09 junho 2008

Encontro das Lojas (tri)gémeas

A Loja Mestre Affonso Domingues está geminada com duas outras Lojas: A Fraternidade Atlântica, Loja da Grande Loge Nationale Française que reúne em Neuilly-Bineau e em que se integram imigrantes portugueses em França, lusodescendentes e franceses com interesse e carinho pela Língua Portuguesa, e a Rigor, Loja da GLLP/GLRP que reúne ao Oriente de Bragança.

Os nossos Irmãos gémeos da Loja Fraternidade Atlântica programaram uma visita a Portugal nos primeiros dias de Junho e tinham-nos informado que tencionavam visitar um pouco do Norte do País. Pois bem, juntou-se o útil ao agradável e a fome com a vontade de comer e preparou-se uma sessão em Bragança da Loja Rigor, com a visita dos Irmãos viajantes da Loja Fraternidade Atlântica e uma delegação da Loja Mestre Affonso Domingues. Em suma, uma reunião com a presença dos obreiros das três Lojas, unidas por duas geminações. Assim a modos que um esquadro, em que o vértice do ângulo recto é ocupado pela Loja Mestre Affonso Domingues, um dos braços pela Loja Fraternidade Atlântica e o outro pela Loja Rigor.

Antes dessa sessão, que teve lugar na passada sexta-feira, os Irmãos da Fraternidade Atlântica tinham já efectuado um passeio fluvial pelo rio Douro, do Porto até ao Pocinho. E, no dia seguinte, os nossos Irmãos da Loja Rigor organizaram e proporcionaram-lhes, como já anteriormente tinham feito aos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues, um outro passeio fluvial, agora num belo, agreste e felizmente preservado trecho do Douro Internacional, na zona fronteiriça.

A sessão foi, obviamente, dirigida pelo Venerável Mestre da Loja anfitriã, a Rigor, Irmão Jorge C., que recebeu no Oriente os Veneráveis Mestres das Lojas Fraternidade Atlântica, Irmão François B., e Mestre Affonso Domingues, Irmão JPSetúbal.

Após o passeio no Douro Internacional e agradável almoço numa quinta da região, os Irmãos da Fraternidade Atlântica viajaram para Lisboa, onde pernoitaram e eram aguardados pelos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues.

Foi já sob organização da Loja Mestre Affonso Domingues que os obreiros da Fraternidade Atlântica e suas famílias participaram num passeio pela Baixa Pombalina, guiado pelo antigo Venerável da Loja Mestre Affonso Domingues, Victor E. C., o qual esclareceu as circunstâncias e a forma como decorreu a reconstrução da cidade de Lisboa após o tríplice cataclismo de 1 de Novembro de 1755 (terramoto, maremoto e incêndio), que arrasou quase por completo a Lisboa medieval. Durante o passeio, Victor E. C., para além de ter partilhado a sua profunda erudição com todos os presentes, chamou a atenção para alguns detalhes existentes naquela zona da cidade, com interesse para os maçons.

Seguidamente, efectuou-se uma visita a uma exposição de objectos e artefactos maçónicos, pertencentes à Loja Mestre Affonso Domingues e a alguns dos seus obreiros, após o que foi tempo de ir reconfortar o estômago, num almoço de convívio em que tivemos o gosto da presença do nosso Muito amigo e Respeitável Grão-Mestre, Mário Martin Guia.

Maçonaria é ritual, mas não é só ritual. Maçonaria é estudo de símbolos, mas é mais do que isso. Maçonaria é também, e indissociavelmente, fraternidade e convívio fraternal. Que possibilita o convívio de gente, não fora a Maçonaria, desconhecida entre si, que vive e labuta em regiões tão díspares e distantes como a região de Paris, Bragança e Lisboa.

Um fim de semana alargado de convívio, boa disposição, fraternidade, cultura.

Os nossos Irmãos da Fraternidade Atlântica regressaram hoje a França. Esperamos que, parafraseando antigo e significativo brinde que os maçons costumam efectuar, tenham um bom regresso a suas casas, se for esse o seu desejo.

Rui Bandeira

06 junho 2008

SER e TER

O episódio de Diógenes e Alexandre é conhecido. Relembremo-lo.

Diógenes, filósofo grego que chegou a ser professor de Alexandre da Macedónia, questionando os costumes do seu tempo e a necessidade da posse de bens materiais, a certa altura começou a levar uma vida totalmente desprendida, ao ponto de morar dentro de um barril e ter como seu único bem pessoal uma vasilha com água. Mesmo essa, acabou por a deitar fora, depois de se aperceber que lhe bastava juntar as duas mãos e recolher a água de qualquer nascente ou curso de água, para a beber ou se lavar.

