13 setembro 2006

Vigilantes


Anéis de 1.º e de 2.º Vigilante, com as iniciais das designações em língua inglesa: Senior Warden e Junior Warden)



Os membros das Lojas Maçónicas estão divididos em três categorias, Aprendiz, Companheiro e Mestre, segundo a sua antiguidade e a sua evolução na tarefa de auto-aperfeiçoamento que constitui o desiderato maçónico.
Os Vigilantes são os elementos das Lojas que têm a função de acompanhar, orientar e auxiliar, os Companheiros (1.º Vigilante) e os Aprendizes (2.º Vigilante), quer na sua integração na Loja, quer no conhecimento e compreensão dos princípios e valores maçónicos, instrumentos para o pretendido auto-aperfeiçoamento pessoal, ético e moral.
Esta tarefa é sobretudo individual, pelo que os elementos que as Lojas designam para acompanhar esses obreiros não têm como função ensinar, antes auxiliar, estar atentos às necessidades e ao desenvolvimento de cada elemento a seu cargo, em suma, estar de vigília junto dos elementos que tem a seu cargo, em ordem a poderem, sempre que e quando necessário, intervir, sugerir, esclarecer e, assim, auxiliar a desejada evolução de cada um deles. Daí a designação de Vigilantes.
Constituindo a principal tarefa de uma Loja Maçónica o auto-aperfeiçoamento, constante e contínuo dos seus membros, com o auxílio do grupo (tarefa nunca finda), obviamente que se tem especial cuidado com os elementos mais recentes, que é suposto serem os que mais necessitam desse apoio. Assim, os Vigilantes são, imediatamente após o Venerável Mestre, os elementos que exercem as funções de maior responsabilidade da Loja. Normalmente, são designados para as funções de Vigilantes maçons experientes, que exerceram já diversas funções em Loja e que, por isso, a conhecem bem. Procura-se assim auxiliar a rápida e frutífera integração dos novos elementos no grupo e nos seus Princípios, Valores e Ideais.
O 1.º Vigilante simboliza a Força (fortaleza de carácter, força moral, mas tembém a força concreta das acções, no sentido em que toda a obra, toda a construção, humana só persiste se tiver força para se manter, por si só); o 2.º Vigilante simboliza a Beleza (beleza das virtudes morais, mas também a beleza que se deve procurar imprimir em todos os nossos actos e em tudo o que construímos; "forte e feio" é, manifestamente, menos perfeito que "forte e belo").
Ao conjunto constituído pelo Venerável Mestre e pelos Vigilantes é costume dar-se a designação de "Luzes da Loja", pois que a iluminam com as três qualidades que devem nortear todos os actos e obras de um maçon: Sabedoria, Força e Beleza.
Todas as decisões relativas à Loja que necessitem de ser tomadas entre reuniões são tomadas em conjunto por estes três elementos.
Rui Bandeira

12 setembro 2006

Novo Venerável Mestre na Loja Mestre Affonso Domingues

No passado fim de semana ocorreu a cerimónia de Instalação na Cadeira de Salomão, isto é, da tomada de posse, do novo Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues, PauloFR, que também já tem publicado textos neste blogue.

PauloFR fora eleito em Julho, por unanimidade de votos, para o exercício da função.

Esteve presente no acto o Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, Alberto Trovão do Rosário.

A cerimónia foi conduzida pelo Vice-Grão-Mestre, Mário Martin Guia.

Seguidamente, PauloFR deu, de imediato, posse aos elementos que designou para o exercício das demais funções na Loja.

Um dos elementos a quem PauloFR conferiu posse foi o assíduo colaborador deste blogue JPSetúbal, que assumiu as funções de 1.º Vigilante.

Um abraço a todos os empossados, mas em especial a estes dois co-blogueiros, manifestando a esperança de que o exercício, sempre absorvente, das funções que lhes foram confiadas e que estão agora a exercer não os impeça de continuarem a partilhar connosco os seus textos.

Rui Bandeira

11 setembro 2006

Cinco anos depois

Passaram já cinco anos, 1.826 dias e 1.826 noites, considerando que um desses anos foi bissexto, mas a recordação do horror permanece tão nítida que nos custa a crer que cinco anos tenham já decorrido.

