11 março 2009

O décimo sétimo Venerável Mestre

O décimo sétimo Venerável Mestre da Loja Mestre Afonso Domingues foi PauloFR, que exerceu o seu ofício de direção da Loja entre o segundo sábado de Setembro de 2006 e o segundo sábado de Setembro de 2007.

Conheci PauloFR na ocasião em que este, apadrinhado pelo José Ruah, solicitou a sua admissão entre os maçons. Recordo-me ainda da ocasião em que o Ruah me falou de um tipo "porreiro" e certinho que era seu colega de trabalho e que ele achava que seria uma boa aquisição para a Loja. Não me lembro já, mas possivelmente terei, como segundo proponente, coapadrinhado a sua candidatura.

PauloFR fez o seu percurso na Loja quando esta recuperava da grave crise subsequente à cisão da Casa do Sino e reconstruía e reforçava a sua identidade. Em certa medida, considero que o seu mandato configura o início do período de direção da Loja pela sua segunda geração, aquela que não integrou o grupo daquelas que fundaram ou se integraram no esforço de construção da Loja Mestre Affonso Domingues. PauloFR juntou-se a nós depois desse período de implantação. Viveu o esforço de reconstrução após o escaqueirar resultante da dolorosa cisão. Assumiu os destinos da Loja já com ela estabilizada, entrada na idade adulta, sem problemas de maior.

Não sendo um homem particularmente expansivo, antes manifestando uma prudente reserva, que só abranda após se estabelecer alguma confiança e, sobretudo, saudável companheirismo, mas sendo essencialmente um gestor, um organizador, do trabalho de PauloFR à frente da Loja resultou, a meu ver, um reforço e melhoria das capacidades desta a três níveis: organização administrativa, relacionamento com a Grande Loja e ouras Lojas da GLLP/GLRP, e consolidação da atividade de dação de sangue.

A nível administrativo, deixou a Loja completamente organizada, em especial na sua Tesouraria e obrigações financeiras perante a Grande Loja. A situação não seria problemática quando ele assumiu funções - até porque, não muito tempo antes, ele assumira o ofício de Tesoureiro e implantara os procedimentos que ainda hoje são seguidos - mas, quando ele passou o malhete ao seu sucessor, estava exemplarmente organizada e absolutamente em dia.

A nível do relacionamento com a Grande Loja e com as demais Lojas da Obediência, o mínimo que se pode dizer é que o trabalho foi cuidado, diligente e perseverante. A Loja esteve sempre exemplarmente representada em Grande Loja, com as posições ali assumidas previamente estudadas, trabalhadas e discutidas. Procurou sempre constituir um ponto de referência em relação a qualquer questão em causa, não pelo improviso, mas pelo apresentar de posições ponderadas, estudadas, equilibradas. Também como consequência disso, paulatinamente vários obreiros da Loja vieram a merecer a confiança do Grão-Mestre para o exercício de vários ofícios na Grande Loja. Quanto ao relacionamento com as demais Lojas, foi ele sempre acarinhado, acalentado e estimulado. Multiplicaram-se contactos e visitas de obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues a outras Lojas da Obediência. Recrudesceram visitas de obreiros de outras Lojas à Mestre Affonso Domingues. A Loja foi convidada e esteve representada em diversos eventos organizados por outras Lojas. Com todas as Lojas se manteve a melhor das relações. Com algumas, estreitaram-se profundamente laços.

As ações de dação de sangue foram objeto de especial atenção por parte de PauloFR. Foi no seu mandato que a Loja, até hoje, organizou ou co-organizou maior número dessas ações, três, em 11 de novembro de 2006, 31 de março e 21 de julho de 2007.

A atividade normal de formação e aperfeiçoamento dos obreiros da Loja prosseguiu, nos moldes já implantados e característicos da Loja. PauloFR encontrara já um quadro maduro e transmitiu-o mais apurado ao seu sucessor.

Constituíram marcos do ano maçónico sob a direção de Paulo FR as visitas à Sinagoga de Lisboa e à Loja Rigor, no Oriente de Bragança. Nesta última, ficou acordada a geminação entre a Loja Mestre Affonso Domingues e a Rigor, a qual viria a ser formalizada no decorrer do mandato do sucessor de PauloFR.

