A honra de ser o Tesoureiro da RLMAD
O trabalho de Tesoureiro, como qualquer ofício que honra a Ordem, é começar a desbastar a Pedra Bruta. Não se trata de uma simples contabilidade fria, mas de construir a confiança mútua, que deve ser feita com o rigor de quem sabe que um erro pequeno pode comprometer o alicerce da Obra. O Tesoureiro é o guardião da integridade financeira da Loja. Servi aos Irmãos da Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues o que é uma honra e uma responsabilidade que carrego com a humildade de quem administra um legado. Esta Loja é um repositório da nossa história, e cada valor é um compromisso tecido na nossa tapeçaria. A dignidade de servir a uma coluna tão antiga exige um rigor que vai além dos débitos e créditos.
O meu primeiro mandato de tesoureiro revelou que a Pedra Bruta do ofício exige um aperfeiçoamento constante. A gestão do fluxo de quotas, por exemplo, é um exercício que exige escrutínio. Como identificar um depósito feito sob o nome de "Joana", “Maria” ou “L&M LTD” (nomes fictícios)? O Irmão, por distração, usa uma conta de terceiro, e cabe ao Tesoureiro, o arqueólogo do recibo, ligar essa transação à identidade maçônica que lhe corresponde. Herdar a guarda do tesouro implica absorver a gestão anterior, não apenas os valores. Herdamos práticas, métodos de registo e contas de origem que precisam ser desvendadas. Reconciliar o passado com o rigor da nossa tradição exige paciência e, sobretudo, a disciplina de não trabalhar sozinho, consultando sempre a experiência dos obreiros que nos antecederam.
O passado serve como aprendizado para o futuro, não como obstáculo. Das experiências vividas, extraí três princípios fundamentais que compartilho como aprendizagem para outros Tesoureiros:
• Primeiro: A Tesouraria deve ser um sistema. Não confie na memória ou no laço afetivo; confie no registo exato. A clareza documental é o escudo da integridade.
• Segundo: É imperioso que o Irmão associe o seu nome à transação para evitar mistérios. O uso de referências únicas é a ponte entre a contabilidade profana e o compromisso exigido pela Loja.
• Terceiro: É fundamental que qualquer depósito ou débito não identificado seja esclarecido o mais rapidamente possível, pois o tempo não facilita a resolução desses “mistérios”. Quanto mais cedo se procurar a origem de um valor, maiores são as probabilidades de o identificar corretamente e evitar equívocos futuros. O Tesoureiro deve, portanto, agir com prontidão, contactando os Irmãos ou cruzando informações logo que surja uma transação duvidosa, garantindo assim a lisura e o rigor exigidos pela função. A reconciliação da conta deve ser feita quase diariamente para evitar acúmulo de erros e trabalho excessivo.
O trabalho do Tesoureiro é, em sua essência, um ato de confiança entre irmãos. É a prova concreta de que a Fraternidade se sustenta pelo compromisso material de cada um dos seus obreiros. A disciplina da conta é a expressão do respeito que dedicamos ao nosso Templo. Aos Irmãos da RLMAD, o meu profundo agradecimento pela confiança renovada. A reeleição como tesoureiro reflete o bom trabalho realizado. Continuarei a servir com propósito.

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