Hoje, é dia de homenagear as vítimas, mas também de reflectir sobre esta barbárie e as suas consequências.

O 11 de Setembro constituiu o aparecimento de uma até então inexistente estratégia de terrorismo global. Pouco importa quem é vitimado, onde caem as vítimas. O que importa é destruir e matar de forma brutal, mas sobretudo espectacular, fazendo crer a todos a cada um que pode estar entre as próximas vítimas, esteja onde estiver, faça o que fizer. Aos aviões do 11 de Setembro, seguiram-se os comboios de Atocha e o metropolitano e o autocarro de Londres (sempre a dia 11...), só para falar do Ocidente; mas também a discoteca da Indonésia e oa atentatos na Turquia, na Índia, no Paquistão, em Marrocos e por aí fora, em macabra pontuação do mapa do planeta.

Esta estratégia de terrorismo global , seguida por extremistas de que nem sequer conseguimos entender devidamente as linhas de pensamento, se é que estes energúmenos também pensam, obriga-nos a todos a reflectir e a evitar o erro de reagir epidermicamente.

Em primeiro lugar, temos de ter a Lucidez de entender que os Muçulmanos e a religião muçulmana não têm nada a ver com esta patética estratégia de terror. Este Terror deve-se a extremistas que invocam abusivamente a religião islâmica, mas que, ao invés de a seguirem, a atraiçoam e violam os seus princípios. Porque, ao contrário do que estes sectários assassinos invocam, a religião islâmica é uma religião de Paz e Tolerância, não o acervo de violência, terror, intolerância e malvadez que esta cambada de sociopatas proclama. Basta ler o Corão para o perceber.

Em segundo lugar, temos de ter a Firmeza de exigir que as necessidades de Segurança sejam sempre compatibilizadas com a Democracia e a Liberdade. A necessidade de nos defendermos destes bandos de psicopatas pseudo-religiosos pode implicar, e necessariamente que implica, a adopção de medidas de Segurança, de Controlo, de Investigação, que são excepcionais e que, de alguma forma ponham entre parentesis as Liberdades Civis. Mas importa que fique sempre salvaguardado que a Segurança não revoga a Liberdade. Pode ser necessário derrogá-la em situação de emergência, por períodos e por forma limitados. Mas todas as medidas tomadas devem ser, seguidamente, sujeitas ao escrutínio de um Tribunal e por ele validadas ou, se for caso disso, revogadas. Prioridade à Segurança quando tal se mostre necessário. Mas, passada a crise, retomam-se as regras normais de controlo e de garantia das Liberdades Civis (incluindo o direito de defesa, mesmo de quem integre essas cáfilas de trogloditas). Porque nós não somos iguais a eles. Porque entendemos a necessidade de Segurança, mas não prescindimos da Liberdade nem da Democracia. Porque não admitimos, nem nunca admitiremos que, pela via indirecta da nossa capitulação, aquelas quadrilhas de bárbaros vençam!

Em terceiro lugar, não podemos prescindir nunca da Esperança de que, no fim, a Democracia, a Liberdade e o Progresso acabarão por vencer e estes vermes infra-humanos não conseguirão impor as suas grotescas hipóteses de ideias.

Devemos isso às vítimas do Terror e a nós próprios!

Rui Bandeira

Maçonaria, M.Soares e uma notícia triste.