Em resumo, o ano em que PauloFR dirigiu a Loja foi um ano produtivo, bonançoso, de aprofundamento e melhoria dos caminhos trilhados pela Loja e seus obreiros.

Correu tudo bem? Não - nunca corre tudo como se deseja! No caso do mandato do PauloFR, verificou-se alguma falha em parte do Quadro de Oficiais. Designadamente, um dos elementos em formação para, a seu tempo, vir a assumir a direção da Loja, começou a fraquejar, a mostrar-se psicologicamente impreparado para o progressivo assumir de responsabilidades na Loja. PauloFR tentou segurá-lo, tentar que ultrapassasse esse seu receio. Veio a verificar-se mais tarde que inutilmente. No mandato seguinte, confirmou-se que esse obreiro não se sentia preparado para as responsabilidades que antevia e veio a pedir escusa das suas funções. Por efeito dessa fraqueza e de menor auxílio de um ou outro Oficial, PauloFR, sempre zeloso de que as coisas se fizessem o melhor possível, assumiu ele próprio a realização de tarefas que deviam ser executadas por outros e que ele apenas devia coordenar. Conseguiu que as coisas se fizessem bem feitas. Mas à custa de um injustamente redobrado esforço pessoal. Disto resulta, a meu ver, uma lição que a Loja e os seus responsáveis futuros devem ter sempre presente: O Venerável Mestre coordena uma equipa, não deve executar os trabalhos em substituição de quem falha. Se algum dos Oficiais, transitória ou prolongadamente, não estiver em condições de exercer capazmente a sua tarefa, a solução não é o Venerável Mestre assumi-la; é providenciar que algum outro obreiro disponível ajude e cubra a insuficiência.

Com o seu sentido de organização, o seu esforço, a sua serena postura, mas também com a lição a tirar do sobre-esforço que realizou, PauloFR deixou uma Loja melhor do que a recebeu. E assim cumpriu devidamente o seu papel e é credor de um lugar de destaque na galeria dos Veneráveis Mestres da Loja Mestre Affonso Domingues. É um simples ato de justiça frisar que se conta entre os que melhor exerceram a função.

Rui Bandeira

10 março 2009

Curso para formação de instrutores para o curso de Oficiais eleitos

A dinâmica Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas do Grande Oriente de São Paulo, Brasil, conjuntamente com a Grande Secretaria de Orientação Ritualística do mesmo Grande Oriente, quanto ao curso de formadores para Mestre de Cerimónias, vai levar a cabo no próximo sábado, dia 14 de março de 2009, entre as 10 e as 17,30 horas, na sede daquela Obediência, sita na Rua São Joaquim, 457 - Liberdade, um Curso para formação de instrutores para o curso de oficiais eleitos. Para frequentar este curso de formadores, é necessária inscrição prévia, através do endereço de correio eletrónico biblioteca@gosp.org.br ou do telefone de São Paulo 11.3346.7088, ramal (extensão) 150. O curso é gratuito, mas é solicitada a cada participante a doação de um quilo de alimento não perecível, para fins de beneficência.

Providenciando este Grande Oriente cursos de formação para os vários ofícios de Loja, tem necessidade de proceder a formação de formadores, de forma a manter uma estrutura apta à prossecução dos objetivos fixados. O Curso destina-se a Mestres Maçons ativos e regulares do Grande Oriente de São Paulo, preferencialmente que tenham exercido cargos em loja.

Os trabalhos tocarão um vasto leque de temas, relativos a diversos ofícios. Os ofícios tratados serão os de Venerável Mestre, 1o. e 2o. Vigilantes, Orador, Secretário, Tesoureiro e Mestre de Cerimónias (este em parceria com a Grande Secretaria de Orientação Ritualística).

Eis os temas que serão tratados, relativamente a cada ofício:

VENERÁVEL MESTRE E VIGILANTES

a. - Participação do Venerável Mestre nas documentações de iniciações, filiações e regularizações.

b. - Distribuição das sindicâncias.

c. - Importância e acompanhamento das comissões.

d. - Colações de graus: Responsabilidades e funcionamento.

e. - Prerrogativas do Mestre Instalado.

f. - Sessões e ordem dos trabalhos.

g. - Deveres do Venerável Mestre conforme RGF (Regulamento Geral Federal).

h. - Deveres dos Vigilantes conforme RGF.

i. - MOMENTO ADMINISTRATIVO.

j. - Candidatura/Componentes/Falta de Tempo.

l. - Planeamento.

m. - Tempo de Estudos.

n. - Leitura de Rituais.

o. - Atividades sociais, culturais e filantrópicas.

p. - Os cuidados com a ritualística.

