02 fevereiro 2012

Harmonia em desafio...

Compete-me, no corrente veneralato, em sessão de Loja, ser o M:. Org:. de serviço, ou seja, "dar" música aos meus I:., mas mais que isso, musicar todo e qualquer momento do ritual, desde que seja musicado.

É em si um desafio. Mas é um desafio, daqueles que nos dão gosto e prazer superar, algo que tento fazer sessão após sessão.

Os meus últimos passos dados enquanto C:. M:., foram caminhados nesse sentido, tanto que preparei sobre a orientação de um Mestre (é sempre assim, até sermos M:. M:.), duas ou três sessões musicais. A experiência revelou-se, em opinião generalizada, positiva, tanto que acabei por apresentar em Loja, a minha prancha e sobre este tema; Música.

Dei a este texto o título de "Harmonia em desafio..." e é assim que o considero, um harmonioso desafio, senão repare-se:

"A Catedral é assimilável a um gigantesco instrumento de música no qual cada coluna é uma corda em tensão. Caixa de ressonância afinada pelas suas proporções, o Templo vibra ao menor estímulo cósmico ou humano, reproduzindo as notas primeiras da sinfonia do Universo.", diz-nos Didier Carrié, em La symbolique dês Cathédrales.

Se Didier Carrié compara a Catedral de cada um de nós, ao nosso Templo interior, a um grande instrumento de música, é necessário que, cada um de nós, individualmente, sem cessar, alimente esse instrumento, com estudo, com busca pela sabedoria, com paz interior e acima de tudo livre e de bons costumes.

A Música é também isso, a nossa libertação pessoal, pois, promove em cada um de nós sentimentos individuais que jamais podem ser repetidos de uns para os outros, o que eu sinto ao ouvir determinada melodia, não é certamente igual ao que outro qualquer I:. sentirá ao escutar a mesma melodia.

A tensão nas cordas, pode ser considerada a nossa paixão, no mundo profano, algo que sempre combatemos, não lhe dando de comer, deixando-a no nosso “escondido interior”, sabendo que ela lá está, mas dando ao nosso espírito a certeza de não a querer alimentar, sob pena de uma paixão se tornar em várias paixões, o que normalmente acontece, sem grande dificuldade.

Ter a nossa “caixa de ressonância” afinada pelas suas proporções, será talvez, e na minha opinião, a forma central de orientar a nossa vida, regendo-a por princípios éticos, que regulam a vida em sociedade, que estimulam o bom senso e ultrapassam quaisquer dificuldades inerentes à vida terrena em simples obstáculos, sempre passíveis de ser vencidos, pois só assim crescemos enquanto homens.

Eu tenho o meu universo, e sem grande ligeireza, cada um de vós, terá o seu, o cliché de “eu vivo no meu mundo”, ou, determinado individuo viver no seu mundo, à parte de todos os outros, é normalmente associado a laivos de loucura e insanidade, mas será mesmo assim? Todos estamos sujeitos a pressões, tensões, motivadores de opinião e às demais situações do dia a dia, faz parte da vida e ainda bem que assim é, mas se eu porventura disser, que vivo no meu mundo, serei insano ou louco? Pode ser o meu mundo, imperfeito, igual ao de tantos outros, porque aqueles que vivem no “seu mundo” e se consideram perfeitos, esses sim, sem dúvida alguma, são loucos e também fracos de espírito.

O meu Templo vibra por tanta coisa e devido aos mais diversos estímulos, vibra, porque está vivo, porque respira, porque observa e consegue, regra geral, pensar por si, mas o meu Templo também é humano, e o quanto eu gosto de ser humano, de rir e de chorar, de estar feliz e por vezes triste, e de…tanta coisa mais.

São todos estes pequenos acordes que compõem o meu universo, mas tenho ainda muitos mais por descobrir em constante harmonioso desafio.

Partilho, com todos os curiosos leitores do A Partir Pedra, algo que já partilhei com todos os I:. presentes em sessão, uma simples música de Dave Brubeck, que podem ouvir aqui.

Daniel Martins

10 comentários:

Nuno Raimundo disse...

Boas Daniel...
Que continues a "partilhar" que cá estaremos para "receber"... e bem receber.
TAF

Rui Bandeira disse...

O exemplo providenciado pelo Daniel Martins elucida como um bom Mestre da Harmonia - como ele é! - não se limita a trechos de Mozart e outros clássicos.