Maçonaria - Ex-Presidente da República foi iniciado em frança
Soares adormecido
Mário Soares é, neste momento, um maçon adormecido, expressão utilizada para os membros da maçonaria que deixaram de ter actividade em lojas maçónicas.
Iniciado na Grande Loja de França nos anos 60, quando esteve exilado em Paris, o ex-Presidente da República terá sido, segundo apurou o CM junto de várias fontes, irradiado daquela obediência por ter deixado de pagar quotas, num processo semelhante à expulsão de 31 membros do Grande Oriente Lusitano (GOL) em 2004, entre os quais aparecem nomes conhecidos como António Vitorino, Vitalino Canas, ambos deputados do PS, e Torres Couto, ex-secretário-geral da UGT. “Ele foi iniciado maçon na Grande Loja de França nos anos 60, mas depois, quando regressou a Portugal, abandonou, nunca se transferiu [para uma loja em Portugal] e nunca mais pagou [quotas]”, disse ao CM uma fonte próxima de Mário Soares. “Se não pagou as quotas à obediência onde foi iniciado, as regras são muito claras: é decretada a irradiação”, frisa uma fonte conhecedora do meio maçónico.“Antes do 25 de Abril, a maçonaria era um núcleo de liberdade política. Depois [com a Revolução dos Cravos], ele passou a ter uma vida política muito activa e não precisava disso”, explica uma outra fonte próxima. E outra figura próxima de Mário Soares conclui: “Ele tem amigos íntimos nesses quadrantes, mas nunca foi membro activo em Portugal.”António Reis, grão-mestre do GOL, atribui a expulsão de membros por “desinteresse para continuarem a trabalhar lá dentro [da loja]”. Se pedirem o reingresso, pagarem as quotas e justificarem a falta de pagamento, os irradiados poderão ser reintegrados. Vitalino Canas, um dos visados, escusou-se a fazer comentários. Em Portugal, existem duas obediências: o GOL e a Grande Loja Legal de Portugal (GLLP). Enquanto a GLLP exige uma crença num princípio, por exemplo Deus, o GOL não exige uma crença.





Esta notícia foi publicada, tal qual, no “Correio da Manhã” de 08/09/2006.
RBandeira já publicou alguns comentários sobre uma notícia de teor próximo desta, publicada no “24Horas”.
Esta, do “CM”, é particularmente elaborada porque junto do título “Soares adormecido”, a vermelho, publica-se uma foto de M.Soares com M.Barroso, em cerimónia aparentemente pública e ambos, também aparentemente, adormecidos.
Ora, de aparentemente em aparentemente, não me parece que esta montagem da notícia tenha, seja o que fôr, de aparentemente inocente.
A notícia tem a ver com a ligação M.Soares/Maçonaria.
A foto não tem qualquer relação com a ligação M.Soares/Maçonaria.
Aparecem juntas, certamente, porque o jornalista não encontrou outra foto de M.Soares mais adequada, o que se percebe bem já que não há muitas fotografias de M.Soares.
Foi sempre um sujeito fugídio e raramente permitiu ser fotografado nas rarissimas aparições públicas dos últimos 40 anos !...

Vamos lá ver as 2 questões que se sobrepõem nesta pseudo-notícia.

