27 julho 2006

Do que eles se lembram!

A Maçonaria pode ser também uma mina de merchandising.

Pelo menos nos Estados Unidos, onde a Maçonaria é uma instituição enraizada, com muitos membros e socialmente influente.

Mas há exageros que só podem fazer-nos rir - no meu caso, a bandeiras despregadas, garanto-vos.

Reparem nesta descoberta feita na Net: nada mais, nada menos do que...


Imaginem o que será (não vale ir espreitar a imagem!)...


Pois é, há coisas que vão para além dos mais loucos delírios...



UM PORTA ROLOS DE PAPEL HIGIÉNICO "MAÇÓNICO"!!!!!





Ah! E serve também de porta-revistas!

Não dá para acreditar, mas é verdade. E não se trata de partida ou brincadeira na Net. Foi encontrado num sítio comercial. Pode ser comprado on line e o seu custo é de 50,99 US dollars.

Não faz o meu género, mas quem porventura quiser "embelezar" a sua casa de banho com este adereço pode proceder à sua aquisição aqui.

Mas esperem... há mais: a empresa que comercializa esta preciosidade está situada no Wisconsin, numa cidade chamada, imaginem... New Lisbon!

E agora, desculpem-me, mas não consigo escrever mais, que não consigo parar de rir!

Pelo menos vou bem disposto para férias... Até depois!

Rui Bandeira

26 julho 2006

Momentos da Vida Portuguesa II

Pois não me espanta nada o sucedido com o Sindicalista da PSP.

Hoje de manhã ouvindo a TSF, o reporter fazia um alarido monstruoso sobre um bloqueio que os pescadores estavam a fazer na lota de Matosinhos.

Os ditos pescadores acusavam a marinha de guerra portuguesa de perseguição. Eu sei que a Marinha de Guerra Portuguesa com os meios que tem à disposição apenas consegue perseguir traineiras, mas não é por aí.

O reporter entrevista então um dos circunstantes ( que se identificou como pescador) que acusou a MArinha de perseguição e de os estar sempre a multar. Juntou então que de facto usam Artes Ilegais na malhagem e no comprimento e mais nao sei o quê, mas que isso ( o uso de artes ilegais) não era razão para serem multados.

Que querem que vos diga....

Roube-se, delapide-se, porque segundo o dito pescador podemos sempre acusar a autoridade de perseguição.

E mais nada !!

JoseSR

MOMENTOS DA VIDA PORTUGUESA


Verdade, verdadinha, como diz um bom Amigo meu, estamos num mundo louco, ou como num belo filme, já com uns anitos, “Os deuses devem estar loucos”.
No filme acontece uma 1ª confrontação com a civilização (será ?) e a partir daí desenrola-se uma estória mordaz mas com um humor apurado, que leva ao riso aberto de princípio a fim.


Os elementos da PSP, no acto de admissão oficial, juram servir as populações que neles
devem ver a personificação da Lei.
Não vale a pena sermos ingénuos e acreditar que só há gente bem formada numa organização
que integra milhares de pessoas, com origens nos mesmos meios de todos os outros
portugueses, bons, maus e assim-assim.
Portanto na PSP há também polícias bons, maus e assim-assim, como todos nós, sendo
desejável que a percentagem de bons seja bem maior que a dos outros.
Ora acontece que é suposto a PSP servir para defender os cidadãos e as suas organizações,
quando legítimas, isto é, quando em consonância com a lei do País.
E não pode haver organização mais legítima do que o próprio governo da Nação, eleito
livremente pelos cidadãos.
Poder-se-á não gostar dele, não lhe demos o nosso voto, mas Democracia é isso mesmo, as
maiorias existem para decidir, gostemos ou não!
A espiral de asneira dos “sindicalistas da PSP” era fartamente previsivel quando foi
autorizada legalmente a sua existência.
E esta opinião não tem nada, rigorosamente nada, a ver com o direito da existência de
Sindicatos e nada contra a actuação reinvidicativa respectiva se orientada pelo direito e pela
inteligência.
Mas nós ouvimos e vimos uma entrevista com um dos responsaveis da organização sindical da
PSP a anunciar ao mundo que “já corremos com um 1º Ministro para Bruxelas e vamos
correr com este também” !
Parece mentira não é ? Não é, não, é mesmo verdade.
Então qual é a surpresa de ser compulsivamente passado à reforma ? Mas o que é que esse
“artista” estava à espera ? Que o Governo ficasse à espera que esse polícia repetisse o acto
de terrorismo anterior ? É que isso de derrubar Governos eleitos legal e livremente é um
acto de terrorismo !
Como dizia o outro, é a Democracia estúpido... é a Democracia.

