Mulheres, a Beleza Invisível na Vida de um Maçom
Hoje, no aniversário da minha esposa, não posso deixar de elogiá-la e reflectir sobre o papel das mulheres na vida de um maçom, bem como sobre a razão pela qual a Maçonaria Regular mantém a tradição de não as admitir em Loja.
A Maçonaria que praticamos nasceu das antigas corporações de pedreiros, compostas apenas por homens, que erguiam templos de pedra com a força dos braços e a ciência do ofício. Quando, em 1717, se consolidou como Maçonaria Especulativa em Inglaterra, herdou essa forma e cristalizou-a nos Landmarks, os princípios imutáveis que definem a Regularidade. Também é importante recordar que as primeiras Lojas reuniam-se no fundo de tabernas, locais vedados a mulheres de bem, a consequência foi natural, a Maçonaria estruturou-se como espaço masculino e, com as Constituições de Anderson (1723), essa tradição ficou formalizada.
Albert G. Mackey, no seu Text Book of Masonic Jurisprudence (1865), resumiu esse Landmark de forma inequívoca: “The Persons admitted Members of a Lodge must be good and true Men, free-born, and of mature and discreet Age, no Bondmen, no Women, no immoral or scandalous Men, but of good Report.” E assim o reafirmam ainda hoje as nossas próprias Constituições. “A Maçonaria é uma Ordem, à qual só podem pertencer homens livres e de bons costumes, que se comprometem a pôr em prática um ideal de paz.”
A Regularidade não é conservadora nem machista, não nega a igualdade de valor entre homens e mulheres, mas preserva a fidelidade de uma forma iniciática própria, recebida como depósito de séculos. Alterar este princípio seria mexer na fundação sobre a qual todo o temple assenta. Existem ordens femininas e mistas, igualmente dignas e respeitáveis, mas o caminho regular é outro, o de manter intactos os seus Landmarks, guardando continuidade da herança recebida. Este é um dos grande paradoxos da Maçonaria, modernizar-se, acompanhar a sociedade, mas sem abrir mão das antigas tradições que a definem.
O que pode mudar? O que deve permanecer?
Talvez esse seja o grande mistério da Maçonaria de hoje.
E, no entanto, dizer que não há mulheres em Loja não significa que o feminino esteja ausente da Maçonaria Regular, muito pelo contrário, entre as três colunas que sustentam o Templo, a coluna Coríntia é associada à Beleza, reflexo do princípio feminino que dá equilíbrio à Força e à Sabedoria.
Sem a Beleza, a construção seria apenas pesada ou fria, é com ela que ganha harmonia e sentido.
Na minha vida, isto é particularmente claro, a minha esposa, é o alicerce silencioso que me permite trabalhar a minha Pedra Bruta, é ela que suporta as ausências, que compreende os silêncios, que segura o quotidiano para que eu possa, em Loja, continuar a aprender e a construir. Sem este apoio invisível, o cinzel cairia da mão e o malhete perderia o compasso. Não só a minha esposa, mas também a minha filha que lembra-me todos os dias do futuro que está por lapidar e é nela que encontro a certeza de que o trabalho que fazemos em Loja não é apenas para mim ou para nós, mas para deixar um mundo mais justo e luminoso para os que nos sucedem.
Sem as mulheres, a Maçonaria Regular seria incompleta, elas estão na paciência que nos sustenta, no amor que nos fortalece e no futuro que nos inspira. São a Beleza que equilibra a Força e a Sabedoria. Hoje celebro a minha esposa, e com ela todas as mulheres que, no silêncio e na presença, são parte inseparável do caminho de cada maçom.
Love you
João B. M∴M∴
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