06 novembro 2013

O Dever, caminho para a realização



Os maçons falam muito de Dever. É natural. O aperfeiçoamento individual a que se dedicam implica, inevitavelmente, que identifiquem o que têm a corrigir e definam como fazer a correção, isto é, o que se deve fazer para melhorar.

O caminho do maçom não é uma avenida de direitos, é uma vereda de deveres a cumprir. Mais: um conjunto de deveres que o maçom escolhe cumprir.

Na ética maçónica, em primeiro lugar vem a obrigação, o cumprimento dos deveres - só depois se atenta nos direitos. Porque o caminho é este, não há constrangimentos nem vergonhas na reclamação ou no exercício dos direitos, porque se interiorizou que estes são o reverso correspondente aos deveres que se cumprem. Assim, o cumprimento do dever é preâmbulo do exercício do direito - nunca o oposto.

Esta postura, que é o oposto do facilitismo e do hedonismo tão propalados por certos media comummente referidos de cor-de-rosa, que insidiosamente vão influenciando as mentes mais frágeis ou menos avisadas, é, no entanto, a mais consistente com as caraterísticas da espécie humana - as caraterísticas que nos permitiram evoluir, descer das árvores, deixar de ser meros caçadores-recoletores, nos possibilitaram aprender a produzir o que necessitamos para consumir e até mais do que aquilo que necessitamos, enfim, o que nos fez chegar, como espécie, ao estádio atual (no melhor e no pior...) e nos fará, creio-o firmemente, evoluir sempre mais e mais.

Ao contrário do que se possa levemente pensar, desde a mais tenra infância que o bicho-homem valoriza mais o que deve fazer, o que esforçadamente conquista, o que trabalhosamente obtém, do que aquilo que recebe sem esforço, fonte porventura de prazer imediato, mas arbusto sem raiz sólida para segurar o interesse por muito tempo. Todos aqueles que educam crianças verificam que, ao contrário do que as próprias julgam, elas não apreciam tanto assim - e, no fundo, temem - a liberdade total, a possibilidade de fazerem o que querem, quando querem, como querem. Se isso lhes for temporariamente possibilitado, poderão extasiar-se perante a ausência de limites, mas não tarda muito que procurem o aconchego, a segurança, a certeza das fronteiras, dos limites, das restrições - contra as quais tanto refilam, mas que tão securizantes são. Afinal de contas, quando não há limites, como se pode transgredir? Como se pode forçar barreira inexistente para ir além dela? E o crescimento, a evolução humana, da criança como da espécie, é feito de transgressões, de ultrapassagens de barreiras, de partidas para o incerto apenas possíveis porque se sabe que, se e quando necessário, se pode recuar e voltar para o certo e seguro...

O dever é, pois, essencial para a espécie humana. Para o cumprir e, por vezes, para o transgredir, aceitando os riscos e as consequências, mas também buscando o além para lá do horizonte...

Os direitos possibilitam-nos satisfação e conforto, mas são redutores, limitadores, meras pausas agradáveis, obviamente necessárias, mas afinal fatores de simples manutenção, não de conquista ou avanço. Os direitos gozam-se e, ao gozarem-se, fica-se - não se vai, nem se avança. É no cumprimento do dever, com o esforço e o custo que isso necessariamente implica, que se avança, se conquista, se constrói, se vai além.

Gozar os direitos é obviamente bom e agradável. Mas, bem vistas as coisas, cumprir os deveres, ainda que  tal implicando trabalho, custo, esforço, é melhor. Porque no fim do cumprimento do dever acaba por estar sempre um prémio. Por vezes de simples, mas saborosa, satisfação. Outras vezes com vitórias, com prazeres, com ganhos que não se teria se se tivesse mantido no simples gozo dos direitos que já se tinha, sem mais nada fazer. A áurea mediocridade pode ter brilho - mas não deixa de continuar a ser mediocridade...

Os maçons falam muito do Dever, dão atenção aos seus deveres, cumprem os seus deveres. Não por serem masoquistas. Pelo contrário: por entenderem que é assim que conseguem realizar-se. E a realização pessoal é mais do que meio caminho andado para a felicidade...

Rui Bandeira  

9 comentários:

Pedro Fernandes Ribeiro disse...

Concerteza haverá muitos Profanos como eu que nos revemos inteiramente no que escreveu. Numa palavra: excelente! Cumprimentos, Pedro

Streetwarrior disse...

Sim, é verdade Rui.
O Dever é o caminho para a realização.
No entanto, penso que existe em curso uma campanha mediatica (controlada por alguns,digo eu)para constantemente afastar os seres humanos, do seu verdadeiro dever, iludindo-o,confundindo-o,rasteirando-o de propósito,para que os mesmos se percam,se confundam do que é o seu verdadeiro " Dever "

È que se todos soubessem o seu verdadeiro "Dever"...Os poucos que sabem realmente como o Universo se comporta, rapidamente perdiam o dominio sobre as ovelhas confusas e dispersas.
Se o objectivo fosse seres humanos realizados, não seriamos constantemente bombardeados com coisas fúteis, desde a mais tenra idade,começando pela escola,acabando na Tv

Faço-me entendido?
;)

Nuno

Streetwarrior disse...