Esta outra estória seria também risível se fosse em filme, passado nos “confins” africanos, com polícias que nunca tivessem visto uma garrafa de Coca-Cola...
Mas não é, infelizmente não é !
JPSetúbal

Urgências 2006



Na passada semana, fui, com um outro dos habituais colaboradores deste blogue e as respectivas caras metades, assistir, no Teatro Maria Matos, ao espectáculo "Urgências 2006", constituído por onze pequenas peças, todas relacionadas com o tema que dá o título ao espectáculo, que os seus promotores impressivamente afirmam serem "como um festival de curtas metragens em teatro".

Gostei! Ou melhor, gostámos! Como me disse, no final, o outro blogueiro, nenhum dos textos é mau e pelo menos metade são francamente bons.

É um espectáculo que recomendo seja visto com...urgência, pois as últimas representações decorrem de hoje até sábado, às 21 h 30 m.

Das onze pequenas peças, apreciei particularmente três: CORO DOS AMANTES A CAMINHO DO HOSPITAL - soberba interpretação de Cláudia Gaiolas e Tónan Quito -, ÚLTIMA CHAMADA - um interessante diálogo interpretado por Margarida Cardeal e (de novo) Tónan Quito - e BOLAS DE NEVE - um perturbador texto sobre as possíveis e nem sequer sonhadas consequências das nossas acções, mesmo as mais simples, interpretado por Iolanda Laranjeiro e Luís Mestre.

Interpretam este espectáculo, além dos já citados, também Joaquim Horta, Sofia Grilo e Tiago Rodrigues, sendo que este último assina também a encenação e é autor de um dos textos, precisamente o primeiro que acima destaquei.

Este espectáculo é uma co-produção Mundo Perfeito / Produções Fictícias / Teatro Maria Matos e é , sem dúvida, um dos bons espectáculos teatrais em cena, interpretado por actores da jovem geração, que mostram muita qualidade e de quem seguramente muito vamos ouvir falar.

Atenção: não é um espectáculo maçador ou para intelectuais! São textos que possibilitam soberbas interpretações, admiráveis monólogos e interessantes diálogos, oscilando entre o sério e o humor inteligente. Proporciona duas horas de um espectáculo divertido, mas não bacoco ou boçal.

Na minha opinião, é a prova de que um Teatro Municipal pode, se bem dirigido por um programador competente (e o director artístico do Maria Matos é Diogo Infante) proporcionar espectáculos de qualidade, com interesse para o grande público e não apenas para meia dúzia de intelectuais.

Mais informações aqui .

Ah! E este espectáculo tem também um blogue! Não é tão bom como este (modéstia à parte...; presunção e água benta cada qual toma a que quer...), mas vale bem a pena espreitá-lo, também com alguma... urgência, não vá o blogue ser apagado após o fim da apresentação do Urgências 2006. Dêem uma olhada neste endereço .

Rui Bandeira

25 julho 2006

Energia - a factura II

Nota previa
Fico sempre satisfeito quando um tema gera respostas contraditorias ou movimentos de continuação. E fico-o porque acho que esse é um dos objectivos deste blog.
Fico muito satisfeito por ter sempre as opinioes do Rui e do JPSetubal.
Ficaria muito mais se outros se juntassem à discussão.



Não sou um fundamentalista da energia Nuclear. Chamem-me mais um copista.

Na Europa industrializada mais de metade da energia electrica ( em alguns casos cerca de 80 % ) é de origem nuclear.

Eu sei bem que o Nuclear não resolve o caso dos automoveis e de outras meiso de locomoção.
Mas a energia electrica é uma alternativa a geradores Diesel, maquinas a Gás natural, consumo domestico de aquecimento, etc.

A produção Nuclear obvia à necessidade de centrais termoelectricas a carvão, petroleo ou gás ou mesmo as mais modernas de ciclo combinado.

Por uma Central Nuclear a trabalhar demora. Demora uns anos largos e é preciso começar logo a pensar no seu fecho e na abertura de uma nova.