Quando Alexandre invadiu a Grécia, fez questão de visitar o seu antigo professor. Encontrou-o sentado ao sol, entregue aos seus pensamentos. Disse-lhe:


- Diógenes, como sabe conquistei a Grécia, que agora faz parte do meu Império. Como foi meu professor e sempre o admirei, quero recompensá-lo. Que deseja?

Diógenes manteve o silêncio, meditando. Alexandre e todos os que o acompanhavam aguardavam, expectantes e curiosos, a resposta que o filósofo daria, o pedido que faria.

Então Diógenes respondeu ao poderoso Alexandre:

A única coisa que neste momento me faz falta, aquilo que te peço, Alexandre, é que saias da frente do Sol, pois a tua sombra impede que os seus raios me aqueçam!


Alexandre, magnífico Imperador, grande conquistador, líder de numeroso e forte exército era, na época, o homem que praticamente tudo tinha, quase tudo podia. Era o homem mais rico, mais poderoso, mais temido, que de mais podia pôr e dispor naquele tempo e naquelas paragens. Tinha.

Diógenes nada tinha de seu, excepto o barril onde se acolhia e o que a Natureza lhe proporcionava. Mas era sabedor e respeitado e vivia sereno e feliz. Não pelo que tinha. Pelo que era.

A frugalidade de Diógenes era exagerada. Mas correspondia às suas necessidades. E ele nada mais queria do que isso.
Para ele, o importante era o que ele era, não o que ele tinha. Para ele, os outros - todos, até o rico e poderoso Alexandre - valiam pelo que efectivamente eram, não pelo que tinham. No momento em que respondeu a Alexandre, para ele, Diógenes, o Imperador era apenas alguém que lhe tapava o Sol. Nada mais, pese embora toda a sua riqueza e todo o seu poder.

Nos dias de hoje, quantas vezes nós, embrenhados no afã de nossas vidas ocupadas, não discernimos, nem sequer nisso pensamos, se o que já temos não será suficiente para a nossa vida. E continuamos preocupados em TER. Ter isto, comprar aquilo, obter aqueloutro bem.

E, se não tivermos cuidado, o tempo passa e, um dia, damo-nos conta de que nos esfalfámos a trabalhar, nos esgotámos de esforço, para ter uma coisa e logo outra e seguidamente uma outra, numa infindável sucessão, e, entretanto, nos esquecemos do essencial, do que realmente é importante: de viver e de sermos felizes!

E, se bem virmos, para sermos felizes, não precisamos de tanto TER. Podemos e devemos dar-nos conta que o mais importante na vida é SER. Ser, simplesmente ser, objectivo tão simples e, se calhar por isso, tão esquecido, mas que tantas vezes nem sequer é difícil de atingir, de realizar.

Deixemos de buscar TER. Preocupemo-nos em SER. Ser feliz. Ser amado. Ser... gente!

Quem o fizer, não demorará muito a perceber que, afinal, quando se É é-se muito mais feliz do que quando apenas se TEM.

E, no entanto, muitas vezes o TER, tem-se logo, enquanto porventura se leva uma vida inteira para se conseguir SER. Mas, enquanto que o que temos pode ser perdido súbita e inesperadamente - um acidente, uma catástrofe, um azar, uma má decisão, tudo isso e muito mais pode levar-nos o que temos -, o que somos nunca se acaba nem se perde!

O SER, uma vez conseguido, é perene. O TER é passageiro - e, mesmo que dure muito, não nos traz necessariamente felicidade.

Tentemos, pois, SER e preocupar-nos menos com o TER. Se calhar, assim descobrimos que o caminho para se ser feliz é muito mais curto e acessível do que julgávamos!

Rui Bandeira

05 junho 2008

Exposições de Maria de Freitas

A artista plástica Maria de Freitas, cuja boa disposição alguns dos elementos da Loja Mestre Affonso Domingues conhecem, anda atarefadíssima. Inaugura duas exposições este mês!

Inaugurada hoje, permanece em exibição até 5 de Julho uma instalação / exposição de retratos a carvão da sua autoria, na Livraria Ler Devagar, a qual está integrada no espaço cultural denominado Fábrica de Braço de Prata, sito na Rua da Fábrica do Material de Guerra, nº1, (em frente aos Correios do Poço do Bispo), em Lisboa.

No dia 21 de Junho, pelas 17 horas, Maria de Freitas inaugura uma exposição de pintura e desenho no Centro de Arte Contemporânea da Amadora, sito na rua Beatriz Costa, n.º 18, r/c, na Amadora, que estará patente ao público até 15 de Julho, de segunda a sexta-feira das 10 às 12,30 e das 14 às 18 horas e ainda no sábado, dia 5 de Julho, das 14 às 18 horas.

