04 janeiro 2008

Ambiente...

O nosso caríssimo Rui voltou às lides "blogueiras" abordando o tema ambiente e bem como sempre.

A colocação da conservação ambiental face às necessidades energéticas do planeta e ao respectivo consumo mostra a fotografia de uma relação tão terrível quanto real.

Para ajudar a esta "festa" trago para o blog um vídeo da WWF-BRASIL, organização que visa a conservação/salvação do ambiente natural no Brasil (Amazónia, Pantanal,...) espalhando a sua acção pelo resto do mundo com a mesma preocupação, onde a protecção de espécies animais e de ambientes ameaçados o justificam.

O vídeo que junto é um complemento, verdadeiramente directo, ao texto do Rui.

Parece-me que ficam bem, agora para terminar esta achega, 2 apontamentos vindos de origens diferentes, o que também ajuda a perceber que esta preocupação existe nos mais diversos quadrantes do globo, ainda sem consequências muito visíveis mas, com mil diabos, falar-se e discutir-se o problema já é um começo.

GreenPeace –

Quando a última árvore tiver caído, quando o último rio tiver secado, quando o último peixe for pescado,
Vocês vão entender que dinheiro não se come.

Prov. Árabe –

A árvore quando está sendo cortada observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira.

Pronto, já só falta... não parar.

JPSetúbal

03 janeiro 2008

MAÇONARIA E AMBIENTE: e=mc2

A civilização humana actual baseia-se no consumo de energia. Usa-se energia para produzir. Usa-se energia para transportar. Usa-se energia para consumir. A energia é tão vital para a civilização humana, tal como a entendemos nos tempos actuais, como o ar para uma pessoa.
O problema é que a energia que existe em abundância (por exemplo, a solar) não é fácil de utilizar. Não é fácil pegar num pouco de energia solar e colocá-la dentro do reservatório do nosso automóvel, para a utilizar como combustível... O problema é que a civilização humana tem tendência para se desenvolver sempre através da solução mais fácil. Durante séculos, a necessidade de aquecimento foi suprida com o recurso à queima de madeira, recurso abundante e de fácil obtenção e utilização. Com a descoberta das potencialidades da energia do vapor de água, a obtenção deste fez-se à custa da queima de carvão. Com a descoberta do motor de explosão, a obtenção da energia necessária para movimentar o veículo fez-se à custa da ignição de produtos petrolíferos.
Em suma, ao longo do tempo a obtenção de energia fez-se à custa do consumo de meios naturais relativamente abundantes. Mas este paradigma tem dois custos, que cada vez mais se revelam mais preocupantes e penosos: a extracção de energia de recursos naturais gera resíduos; os recursos, ainda que abundantes, são finitos.
A civilização baseada na obtenção de energia através da queima de carbono (madeira, carvão, petróleo, no fundo são apresentações diferentes da mesma substância: o carbono) deixa como resíduo, além do mais o dióxido de carbono. Este, na medida em que não seja consumido pelas plantas, acumula-se e, segundo parece, gera um efeito de estufa susceptível de conduzir a um aquecimento global potencialmente catastrófico para a civilização humana, tal como ela está organizada.
Por outro lado, o mais eficiente dos recursos fósseis é, consabidamente, finito. Um dia, mais cedo do que mais tarde, não existirá matéria-prima suficiente para a gulodice energética dos nossos tempos.
Parece estar-se perante um problema insolúvel.
Que podemos nós, maçons, fazer para ajudar? O que sabemos fazer: especular, pensar, racionalizar. Bem sabemos que não há soluções mágicas, que a resolução de problemas complexos se obtém por pequenos passos, pelo solucionar paulatino de cada um dos pequenos problemas em que conseguimos dividir o imenso problema de que vamos tendo consciência.
Por mim, proponho que não esqueçamos a ciência pura, a física básica. Proponho que recordemos a equação popularizada por Einstein: e = mc2.
e = energia; m = massa; c = velocidade da luz no vazio.
Portanto, a energia é igual ao produto da massa pelo quadrado da velocidade da luz do vazio. Energia, massa, velocidade, os três termos da equação.
Velocidade é a medida do movimento. A equação pode, assim, ser referenciada aos três termos energia, massa, movimento.
O meio mais comum de obtenção de energia é extraindo-a da massa, isto é, de diversas substâncias, designadamente do carbono. Talvez a solução do problema energético da nossa civilização passe pela obtenção de energia extraindo-a do outro factor ínsito na equação popularizada por Einstein: o movimento.
Afinal de contas, se pensarmos bem, isso é o que está na base de algumas das que nós chamamos energias renováveis. A energia eólica deriva do vento, isto é, do movimento do ar. A energia das marés deriva do movimento do oceano.
Talvez seja tempo de substituir o paradigma da massa pelo do movimento, no que à obtenção de energia respeita. A Ciência e a Técnica têm a palavra. É que, quer queiramos, quer não, não resolvemos o problema do Ambiente sem obter uma razoável resolução do problema da obtenção de energia.
Rui Bandeira