A Coluna da Harmonia é mais um dos meios de estimular a Inteligência Emocional dos maçons presentes numa sessão. Uma sessão pode ser mais ou menos produtiva, masi ou menos relevante, consoante os estados de espírito que, nos momentos adequados, os intervenientes na sessão tenham. bviamente que uma música bem escolhida, no momento certo, induz equilíbrios que não serão induzidos sem ela ou com uma escolha menos feliz.

A música que o Daniel Martins no texto proporciona teve trechos tocados em Loja, em momentos adequados e noavelmente a propósito, ajudando ao harmonioso desenrolar das sessões.

Um bom Mestre da Harmonia faz muitas vezes a diferença!

Jose Ruah disse...

Nada satisfaz mais um maçon que o sucesso do seu sucessor.

O Sucesso do sucessor é o passo em frente na direcção do progresso, é mais uma pedra na edificação comum.

Como aqui no blog foi dito, fui durante uns tempos o Organista da Loja.

O Sucesso do Daniel é o meu contentamento, e estou muito contente.

E não se julgue que é fácil musicar uma sessão. Não é.

Nos teatros a maior ovação são os gritos de " BRAVO !! BRAVO !!"

Sem pejo e sem problema " BRAVO !!! Daniel"

JPA disse...

Passo a vida a afinar este templo. Por vezes mudo de diapasão, mas a afinação tem que ser constante, e os resultados nem sempre nos agradam.

Continuemos

A3raços
JPA

Jocelino Neto disse...

Caros,

Na falta do mestre de harmonia (organista da loja), qual outro obreiro pode assumir sua função?
Aprendizes e companheiros estão habilitados?

Abraços Fraternos.

À Glória do Grande Arquiteto!

Jose Ruah disse...

Jocelino,

Se se considerar habilitado alguém que saiba por um cd no toca cds, ou que saiba por uma faixa de musica no IPOD ou no computador, então qualquer pessoa está habilitada a substituir o Organista.

Se habilitação for, ter a capacidade de preparar ou improvisar uma sessão com o material que está disponivel, então ai não é qualquer pessoa.

Há muitos mestres que nunca conseguiriam resolver nenhuma das duas condições acima, há aprendizes ou companheiros que talvez o fizessem.

Tem depois que ter em conta que sessão e em que grau é que vai funcionar.

Enfim são muitas variaveis.

Jocelino Neto disse...

Agradeço a atenção M.´. José Ruah.

Minha dúvida adveio do comentário preciso do M.´. Rui Bandeira:

"A Coluna da Harmonia é mais um dos meios de estimular a Inteligência Emocional dos maçons presentes numa sessão. Uma sessão pode ser mais ou menos produtiva, mais ou menos relevante, consoante os estados de espírito que, nos momentos adequados, os intervenientes na sessão tenham. Obviamente que uma música bem escolhida, no momento certo, induz equilíbrios que não serão induzidos sem ela ou com uma escolha menos feliz."

Creio eu que aquele ao qual recai tal responsabilidade, deva ter desenvolvido a capacidade de reger musicalmente os diversos momentos que compõem a oficina. E num ambiente onde "tudo é símbolo" e com esta magnífica força a atuar em campos sutilíssimos, um competente "maestro" seria o mais indicado. Porém, como bem disse "são muitas variaveis". E para se compreender estas tantas a ponto de gerenciá-las, vivê-las em essência é um pré-requisito.

Novamente sou grato por suas luzes.

Abraços fraternos.

À Glória do Grande Arquiteto.

Streetwarrior disse...

Grandaaaaaa Som !!!
Muito bom.
Uma das coisas que me dá muito prazer...é quando estou bem LIXADO da vida, meter-me no carro, ligar um bom JAZZ e... esquecer o mundo cão.
Normalmente, passados 5 minutos esqueci completamente aquilo que me chateava e começa a florescer pensamentos bons...com uns dedilhados de mão no ar, uns toques de dedo no Volante ao som da percursão.
Há que Sugar energias Positivas e afastar o Demo.

Streetwarrior disse...

http://www.youtube.com/watch?v=BwNrmYRiX_o

Caro daniel, ora fique-se com esta que é "Gratis"
Nuno

Streetwarrior disse...

Peço desculpa, é Daniel e não daniel.
Nuno