E se a loja fosse tratada como uma empresa?
Grande parte dos irmãos das Lojas são empresários. Então, nada mais curioso que tentemos trazer uma visão estratégica para saber como nossa “empresa” está indo e para onde devemos rumar. Pensando nisso, imaginei como seria o Balanced Scorecard (BSC) de uma Loja Maçônica. Claro que é uma adaptação livre, mas ainda assim pode nos trazer algumas reflexões valiosas.
O BSC, é uma ferramenta de gestão utilizada em empresas para equilibrar objetivos em quatro dimensões: financeira, clientes, processos internos e aprendizado. Mas, e se transportássemos essa lógica para a Loja? Será que não encontraríamos paralelos interessantes?
Vejamos a tabela abaixo:
Perspectiva | Objetivos | Indicadores possíveis |
Financeira | Garantir sustentabilidade da Loja e capacidade de beneficência | - Regularidade de contribuições; - equilíbrio entre receitas e despesas; - fundos para projetos sociais |
Irmãos & Sociedade | Satisfação e engajamento dos Irmãos; impacto positivo na comunidade | - Retenção de membros; - participação nas sessões; - número de ações sociais realizadas |
Processos Internos | Funcionamento ritualístico e administrativo com excelência | - Regularidade das sessões; - cumprimento do ritual; - clareza nas atas; - qualidade de eventos e ágapes |
Aprendizado & Crescimento | Desenvolvimento moral, intelectual e espiritual dos Irmãos | - Frequência; - número de instruções e estudos; - evolução nos graus; - engajamento em cargos |
Na dimensão financeira, por exemplo, a Loja precisa garantir sua sustentabilidade. Não apenas para manter as contas em dia, mas para estar preparada para investir em beneficência e projetos sociais, que são parte essencial de sua missão. Indicadores como regularidade de contribuições, equilíbrio entre receitas e despesas e fundos de reserva poderiam muito bem existir também no nosso ambiente.
Se olharmos pela ótica dos “clientes” (que aqui seriam os próprios Irmãos e, em sentido mais amplo, a sociedade), encontramos outro ponto crucial. A satisfação e o engajamento dos Irmãos são sinais claros da vitalidade de uma Loja. Uma Loja que não consegue acolher os novos Aprendizes ou manter o interesse dos mais antigos corre o risco de se esvaziar. Do mesmo modo, se ela não se projeta positivamente para além de suas paredes, perde a chance de cumprir sua função transformadora no mundo profano.
Nos processos internos, a Loja precisa assegurar tanto a boa condução ritualística quanto a gestão administrativa. Sessões regulares, rituais bem conduzidos, atas transparentes, eleições claras e eventos de qualidade são sinais de maturidade organizacional. Não basta que os símbolos brilhem, é preciso que a máquina funcione. Repare que apesar de claros, são objetivos difíceis de medir. O que é bom engajamento? O que são atas transparentes? Coloque isto em uma escala de 0 a 10 😅
E, por fim, a dimensão do aprendizado e crescimento talvez seja a mais importante para nós. Afinal, nossa razão de existir é promover o desenvolvimento moral, intelectual e espiritual dos Irmãos. Isso se mede pela frequência, pelo número de instruções, pela evolução nos graus e, sobretudo, pelo engajamento. É nesse espaço que se cumpre a verdadeira missão da Maçonaria: lapidar o ser humano.
Quando colocamos a Loja sob essa lente estratégica, percebemos que ela não é apenas um espaço de reunião ritual. Ela é um organismo vivo que precisa de equilíbrio para prosperar. Muitas vezes nos concentramos apenas em uma dimensão, seja a ritualística, a beneficência ou até a administração, e esquecemos de que todas estão interligadas. Um caixa saudável não compensa uma Loja sem vida fraterna. Um ritual perfeito não substitui a ausência de impacto social. Uma grande obra filantrópica não resolve a falta de estudo e de instrução. É preciso harmonia e equilíbrio.
Talvez a maior provocação desse exercício seja justamente olhar para dentro da nossa Loja com a mesma clareza com que olhamos para uma empresa. Como está nossa saúde financeira? Os Irmãos se sentem acolhidos e motivados? Nossos processos são claros e regulares? Estamos promovendo de fato o crescimento humano dos nossos membros?
Equilibrar essas dimensões é o que mantém a Loja não apenas viva, mas vibrante. E se na vida empresarial buscamos resultados tangíveis, aqui buscamos algo ainda mais valioso: a transformação interior. Nossa “empresa” não vende produtos nem serviços. Ela transforma homens. E para isso é preciso tanto estratégia quanto coração.
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