01 janeiro 2008

Poesia... cinética

Numa das primeiras "blogagens" que fiz recorri ao humor do Millôr Fernandes.
Hoje resolvi regressar a este bom Amigo, escondido da escrita há uns anos, para começar o "A Partir Pedra-2008" com boa disposição.

Com desejos que o V. 2008 seja um ano de Alegria.




JPSetúbal

31 dezembro 2007

Balanço... ?



No último dia do ano fica mal haver algum descarado que não faça o “balanço” do ano que termina e não deixe os votos para o ano que começa !
Eu tenho alguma dificuldade neste cerimonial (na verdade tenho dificuldades com todos os cerimoniais…) porque, para mim, todos os dias acabam e começam anos e ainda não percebi porquê, teimosamente, se insiste em lançar os foguetes no dia (noite) 31 de Dezembro.
Porque não a 3 de Janeiro comemorando os 365 dias que começaram a 4 de Janeiro anterior ? ou a 27 de Julho comemorando os mesmos 365 dias iniciados em 28 de Julho anterior ? ou outro dia qualquer comemorando…

Esta lógica seria bem mais simpática, até porque teríamos muito provavelmente a possibilidade de ter foguetes todos os dias, já que cada qual comemoraria o final do ano que lhe desse mais jeito.
Já viram como seria simpático todos os dias ser-mos convidados para um reveillon ?
E todos os dias ter-mos direito a uns copos pagos pelo amigo (artolas…) que comemorava o fim de ano naquele dia ?
Nestas circunstâncias só teríamos que arranjar 365 amigos destes, criteriosamente escolhidos de acordo com a sua própria comemoração para termos festa todos os dias.
Pronto já sei que há aqui um lapso porque nos anos bissextos precisaríamos de 366 amigos…
Pois claro que não esqueci esse pormenor, mas decidi que ficaria esse 366º dia como meu dia de final de ano.
Isto é, teria comes e bebes todos os dias à pala dos amigalhaços e eu só teria de pagar de 4 em 4 anos… Parece-vos mal ? Seria “porreiro pá !”, era só poupança !

Pois fica aqui determinado, utilizando a minha prerrogativa de V:.M:. que a partir de agora festejarei o fim do ano a 29 de Fevereiro.
Se não concordarem façam queixa à ASAE, ou então arranjem maneira de pôr um 29 de Fevereiro todos os anos.
Juro que não fui eu quem roubou os 29 de Fevereiros todos deixando apenas um “tadinho” de 4 em 4 anos.
Quando cá cheguei, e já foi há uma data de anos, já os calendários eram assim.
Quase todos sem 29 de Fevereiro e todos com umas tipas ranhosas para emoldurar e pôr nas paredes da oficina.


Muito bem, vamos então agora ao tal balanço oficial e obrigatório.