ORADOR

a. - Deveres e direitos individuais dos maçons, conforme a Constituição.

b. - Deveres e direitos das lojas.

c. - Fusão e incorporação de lojas.

d. - Mudança de rito.

e. - Mudança de oriente.

f. - Competência do orador conforme RGF.

g. - Datas históricas.

h. - Oratória.

i. - Postura.

SECRETÁRIO

a. - Processamento de admissão.

b. - Função dos livros negro e amarelo.

c. - Sindicâncias.

d. - Estatutos.

e. - Regimento interno.

f. - Imposto de renda.

g. - Competência do Secretário conforme RGF.

h. - Importância das Correspondências e Arquivos.

i. - Arquivo digital.

j. - Internet.

l. - Importância da comunicação virtual.

CHANCELER

a. - Compromisso de frequência.

b. - Filiação e Regularização.

c. - Ingresso de maçons.

d. - Atividade antimaçónica.

e. - Competência do Chanceler conforme RGF.

f. - Identificação e qualificação dos irmãos do quadro.

g. - Controle de aniversários de irmãos, cunhadas, sobrinhos(as) e outras datas importantes para a Loja.

TESOUREIRO

a. - Compromisso de pagamento.

b. - Inadimplência.

c. - Competência do Tesoureiro conforme RGF.

d. - Escrituração contábil.

e. - Balancetes.

f. - Contactos com a Secretaria de Finanças do GOSP/GOB.

Rui Bandeira

09 março 2009

Filme em debate

A Loja Maçônica de Pesquisas Quatuor Coronati Pedro Campos de Miranda, de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, vai apresentar, no próximo dia 11 de março, quarta-feira, no Templo Nobre da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, sito na Avenida do Brasil, n.º 478, Santa Efigênia, Belo Horizonte, o polémico documentário do National Geographic Freemasons on trial, em versão dobrada em português.

Este documentário foi já transmitido, há dois anos, no canal National Geographic de Portugal, então com o título, bem menos exato, de Dentro da maçonaria e foi objeto de um minidebate entre o JPSetúbal e eu próprio sobre o seu teor (ver National Geographic, National Geographic -2 , National Geographic - 3 e National Geographic - 4).

Após a visualização do filme, haverá lugar a um debate entre os presentes. A avaliar pelo minidebate que ocorreu entre nós aqui no A Partir Pedra, não faltará pano para mangas nem animação nesse debate...

A reunião será reservada apenas a Mestres maçons. Não será uma sessão ritual, mas a admissão é condicionada à comprovação do grau maçónico exigido, através da respetiva palavra de passe.

Rui Bandeira

08 março 2009

Eleição do Muito Respeitavel Grão Mestre




O processo eleitoral para a escolha do Grão Mestre da GLLP para os próximos 2 anos ficou hoje concluido com o escrutinio e proclamação do novo titular.

Novo titular, pois não tanto. O Muito Respeitavel Irmão Mário Martin Guia, que havia apresentado a sua candidatura para um 2º mandato consecutivo, foi novamente eleito e consequentemente proclamado como Grão Mestre Eleito.

A sua tomada de posse ocorrerá em futuro próximo e dela daremos aqui nota.

A Muito Respeitavel Irmão Mario Martin Guia desejamos um segundo mandato com, pelo menos, tanto sucesso quanto o primeiro.

José Ruah

06 março 2009

A ADDHU apresenta INOCENTE SILÊNCIO na Comuna Teatro de Pesquisa

Mais uma vez venho ter com todos Vós (hoje já é a segunda...).
A questão é que o Fim de Semana além de dever servir para lavar o "coiro" (veja-se o post anterior) pode muito bem servir igualmente para lavar a cabeça (por dentro...), pelo que depois de me preocupar com o primeiro aqui estou para tratar do segundo.