Maria de Freitas é uma pintora, desenhadora, criadora de azulejos, etc., com uma obra variada em que é possível reconhecer um interesse pelo feminino e pelo felino. Prova-o, designadamente, o conteúdo do blogue Arte & Maria Freitas, um dos dois blogues que a artista mantém para divulgação dos seus trabalhos - o outro é o blogue Desenhos de Maria de Freitas, com o sugestivo subtítulo Mulheres de papel em carvão e pastel.

Vale a pena ir visitar estas duas exposições!

Rui Bandeira

04 junho 2008

Ano 2 - balanço

Este é o primeiro texto do terceiro ano deste blogue. Parece-me adequado que, a exemplo do que fiz no primeiro aniversário, seja um texto de balanço do segundo ano do blogue, desde o dia 4 de Junho de 2007 a 3 de Junho de 2008.

365 dias passados, publicámos 270 textos. Desses, 171 (63 %; o ano anterior tinham sido 51 %) foram publicados por Rui Bandeira, 46 (17 %; o ano anterior tinham sido 25 %) por José Ruah, 53 (20 %, contra 22 % do ano anterior) por JPSetúbal, 1 por A. M. L: e 1 por Templuum Petrus.

O mês em que Rui Bandeira publicou mais textos foi o de Abril de 2008 (19) e aquele em que menos publicou foi em Agosto de 2006 (0). Quanto a José Ruah, teve o seu pico de produção em Agosto de 2007 (20 textos) e esteve falho de inspiração em Dezembro de 2007 e Fevereiro, Março e Abril de 2008 (nenhum texto em cada um desses meses). Finalmente, JPSetúbal teve a pena mais ocupada em Outubro e em Dezembro de 2007 (7 textos em cada um desses meses) e deu-lhe mais descanso em Junho, Agosto e Setembro de 2007 e Abril de 2008 (3 textos em cada um desses meses).

O mês em que foram publicados mais textos foi o de Julho de 2007 (27); aqueles em que menos textos foram publicados foram Dezembro de 2007 e Março de 2008 (19 em cada).

155 dos textos publicados receberam comentários (55 % do total - mais do que os 45 % do ano anterior). Até ao momento em que escrevo este texto, o texto que mais comentários mereceu foi o de 12 de Fevereiro intitulado "Do um" (12 comentários).

Até ao final do dia de ontem, recebemos 79.519 visitas, pelo que, descontando as 26.773 visitas recebidas no primeiro ano, registámos neste segundo ano de publicação do blogue, o interessante número de 52.746 visitas - quase o dobro do número referente ao ano anterior! -, com a particularidade de, tal como já sucedera nesse primeiro ano, o seu número ter aumentado a partir do mês de Março, no qual ultrapassámos, pela primeira vez, o marco das 5.000 visitas mensais, atingindo-se, até agora, o pico no mês de Maio (5.482).

No segundo ano do blogue, 67 % das visitas chegaram do Brasil. De Portugal registámos 26 % do total. 4 % das visitas foram oriundas dos Estados Unidos. Os restantes 3 % distribuíram-se pelos restantes países de onde recebemos visitas. O top -25 completa-se, por ordem descendente do número destas, com França, Suíça, Itália, Áustria (entrada directa para o 7.º lugar!), México, Bélgica, Argentina, Japão, Alemanha, Moçambique, Canadá, Holanda, Espanha, Polónia (outra entrada directa no top-25, certamente devido às visitas de um antigo Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues que ali trabalha - um abraço sentido para ti, meu Irmão!), Uruguai, Chile, Austrália, Grécia (outra entrada no top-25), Luxemburgo, Grã-Bretanha, Chipre (quarta e última entrada no top-25) e Hungria. Saíram do grupo dos 25 países de onde recebemos mais visitas Angola, Colômbia, Peru e Roménia.

Os três textos directamente mais vezes acedidos continuam a ser O sítio das tatuagens maçónicas , Cinco motivos para NÃO SER maçon e Simon Bolívar, Revolucionário e Maçon .

Os três marcadores mais consultados foram maçonaria, Acácia e curiosidades.

As três palavras-chave que mais visitantes trouxeram ao blogue foram "partir pedra", "imagens de tatuagens" e "gomes freire de andrade".

Estes dados continuam a ser muito agradáveis. A todos os que nos lêem o nosso Bem Hajam. Procuraremos, no terceiro ano do blogue, continuar a merecer o vosso interesse.

Rui Bandeira

03 junho 2008

Como entrar na Maçonaria

Este é um tema recorrente nas mais variadas discussões internas.

as hipoteses são essencialmente duas:

Por autoproposta

Por escolha e proposta de Irmãos.