1- A utilização conjunta daquele título com aquela fotografia tem a intenção clara de chamar a atenção dos leitores para o facto de M.Soares adormecer em público, durante reuniões, assembleias, congressos... É lamentável, sob todos os aspectos a utilização deste truque baixo para denegrir a imagem de M.Soares, Presidente da República durante 10 anos, 1º Ministro deste País durante vários governos, principal responsável pela recuperação de duas bancas-rotas, principal responsável pela integração de Portugal na Europa e, mais do que tudo isso, principal responsável pela reposição da Democracia em Portugal após 26 de Abril/74. Não sou “Soarista”, recuso-me inteiramente a ser qualquer “ista” e a aderir a qualquer “ismo”. Tive em tempo oportuno a minha “deriva” política e fiquei curado, e vacinado, dessa doença. Mas sou Português, considero a Democracia o menor dos males e portanto tento defendê-la, e vou mantendo as memórias do que se passa no meu País. E tento não ser mal-agradecido. E os portugueses devem muito a M.Soares, gostem ou não, queiram ou não. É uma situação de facto ! E M.Soares sempre soube mais a dormir que a grande maioria dos jornalistas acordados. Há quantos anos M.Soares adormece em público ? há quantos anos todos sabemos desse “pecadilho” de M.Soares (e os jornalistas sempre sabem antes do público em geral) ? Porquê agora esta brincadeira de mau gosto ? É que de acordo com a minha interpretação além de mau gosto é cobardia.
2- A outra questão tem a ver com o teor da notícia e com a relação M.Soares/Maçonaria.
Fica bem claro que quem escreve a notícia está a tentar apalpar um terreno que não conhece. Não sabe sobre o que está a escrever. Não sei quem é o jornalista, não o conheço, e provavelmente é um senhor muito estimável, mas “esticou-se” desta vez. Não há maçons irradiados e “estar adormecido” maçónicamente não tem nada a ver com ser irradiado de qualquer obediência maçónica. Os Maçons podem ser suspensos e/ou excluidos, mas não irradiados. É conceito que não existe em Maçonaria.
Porquê esta insistência na relação da Maçonaria com a política e com os “lobis” políticos ?
A notícia refere apenas nomes de políticos, e é claro que quanto mais sonantes forem, maior é a “gulodice” do jornalista.
Tentemos esclarecer uma coisa. A Maçonaria não é um antro de vilões, de golpistas ou de interesseiros em jogadas de bastidores. Como em todas as grandes organizações também a Maçonaria tem bons e maus Maçons. Cumpridores e desleixados. Tristes e alegres. Altos e baixos. Gordos e magros. ...
Mas então esperar-se-ia outra coisa ? Que raio de ideia !... Queremos que os maçons sejam todos exemplares, como homens, como profissionais, como cidadãos, mas às vezes não são ! E então ? vem daí o mal do mundo ?
A tradição da Maçonaria em Portugal é a de se manter na clandestinidade, ainda sob o efeito da estupidez salazarista de braço dado com uma Igreja de Roma retrógrada, completamente desajustada da realidade e do tempo. E o desconhecimento do que se passa origina que a imaginação produza imagens completamente desviadas da verdade do que é ser Maçon. Por quase todo o mundo a qualificação de Maçon é uma honraria que se ostenta publicamente, inclusivé no cartão de visita. De facto deve significar que quem está autorizado a apresentar tal qualificação é pessoa de Bem, confiável nas suas atitudes perante a vida e os homens. Por cá ainda há muito secretismo que não tem sido fácil ultrapassar. Como sempre, lá chegaremos.
A Grande Loja Legal de Portugal/Grande Loja Regular de Portugal, obediência maçónica onde a Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues se integra (a notícia do CM refere-se a uma outra obediência), é campo de todo o ecumenismo, livre, aberto, fraterno, no qual todas as crenças religiosas e políticas, todas as raças e convicções se encontram e convivem aberta e livremente, sem quaisquer complexos ou diferenças, com a obrigação única de aceitar como objectivo a luta pela paz, pela fraternidade, pela liberdade de todos os homens.“Senhores fazedores de opinião” deixem-se de invenções e principalmente de truques.
(Quando fui "postar" este texto constatei que RBandeira resolveu avançar com outra lição sobre a mesma matéria. Aconselho vivamente a que não percam os 2 textos anteriores da autoria de RBandeira.)
JPSetúbal

