquemos algumas questões.

O JPSetúbal é um empresário com muitos anos de experiência e lançou e manteve vários negócios e empresas. Ainda hoje, semirreformado, gere uma pequena empresa com relevância e repercussão pública no concelho onde reside. Suponhamos que decidia candidatar-se à autarquia onde reside e onde é conhecido e era eleito. Passava automaticamente à condição de político. Deveria, por tal facto, ser excluído da GLLP/GLRP?

O Rui Bandeira exerce há mais de três décadas, a profissão de advogado. É, pois, um jurista e advogado experiente. Suponhamos que decidia, e havia vaga para tal, dedicar os últimos anos da sua vida útil profissional colocando a sua experiência ao serviço da comunidade, no exercício da Magistratura. Seria esta opção razão bastante para dever deixar de integrar a GLLP/GLRP?

O José Ruah é um gestor experiente na área da saúde, tendo aprendido e executado como fazer o mesmo com menos meios e como obter mais com os meios disponíveis. A sua específica competência e capacidade, adquirida e apurada na gestão privada, fá-lo um alvo possível de recrutamento para gestor de unidade pública dessa área. Se isso sucedesse, deveria ele abandonar a GLLP/GLRP?

Parece evidente que, em qualquer dos três casos hipotizados a resposta deve ser negativa. Estes três maçons de muitos anos sempre trabalharam no setor privado e não seria o facto de, nas suas áreas, enveredarem pela causa pública que os faria deixar de serem quem são, os levaria a agir diferentemente da forma como atuaram toda a sua vida.

O político, o magistrado, o gestor público, eram-no, não por serem maçons, mas em resultado, na sequência do seu percurso de vida ao longo de dezenas de anos. E não se vê por que a sua coerência, em termos éticos, cultivada ao longo de dezenas de anos deveria ser afetada pela sua passagem do setor privado para a vida pública. Não é verdadeiro o ditado de que "a ocasião faz o ladrão" - a não ser que se considere que todos são ladrões, só o que faltará a muitos são as ocasiões, o que seria uma paupérrima conceção da Humanidade.

Quem resista à tentação do slogan, da demagogia, do sound bite, nas análises que faz, facilmente conclui que não é o facto de haver políticos, magistrados, gestores públicos numa Obediência Maçónica que é certo ou errado por si só, que gera condenável influência política, ou o que quer que seja.

O que importa não é quem está, o que faz profissionalmente quem integra a Obediência. O que importa é o objetivo com que cada um deles ali está. Se e quando está para se aperfeiçoar, para ser melhor e com isso agir melhor na sua vida profissional, tudo bem, é motivo de satisfação para a Obediência, é bom para ele, é melhor para a Sociedade. Se o objetivo é criar ou obter "sinergias" para alavancar as suas possibilidades na sua vida profissional ou social, para integrar projetos de influência, então tudo mal: o próprio terá a ilusão do Poder, porventura ascendendo mais alto, não por si, mas à sombra de algo exterior a si e, mais tarde ou mais cedo, à falta de valor próprio, cairá - e de quanto mais alto cair, mais doloroso será o trambolhão; a Obediência trai-se a si própria e, a longo prazo, como historicamente se viu, pagará, com juros, o preço de se imiscuir onde não deve; a Sociedade perde por ver a sua natural evolução ser perturbada e torcida.

É tudo uma questão de postura, de objetivo, de respeito pela natureza das instituições, afinal. Não é porque um cão mordeu que se devem abater todos os cães. O que se deve é ensinar os canídeos a refrearem os seus instintos.

A GLLP/GLRP, como todas as Obediências Regulares, não exclui políticos, magistrados, gestores públicos, etc., das suas fileiras. Têm o mesmo direito à melhoria, ao aperfeiçoamento, segundo o método maçónico, que todos os outros homens livres e de bons costumes e seria írrito discriminá-los.

Mas o que importa ter sempre presente - contra demagogos e mal-intencionados, mas também contra tentações, por muito vestidas de boas intenções que se apresentem - é que há uma caraterística fundamental na Maçonaria Regular: nela podem entrar políticos, mas não a Política; destina-se a formar todos os seus membros, incluindo os que sejam políticos, mas não forma políticas.