Os 365 dias que começaram em 1 de Janeiro passado constituíram mais uma cena da tragédia a que a Terra vem assistindo continuamente.
Tragédia mesmo, porque outra coisa não pode ser chamado ao que se passa entre os homens que povoam o planeta.
A forma como Velhos, Crianças e Doentes são roubados dos seus direitos humanos mais primários com a complacência, quando não com o incentivo, de governantes e dirigentes é, no mínimo, uma tragédia.
Cada vez mais a miséria absoluta convive lado a lado com a riqueza mais obscena !
Como é possível ser assim ? Que organização é esta, montada por homens, dirigida por homens, alimentada por homens, e que se destina finalmente a destruir… homens ?
Como é possível ?

- Acredito no Quinto Império, porque senão o acto de viver era inútil.
Para quê viver se não achássemos que o futuro vai trazer-nos uma solução que cure os problemas das sociedades de hoje ? (Agostinho da Silva)

Então em jeito de balanço fica o desabafo anterior e em jeito de votos para o futuro fica a esperança das palavras do Prof. Agostinho da Silva.

Pessoalmente também penso que:
-Para quê viver, se não for para ajudar a dar algum sentido à humanidade com que fomos bafejados.
E não tenho desfaçatez suficiente para pedir ao Grande Arquitecto que ilumine os homens.
Ele já o fez, o espírito humano sabe bem onde está a luz.
Basta que nos empenhemos em mantê-la acesa em vez de sistematicamente nos esforçarmos para a apagar.
Todos sabemos distinguir o bem e o mal, não há desculpa neste diferendo.

Esperemos que o próximo ano constitua a recuperação (ou pelo menos o seu início) da Paz na Terra, da distribuição solidária da riqueza, da confraternização entre os Homens finalmente entendidos como iguais.
Que cada um cumpra a sua parte.
Porque aquele objectivo depende do esforço de nós todos. Apenas !

Um ano muito bom para todos.
JPSetúbal

27 dezembro 2007

DESIDERATA

O americano Max Ehrmann nasceu na Terre Haute, na Indiana, em Setembro de 1872, filho de emigrantes alemães.
Idealista e poeta, além de advogado e filósofo, produziu em 1927 um poema a que chamou “Desiderata” que é verdadeiramente uma lição de vida a seguir.

Desiderata é, provavelmente, o “concorrente” mais firme do famosíssimo “If” de Rudyard Kipling.
Porque já anteriormente recorri a ele, por razões muito pessoais e em ocasião particularmente solene para mim, resolvi hoje trazê-lo ao blog, em época de recorrência a sentimentos solidários e tolerantes.

E a vida que defendemos não é isto ?
E o trabalho a que nos dedicamos não tem este sentido ?
O que está aqui não é Maçonaria ?

Claro que é !
E é-o de forma clara e provocante. Sigamos Max Ehrmann e iremos dar, garantidamente, a uma vida mais simples, mais alegre e mais feliz.
É bom rever estes princípios e ensinamentos na época que passa.
E já agora uma revisão de quando em quando também é capaz de fazer bem.

DESIDERATA
Max Ehrmann (1927) advogado e filósofo

Vai suavemente por entre a agitação e a pressa e lembra-te da paz que pode haver no silêncio.
Sem seres subserviente, mantém-te em paz com todos.
Diz a tua verdade calma e claramente e escuta com atenção os outros ainda que menos dotados ou ignorantes, também eles têm a sua história.
Evita as pessoas barulhentas e agressivas pois são mortificações para o espírito.
Não te compares com os outros, podes tornar-te presunçoso ou melancólico pois haverá sempre alguém superior ou inferior a ti.
Alegra-te com os teus projectos tanto como com as tuas realizações.
Ama o teu trabalho, mesmo que ele seja humilde, pois ele é um verdadeiro tesouro na contínua mudança dos tempos.
Sê prudente nos teus negócios pois o mundo está cheio de estultícia mas que isso não te cegue a ponto de não veres a virtude onde ela existe.
Muita gente luta por altos ideais e em toda a parte a vida está cheia de heroísmo.
Sê tu mesmo e sobretudo não simules afeição nem sejas cínico em relação ao amor pois, perante a aridez e o desencanto ele é perene como a relva.
Toma amavelmente os conselhos dos mais velhos e renuncia com graciosidade às ideias loucas da juventude.
Cultiva a fortaleza de espírito para que não sejas apanhado de surpresa nas ciladas inesperadas da vida.
Não te aflijas com perigos imaginários:
muitas vezes o medo é resultado do cansaço e da solidão.
Além de uma disciplina salutar, sê gentil contigo mesmo.
Tu és um filho do Universo e tal como as árvores e as estrelas, tens o direito de o habitar. E quer isto seja ou não claro para ti, o Universo é-te disto revelador.
Mantém-te em paz com Deus, seja qual for o conceito que Dele tiveres.
Mantém-te em paz com a tua alma apesar da ruidosa confusão da vida.
Apesar das suas falsidades, lutas e sonhos desfeitos, o Mundo é ainda maravilhoso.
Sê cuidadoso.
Luta. Luta para seres feliz.