O que acontece neste mundo é que os hidrocarbonetos estão com os dias contados. O Desenvolvimento da India e da China aumentando o respectivo consumo de petroleo, vieram por uma pressão suplementar em cima do preço. ( Basta pensarmos que estes dois paises juntos somam mais de 2,5 bilioes de pessoas ou seja 1/3 da populaçao do mundo e só agora começam a desenvolver-se economicamente)

As alternativas ao Petroleo passaram de alternativas a interesse estratégico. Quando o Petroleo acabar .....

E quer queiramos quer não, as eolicas têm uma produção muito pouco rentavel, as ondas do mar é uma ideia que ainda nao produziu resultados que sejam sequer mensuraveis, a biomassa é um conceito interessante para produção energética local ( auto-suficiencia de exploraçoes agricolas).

Mas dizia eu que sou um copista.

Sou porque não vale a pena re-inventar a roda. Uma data de países cujas economias são bem mais fortes que a nossa produzem energia Nuclear, e nós andamos atrás de Moinhos de Vento.

Nem os espanhois, patricios do D. Quixote, andam atras dos moinhos de vento.

O Nuclear é 100 % seguro ? É claro que não.

Nada é 100% seguro.

Há acidentes nucleares ? Claro que há.

Como há acidentes com refinarias convencionais, e centrais de ciclo combinado , etc.

Mas tudo isto é irrelevante face à necessidade estratégica de ter alternativas de produção energetica dentro de 10 anos.

Se me convencerem que uma plantaçao de Moinhos de vento de Norte a Sul , De Ocidente a Oriente e do Zenite ao Nadir das Montanhas , resolve o nosso problema energetico sem criar outros de maior dimensão, garanto que pego numa pá e planto um moinho la na minha rua.

Enquanto isso, sou copista.

JoseSR

24 julho 2006

Energia nuclear - sim ou não?


Decididamente, este blogue está numa fase de debate de "questões fracturantes".

Já por aqu passou a questão do Médio Oriente, agora foi introduzida a questão da produção de energia nuclear em Portugal.

O JoséSR deu o pontapé de saída no debate, manifestando-se a favor. Em comentário ao texto do JoséSR, o JPSetúbal manifesta a sua opinião em sentido contrário.

No texto "Energia - a factura" e nos respectivos comentários podem ler-se os respectivos argumentos - que não vale, portanto, a pena aqui repetir -, os quais não fogem da argumentação tradicional de cada uma das posições.

Este é um daqueles temas em que, a curto prazo, não vislumbro possibilidades de se atingirem grandes consensos: quem é pro-energia nuclear em Portugal esgrime com a necessidade económica da produção de energia por esta via, com o desenvolvimento da tecnologia de segurança das centrais nucleares de última geração, com o facto de Portugal ter centrais nucleares espanholas próximo das suas fronteiras e, portanto, já ter os riscos sem ter os benefícios; quem é anti-energia nuclear em Portugal argumenta com os custos de construção e manutenção de uma central nuclear, com os riscos e com o ainda mal resolvido problema dos resíduos, atenta a meia-vida de centenas de milhares de anos da matéria radioactiva que os compõe.

De um lado e do outro, tenho para mim que, embora sob acapa da argumentação racional, o que cada um dos campos esgrime é com a sua convicção. Acima de tudo é esta que influi nas posições de um e de outro lado. A colocação de um ou do outro lado da barricada é ainda, portanto, uma questão de convicção, ou seja, de FÉ. E nós bem sabemos que a fé não de discute, nem vale a pena discuti-la...

Logo, enquanto a discussão se mantiver no plano - ainda que subliminar, ainda que não aceite como tal - da convicção, não podemos esperar que as posições de princípio extremadas evoluam para um maior ou menor consenso, através da discussão racional. As coisas são como são!

Obviamente que respeito a Fé, a Convicção de cada um mas, neste assunto assumo-me como "agnóstico", isto é, não tenho ainda uma opinião completamente formada, não tenho uma convicção sólida, procuro ainda analisar tão racionalmente quanto possível os argumentos de um e outro lado para, pela razão, procurar chegar a uma posição.