Entendendo-se isto, entende-se como deve ser natural e em que limites é saudável a interação entre a Maçonaria e o Poder!

Rui Bandeira

19 outubro 2011

Maçonaria e Poder (XIV)


Audiência do Presidente da República
a uma delegação da GLLP/GLRP

Este já longo conjunto de textos teve como objetivo mostrar, serenamente e com o máximo de objetividade que me foi possível, como, ao longo do tempo e em diversas latitudes, se processou o relacionamento entre o Poder e a Maçonaria. Espero que os de boa-fé (os outros não me interessam - ladrarão sempre à passagem da caravana...) tenham ficado com um pouco mais de informação que lhes permita enquadrar e ajuizar sempre que um qualquer político demagogo mande umas "bocas" sobre a a "atividade escondida" da Maçonaria ou um periódico sensacionalista decida vender algum papel ou conquistar uns pontos de audiência "desvendando" que A, B ou C é maçom, que D, E ou F se reúnem no local X, Y ou Z ou que G, H ou I pertencem a partidos diferentes e afinal são "Irmãos" da mesma Loja.

Desmontar a demagogia, desdenhar do sensacionalismo, não significa, não passa, não pode passar (sob pena de se trair os princípios que os maçons defendem) pela mentira ou por esconder o que quer que seja. Pode passar, e tem passado, por não se conceder importância às atoardas, demagogias ou simples exposição de verdades, meias-verdades e especulações inverídicas, com objetivos sensacionalistas, não se lhe dando a dignidade de uma resposta, primando pelo silêncio mais ensurdecedor possível. Tem sido esta a postura da Maçonaria, para o bem e para o mal, quase sempre prudentemente bem, aqui e acolá deixando medrar o mal da intriga, da insinuação, da descarada mentira demagógica.

Na minha opinião. a resposta adequada da Maçonaria deve passar também pelo esclarecimento, pela confiança na inteligência das pessoas, pela informação objetiva que permita aos de boa-fé formularem os seus juízos, sem ser apenas com base nas atoardas e nas tiradas demagógicas.

E isso passa por assumir a História da Maçonaria e o seu relacionamento com o Poder, no seu melhor e no seu pior; nos seus bons, como nos seus maus momentos. Foi o que procurei fazer ao longo desta série de textos.

A melhor forma de desmontar a demagogia e de relativizar sensacionalismos é, afinal, mostrar o que a Maçonaria é: uma instituição mais que tricentenária, com propósitos meritórios, com presença tendencialmente global, mas organizada em estruturas nacionais e núcleos independentes locais, que sociologicamente tem mais elementos pertencentes a estratos privilegiados ou relativamente confortáveis da sociedade do que dos estratos que vivem com dificuldades (só depois de se garantir adequadamente a subsistência e um mínimo de conforto, para si e para os seus, é que o homem está verdadeiramente disponível para algo para tantos tão abstrato como preocupar-se com o seu aperfeiçoamento moral e espiritual...) e que, como todas as instituições que atingem algum relevo social, obviamente que interage e influencia os atores do Poder e é influenciada por estes.

As recorrentes referências à pretensa influência escondida da Maçonaria sobre o Poder só podem ser por todos relativizadas se e quando se compreender que a Maçonaria tem precisamente (nem mais, nem menos) a mesma influência sobre o Poder (e que, correlativamente, é por ele influenciada) que têm as outras instituições de relevo na Sociedade.

O múnus de uma Igreja (de qualquer religião) é de natureza espiritual. Mas, assumindo as Igrejas, particularmente a Igreja hegemónica numa qualquer região, indiscutível relevo na sociedade em que se inserem, só por cândida ingenuidade se pode não se dar conta de que as Igrejas (ou, pelo menos, a Igreja hegemónica) exercem influência (que, por alheia ao seu objetivo principal, de natureza espiritual, se pode classificar de "escondida") sobre o Poder.