O primeiro verso traz-me a recordação de uma entrevista a que assisti há muito pouco tempo, 2 ou 3 dias, durante a qual José Tolentino Mendonça (Escritor e Padre) disse algo que me ficou... "...os indianos dizem que o silêncio é a linguagem de Deus. Mas é a dos homens também. Nós sabemos ! "
A entrevista teve por tema o "silêncio" e foi um notável pedaço de televisão.
JPSetúbal

22 dezembro 2007

A Ratoeira... global

Meus Queridos Amigos, estou na época de procurar historinhas para os meus Netos.
"Natal/Marketing oblige" !
E encontrei uma historinha para os grandes, verdadeira fábula para os Grandões..., principalmente para os Grandões !

Aqui vai a Fábula da "ratoeira":



Preocupadíssimo, o rato viu que o dono da fazenda havia comprado uma ratoeira: estava decidido a matá-lo!
Começou a alertar todos os outros animais:
- Cuidado com a ratoeira! Cuidado com a ratoeira!
A galinha, ouvindo os gritos, pediu que ficasse calado:
- Meu caro rato, sei que isso é um problema para você, mas não me afectará de maneira nenhuma – portanto não faça tanto escândalo!
O rato foi conversar com o porco, que se sentiu incomodado por ser interrompido no seu sono.
- Há uma ratoeira na casa!

- Entendo a sua preocupação, e estou solidário consigo – respondeu o porco. – Portanto, garanto que você estará presente nas minhas preces esta noite; não posso fazer nada além disso.
Mais solitário que nunca, o rato foi pedir ajuda à vaca.

- Meu caro rato, e o que eu tenho a ver com isso? Você já viu alguma vez uma vaca ser morta por uma ratoeira?

Vendo que não conseguia a solidariedade de ninguém, o rato voltou até a casa da fazenda, escondeu-se no seu buraco, e passou a noite inteira acordado, com medo que lhe acontecesse uma tragédia. Durante a madrugada, ouviu-se um barulho: a ratoeira acabava de pegar alguma coisa!
A mulher do fazendeiro desceu para ver se o rato tinha sido morto. Como estava escuro, não percebeu que a armadilha tinha prendido apenas a cauda de uma serpente venenosa: quando se aproximou, foi mordida.
O fazendeiro, escutando os gritos da mulher, acordou e levou-a imediatamente ao hospital. Ela foi tratada como devia, e voltou para casa. Mas continuava com febre. Sabendo que não existe melhor remédio para os doentes que uma boa canja, o fazendeiro matou a galinha.
A mulher começou a recuperar, e como os dois eram muito queridos na região, os vizinhos vieram visitá-los. Agradecido por tal demonstração de carinho, o fazendeiro matou o porco para poder servir os seus amigos. Finalmente, a mulher recuperou, mas os custos com o tratamento foram muito altos.