Sem poder, portanto, postular qualquer certeza, sinto-me suficientemente equidistante para analisar os argumentos de cada campo e emitir o meu juízo sobre a respectiva valia. É claro que, nestas questões de convicção, quem se declara equidistante, "em cima do muro", corre o risco de não ver as suas posições críticas bem aceites, nem por um, nem por outro dos lados. Mas. no caso concreto da discussão neste blogue, aventuro-me confiantemente na empresa de ousar opinar sobre as argumentações opostas, sem temer reacções adversas, quer porque nenhum dos "contendores", sendo embora ambos firmes nas suas convicções, é fundamentalista, quer porque qualquer deles tem a inteligência suficiente para entender que é errado atirar pedras a quem está em cima do muro, porque o impacto delas poderia fazer tombar o atingido... para o outro lado!

Assim auto-confortado, começo por dizer que me parece que a argumentação de um e de outro campo (não especialmente a argumentaçãodo JoséSR e a do JPSetúbal, mas, mais genericamente, a argumentação dos campos, respectivamente, pro e anti energia nuclear em Portugal) se me afigura não totalmente isenta de demagogia.

É algo demagógico esgrimir-se com o preço do petróleo e, sobretudo, com o previsivelmente não muito longínquo fim das resrvas do mesmo para sustentar a inevitabilidade da produção de energia através do nuclear. O petróleo é, nos tempos actuais, essencialmente imprescindível para o sector dos transportes. São os automóveis, os camiões, os navios, os aviões, enfim, quase tudo o que mexe que depende dos hidrocarbonetos. Mas a energia nuclear não responde a esse problema! Parece-me (ao menos no futuro previsível) impensável que os meios de transporte sejam movidoa a fissão nuclear, cada viatura, navio ou avião dotado do respectivo reactor nuclear (existem, é certo, os submarinos nucleares, mas essa é outra guerra, e uso o termo sem ser sequer em sentido figurado...).

Para os transportes, a solução alternativa, tanto quanto se descortina, só poderá advir do desenvolvimento das pilhas de hidrogénio (o que implica a resolução de questões técniicas, de segurança e de custo que, por enquanto, são complicadas), enfim, e em linguagem muito simplificada, o sonho dos veículos movidos a água (mas, já agora, de preferência, salgada, que há muita nos oceanos, e a água doce já vai faltando...).

Não é a escassez dos hidrocarbonetos que, no meu entender, implica a produção de energia através do nuclear. Esta destina-se essencialmente à produção de electricidade e a mesma, salvo quanto ao caminho de ferro e seus sucedâneos, pouca ou nenhuma utilidade traz, por ora, ao sector dos transportes.

Objectar-se-á, porém, que a produção de energia eléctrica em larga escala faz-se com o recurso à energia hídrica, à energia nuclear ou à energia termoeléctrica e que esta consome hidrocarbonetos; portanto, a produção de energia eléctrica através do nuclear permitirá poupar no consumo de hidrocarbonetos (ainda com o bónus de diminuir a produção de dióxido de carbono e ajudar a não agravar o problema do aquecimento global). O argumento é pertinente, mas, a meu ver, não decisivo. Em primeiro lugar, é certo que a produção de energia eléctrica em larga escala faz-se essencialmente por estas três vias, mas não só por elas: pode-se produzir energia eléctrica também com recurso às energias solar, eólica e das ondas, além das mais limitadas possibilidades de aproveitamento da energia de origem vulcânica (já se faz, nos Açores) e de biocombustível.

Para produção de electricidade, assim, a alternativa não é petróleo ou nuclear. É petróleo ou energia hídrica, eólica, solar, das ondas, vulcânica, de biocombustível e também, se necessário, nuclear. É claro que se o lóbi ecologista fizer uma gritaria sempre que se quiser construir uma barragem, porque "se vai destruir o último rio selvagem da Europa" ou porque se destrói o habitat natural de uma espécie obscura de peixinho, ou se armar um espalhafato porque os moinhos de produção de energia eléctrica através do vento destroem a paisagem, não se vai a lado nenhum a não ser, efectivamente ao nuclear...

Objecta ainda quem defende o nuclear que a produção de energia eléctrica através da energia solar, ou do vento, ou das ondas, ou vulcânica, ou de biocombustível, sai mais cara do que através dos hidrocarbonetos ou da energia nuclear. O argumento só parcialmente é procedente quanto à comparação dos custos com os hidrocarbonetos e é duvidoso quanto à comparação com o nuclear.