A razão de ser das Universidades é a investigação nos mais variados campos do Saber humano e a transmissão desse Saber. Mas alguém duvida que as Universidades, os professores universitários, influenciam decisivamente o Poder (seja em estudos, seja em conversas de gabinete, seja fornecendo pessoal político)? No entanto, o campo de atuação das Universidades é o Saber, não o Poder, pelo que as influências daquelas neste campo podem ser classificadas de "escondidas" ou "ínvias" ou "indevidas".

As instituições de solidariedade social são (e em tempos difíceis ainda mais) indispensáveis no apoio aos menos afortunados. Os Estados não conseguem, não podem (cada vez podem menos...) tudo fazer e, muitas vezes, a diferença entre o caos social e um mínimo de dignidade proporcionado a quem dificilmente sobrevive está na meritória ação das instituições de solidariedade social. Mas alguém que não seja incuravelmente ingénuo tem dúvidas que esse papel indispensável traz consigo alguma força de influência sobre os Estado e os seus atores?

A economia de um país depende de forma não negligenciável dos seus empreendedores, dos seus empresários, das suas estruturas financeiras, e do emprego e do desenvolvimento que possibilitam. Alguém duvida do poder de influência junto dos decisores políticos dos capitães de indústria e dos financeiros e das organizações em que se juntam?

Sem trabalhadores e o seu labor, não há produção, não há riqueza, não há sociedade viável. Alguém duvida que os sindicatos e as centrais sindicais influenciam o Poder? Claro que há épocas e épocas. Períodos em que os ventos sopram mais a favor dos sindicatos e períodos de refluxo. A vida é feita de ciclos e os ciclos a todos atingem.

E poderia continuar a dar exemplos de estruturas que influenciam o Poder, desde o desporto, à escola, aos artistas, às classes profissionais, à comunicação social, e por aí fora.

O Poder - felizmente ! - há muito que deixou de ser absoluto. Mas que ninguém seja ingénuo: mesmo quando o Poder era absoluto não deixava de ser influenciado por quem tinha capacidade e meios para exercer essa influência... Por maioria de razão, nas sociedades modernas, o Poder é exercido em resultado de um complexo sistema de influências cruzadas, opostas, conflituantes. Entre o projeto do governante, a sua convicção do que deve ser feito, e o que efetivamente é concretizado vai a distância do sonho à realidade, concretizando-se o que é possível, em cada momento, em face dos interesses - e respetiva força naquela ocasião - que, normalmente de uma forma surda, se digladiam junto do Poder.

A Maçonaria é uma instituição como as outras. E, como todas as outras, dá o seu contributo para a complexa teia social que influencia o exercício do Poder nas cada vez mais complexas sociedades modernas. Negá-lo seria estúpido. Afirmá-lo não tem nada de mais.

Esgrimir com a influência da Maçonaria (insinuando que nenhuma esta componente social deveria ter) é uma forma de mandar poeira para os olhos dos ingénuos. Todas as instituições sociais influenciam o Poder. E todas as influências são exercidas, por vezes publicamente e muitas mais vezes de forma reservada, resguardada, no silêncio e no conforto dos gabinetes - que ninguém se iluda!

A Maçonaria tem exatamente a quota-pare de influência que deve ter, que naturalmente cada instituição minimamente relevante na Sociedade tem. Nem mais, nem menos. Que influência? Em que sentido? Os valores que a Maçonaria defende, as suas divisas, são conhecidos: Liberdade, Igualdade, Fraternidade, Sabedoria, Força, Beleza. O nosso "negócio" é do campo da ética. Quem dera que todas as influências sobre o Poder se situassem neste campo...

Rui Bandeira

18 outubro 2011

Solidariedade na escassez



Não é novidade que os tempos que vivemos são duros, e que tempos mais duros se avizinham. Onde ontem se gastava displicentemente uma nota inteira, hoje despende-se parcimoniosamente apenas algumas moedas. Se a diminuição de rendimento disponível é uma contrariedade para uns, para outros é um verdadeiro problema - e para alguns, mesmo, um desastre. Hoje, mais do que nunca, é importante saber gerir, procurar alternativas, e estabelecer prioridades que salvaguardem o essencial.