09 setembro 2006

A reserva de identidade do maçon


No texto anterior, aflorei a questão da reserva de identidade do maçon, assunto sobre o qual me sinto particularmente à vontade, pois eu próprio decidi deixar pública a minha condição de maçon e, por isso, assino todos os meus textos com o meu nome e apelido completos. Faço-o, obviamente, porque posso fazê-lo: a minha actividade profissional de Advogado e a forma como a exerço, em profissão liberal, em escritório próprio, liberta-me de constrangimentos com patrões ou superiores hierárquicos que porventura me pudessem prejudicar pela assunção da minha integração na Ordem Maçónica. Muitos outros, porém, não podem revelar publicamente a sua condição de maçons, por receio de represálias de quem ainda vê na Maçonaria um bicho de sete cabeças...
A reserva de identidade do maçon é uma das mais antigas regras da Maçonaria e, no fundo, traduz-se na simples regra que todo o maçon jura cumprir: não revelar a profanos a identidade de um seu irmão. Note-se: não há nada de secreto na condição de maçon. Cada qual pode assumir-se como maçon e pode e deve fazê-lo quando entenda que tal assunção não o prejudica, nem à sua família, pois um maçon sente-se honrado em sê-lo.
A reserva de não identificação de seu Irmão como maçon advém do facto de, durante muito tempo, e em função, quer das guerras religiosas, quer, pura e simplesmente, dos fundamentalismos religiosos (quem não se lembra da Santa Inquisição e das guerras entre Católicos e Protestantes que durante dezenas e dezenas de anos sangraram a Europa, com a inutilidade de cada lado matar os do lado oposto... em nome do mesmo Deus?), não ser seguro para um maçon divulgar essa sua condição. Com efeito, desde sempre que, nas Lojas Maçónicas, se praticou a total abertura e tolerância religiosa. Pode ser maçon o crente de qualquer religião, ou até mesmo o crente não vinculado a uma religião particular. Basta que seja Homem Livre e de Bons Costumes e que creia no Criador, chame-lhe o nome que chamar. E nenhuma distinção é feita entre maçons em função da religião de cada qual. De facto, até para garantir que nunca nenhuma dissensão entre maçons possa surgir em virtude de diversas opções religiosas, a Religião é um dos dois temas cuja discussão não é admitida em Loja (o outro é a Política)!
É claro que em tempos de guerras e fundamentalismos religiosos, a tolerância e a protecção mútua entre elementos de diferentes religiões não era bem vista; pior, não era sequer admitida. Para os fundamentalistas de qualquer dos lados, o Maçon era sempre o tipo que privava com o "inimigo", que o protegia. E, se assim era, também não era de confiança ou era, mesmo, também um inimigo, que devia ser abatido, imolado pelo fogo ou passado a fio de espada... A reserva da condição de maçon era, pois, uma verdadeira questão de sobrevivência!
Claro que nos dias de hoje o problema já se não coloca nos mesmos termos: ninguém é abatido por ser maçon.
Mas, ainda hoje, há muitos preconceitos à solta contra a Maçonaria e os maçons. Em parte, também por culpa desta e destes, verdade seja dita... Esperamos que o preconceito vá desaparecendo. Para tal, sabemos que também nós próprios, maçons, temos de contribuir para ajudar a esse desaparecimento, dando-nos a conhecer, e aos nossos ideais e propósitos, enfim, afastando a fama de mistério que ainda rodeia a Maçonaria (e é evidente que o Desconhecimento gera Desconfiança, se não mesmo Temor...). Este blogue é uma pequenina contribuição para isso.
Mas, por enquanto, e infelizmente, persistem ainda motivos para a reserva pública quanto à identidade de muitos maçons. É pena que assim seja, mas contra factos não há argumentos. E, portanto, a decisão da revelação da condição de maçon é exclusivamente individual e é e deve ser pelos demais integralmente respeitada.
Foi por isso que me indignei com a fuga de informação que motivou a exposição pública da condição de maçons ainda que "expulsos" ou excluídos). E que me indignei ainda mais com a exposição da identidade de pessoas que, tendo pretendido ser admitidos maçons, foram rejeitados.
Rui Bandeira

08 setembro 2006

Negligência ou algo mais?


O jornal 24 Horas de ontem publicou, com título e enorme fotografia na primeira página, a notícia de que um conhecido político tinha sido "expulso" da Maçonaria. No interior do jornal, a notícia foi desenvolvida e procedeu-se à publicação de uma lista de algumas dezenas de indivíduos que tinham também sido "expulsos da Maçonaria", entre os quais mais alguns políticos. Publicou-se ainda uma mais reduzida lista de nomes de indivíduos cuja "admissão na Maçonaria" teria sido rejeitada.

Nada tenho a apontar ao jornal com esta publicação: um jornal existe para descobrir e publicar notícias! Mas considero inadmissível que o jornal tivesse tido acesso aos elementos que lhe pemitiram publicar essa notícia.

Compreendo que a "Maçonaria" seja mais notícia do que um grupo excursionista ou um clube desportivo e que, portanto, haja interesse em publicar a notícia de que figuras públicas tinham sido excluídas da "Maçonaria", por falta de pagamento de quotas, ao passo que dificilmente seria notícia idêntica exclusão, por idênticos motivos, de grupo excursionista ou clube desportivo.

Preciamente por essa razão é que a Organização que excluiu alguns indivíduos por falta de pagamento de quotas não deveria ter permitido que essa informação passassse para o domínio público!

No caso, quem excluiu foi o GOL (Grande Oriente Lusitano), a mais antiga Organização de tipo maçónico actualmente existente em Portugal, embora não internacionalmente reconhecida como detendo a Regularidade Maçónica.