Que a produção de energia através das tecnologias limpas é mais caro do que através dos hidrocarbonetos é um facto... AINDA. Mas, por um lado, é de esperar que o investimento na evolução dessas tecnologias faça baixar o seu preço de produção; e, por outro, é inútil comparar preços quando não houver hidrocarbonetos... E, mesmo antes disso, se o preço do petróleo continuar a aumentar, a sua vantagem competitiva diminui e, tendencialmente, desaparece. E não vale a pena esperar que os produtores de petróleo limitem o preço, como estratégia para que tal não suceda: por um lado, está à vista que o que vai havendo é um constante movimento de aumento de preços, com base em todos os pretextos (qualquer dia, ainda vamos ouvir a justificação do aumento do preço do "brent"do Mar do Norte, como consequência de uma derrota do Chelsea, ou do Manchester United, ou doutro qualquer...); por outro, quando acabar...acabou, e ponto final!

Quanto à comparação com os custos de produção de energia nuclear, também não é certo que, todas as contas feitas, o nuclear seja efectivamente mais barato: há que incluir nas contas a amortização do colossal custo de construção de uma central nuclear, do enriquecimento de urâneo (obrigatoriamente feito no estrangeiro e, portanto, sem que nacionalmente possamos controlar o preço), das obrigatórias e caras medidas de segurança... e do custo de tratamento, transporte, armazenagem e segurança dos resíduos. Tudo somado, vai dar uma conta calada e... uma central nuclear tem uma vida útil de 30 ou 40 anos e tudo tem de ser amortizado nesse período.

Assim, meus caros defensores da produção de energia nuclear em Portugal, as vantagens dessa opção não são tão evidentes e indiscutíveis assim!

Mas também a argumentação dos anti-nuclear em Portugal padece de alguma demagogia.

Quanto aos riscos, realmente estamos conversados, indo dar um passeio a Almaraz! Não vale realmente a pena continuar a bater nesta tecla. É incontornável que a situação presente é que temos os riscos e não temos as vantagens e impõe-se reconhecê-lo. Por aí não me convencem!

Aliás, a questão do risco do nuclear é uma discussão claramente inquinada pela emoção. Quer queiramos, quer não, a nossa memória colectiva permanece presa aos pecados originais do nuclear: Hiroshima e Nagasaki! O cogumelo nuclear! A guerra fria e a capacidade das potências nucleares para destruir sete vezes a Terra (como se fosse possível destrui-la mais do que uma vez...)!

Tudo isso permanece num cantinho dos nossos cérebros... e tudo isso é irrelevante para a discussão! Primeiro, porque o que se discute é a utilização pacífica da energia nuclear, não a bélica. Segundo, porque os mísseis nucleares, as bombas, os submarinos nucleares continuam aí - e, infelizmente, parece que continuarão, com ou sem centrais nucleares de produção de energia eléctrica.

E não vale a pena acenar com o papão de Chernobyl. O acidente de Chernobyl ocorreu em consequência de anos e anos de criminoso abandono das mais elementares regras de segurança e da manutenção em funcionamento de um reactor que tinha há muito ultrapassado o termo da sua vida útil em segurança. Chernobyl não é nem nunca foi um problema de segurança. Devia, pura e simplesmente, ser um (exemplar) caso de polícia!

Quanto à questão dos resíduos, é também de uma pertinência apenas parcial. É verdade que os resíduos são um problema. Mas, por um lado, SÃO UM PROBLEMA, COM CENTRAL NUCLEAR EM PORTUGAL OU SEM CENTRAL NUCLEAR EM PORTUGAL! Repare-se: existem centenas de centrais nucleares em todo o Mundo. Que criam resíduos! Nenhuma alteração QUALITATIVA uma central nuclear em Portugal traz ao problema. Nem sequer quantitativamente significativa...

Também não julgo válido o argumento de que os países desenvolvidos mudaram a sua política quanto à produção de energia nuclear e estão a encerrar centrais, não a abri-las. Este argumento, por um lado, é inexacto: estão a fechar centrais centrais QUE ATINGIRAM O FIM DA SUA VIDA ÚTIL COM SEGURANÇA, de primeira e segunda geração (que , ao menos, Chernobyl tenha servido de lição), mas estão, porque continuam a precisar da produção nuclear de energia, a substitui-las por centrais de terceira e quarta geração, espera-se que com vantagem no capítulo da segurança. Uma última nota, quanto aos anti-nuclear em Portugal: sabiam que JÁ EXISTE UM REACTOR NUCLEAR EM PORTUGAL? E em funcionamento? É o reactor do LNETI, que, é certo, é pequenino, mas tem tantos riscos como os grandes e que até suspeito que esteja já no limite da sua vida útil e a precisar de urgente substituição (já existia há mais de 30 anos...). E sabem onde é que ele está? Em Sacavém, às portas de Lisboa (e do outro lado da colina fica Odivelas)... Nada mal para quem teme pela segurança do nuclear!

