“Amar a Pátria ...” e o Futebol (mais uma sobre ...)
Para aqueles para quem a frase em título faz algum sentido, e a reconhecem desde os primeiros passos iniciáticos na nossa augusta ordem, o que significa que TODOS já com ela conviveram, ocorreu-me, neste texto profano, mas não esquecendo a responsabilidade que impende sobre todo e qualquer Maçon, ao qual se lhe exige, não ser bom como os demais profanos, mas sim ser melhor que eles, dissertar sobre um tema que a tantos diz, porém a uns coisas boas a outros nem por isso.
Mas afinal o que é que o futebol tem a ver com o “Amar a Pátria” ?
Futebol já todos sabemos o que é. Mas e a Pátria, todos saberão ?
E onde é que isto encaixa com a maçonaria, ou com os maçons ?
Muitas perguntas. Algumas pistas de resposta pretendo aqui deixar, alertando humildemente para o facto de serem meras opiniões pessoais, que naturalmente deverão soçobrar perante avalizadas opiniões.
Antes porém uma pequena historia introdutória gostaria de aqui deixar. Tem a ver com uma comitiva de Eleitos Locais Portugueses, fundamentalmente, constituída por Presidentes de Câmara e Assembleia Municipal portugueses, que se deslocaram ao Brasil, concretamente ao estado do Ceará.
A deslocação desta comitiva pretendia partilhar com os congéneres daquele Estado Brasileiro formas de intervenção municipal, comparar sinergias, promover Portugal e o Brasil como destinos turísticos.
Numa dada fase dos trabalhos, em sala, a comitiva Portuguesa foi dividida por regiões de forma a formar grupos e assim preparar uma apresentação das respectivas regiões onde se inseriam os municípios de cada um.
O autor destas linhas tendo estado presente (embora não como eleito) teve oportunidade de registar que a generalidade dos eleitos portugueses, a quem incumbiu a apresentação dos seus grupos de trabalho, perante uma plateia composta por decisores políticos locais brasileiros, desfiaram um chorrilho de lamentações, exigências e protestos, tal como se ali estivesse quem lhes pudesse resolver todos os seus problemas. Isto para além de utilizarem siglas e palavras incompreensíveis para os nossos “irmãos” brasileiros.
Ora para promoção do País, estando nós no estrangeiro, foi do pior que já tive oportunidade de presenciar.
Coube-me porém a sorte de fazer a apresentação do meu grupo de trabalho, e tendo ficado para penúltimo, considerei uma oportunidade de desfazer a imagem negativa construída pelos meus antecessores.
E porque “amo a minha Pátria” falei apenas dos aspectos positivos que o meu País oferece, hoje e no futuro. Não deixei de falar no passado, pois Portugal pode orgulhar-se de ter um longo e rico passado, já outros países ... .
Se nós próprios não valorizarmos perante os outros aquilo que nos é próximo então quem o fará ?
Agora o futebol onde muito se falou e de como o campeonato do mundo mudou a vida das pessoas e dos países. A “coisa” vinha já do europeu em 2004.
Claro que as injecções diárias de noticias futebolísticas roçaram o exagero, claro que os considerandos dos “treinadores de bancada” oscilavam nos índices dos limites da paciência, perante as mais desfocadas posições sobre aquilo que era a eficácia da selecção nacional.
Mas alcandorar o futebol como uma maleita de um povo inculto ou sem objectivos, ou pelo menos sem qualquer outro motivo de interesse, assim demonstrando a pobreza de espirito nacional, essa é manifestamente incompreensível.
Um povo que “ame a sua pátria” deve orgulhar-se por se distinguir num qualquer domínio, seja ele na cultura (orgulhemo-nos de dois prémios Nobel – medecina e literatura), seja no desporto, e aqui muito á com que nos orgulhar, seja na ciência (orgulhemo-nos dos vários cientistas portugueses, embora aqui apenas refira por economia de espaço o António Damásio), seja na Política (orgulhemo-nos pelo Cutileiro na UEO, do Freitas do Amaral na Assembleia Geral da ONU, pelo Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, orgulhemo-nos pelo António Guterres Alto Comissário para os refugiados, e atenção segui a ordem cronológica pela qual foram eleitos ou nomeados para os respectivos cargos), enfim orgulhemo-nos sempre e quando Portugal ou portugueses se destingam à escala planetária.
Se o futebol marca a agenda de tanta gente em todo o mundo é porque é um fenómeno global e globalizante, ao qual até os americanos, habituados a impor os seus padrões, tiveram de aderir.
Se o futebol é uma fenomenal manifestação de catarse colectiva de uma Nação, então força com isso exorcizem-se os males e maleitas do dia a dia. Afinal qual é o espanto se a própria economia é afectada, e muito, por fenómenos psicológicos, daí ser tão volátil ?
Se o futebol desenterrou os nossos mais profundos sentimentos de amor pátrio então merece o nosso sentido aplauso, e por isso não nos envergonhemos pelas lágrimas que nos correm pela cara abaixo, pela pele de galinha, pelos altos níveis de ansiedade que certos jogos nos proporcionam, e finalmente, pelo grito(s) lançados a plenos pulmões por vitórias alcançadas, mesmo sem brilhar.
Futebol é desporto. Não eram os jogos olímpicos da antiguidade uma manifestação desportiva que glorificava o País dos atletas de eleição, dos campeões ?
Bandeiras nas janelas das casas, nos automóveis, aos pescoços, o patriotismo desfraldado, vivido e sentido por tantos.
Recordo um comentário quando passava na televisão, uma peça sobre os imigrantes portugueses na Alemanha que se deslocavam centenas de quilómetros só para ver a selecção e de lágrimas nos olhos diziam-se felizes, e alguém dizia ao meu lado “ não compreendo como podem eles – os imigrantes – gostar tanto da bandeira portuguesa quando tiveram de procurar melhor sorte no estrangeiro”. Dei comigo a pensar “como é que se pode pensar não amar a pátria só porque se está longe dela”.
Então Amar a Pátria é cada Português dar o melhor de si, a título de exemplo para os outros, em qualquer circunstância, tanto cá como no estrangeiro (diria mesmo em especial no estrangeiro), apesar de muitas vezes termos razões de queixa, apesar de nem sempre as coisas correrem de feição, apesar de tudo Amar a pátria é de resto uma atitude bem maçónica.
Viva Portugal
Templuum Petrus