29 junho 2009

Os segredos de Rosslyn (I)

Iniciamos hoje a publicação em três partes de um artigo bastante curioso e cujo conteúdo pode ser polémico. Não reflete a opinião dos membros do Blog, mas unicamente a dos seus autores. As partes restantes serão publicadas na terça e na quarta-feira

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A pequena vila de Roslin localiza-se a aproximadamente quinze quilómetros ao sul de Edimburgo através da estrada para Penicuik, sendo famosa por três razões:

  • uma fazenda estatal experimental que tem produzido pares de ovelhas geneticamente clonados;
  • as ruínas de um castelo que foi destruído pelo Exército dos Roundheads quando a Guerra Civil Inglesa se espalhou até à Escócia;
  • uma não muito usual capela medieval.

A construção da Capela de Rosslyn foi iniciada em 1440 e tem demonstrado ser o mais antigo monumento que possui claras conexões com a Maçonaria moderna, os Cavaleiros Templários e a Jerusalém do primeiro século.

rosslyn_chapel_02Para compreender Rosslyn, temos que compreender os Cavaleiros Templários que eram, sem dúvida, a mais famosa ordem de guerreiros cristãos surgida no período medieval ou em qualquer outro. Estes monges guerreiros possuíam uma improvável concepção, uma existência controversa e um legado espectacular; todas essas características asseguraram que eles encontrassem o seu lugar dentro de mais de uma lenda. Factos extraordinários a respeito das façanhas dos Templários têm levado a que a fantasia e a realidade se confundam, não se sabendo exactamente qual é uma e qual é a outra.

Do mesmo modo que é completamente verdadeiro que muito de absurdo tem sido escrito a respeito dos Templários, seria absurdo admitir que eles eram apenas uma ordem comum que apenas surgiu para captar a imaginação de um número sem fim de tipos esotéricos. No mínimo, os Templários seriam qualquer coisa, menos comuns.

De acordo com avaliações aceites, esta bem sucedida e enorme ordem surgiu quase que por acidente em 1118, logo após a morte do primeiro rei cristão de Jerusalém, Balduíno I, e a sucessão por seu primo, Balduíno II. Costuma-se dizer que este novo rei foi procurado por nove Cavaleiros franceses que aparentemente o informaram que desejavam ser voluntários como uma audaciosa força de defesa para proteger os peregrinos dos bandidos e assassinos que havia nas estradas da Terra Santa. A história regista que o recém empossado rei imediatamente os alojou no sítio do Templo de Salomão e pagou o seu sustento por nove anos completos. Em 1128, apesar do grupo nunca ter se afastado do Monte do Templo, foram elevados à categoria de Ordem Santa pelo Papa pelos seus valorosos serviços na protecção dos peregrinos por toda uma década. Foi neste memento, que eles formalmente adoptaram o nome de Ordem dos Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão, ou simplesmente, "Os Cavaleiros Templários". Este reduzido grupo de homens medievais foi repentinamente posicionado como o exército de defesa oficial da Igreja Romana na Terra Santa. As hostes sarracenas devem-se ter divertido muito com isto!

As coisas mudaram rapidamente. Dentro de poucos anos, o bando de maltrapilhos que tinha acampado nas ruínas do Templo dos judeus, miraculosamente transformou-se numa esplendorosa, fabulosa e saudável Ordem que viria a ser os banqueiros dos reis da Europa.

Nós acreditamos que os registos dos livros de História sobre o surgimento dos Cavaleiros Templários são demasiado "simples" e, deste modo, precisávamos descobrir o que realmente ocorreu na segunda década após a Primeira Cruzada.

No nosso último livro, chegamos à conclusão de que os Templários não tinham protegido peregrinos, pois gastaram o seu tempo a escavar debaixo do Templo arruinado, à procura de algo, possivelmente o tesouro de Salomão. De facto, outros chegaram a conclusões similares antes de nós.

rosslyn_chapel_entryA verdadeira tarefa dos nove Cavaleiros era empreender buscas na área, de modo a obter certas relíquias e manuscritos que contivessem a essência da tradição secreta do Judaísmo e do antigo Egipto, alguns dos quais provavelmente remontassem à época de Moisés.

Em 1894, quase oitocentos anos após os Templários terem iniciado a escavação sob as ruínas do Templo de Jerusalém, os seus túneis secretos foram novamente sondados, nesta época por um contingente do exército britânico liderado pelo tenente Charles Wilson, membro dos Engenheiros Reais. Eles nada descobriram sobre os tesouros escondidos pela Igreja de Jerusalém, mas nos túneis cavados séculos antes, encontraram parte de uma espada templária, uma espora, restos de uma lança e uma pequena cruz templária.

Todos esses artefactos estão agora em poder de Robert Brydon, um arquivista templário na Escócia, cujo avô fora amigo de um certo Capitão Parker que tomou parte nesta e noutras expedições que escavaram debaixo do sítio do Templo de Herodes. Numa correspondência escrita enviada ao avô de Robert Brydon em 1912, Parker relata a descoberta de uma câmara secreta debaixo do Monte do Templo com uma passagem que ligava à Mesquita de Omar. Ao surgir dentro da mesquita, o oficial do exército britânico teve que fugir dos irados sacerdotes e fiéis para não morrer.