Antes de continuar ( aliás estou hoje com pouco tempo) gostaria de ter comentários com opiniões. Uma especie de sondagem.

Com base nos comentários ( assim os haja) e nas minhas pesquisas, continuarei o tema em post futuro

José Ruah

30 maio 2008

Galileu e o tempo

Do muito material que me vai chegando, seleccionei para hoje uma pequeníssima historieta, de autor desconhecido, que atribui a Galileu uma sábia resposta, que nos ajuda a perspectivar o sentido da vida e da nossa forma de por ela passar.

Em certa ocasião alguém perguntou a Galileu:

- Quantos anos tens?


- Oito ou dez. - respondeu Galileu, em evidente contradição com as suas barbas brancas.


E logo explicou:

- Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida
, porque os já vividos já os não tenho, como já não temos as moedas que já gastámos.

Crescemos em sabedoria se valorizarmos o tempo como nesta historieta alegadamente faz Galileu. Quantas vezes exclamamos, espantados: - Como o tempo passa! Mas, na realidade, não é o tempo que passa por nós, somos nós que por ele passamos!

Somos peregrinos e é bom pensar na meta que nos espera... A certeza de que o nosso caminhar terreno tem um final é o melhor meio para valorizarmos mais cada minuto que percorremos.

Mas essa certeza também nos deve motivar para aproveitarmos bem o que realmente temos: o presente!

Aprendamos a viver cada dia como se fosse o último: o ontem já se foi e o amanhã ainda não chegou.

Portanto, não nos deixemos tolher pelos fracassos, desgostos ou insuficiências do passado. Tal como é estulto repousar sobre os êxitos, as alegrias ou os louros de que porventura alguma vez desfrutámos. O que devemos fazer é dar o melhor de nós AGORA.

Também de muito pouco nos vale sonhar com grandezas ou desafogos futuros, como forma de ultrapassar as nossas limitações de hoje. É HOJE, AQUI E AGORA que vivemos. Preparemos o nosso futuro, mas vivamos o presente. É do nosso trabalho de agora, da nossa relação de agora com aqueles que nos são queridos, do aproveitamento que hoje soubermos fazer dos momentos de lazer que também merecemos e que certamente hoje também teremos, do tempo para aprender, para reflectir, em suma do que VIVERMOS hoje que resultará o nosso futuro.

Mas lembremo-nos sempre que há algo que (felizmente!) todos ignoramos: a duração do futuro de que ainda dispomos. Algum dia será o nosso último. E não sabemos qual. Não percamos o nosso presente a troco de um possível futuro que não sabemos se e em que medida teremos. Mas também não hipotequemos o futuro que tivermos por esbanjarmos sem préstimo o presente de que dispomos...

Como em tudo na vida, o segredo é o equilíbrio: aprender com o passado, mas não deixar que o passado nos tolha, para melhor vivermos o presente; não deixar de preparar o futuro de que ainda dispusermos, porque não sabemos de quanto vamos dispor, mas sem sacrificar ao hipotético futuro o presente, porque não sabemos se o vamos ter e em que medida o vamos ter.

A vida é para ser vivida e aproveitada, não desperdiçada. Momento a momento. Recordando, aprendendo e aproveitando os momentos já passados e preparando os que ainda não vivemos. Mas sempre vivendo e aproveitando e desfrutando e tornando úteis todos e cada um dos momentos que para nós são o presente.

Bom fim de semana!

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Segunda-feira vou a Bragança defender um inocente (aqueles que eu defendo são sempre inocentes! E quando algum é condenado, trata-se de um monstruoso erro judiciário!). Não sei se regresso a Lisboa ainda a tempo de publicar aqui um texto. Logo se verá!

Rui Bandeira

29 maio 2008

Inês: balanço (actualização)

Recebi ontem a informação, dada pelo Tesoureiro da Loja Mestre Affonso Domingues, que ocorreram na conta indicada para receber os donativos destinados à Inês, mais dois depósitos, um efectuado por uma senhora e outro por um cavalheiro.

As boas almas que efectuaram estes donativos optaram pela máxima discrição, nem sequer informando a efectivação do seu acto de solidariedade para o endereço de correio electrónico disponibilizado para o efeito. Isso impede-me de lhes agradecer directa e pessoalmente.

Deixo aqui, pois, o meu muito emocionado agradecimento. Bem-hajam!

Através do apelo efectuado neste blogue, recolheu-se 370,00 euros, quantia que, conjuntamente com a decorrente dos donativos expressamente recolhidos para o efeito no seio da Loja Mestre Affonso Domingues, vai agora ser entregue à família da Inês.

Hoje, acho que o tempo está menos chuvoso e que o Sol brilha um pouco mais! Porventura será impressão minha...

Rui Bandeira