Então sugiro que aproveitem este Fim de Semana para tratarem do espírito, aproveitando para ajudar quem precisa de ser ajudado.

E há, pelo menos, duas alternativas:

1 - No Centro Cultural da Malaposta, em Odivelas, têm o Festival dos Sentidos

É uma organização da CEDEMA em colaboração com a Malaposta. Para quem não saiba a CEDEMA é uma Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Mentais Adultos, uma IPSS, que de 2 em 2 anos realiza este Festival dos Sentidos (vejam o programa deste ano na Agenda do http://www.odivelas.com/).

Desde 3ªfeira que têm passado pelo Auditório da Malaposta (mas não apenas pelo Auditório), grandes nomes, neste caso correspondendo a grandes momentos que é uma pena perderem-se (Olga Prats, St.Dominic Gospel Choir, Joel Xavier, a Roda do Choro de Lisboa, além de Teatro e Cinema para todos os gostos.
Ainda podem aproveitar hoje para ver e ouvir as Sopranos Isabel Silva Pereira e Glória Saraiva com Mercedes Cabanach ao piano, o Grupo de Danças e Cantares de Goa e o Coro da Assembleia da República (não, não é o que atua durante as sessões no hemiciclo, é mesmo o outro, o que canta bem...) e amanhã uma noite de música com os Raptórica (Rap e Hip-Hop), os Rendimento Mínimo (Rock) e os Nobody's Bizness (Blues).
Pelo que vi até agora (Olga Prats, Joel Xavier e a Roda do Choro de Lisboa) é mesmo de não perder ! É música no seu melhor.

2 - A ADDHU apresenta INOCENTE SILÊNCIO na Comuna Teatro de Pesquisa

















Subiu ontem ao palco da Comuna a peça “Inocente Silêncio” de Laura Vasconcelos numa produção da Associação de Defesa dos Direitos Humanos, com o apoio de João Mota e do Gabinete de produção do Teatro da Comuna.

A ADDHU, ONGD registada pelo IPAD, MNE de Portugal, nasceu do empenho na luta pela libertação da Birmânia e da Prémio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi. A sua fundadora, Laura Vasconcellos, escritora e professora universitária, após uma viagem a esse país em 1997 regressou com a determinação de responder aos apelos que lhe foram feitos aquando da sua visita de “be our voice outside” (sê a nossa voz lá fora).
Para isso começou por escrever um livro baseado na sua experiência pessoal, publicado em 2005 pela Editora Guimarães cujo título é “Do Outro Lado do Mundo – Cartas da Birmânia”.
Foi a partir da publicação desse livro que Laura Vasconcellos intensificou a sua actividade como activista pela defesa dos direitos humanos na Birmânia: a realização de sessões de pedidos de assinatura das carta dirigidas, numa primeira fase, ao Ministro dos Negócios Estrangeiros da Birmânia e, mais recentemente, dirigidas ao Secretário-Geral das Nações Unidas; a participação em entrevistas na RTPN e na TVI onde divulgou a situação desse país e a necessidade de acção, bem como no Jornal de Letras no mês de Agosto de 2006; a participação em Julho de 2006 por convite da organização, no Segundo Fórum Internacional dos Direitos Humanos realizado em Nantes, França e sobretudo trabalho de contacto directo com o cidadão de forma a informá-lo e a sensibilizá-lo para a situação vivida na Birmânia pelo povo e pela Prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi têm sido as acções levadas a cabo pela fundadora da agora criada associação ADDHU que espera, assim, poder alargar a sua acção a outros países da Ásia, bem como do resto do mundo.

Por sua vez a ADDHU tem por objecto social a concepção, execução e apoio a programas e projectos de informação, educação e desenvolvimento destinados a promover as liberdades e a protecção dos direitos do cidadão em todos os seus aspectos, no respeito pela Declaração Universal dos Direitos do Homem. (http://www.addhu.org/).

Ficam com muito para se entreterem além de que só Vos fica bem ajudar a quem precisa.
E há muito para ajudar !

Fazem o favor de não me deixar ficar mal.

JPSetúbal

6ª feira X fim de Semana

Hoje é 6ª feira, dia de Euromilhões...

Se fosse a Vocês não falharia, jogava mesmo, e forte, a ver se sai o Euromilhões e se também conseguem ficar "excêntricos".