Há que buscar formas mais eficientes de obter talvez não o mesmo, mas pelo menos algo que se lhe assemelhe. Não se pode ir jantar fora com uns amigos? Convide-se os amigos para a nossa casa. Não se consegue oferecer uma refeição? Ofereça-se um café e umas bolachas - ou então, que cada um traga qualquer coisinha, de preferência feita em casa... Não se consegue manter a conta do ginásio, da gasolina e da explicação do miúdo? Faça-se exercício na rua ou num parque, e salvaguarde-se o que é mais importante a longo prazo. Entre umas férias fora e um curso de valorização profissional, especialmente no contexto atual, mais vale deixar as férias para depois...

São tempos de se ser mais generoso, e de se dar não apenas aquilo que nos sobra, mas mesmo um pouco das comodidades a que nos fomos habituando. Não obstante, também na solidariedade se deve ser mais cuidadoso: dar, sim, mas de forma mais inteligente, mais direcionada, mais eficiente. É que as solicitações de auxílio, já antes inúmeras, cada vez aumentam mais, tornando ainda mais difícil escolher-se a quem ajudar - e saber bem aplicar a ajuda que se pretende prestar.

Com a escassez aumentam as dificuldades de sobrevivência, e as circunstâncias levam a que, tantas vezes, até os mais retos soçobrem ao peso da carência e se socorram de expedientes menos claros para chegar ao dia seguinte. Torna-se mais difícil distinguir o "ladrão" de supermercado que só queria dar de comer aos filhos que não comiam desde a véspera daquele que rouba um telemóvel ou uma roupa de marca... porventura para os vender e acudir, com a receita, às despesas da casa.

Por outro lado, multiplicam-se as mesinhas nos hipermercados e centros comerciais com a maior variedade de brindes a oferecer a quem apoie as mais diversas causas. Se algumas são geridas por voluntários, e 100% das receitas revertem para a causa anunciada, outras retiram uma parte - 10, 20 ou 30 por cento - para cobrir as despesas da campanha; noutros casos, recorre-se mesmo a empresas especializadas que, mediante uma parte da receita - que pode chegar a metade, dois terços ou mesmo mais - tratam de toda a logística, incluindo a publicitação do evento e a contratação do pessoal que faz os peditórios. Por fim, há quem venda um bem, anunciando oferecer uma pequena parte do preço a uma causa anunciada. Antes, quando se dava, sabia-se que se dava e quando; e quando se comprava, sabia-se ser uma compra. Hoje, a este respeito, o mundo está muito mais cinzento e menos "a preto e branco".

É conhecido o gesto de Warren Buffett - um dos homens mais ricos do mundo - quando se inteirou da forma como o dinheiro da Fundação Bill e Melinda Gates era gerido: passou a apoiar a Fundação, e deixou-lhe em testamento mais de 80% da sua fortuna. O dinheiro que metemos na mão de quem o pediu para si mesmo seria, talvez, mais bem gasto, menos desperdiçado e  mais eficazmente distribuído se fosse, antes, entregue a quem sabe geri-lo e o faz de facto em prol daqueles a quem se dedica. A moeda de dois euros pode servir para comprar uma sandes - ou quatro refeições num abrigo de crianças. Pelo preço de um pastel podemos providenciar meia dúzia de pães. Pelo custo de uma refeição de comida rápida podemos alimentar meia dúzia de pessoas numa "sopa dos pobres". E em vez de comprarmos um objeto (de que, ainda por cima, não precisamos) por 5 euros, dos quais se calhar apenas um ou dois euros, quando muito, reverterão para a causa que pretendemos apoiar, mais vale enviarmos os 5 euros diretamente para a instituição em causa.