O fazendeiro enviou a sua vaca ao matadouro, e usou o dinheiro arrecadado com a venda da carne para pagar todas as despesas.
O rato assistiu àquilo tudo, sempre pensando:
Bem que eu avisei. Não teria sido muito melhor se a galinha, o porco e a vaca tivessem entendido que o problema de um de nós coloca todo mundo em risco?”
Claro que não é original meu, não ! Veio por mail e foi mandada por uma amiga de longa data.
Um beijinho para Ela, que até é capaz de ser nossa leitora.
JPSetúbal

21 dezembro 2007

Arrumar de casa

Os comentários ao texto Interstício levam-me a alterar o que tinha programado para hoje. Uma espécie de "arrumar de casa" antes de me ausentar...

O simple aureole perguntou:

"a dispensa de interstícios é rara (...) e só por razões muito fortes deve ocorrer."
Razões "muito fortes" de que tipo? Tipo "vamos lá elevar o tipo depressa, que ele tem uma doença terminal"? Ou do tipo "ele anda aqui a pisar ovos, passem-no lá senão leva seca"?
Imagino que serão mais do primeiro tipo (quando haja uma manifesta falta de tempo disponível para que o percurso decorra da forma prevista) do que do segundo... Pode saber-se?

A dispensa de interstício é, em todas as Obediências Maçónicas, uma prerrogativa do Grão-Mestre, em regra muito parcimoniosamente usada. Não posso nem devo, é óbvio, pretender "ditar" as condições em que os Grão-Mestres utilizam essa prerrogativa. Mas, relativamente às duas possibilidades apresentadas pelo simple aureole, eu diria que, se algum dia fosse Grão-Mestre (intervalo para gargalhadas...), o meu critério seria que... em nenhumas delas!

Os graus maçónicos, escrevi-o no texto Interstício e repito-o agora, não constituem nada, não atribuem nada a ninguém, apenas ilustram. Acrescento agora que também não devem ser entendidos como honras ou manifestações de apreço. Para isso há medalhas, diplomas, etc.. Logo, não se justifica que um maçon com doença terminal, só por tal estado, seja dispensado de interstício para lhe ser conferido um grau maçónico. Isso em nada o modifica, em nada o beneficia, nem nesta vida, nem na Grande Viagem. Razões legais e de organização de sociedade justificam que se prevejam casamentos urgentes ou testamentos realizados, por urgência, sem as legais formalidades, na iminência de morte, ou no receio dessa iminência. Mas não vejo que o reencontro com o Grande Arquitecto tenha alguma diferença por se ter ou não o grau de Mestre maçon. Perante Ele todos nós somos imberbes Aprendizes, quaisquer que sejam os graus e qualidades com que mutuamente nos outorgamos...

Também obviamente que não dispensaria de interstício um maçon só por ser lento no seu progresso. Cada um é como cada qual, cada um tem o seu ritmo, só há que aceitar e respeitar as idiossincrasias de cada um. Dobrar as regras vigentes só para evitar que "leve seca" seria ofensivamente desrespeitador do ritmo próprio do visado, quiçá mesmo do seu gosto por ambientes desérticos e calmaria absoluta...

Tanto quanto me apercebo, as dispensas de interstício têm sido concedidas, sempre muito esparsamente, essencialmente por três ordens de razões: protocolares, interesse da Maçonaria ou mérito excepcional. Como exemplo de razão protocolar, assinalo o facto de existir o costume, em algumas Obediências de países em que o regime político vigente é a Monarquia de o Soberano ser o Grão-Mestre ou, pelo menos, de o Grão-Mestre ser um varão da família real. Normalmente, o Monarca ou familiar do Monarca não necessita de cumprir os interstícios para lhe ser conferido o grau de Mestre. Como exemplo de interesse da Maçonaria, aponto a situação de se pretender introduzir a Maçonaria em país onde ela ainda não esteja presente (sim, há poucos, mas ainda há...) . Para constituir uma Loja que possa iniciar novos Maçons são necessários, pelo menos, sete Mestres. Poderá dispensar-se de interstício um ou mais maçons, de forma a que sejam elevados rapidamente ao grau de Mestre e possam completar o elenco de Mestres necessário para assegurar as tarefas de introdução e expansão da maçonaria em determinada zona do globo. Como exemplo de mérito excepcional, indico situações de cientistas ou pensadores ou académicos de alto gabarito e irrepreensível estatuto moral que a Maçonaria se sente honrada em incluir nas suas fileiras e que, pelo seu excepcional valor, considera deverem receber tão rapidamente quanto possível o grau de Mestre.