Não há dúvida de que os Templários de facto realizaram escavações maiores em Jerusalém e a única questão que nós precisávamos considerar era: o que é que os levou a empreenderem tal enorme projecto e o que é que descobriram? Quando estávamos a escrever o nosso último livro, embora estivéssemos convencidos de saber o que eles tinham descoberto, apenas podíamos especular que a motivação para toda esta aventura deveria ter sido uma caça ao tesouro.

Considerámos o mútuo juramento de aliança que os nove Cavaleiros estabeleceram no início de sua escavação, dez anos antes de se estabelecerem como a Ordem dos Cavaleiros Templários. Diversos livros sobre os Templários usualmente estabelecem que o compromisso era uma promessa de "castidade, obediência e pobreza" - que soa mais como um voto para monges do que para um pequeno grupo independente de Cavaleiros. Contudo, quando o juramento é analisado na sua origem latina, é traduzido por "castidade, obediência e manutenção de toda propriedade em comum".

Existe uma clara diferença entre jurar nada possuir e jurar compartilhar toda a prosperidade em comum - e prosperidade é o que eles obtiveram em pouquíssimo tempo!

Nós, entretanto, permanecemos intrigados pela natureza muito religiosa deste mútuo juramento. Outros observadores têm comentado sobre isto, pois sabem com certeza que os Templários, de facto, se tornaram uma ordem de monges guerreiros, mas como é que estes nove Cavaleiros saberiam o que iria ocorrer dez anos mais tarde? Muitas questões precisavam ser respondidas:

  1. Por que eles precisavam abraçar a "castidade" numa época em que os padres católicos romanos não o faziam?
  2. Porque é que um pequeno grupo de homens completamente independente precisou realizar um juramento de obediência e a quem é que eles planeavam serem obedientes?
  3. Se eles eram meros caçadores de tesouros, porque pretenderiam compartilhar toda a propriedade em comum quando o método usual seria o de dividir o espólio?

Para responder apropriadamente a estas questões, seria necessário conhecer um pouco mais a respeito das circunstâncias deste pequeno grupo de cavaleiros que se reunira em Jerusalém em 1118. Nós claramente sentimos que algo estava errado e nosso principal temor era que a verdade pudesse ter-se perdido ao longo dos séculos e que nós nunca conseguiríamos esclarecer as motivações destes homens.

Sentíamos que a conclusão razoável a respeito da segunda questão sobre a necessidade de "obediência" fortemente sugeria que outras pessoas deveriam estar envolvidas e que deveria haver um plano mais elaborado do que uma simples caça ao tesouro. Os três votos quando colocados juntos serviam mais aos padres do que aos Cavaleiros. Convem relembrar rapidamente o estilo de vida dos homens da comunidade dos Essénios descritos nos Manuscritos do Mar Morto: uma existência ascética que igualmente se aplicava aos líderes da Igreja original de Jerusalém que originalmente havia enterrado os manuscritos e os tesouros que os Templários descobriram.

rosslyn_chapel_ceiling_23655A partir de nossas pesquisas prévias, acreditamos que os manuscritos encontrados pelos Templários agora residem debaixo da Capela de Rosslyn na Escócia.

Um Santuário Templário

A Capela de Rosslyn está protegida por uma pequena estrada lateral passando por entre duas excelentes estalagens que somente pode ser notada por aqueles que se aventuram pela vila de Roslin. É difícil ver muito da edificação à primeira vista, uma vez que ela está obstruída por árvores e muros altos ao longo do lado norte, mas que estranhamente proporciona uma rápida visão da parede ocidental com as suas duas bases de colunas no ponto mais alto.

A entrada faz-se através de uma pequena cabana, onde lembranças podem ser compradas e onde é servido chá com biscoitos. Assim que se cruza a porta dos fundos da cabana, o esplendor desta curiosa e única capelinha é imediatamente óbvio e leva-se nada menos que alguns minutos para se perceber que esta é nada menos que um texto medieval escrito em pedra.

rosslyn_chapel_ceilingA proeza artística de William St. Clair não é semelhante a nada que nós já tenhamos visto anteriormente e nunca nos tinhamos encantado tanto com a aura gerada no interior e exterior celestialmente esculpidos. Como uma obra arquitectónica, ela não é particularmente graciosa, nem as suas dimensões físicas impressionam, mas mesmo assim instintivamente sente-se que este é um lugar muito especial.

Nós não encontramos nada de cristão nesta assim chamada "capela", uma observação que tem sido realizada por muitos observadores conhecidos por nós, desde então. Há uma estátua de Maria com um menino Jesus, um baptistério com fonte, alguns vitrais com alegorias cristãs, mas tudo isto são intrusões vitorianas ocorridas quando a capela foi consagrada pela primeira vez. Estes actos de "vandalismo" foram muito significativos, mas mal concebidos, uma vez que eles não puderam retirar a magnificência anterior da celestial edificação originariamente esculpida.