E, já que estamos neste registo, atenção às instituições a quem fazemos doações. As que são sérias, precisam de dinheiro hoje, para a semana, daqui a um mês, ou daqui a um ano. Não nos pressionam no sentido de darmos "já". Por outro lado, as melhores testemunhas do bom funcionamento de uma instituição de apoio social são aqueles que nela se apoiam. Antes de dar, visite, pergunte, veja, fale com quem dá, com quem recebe, com quem gere. Depois de aferir a sua credibilidade, e a boa gestão que fazem do dinheiro que recebem, "apadrinhe" a instituição, e envie-lhe uma quantia fixa por mês. Melhor do que um donativo generoso mas pontual, é um compromisso de um apoio regular - mesmo que seja pouco, pelo menos é certo.

Depois de o fazer, já pode dizer, com verdade e tranquilidade, se lhe pedirem o seu donativo: "Já dei!"

Paulo M.

12 outubro 2011

Maçonaria e Poder (XIII)

Fernando Teixeira
Grão-Mestre Fundador da GLRP, hoje GLLP/GLRP

Em 25 de abril de 1974, um golpe militar pôs fim ao regime limitativo das liberdades públicas que vigorou em Portugal durante mais de quarenta anos. A proibição da Maçonaria deixou de vigorar. A sede do Grande Oriente Lusitano foi-lhe devolvida. Ficaram criadas as condições para o normal retomar da atividade maçónica em Portugal.

As perto de quatro décadas de proibição, porém, inevitavelmente causaram assinalável mossa. Restavam no país poucas dezenas de maçons, a maior parte de avançada idade. Praticamente, havia que recomeçar muito próximo do zero.

Quem restava para disseminar a Luz da Tradição maçónica era um misto de velhos republicanos e de políticos oposicionistas ao regime político derrubado. Lançaram-se ao trabalho de reimplantação da Maçonaria no país. Iniciações, rejuvenescimento, criação de novas Lojas, foram palavras de ordem essenciais. Em alguns anos, as poucas dezenas passaram a centenas, ultrapassaram o milhar. O GOL renasceu das cinzas!

Naturalmente que, estando na origem deste trabalho os maçons que restavam em 1974, quase todos ligados à atividade política, a base de recrutamento inicial foi constituída por pessoas intervenientes na Causa Pública. O GOL retomava, após o hiato forçado, as suas características de organização com forte influência política e nas políticas propostas para o país.

Mas o rápido crescimento não se circunscreveu a atores políticos. Os meios universitários, o empresariado, as profissões liberais, os meios sindicais, revelaram-se profícuos campos de recrutamento.

A diversidade de interesses e de experiências, aliada ao corte de mais de quarenta anos na vida maçónica normal, veio, a seu tempo, a gerar duas correntes no GOL.

Uma delas era constituída por pessoas com evidente interesse na Política e na sua prática. Representava, digamos, o GOL "tradicional", vindo da I República, com todas as suas qualidades e defeitos. Designadamente, a tendência para a intervenção organizada na atividade política.

Outra corrente, porém, se formou constituída por maçons que ganharam consciência de que, internacionalmente, a Maçonaria não era só - e não era principalmente - constituída pela corrente interventiva politicamente, na esteira do Grande Oriente de França, que a Maçonaria internacionalmente consagrada na maior parte do Mundo era a Maçonaria Regular, crente e não interveniente politicamente em termos coletivos. E esta segunda corrente aspirava à reintegração no seio da Maçonaria Regular internacional, o que implicava uma profunda mudança no GOL, o seu afastamento do GOF, a recusa de admissão de ateus e agnósticos, enfim, o abandono do campo da Maçonaria Liberal, ou Irregular, em favor do campo da Maçonaria Regular.

Na década de oitenta do século passado, esta corrente tinha já uma expressão no interior do GOL com peso suficiente para suportar candidaturas às eleições para Grão-Mestre - mas não maioritária, não suficiente para tornar vencedora uma sua candidatura.

Vistas as coisas com a objetividade que a distância temporal nos permite, a longa tradição de alinhamento pelas teses do GOF, a matriz de intervenção política que, de longa data, era já identitária do GOL, tornavam praticamente impossível a sua mudança de rumo para a Maçonaria Regular.