Eu é o que farei, pois então !!!

E se ficar excêntrico vão ter que me aturar (é uma ameaça, não é uma promessa !)

Bem, excêntrico já eu estou, com o centro de gravidade deslocado para uma zona impensável há uns anos (!), mas não é essa excentricidade que me entusiasma, é a outra, aquela que, a acontecer, me vai permitir comprar este blog e pô-lo só com folclore... de Trás-os-Montes pois claro !

Entretanto, e até porque essas cabecinhas pensadoras andam muito à boa vida, aqui vai um "boneco" para entreter... e pensar.

Já em pequenino me tinham que fazer bonecos para eu perceber, mas não estou só, não. E esse é o mal, porque um só ainda se come, mas começando a ser muitos é uma chatice. E a precisar de bonecos para perceber, de facto, há muitos. Há mesmo muitos... muitos... E se um já é demais, o que acontece quando são muitos ? E se se juntam todos ? É outra chatice muito maior !

Vá lá, vejam o boneco a ver se percebem, e depois vão tomar banho... porcalhões... ao menos no fim de semana !

Grande abraço a todos e façam o favor de ser felizes. Limpinhos, já agora....

JPSetúbal

05 março 2009

Oriente

Em comentário ao ligeirinho texto ESCÂNDALO! A MAÇONARIA VIOLA AS LEIS LABORAIS!, Diogo perguntou o que é o Grande Oriente e porquê Oriente.

Vou procurar esclarecer o melhor que posso e sei. Para tanto, há que inverter a ordem das respostas, isto é, esclarecer primeiro o que, em Maçonaria, é o "Oriente" e seguidamente avançar para a expressão "Grande Oriente".

Tenha-se presente que a Maçonaria, como instituição de natureza especulativa, debruçando-se sobre símbolos(e símbolo é algo que não é, mas que representa o que é), facilmente consolida o uso de expressões em associação livre, sendo corrente (diria até que inevitável) que surja o uso de palavras ou expressões com significado maçónico que é diverso do entendimento comum, embora partindo dele. Entendido isto, é fácil seguir um percurso que, partindo do significado comum de "Oriente", conduz ao seu significado maçónico.

PRIMEIRO PASSO: Oriente é o ponto cardeal onde surge o Sol todas as manhãs. Oriente é, pois, o local onde as trevas da noite são primeiro vencidas pela luz do Astro-Rei. É, assim, o ponto de onde nasce a Luz.

SEGUNDO PASSO: Por sua vez, a Luz natural ou física permite que os nossos olhos vejam as coisas do mundo físico. Então, similarmente, o que permite que a nossa mente, o nosso espírito vejam o que é imaterial, ou simbólico, ou produto do pensamento, é também Luz. Portanto, Luz sinónimo de Conhecimento.

TERCEIRO PASSO: O Oriente é o local onde nasce a Luz do Conhecimento. A Luz do Conhecimento obtém-se em Loja. O local onde reúne a Loja é, pois, o Oriente de onde provém a Luz do Conhecimento que cada obreiro busca, através do seu trabalho e do contributo dos seus Irmãos.

Por estes três passos se entra então na noção de como, partindo-se do significado comum de Oriente, ponto cardeal, se chega à noção maçónica de Oriente, lugar de obtenção de Conhecimento. Daqui resulta que, por exemplo, os maçons da Loja Mestre Affonso Domingues dizem que esta foi fundada ao Oriente de Cascais (local da sua fundação) e reúne presentemente ao Oriente de Lisboa, local onde os seus obreiros se reúnem e buscam aperfeiçoar-se e melhorar os seus conhecimentos, através do método maçónico de estudo de e especulação sobre símbolos.

Já quanto à expressão Grande Oriente, a mesma surge num processo semelhante.

A Maçonaria Moderna ou Especulativa surge nas Ilhas Britânicas, através da evolução de associações locais de profissionais da construção em pedra (Lojas), decorrente da admissão nelas de intelectuais não profissionais da construção, fortemente influenciados pelos então nascentes princípios do Iluminismo. Vão-se, assim, ao longo do século XVII e início do século XVIII transformando várias Lojas operativas em Lojas especulativas, cultivando o ideário Iluminista, fortemente influenciadas pelo Racionalismo e impregnadas da filosofia de Locke, particularmente sobre o conceito de Tolerância. Em 1717, quatro Lojas de Londres agruparam-se numa organização coordenadora das suas atividades, que denominaram Grande Loja de Londres. A partir daí, temos então que um grupo de maçons se organiza em Loja e um grupo de Lojas organiza-se numa Grande Loja.