Portanto, meus caros, a argumentação de um e do outro lado não me convence!

E o que penso eu? Deve ou não haver uma central de produção eléctrica em Portugal?

Por enquanto, a minha resposta - e penso que, por ora, a única racionalmente possível - é... NIM!

Depende da análise SÉRIA e COMPETENTE das necessidades e custos. Ou seja, não sou emocionalmente contra uma central de produção de energia eléctrica através do nuclear em Portugal. Mas também não sou acefalamente a favor!

Depende da avaliação das necessidades, da capacidade de obtenção da independência energética, no que toca à electricidade, do País através de outras fontes de energia. Depende da comparação de custos. Necessidade e custos! Tudo se resume a isso! O resto é... paixão, não razão.

Portanto, repito, por ora a minha resposta é nim. Se e quando, porventura, mediante estudos sérios e credíveis (e não arrazoados pseudo-modernistas), me convencerem da necessidade e/ou conveniência e efectiva superação dos inconvenientes pelas vantagens da existência de uma central nuclear em Portugal, evoluirei para um sim; se e quando, porventura, me convencerem, mediante estudos sérios e credíveis (e não arrazoados pseudo-ecologistas) da desnecessidade e/ou inconveniência e efectiva superação das vantagens pelos inconvenientes da existência de uma central nuclear em Portugal, evoluirei, sem qualquer problema, para um não.

Há assuntos que só se resolvem bem com a cabeça, não com o coração...

Rui Bandeira

Energia - a factura

O nosso país é totalmente dependente de fontes externas para produzir a energia que consumimos.

Bem não totalmente porque algumas das nossas barragens produzem electricidade, mas não chega.

Importamos petroleo, gás,electricidade,carvão, enfim quase tudo.

Temos uma factura de energia enorme, e isso reflecte-se na produtividade de algumas industrias, e no custo geral de tudo o que produzimos ( serviços incluidos).

Hoje no suplemento economia do DN, um investigador portugues defende que a produção de energia Nuclear em Portugal seria uma forma de reduzir os custos de produção energeticos e consequentemente termos energia mais barata.

Acho que ele tem toda a razão.

Os criticos do Nuclear que me perdoem, mas não têm grandes razões para se oporem, mas para o fazerem teriam que ser consequentes, senão vejamos:

De acordo com o mesmo artigo 16% da energia consumida é de origem Nuclear, isto quer dizer que os Anti Nucleares teriam que viver às escuras durante 58 dias por ano, para nao usarem energia nuclear.

Por outro lado, as centrais nucleares espanholas estão junto de cursos de agua que vêm dar a POrtugal, nomeadamente a de Almaraz junto ao Tejo. Se aquilo explodir garanto que a radioactividade chega a Lisboa, e os peixinhos que andam ali nas docas ficam fluorescentes. Ora os amigos na liga antinuclear tambem nao deveriam viver em Lisboa. E como as zonas do Douro e do Guadiana também nao são seguras o melhor é irem para a Madeira ( opps não pode ser que o Alberto João não quer lá os indios do Continente).

Ora se já usamos 16% de energia Nuclear, se sem nenhuma possibilidade de controlo estamos à mercê das centrais espanholas, se e Graças a Deus e aos Engenheiros, no mundo Ocidental os acidentes nucleares são quase inexistentes , e ainda por cima o mesmo artigo diz que a nossa factura ainda pode baixar 50 % se abrirmos uma Central Nuclear.

Além do mais somos exportadores de Uranio, bem sei que o este uranio tem que ir para fabricas para ser enriquecido etc, mas mesmo assim.

A passagem ao Nuclear traria ainda a vantagem de ficarmos menos dependentes do Petroleo e do Gás Natural, coisas que como sabemos têm os preços inflacionados e ao sabor de N factores que nao controlamos, como sejam o aumento do numero de carros em circulãção na China e na India.

Creio que este país teria todas as vantagens em ter energia Nuclear.

JoséSR