As clivagens entre as duas correntes foram-se sucedendo, aprofundando e agravando. Fernando Teixeira, que viria a ser o Grão-Mestre Fundador da Grande Loja Regular de Portugal, hoje GLLP/GLRP, referiu várias vezes, o desagrado com que ele e outros que viriam a cindir do GOL assistiam à discussão e tomada de decisões em Loja de assuntos referentes à política do país, deliberações destinadas a serem executadas pelos maçons em posições de governação ou de atividade política. Com particular indignação, várias vezes lhe ouvi dizer que chegou a haver reuniões de Loja dedicadas à elaboração da lista de Secretários de Estado do Governo prestes ou acabado de entrar em funções...

Poder-se-á porventura duvidar do que Fernando Teixeira disse, considerá-lo um exagero. Mas, em abono da sua informação e da efetiva utilização das reuniões de Loja para discutir e deliberar em matéria política, posso citar a seguinte passagem de uma entrevista dada ao Jornal do Centro e publicada em 23 de setembro de 2011 pelo anterior Grão-Mestre do GOL, António Reis (os destaques são meus):

Pergunta: Se, como defendem, os grandes desenvolvimentos da humanidade estão ligados aos maçons, de que forma têm a marca da maçonaria os desenvolvimentos de Portugal do pós 25 de Abril?
Resposta: Dou um exemplo concreto que tem a ver com a zona onde estamos, a região Centro do país. É o caso da Lei do Serviço Nacional de Saúde. É uma extraordinária Lei, que mudou completamente o panorama da Saúde em Portugal, principalmente no acesso que a ela tem a população. É da autoria de um grande maçon que me antecedeu no cargo de Grão-Mestre: António Arnaut, um homem de Coimbra. A Lei do Serviço Nacional de Saúde foi discutida na loja maçónica à qual pertencia António Arnaut e recebeu contributos dos irmãos daquela loja antes de ter sido apresentada e aprovada na Assembleia da República em 1979. O mesmo tinha acontecido 60 ou 70 anos antes com a famosa Lei de Separação entre a Igreja e o Estado, apresentada por Afonso Costa na Loja do Futuro, em Lisboa. Estes são casos concretos em que a Maçonaria interveio na vida política e na legislação do país.

Não está em causa a bondade da decisão (concordo em absoluto com o Serviço Nacional de Saúde, como concordo com a separação das Igrejas e do Estado, indispensável a uma sã e vera Liberdade Religiosa para todos). A clivagem havida teve e tem a ver com a prática, a forma, o meio utilizado: enquanto, para a Maçonaria Liberal, ou Irregular, é benéfico que a Maçonaria prepare, no seu seio, uma reforma política e diligencie pela sua aprovação e execução pelos órgãos de soberania, a Maçonaria Regular entende que os locais próprios para debater e preparar propostas políticas são os partidos, as associações cívicas, os fora políticos, não as Lojas maçónicas. Podem os maçons, se assim o entenderem, intervir politicamente, a título individual, nos fora, nos partidos, nas associações cívicas, que entenderem. O que não é admissível é que a própria instituição maçónica se transforme, ela própria, num espaço de intervenção e decisão política.

Esta clivagem veio a originar, na década de oitenta do século passado, a saída do GOL dos maçons que aspiravam à reintrodução da Maçonaria Regular em Portugal e subsequente constituição, em 29 de junho de 1991, da Grande Loja Regular de Portugal, hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Rui Bandeira

11 outubro 2011

O mistério dos veneráveis desaparecidos



É saudável e desejável que uma loja maçónica seja composta por obreiros de diversas idades, maturidades e experiências; quando tal sucede, alarga-se o leque de crescimento potencial de cada um. Na Mestre Affonso Domingues temos desde aprendizes com vinte e tal anos de vida a mestres octogenários com mais de quarenta anos de maçonaria, e o contacto entre uns e outros é muito enriquecedor.