Boas.
Eu estava a espera que o Rui respondesse ao meu comentário.
O Rui escreve assim...

""Esta postura, que é o oposto do facilitismo e do hedonismo tão propalados por certos media comummente referidos de cor-de-rosa, que insidiosamente vão influenciando as mentes mais frágeis ou menos avisadas...""

E eu pergunto...quem controla as direcções e as edições dos media?
Mais...quem controla a maior parte das organizações estratégicas que influenciam,programam,formatam a sociedade....desde a Educação aos Média, ao sistema Judicial etc ?

Não serão Elementos das ditas Sociedades "discretas a que o Rui pertence também?

Porque razão não se educam REALMENTE os individuos desde a mais tenra idade acerca do que afinal somos nós, enquanto seres ?

Gostaria que..e se o Rui me permitisse, que os profanos que nos lêem,percebessem o que realmente se fala nesta serie e como aqueles que nos formatam, não querem que nós saibamos enquanto especie o quanto somos manipulados desde a mais tenra idade, começando pelos Jogos de videogame, anuncios de Tv, logotipos de corporações etc.

Vejam todas as series para perceberem bem parte do que nos rodeia.

From other dimensions
http://www.youtube.com/watch?v=GimNQ2zOiDM

E gostaria também que vissem este video acerca de alguns escritos e rituais Rosicrusianos e o que nos ensinam, pois é muito importante.


Rosicrucian Manuals Investigation (Electromagnetic humans/Magic rituals/Symbolism)

http://www.youtube.com/watch?v=C_26owak800

Nuno

Rui Bandeira disse...

@ Streetwarrior:

O seu primeiro comentário é uma respeitável opinião. Já o segundo, fia mais fino...
Parece que o Nuno regrediu a uma certa paranóia de que eu pensava que já tinha ultrapassado...
Para encurtar razões limito-me a responder à pergunta que diretamente me formulou, e que foi: quem controla as direcções e as edições dos media?
Mais...quem controla a maior parte das organizações estratégicas que influenciam,programam,formatam a sociedade....desde a Educação aos Média, ao sistema Judicial etc ?
Não serão Elementos das ditas Sociedades "discretas a que o Rui pertence também?

Resposta: Não!


Streetwarrior disse...

Rui, não regredi nada.
Nada tenho contra a Maçonaria nem contra qualquer Organização.
Não quis dizer que os individuos que estão colocados nas direcções, estarão lá ao serviço desta ou daquela organização ...mas grande parte deles, são maçons das mais diversas lojas e obdiências.
Quando me referi a Eles, referia-me aos seus valores como omens e como Maçons.
Quando disse a que o Rui pertence, não foi no sentido de Cabala contra " mas sim de pertença.

Quando mencionei controla, não foi no sentido de conspiração para dominar o pais ou o planeta...mas no sentido que permite tal.

Rui Bandeira disse...

@ Streetwarrior:

Quando escreve:

Não quis dizer que os individuos que estão colocados nas direcções, estarão lá ao serviço desta ou daquela organização ...mas grande parte deles, são maçons das mais diversas lojas e obdiências

das duas, uma:

Ou se fica sem saber em que baseia o Nuno essa afirmação - ou se é apenas "impressão", "suspeita", "possibilidade".

Ou se afinal as tais ditas organizações que classifica de "discretas" afinal não são assim tão discretas... tanto que o Nuno pode fazer a afirmação que fez!

Creio que percebe a contradição...

Streetwarrior disse...

Eu estou a referir-me a pessoas, que são maçons e como tal, deveriam praticar o que pregam.

Fiquei bem esclarecido por aqui que a maçonaria não tem culpa de nada mas sim, os Maçons.

Desde a politica, á C.Social, ao S.judicial, os maçons têm esculpido a Sociedade aos seus valores.
Por isso não entendo como os valores culturais e a sociedade no seu "quase " todo está cada vez pior.
Desde a porcaria de Politicos que temos, passando pelas Leis, pela Saúde e pelo sistema Educativo.

Quantos Maçons e Opus Dei existem na Assembleia como Deputados?
Onde estam os seus valores enquanto maçons?
Ou só vale dentro da Loja?

Rui Bandeira disse...

@ Streetwarrior:

Quanto à Opus Dei, não sei e não faço a mínima ideia. Quanto aos maçons regulares, bem menos do que se pensa: nem chega a 3 %...

Streetwarrior disse...

Eu a pensar que a única diferença entre os M.Regulares e os "Irregulares" era só a crença no Criador.
Será que os Valores também serão diferentes?

Rui, sou o primeiro a reconhecer que muito por aqui tenho aprendido em relação á Maçonaria e a ter outra visão acerca de conspirações estupidas para governar o mundo.
No entanto, Não consigo aceitar com leveza, essa dos maçons serem todos bons rapazes, que praticam todos o bem...e que se todos fossem como os maçons, o mundo era cor de rosa.
Isto não tem nada a ver com o ser contra a Maçonaria.
Desde há muitas dezenas de anos que a culpa do pais estar como está, é culpa de individuos com valores ditos Maçónicos e nem vale a pena começar a nomear, pois sabemos quem são.