O GOL existe desde há muitos anos, está perfeitamente organizado e a "passagem" desta informação para o exterior ou ocorreu por grosseira negligência - o que é grave!, - ou deliberadamente - o que é pior!

É um dos princípios básicos da Maçonaria o de que nenhum maçon expõe outro maçon, isto é, divulga publicamente a identidade de outro maçon, a não ser que o mesmo tenha, ele próprio, divulgado essa condição, ou que tenha já falecido.

No caso, o GOL, ou alguém no seu seio, cometeu uma grave infracção a esse princípio.

Nem mesmo o facto de se tratar de pessoas excluídas (e não expulsas: a expulsão ocorre por indignidade; a exclusão, por mera falta de cumprimento de obrigações, como a de pagar as quotas devidas; o elemento expulso não pode ser readmitido, salvo se previamente reabilitado; o excluído pode ser readmitido, se manifestar interesse nisso e regularizar o pagamento das quotas) justifica a divulgação: o maçon, ainda que excluído, continua a sê-lo e mantém o seu direito a não ver o seu nome divulgado como maçon, a não ser que ele próprio proceda a essa divulgação.

No caso concreto, acresce que a "passagem" da informação "cheira" a vingançazinha rasteira contra figuras públicas que, quiçá, se desinteressaram do GOL (eles lá saberão porquê...) e, por isso, decidiram deixar de pagar quotas e de se integrar em tal organização...

Pior ainda, verificou-se um "dano colateral" absolutamente grotesco: a divulgação da identidade de pessoas que terão solicitado a sua admissão como maçons e que terão visto esse propósito recusado pelo GOL. O GOL tem o direito de recusar quem muito bem entender; o que não tem é de divulgar que não aceitou A, B ou C. Ao fazê-lo, ou ao ter permitido que essa divulgação tivesse ocorrido, traiu o dever de reserva que se garante a quem pede para ser admitido maçon, isto é, traiu quem se quis juntar a si!

É por estas e por outras que, em Portugal, a única organização maçónica internacionalmente reconhecida como tal, isto é, como Regular, é a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP...

É por estas e por outras que o rico e antigo GOL é internacionalmente considerado irregular, isto é, não reunindo as condições para ser considerado uma verdadeira Organização Maçónica.

Mais uma vez, infelizmente parece que, por aquelas bandas, não se pratica Maçonaria, antes se busca, e se faz, simplesmente, Política sob a capa de pseudo-maçonaria. E porque o que ali se faz e se busca é política é que se fazem jogadas políticas como a que resultou na notícia em causa...

Rui Bandeira

05 setembro 2006

Por Terras de Castelo Rodrigo - 2

O nosso querido blogueiro RBandeira postou sobre o passeio por "Terras de Castelo Rodrigo" no último fim de semana, que desagradávelmente coincidiu com o fim de férias...
Com a vénia devida ao RB venho complementar com algumas fotos, que Ele não tem (ainda), e que mostram alguns dos pormenores sobre os quais gostamos de "partir pedra", nomeadamente alguma da sinalética com que os operários marcavam os seus trabalhos e que serviam para a
medição do salário que lhes era devido.

Encontramos esta sinalética nas pedras do Mosteiro de Santa Maria de Aguiar (Torre das Águias como explica RB), que visitamos.

Nesta primeira foto nota-se nitidamente, um pouco à direita em relação ao meio da pedra central, uma gravação que podemos comparar com uma letra "p" manuscrita.

Claramente que o significado é outro, o de marcar o trabalho feito, espécie de assinatura identificativa do operário que o fez.

Na segunda foto a marca é bem diferente.
Nota-se mais ou menos a meio da imagem a gravação de uma marca, espécie de sinal "+" ou cruz com as pontas traçadas.

Foram operários diferentes que assentaram estas duas pedras do Templo e assim se distinguiam as suas identidades.

Outra imagem mostra que os Cavaleiros do Templo também passaram por Santa Maria de Aguiar deixando igualmente as suas marcas na pedra trabalhada.

O Convento sofreu obras de reabilitação há poucos anos pelo que se encontra, na generalidade, em muito bom estado de conservação o que, infelizmente, não é o mais vulgar.

JPSetúbal