No ano maçónico que recentemente teminou (o ano maçónico começa em Setembro, pelo equinócio de Outono) tive a honra de ser Secretário da Mestre Affonso Domingues. Para além de estar incumbido de redigir e distribuir as convocatórias, bem como redigir e apresentar as atas das sessões, é dever do secretário anotar as presenças, ausências e justificações. As novas tecnologias tornam extremamente fácil fazer-se uns "bonecos" com os números em bruto; de uma simples folha de cálculo com os mapas da assiduidade ao longo das sessões pode extrair-se vários números interessantes.

A Loja Mestre Affonso Domingues tem uma vintena de anos, e uma meia centena de obreiros. Cada sessão do ano transato teve, em média, cerca de 18 presenças. Há perfis de assiduidade de todos os tipos, desde os que não perdem uma aos que, ao longo de um ano, não conseguiram ir a uma única sessão. Há os que aparecem quase sempre; os que faltam quase sempre; e há os assim-assim, em vários gradientes.

Os mais assíduos são, na maioria, Aprendizes e Companheiros. É natural; ainda entusiasmados - diria: ainda apaixonados - não perdem uma oportunidade, sequiosos de aprender, de conhecer, de avançar. E estranho é - e mau sinal! - que assim não seja. Se um Aprendiz começa a faltar muito, quase sempre se acaba por vê-lo sair, desmotivado ou ciente de que a Maçonaria pouco ou nada lhe diz. Um Companheiro raramente fica pelo caminho; já que fez metade do caminho, acaba por fazer a outra metade. O pior é depois: chegados a Mestre, muitos ficam-se por aí e, desmotivados, acabam por desaparecer - ou ir desaparecendo, caindo na rank da assiduidade.

Fruto desta experiência, é costume, na Mestre Affonso Domingues, ocupar-se desde cedo os novos Mestres com ofícios que lhes permitam manter-se motivados, aprender novas valências, e ser úteis à Loja. O percurso costuma, mais coisa menos coisa, começar pelo cargo de Tesoureiro, passando a Secretário, depois a Mestre de Cerimónias, a Segundo Vigilante, a Primeiro Vigilante, e por fim a Venerável Mestre, seguindo-se um ano como Ex-Venerável, e terminando como Guarda Interno. Leram bem: 8 anos, dos quais os últimos dois são bastante mais calmos do que os anteriores. Os ofícios de Orador, Experto, Hospitaleiro e Organista não fazem, normalmente, parte desta sucessão - que, note-se, não é rígida e, com exceção do Tesoureiro (que é eleito) pode ser alterada pelo Venerável Mestre, pois é este quem nomeia os "seus" oficiais.

Um ano como Aprendiz, outro como Companheiro, eventualmente um ano de interregno (ou não...) e depois seis a oito anos de ofícios sucessivos. Uma década de atividades diferentes. Será de estranhar que, do terço dos obreiros da Loja que já foi instalado na Cadeira de Salomão, apenas um terço seja assíduo às sessões? De facto, é corolário frequentemente repetido entre nós que, depois de descer da cadeira, o ex-venerável desaparece para raramente voltar a ser visto. Muitos perguntam-se o que falhou, o que leva esses irmãos a deixar de aparecer, o que é que a Loja pode fazer para os cativar de novo.

Acho que nada pode ser feito; e que é, mesmo, normal que assim suceda.

Em certa medida, uma loja é como uma universidade: entra-se com um objetivo - aprender - e sai-se com a autonomia que permite continuar a aprender sozinho. A maioria fica-se pelo ciclo inicial de conhecimento, pega no canudo e faz-se à vida. Alguns - poucos! - continuam a querer aprender sempre mais. Destes, uns tantos ganham o gosto de ajudar outros a seguir os seus próprios percursos. Tal como uma universidade é feita de muitos alunos, e de uns tantos professores que marcam o centro e os limites da estrada, alertam para os precipícios e partilham da experiência de muitas caminhadas, assim é uma Loja com muitos Aprendizes e Companheiros, e uns quantos Mestres Instalados.

Os Mestres Instalados que insistem em continuar a aparecer são o maior tesouro de uma Loja. Entre nós, são poucos mas bons: um terço de um terço. São eles a nossa fração de antiguidade, as nossas "âncoras no passado", a nossa memória não escrita.

Paulo M.