Atividade Maçónica II
Então que temos nós para este fim de semana ?
Bom, aparentemente, pelo menos, bom tempo. Já não é mau !
Hoje prefiro retomar o tema “Atividade Maçónica” para moer o juízo aos leitores que não nos deixam sem uma visitinha diária.
Um Amigo e Irmão que ainda não escreve no A-Partir-Pedra mas que é responsável involuntário por vários textos que aqui trouxe, mandou-me mais uma mensagem cujo conteúdo eu aproveito para hoje.
Devo dizer que o aspeto focado é um dos que mais realce merece, diretamente e profundamente relacionado connosco e com a nossa atitude perante a vida e os que nela nos acompanham. A situação aqui ensaiada deverá ser uma das preocupações permanentes do Maçon. Como escrevi no post temático anterior, ao Maçon cabe “fazer” (um “fazer” substantivo, não o fazer, verbo). No que se refere à sociedade e ao relacionamento com essa mesma sociedade, ao Maçon compete “fazer”, “fazer” pura e simplesmente, “fazer” sem retribuição, sem alardes, sem holofotes. “Fazer” o melhor esperando o pior, e não se contentando quando aquele “fazer” não resulta. Nessa altura terá de “refazer” !
O relacionamento social humano é complicado, apenas porque os humanos são complicados. mas não há grande esperança numa sociedade que vive de costas voltadas para os seus integrantes. A floresta de costas voltadas para a árvore vai a caminho do fim. Vai levar tempo mas o caminho será esse, árvore a árvore, cada uma se isola, murcha e morre. E quando a última árvore tiver caído, não haverá mais floresta e, o que é pior, não haverá possibilidade de recuperação.
O que aqui se conta ter-se-á passado durante uma tese de mestrado de um curso de Psicologia, no Brasil. E choca que hajam tantos “transparentes” à nossa volta.
Saltou-me de imediato à ideia os “intocáveis” na Índia… Na verdade também os temos por cá !
Certamente o termo é conhecido de todos mas, pelo sim, pelo não, sempre esclareço que “gari”, no português do outro lado do rio Atlântico, significa “Varredor de rua”, “Almeida” como se diz em Lisboa.
“A palavra gari vem do nome de Pedro Aleixo Gari que, durante o Império, assinou com a Corte brasileira o primeiro contrato de limpeza urbana no Brasil. Aleixo costumava reunir no Rio de Janeiro, cidade onde morava, funcionários para limpar as ruas após a passagem de cavalos, o que nessa época era muito comum.” (Yahoo-Brasil)
Bom, aparentemente, pelo menos, bom tempo. Já não é mau !
Hoje prefiro retomar o tema “Atividade Maçónica” para moer o juízo aos leitores que não nos deixam sem uma visitinha diária.
Um Amigo e Irmão que ainda não escreve no A-Partir-Pedra mas que é responsável involuntário por vários textos que aqui trouxe, mandou-me mais uma mensagem cujo conteúdo eu aproveito para hoje.
Devo dizer que o aspeto focado é um dos que mais realce merece, diretamente e profundamente relacionado connosco e com a nossa atitude perante a vida e os que nela nos acompanham. A situação aqui ensaiada deverá ser uma das preocupações permanentes do Maçon. Como escrevi no post temático anterior, ao Maçon cabe “fazer” (um “fazer” substantivo, não o fazer, verbo). No que se refere à sociedade e ao relacionamento com essa mesma sociedade, ao Maçon compete “fazer”, “fazer” pura e simplesmente, “fazer” sem retribuição, sem alardes, sem holofotes. “Fazer” o melhor esperando o pior, e não se contentando quando aquele “fazer” não resulta. Nessa altura terá de “refazer” !
O relacionamento social humano é complicado, apenas porque os humanos são complicados. mas não há grande esperança numa sociedade que vive de costas voltadas para os seus integrantes. A floresta de costas voltadas para a árvore vai a caminho do fim. Vai levar tempo mas o caminho será esse, árvore a árvore, cada uma se isola, murcha e morre. E quando a última árvore tiver caído, não haverá mais floresta e, o que é pior, não haverá possibilidade de recuperação.
O que aqui se conta ter-se-á passado durante uma tese de mestrado de um curso de Psicologia, no Brasil. E choca que hajam tantos “transparentes” à nossa volta.
Saltou-me de imediato à ideia os “intocáveis” na Índia… Na verdade também os temos por cá !
Certamente o termo é conhecido de todos mas, pelo sim, pelo não, sempre esclareço que “gari”, no português do outro lado do rio Atlântico, significa “Varredor de rua”, “Almeida” como se diz em Lisboa.
“A palavra gari vem do nome de Pedro Aleixo Gari que, durante o Império, assinou com a Corte brasileira o primeiro contrato de limpeza urbana no Brasil. Aleixo costumava reunir no Rio de Janeiro, cidade onde morava, funcionários para limpar as ruas após a passagem de cavalos, o que nessa época era muito comum.” (Yahoo-Brasil)
'O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE'
-'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível.'
Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da 'invisibilidade pública'.
Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seres invisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde se enxerga somente a função e não a pessoa.
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:
Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:
-'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica o pesquisador (Psicólogo).
O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano.
-'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão', diz.
- No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena como se perguntasse: 'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
1. O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
-Uma vez, um dos garis me convidou para almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro académico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.
2. E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
-Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma ideia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
3. E quando você volta para casa, para seu mundo real?
-Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença Burguesa. Esses homens hoje são meus amigos, Conheço a família deles, frequento a casa deles nas periferias. Mudei, nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma 'COISA'. Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida! HOJE MUDEI E AGRADEÇO AO MEU MESTRADO.
Fernando Braga da Costa
Ser “ignorado”, “ ser “esquecido”, ser “deixado para trás”… Meus Irmãos e então para que serve a nossa Cadeia de União ? Cadê os nossos invisíveis, as nossas sombras sociais… ? Que fazemos com eles ?
Deixo a pergunta para se entreterem durante o fim de semana. Aproveitem e digam pelo menos “bom dia” à sombra que ali vai…
JPSetúbal
3 comentários:
Um excelente texto do JPSetúbal.
Mas será a maçonaria a resposta para os garis? Já me foi dito aqui que a maçonaria recruta apenas os «melhores». Que é uma «elite» dos virtuosos. Uma selecção da probidade. Poderá tal elite reparar num invisível? Num intocável?
Boas...
Infelizmente grande parte das pessoas acredita que os outros existem apenas para os servir, ignorando dessa forma as suas necessidades e sentimentos.
O problema apenas se dárá para essas "pessoas", é que no dia em que o ciclo se "virar" e elas mesmo terem de partilhar dor sentimentos/necessiades dessa gente que tanto ignoram, é que irão dar o devido valor e respeito a quem o merece na realidade.
Para mim não existem profissões dignas nem menos dignas.
Para mim se elas forem honestas são de fato todas importantes,.
Tanto é importante o cantoneiro que nos limpa o lixo das nossas cidades, como o taxista que nos conduz, como o médico que nos cura, etc etc...
abr...prof...
Sr. JPSetubal;
Todo aquele que desempenha bem a sua profissão é um bom profissional.
Infelizmente a sociedade não cresceu bem, e no aspecto social criou estes problemas gravissimos.
O JPSetubal mais uma vez contribui para a melhoria da sociedade ao alertar com este facto concreto.
Cabe-nos agora a todos fazer a nossa parte.
A sociedade é o resultado do nosso modo de estar.
Cumprimentos
JPA
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