Outras situações porventura haverá que sejam consideradas justificativas da aplicação excepcional da dispensa de interstício. Aos Grão-Mestres cabe decidir, caso a caso. E um princípio essencial da maçonaria é a da plena soberania do Grão-Mestre. É para isso que ele é leito e recebe a confiança de todos os maçons.

Quanto aos simpático comentário do nuno_r, secundado pelo simple do "curso pré-maçónico", a minha ideia e o que busco com a minha escrita neste blogue é essencialmente desmistificar o mito da Maçonaria sociedade secreta e do misterioso segredo maçónico, base de muitos ataques, desconfianças e temores relativamente à Maçonaria. E a melhor maneira de o fazer é falar de Maçonaria natural e abertamente num espaço aberto! Os maçons por tradição utilizam termos e expressões que não são usuais na vida comum? Pois então, mostre-se o significado que os maçons dão a esses termos e expressões e tente-se explicar como, porquê e para quê se usam. Os maçons afirmam-se terem e prosseguirem determinados princípios? Pois então afirmemo-los e expliquemo-los e pratiquemo-los (e alertemos para que os maçons não são perfeitos e, por vezes, alguns também os violam...).

Neste espaço, paulatinamente tenciono, enquanto tiver capacidade, saúde e disponibilidade para tal, escrever sobre tudo o que diz respeito à Maçonaria. Já aqui expliquei e, se necessário, voltarei a explicar, que não há nenhum segredo maçónico, para além daquilo que cada maçon consegue entrever e apreender pelo seu trabalho e que, por natureza, é incapaz de ser transmitido ou explicado a outrem. As únicas coisas que aqui não divulgarei são os sinais, palavras e toques de reconhecimento de cada grau, as Cerimónias de Iniciação, Passagem e Elevação e o conteúdo concreto de sessão maçónica em que tenha participado. Mas não por secretismo ou porque se tenha algo a esconder.

Quanto ao conteúdo das Cerimónias, já o expliquei em relação à Iniciação e essa explicação é válida para as restantes: são cerimónias destinadas a serem vividas e a marcar quem por elas passa. E muito desse efeito resulta da surpresa, do desconhecimento prévio do seu conteúdo. Divulgá-las, descrevê-las, seria empobrecer as experiências de quem por elas passar no futuro. Não serei eu quem cometerá tal dislate.

Quanto aos sinais, palavras e toques e conteúdo concreto de reuniões maçónicas, a razão é muito mais prosaica: segundo a antiga Tradição, jurei não as divulgar. É uma simples questão de honra cumprir esse compromisso. Não importa que os sinais, palavras e toques estejam publicados em diversos sítios e que qualquer um, com um mínimo de diligência, inteligência e persistência possa conhecê-los. O compromisso é meu, eu honro-o. Porque assim o impõe a minha Honra. Nada mais! E a esmagadora maioria, praticamente a totalidade, dos maçons de todo o mundo faz o mesmo, pelas mesmas razões. Dos outros, não reza a História nem a nossa Memória...

Ao nuno_r e ao simple, dois estimados leitores e comentadores (às vezes, emocionalmente tenho a impressão que estou escrevendo apenas para vós dois, embora racionalmente a média diária de quase 150 visitantes diferentes do último ano me mostre o contrário...) e a todos os outros que fazem o favor de me ler, desejo, de todo o coração, Festas Felizes e que tenham um 2008 melhor que 2007 e pior que 2009.

Faço agora uma pausa de alguns dias. Só voltarei a publicar textos aqui a partir de 3 de Janeiro. Não porque esteja cansado, mas porque esta época será só reservada para a família e passada em local sem meios técnicos de publicação de textos. Mas tenciono aproveitar para ir preparando uns textos...

Rui Bandeira