Esta construção cuidadosamente planejada não foi somente construída sem um baptistério, não possuía nenhum espaço para um altar no seu lado oriental e uma mesa de madeira hoje em dia serve para esse propósito no centro de um simples salão. A História regista que não foi consagrada até que a Rainha Vitória a visitasse e sugerisse que a mesma fosse transformada em uma igreja.

Construída entre os anos de 1440 e 1490, a estrutura é coberta por uma combinação de motivos celtas e templários que são instantaneamente reconhecidos pelos modernos Maçons. Preparados com um detalhado senso das antigas origens da Maçonaria, nós começamos a perceber que existem pistas precisas e secretas impressas na construção da edificação que estabelecem uma ligação sem qualquer dúvida entre o Templo de Herodes e esta maravilha medieval.

Há apenas dois salões: um salão principal e uma cripta que é acessível via uma escadaria no lado oriental. O salão possui catorze pilares, doze dos quais são iguais, mas os localizados no sudeste e no nordeste são únicos, ambos esplendorosamente esculpidos com diferentes desenhos. Frequentemente tem sido dito que estes pilares representam aqueles que existiam no átrio interior do Templo de Jerusalém e que são hoje em dia muito importantes para os Maçons.

Um exame mais atento revela-nos que a parede ocidental e a totalidade do piso foram projectados como uma cópia das ruínas do Templo de Salomão e a super estrutura acima do pavimento térreo e além da parede ocidental era uma interpretação da visão sobre a Jerusalém Celeste feita pelo profeta Ezequiel.

Os pilares principais - Boaz e Jachin - são posicionados precisamente do mesmo modo que aqueles existentes em Jerusalém. Nós sabíamos que o ritual do grau maçónico conhecido como Santo Real Arco descreve a escavação das ruínas do Templo de Salomão e claramente estabelece que deveriam haver dois esplendorosos pilares no lado oriental e mais doze de concepção idêntica exactamente como encontramos em Rosslyn.

Percebemos então, que o layout dos pilares formava um perfeito tríplice Tau (três formas de "T" unidos), exactamente como o descrito no ritual maçónico. Além do mais, de acordo com o grau do Santo Real Arco, também deveria haver um "Selo de Salomão" (idêntico à Estrela de David) fixado ao tríplice Tau e uma inspecção mais acurada revelou que toda a geometria da edificação era de facto construída em torno desse desenho.

Quando construiu Rosslyn, William St. Clair inseriu estas pistas e colocou o significado da descodificação deles dentro dos então rituais secretos do grau do Santo Real Arco. Através do ritual maçónico, ele explicou anos mais tarde o que ele estava a tentar dizer:

O tríplice Tau significa, entre outros significados ocultos, Templum Hierosolyma - o Templo de Jerusalém. Ele também significa Clavis ad Thesaurum - uma chave para um tesouro - e Theca ubi res pretiosa deponitur - Um lugar onde algo precioso está oculto - ou Res ipsa pretiosa - A própria coisa preciosa.

Esta era uma profunda confirmação de nossa tese de que Rosslyn era uma reconstrução do Templo de Herodes. Nós imediatamente imaginamos se este ritual da Maçonaria continha essas palavras para o único propósito de revelar o significado de Rosslyn ou se Rosslyn havia sido projectada neste formato para se confrontar com os conhecimentos mais antigos? Nesse momento isto não importava, pois estava claro para nós que William St, Clair era o homem que tinha estado envolvido em ambos. A definição maçónica do "Selo de Salomão" transcreve-se a seguir:

A Jóia de Companheiro do Real Arco é um triângulo duplo, muitas vezes chamado de Selo de Salomão, inscrito num círculo de ouro; na base há um rolo de pergaminho onde constam as seguintes palavras Nil nisi clavis deest - Nada é desejada a não ser a chave - e no círculo aparece escrito, Si tatlia jungere possis sit tibi scire posse - Se vós pudestes compreender estas coisas, vós conhecestes o suficiente.

rosslyn_chapel_entryWilliam St Clair tinha cuidadosamente escondido esta escrita secreta dentro dos rituais da Maçonaria, que devem ter existido anteriormente a 1440. Neste ponto, nós sabíamos que era certo que o arquitecto deste "Templo de Yahweh" escocês tinha inserido as suas próprias definições para estes antigos símbolos para que alguém num futuro distante pudesse "virar a chave" e descobrir os segredos de Rosslyn.

Os nove Cavaleiros originais que cavaram debaixo dos escombros do Templo de Herodes cuidadosamente mapearam as fundações abaixo do solo, mas eles não possuíam nenhuma condição para saber como a principal super estrutura se parecia, excepto pela secção da parede ocidental que ainda existia em pé naquele tempo. As principais paredes de Rosslyn equiparavam-se exactamente com a linha de paredes do Templo de Herodes descobertos pela expedição do exército britânico liderada pelo tenente Wilson e pelo tenente Warren, membros dos Engenheiros Reais.

(Continua...)

1 comentário:

Adauto News disse...

Vale ressaltar que o que se tem revelado do que foi descoberto não chegou ao conhecimento da massa e mesmo o que realmente descoberto, ainda não encerra todo o conjunto de verdade e realidades ocultas na linha do tempo e no transcurso da história.