Em 1725, inicia-se a expansão da Maçonaria para França, com a criação das primeiras Lojas. Em 1737, é criada a Grande Loge de France, que, no entanto, apenas agrupa uma pequena parte das Lojas existentes naquele País. No período de 1755-1766, os Veneráveis Mestres das Lojas de Paris reúnem-se numa "Grande Loja dos Mestres do Oriente de Paris, dito de França". Temos então uma tentativa de criação de uma Grande Loja, com a peculiaridade de associar os conceitos de "Grande Loja" e de "Oriente". Esta tentativa falha e cessa em 1766.

Em 1773, efetua-se uma nova tentativa de dotar a maçonaria francesa de um centro comum e de uma autoridade reconhecida por todas, ou quase, as Lojas então existentes. Realizam-se 17 reuniões de representantes de quase todas as Lojas então existentes, que culminam com a criação do Grand Orient de France. Porquê Grand Orient? Desde logo, porque esta era uma organização diversa da ainda existente, embora de reduzida dimensão, Grande Loge de France. Havia que escolher outra designação. Se tradicionalmente as Lojas se agrupavam numa Grande Loja, parecia natural que, não podendo ou querendo usar-se essa designação, se optasse por designar a organização que pretendia agrupar (quase) todas as Lojas do Oriente (local, país) de França por... Grande Oriente de França.

Muito rapidamente, o Grande Oriente de França, envolvido na Revolução Francesa, evolui para posições de intervenção social e política (ao contrário da Maçonaria de inspiração anglo-saxónica). Napoleão Bonaparte usa os seus exércitos como focos de difusão da maçonaria, sempre na conceção mais interventiva na sociedade. Por onde passam os seus exércitos, mais tarde ou mais cedo criam-se Grandes Orientes locais: Grande Oriente de Itália, de Espanha, de Portugal, etc.. Por sua vez, os Grandes Orientes posteriormente criados por estes também assumem a mesma designação. Temos assim o Grande Oriente do Brasil e os vários Grandes Orientes por toda a América Latina.

De um modo geral , podemos dizer que, onde a Maçonaria se implanta por influência do Grande Oriente de França ou dos Grandes Orientes criados na sequência da expansão bonapartista, a estrutura coordenadora nacional tende a assumir a designação de Grande Oriente. Onde a Maçonaria é introduzida através da influência mais direta da Maçonaria anglo-saxónica (todo o Império britânico, o Norte da Europa e a Europa central, a África não francófona e um pouco por todo o mundo), a estrutura coordenadora nacional local tende a assumir a designação de Grande Loja.

Em Portugal, após uma fase inicial em que reuniram algumas Lojas de inspiração britânica, sem coordenação (reinava então ainda a Santa Inquisição...), a Maçonaria acaba por se implantar sob a influência dos exércitos bonapartistas e dos militares portugueses que integraram os exércitos bonapartistas. Gomes Freire de Andrade foi Grão-Mestre do Grande Oriente português. Entretanto, o mundo maçónico dividira-se entre duas correntes, a Regular e a Liberal (ver, a este respeito, por exemplo, o texto Começo de resposta a outra pergunta). O Grande Oriente Lusitano(GOL) integra-se na tendência Liberal, na esteira do Grande Oriente de França. Muito recentemente, há escassos vinte anos (o que, em Maçonaria, é muito pouco), um grupo de maçons chamou a si o encargo de introduzir em Portugal a Maçonaria Regular, que consideram a vertente original da Maçonaria, e agruparam-se em várias Lojas que, por sua vez, vieram a constituir a então designada Grande Loja Regular de Portugal, hoje Grande Loja Legal de Portugal/GLRP (GLLP/GLRP), único Corpo Maçónico internacionalmente reconhecido como representando a Maçonaria Regular em Portugal. A Loja Mestre Affonso Domingues é loja fundadora desta Grande Loja, sendo a nº 5 do seu registo.

Rui Bandeira