08 janeiro 2015

Os olhos azuis




Apesar da baixa temperatura na rua, reinava a boa disposição: acabara mais um dia de trabalho. Trocávamos as últimas despedidas, quando notámos uns olhos azuis que, confrangedoramente mudos, procuravam os nossos.

Aproximara-se, sem que notássemos, um vulto de casaco grosso - à moda antiga - na postura destruída de quem já viu melhores dias. Não o envolvia, porém a antecipada nuvem de álcool e tabaco, e muito menos o incontornável e penetrante cheiro da rua. De pé, a um metro de nós, interpelava-nos com o olhar, mas a boca não se abria, qual mola teimosamente contida, presa sabe-se lá em quê, mas desesperada por se libertar.

- Boa tarde, posso ajudá-lo?

E os olhos azuis, impotentes e embaraçados perante os vários segundos de imobilidade a que aquela boca se votou até que, a custo, lá acabou por deixar escapar qualquer coisa:

- Queria apanhar o autocarro para...

"O autocarro para". E a boca, entreaberta, como quem aguardava ordens; os olhos, suplicantes, imploravam pela palavra que faltava. "Queria apanhar o autocarro para".

- Para...? - ainda tentei.
- O autocarro... Para...

E de novo aqueles olhos azuis, sempre aqueles olhos azuis, fitando-nos aflitivamente, ora a um, ora ao outro. Quase se via a chama mortiça debatendo-se em vão, ansiando por espalhar luz e calor, mas mais não logrando que evitar apagar-se.

- Quer ir para casa?
- Sim.
- E sabe onde é a sua casa? - perguntou o meu colega.

De novo. a custo, balbuciante, tentou responder - mas sem sucesso.

- Aaaa... em...

Não havia dúvidas. Tínhamos, perante nós, uma criança perdida, presa no corpo de um octogenário. E aqueles olhos, sempre aqueles olhos, frágeis e desvalidos, surpreendidos como um balão que se esvazia e, mirrado e reduzido a uma massa informe, tenta, não obstante - e evidentemente sem êxito - manter a compostura e a forma que teve outrora.

- Em Loures.

Ah. Lembrou-se.

- Mas como é que veio parar aqui?
- Estive com o meu filho, mas o autocarro teve um acidente... bateu num... num ligeiro... ainda esperei uma hora, mas eles não arrancavam... tive que vir a pé...

- Disse que mora em Loures? Mora com alguém?

De novo, uma pausa, e depois a resposta, titubeante e aos arranques:

- A minha mulher morreu. A minha filha não me atende, está em Coimbra. É médica, a minha filha.
- Mas mora com alguém?
- Estive com o meu filho... ele está desempregado há quase um ano...
- Tem o contacto da sua filha ou do seu filho? Tem telemóvel?
- Não... Só tenho aqui 5 euros para o táxi...
- E tem identificação consigo?

Sem uma palavra, entregou-me a carteira - de plástico, com três documentos e um recibo da farmácia, sem hesitação, sem defesa, sem reserva.

- Venha connosco, que eu levo-o a casa.

Após uma troca de murmúrios com quem me acompanhava, acabei antes por levá-lo à esquadra mais próxima onde, após ter feito uma breve descrição da situação a um dos agentes, o entreguei em mãos experientes que o acolheram com prontidão.

...


Essa noite custou-me adormecer. Aqueles confundidos olhos azuis não me largavam, testemunho implacável da minha própria mortalidade, da indignidade da doença, e da velhice que, inflexível, nos rouba aos poucos e aos bocados. E eu, mais dado a fazer que a remoer, dei por mim acossado e impotente em face quer do que vi quer do que me espera - do que nos espera a todos - não obstante vivermos, tantas vezes, como se não morrêssemos nunca.

Acabei por fazer as pazes com o sono, depois de ter, difusamente e entre bocejos, aceite que o que é inevitável não deve aterrorizar-nos, mas antes, pelo contrário, impelir-nos a aproveitar melhor cada um dos nossos dias.

Estamos no início de um novo ano. Faço votos de que cada um de nós saiba e consiga - ou, pelo menos, tente - agir no sentido de aproveitar cada um desses dias de modo a não se arrepender nem do que fez nem do que deixou por fazer, e que tenhamos a fortuna de não darmos por nós a vaguear, perdidos, à mercê de quem nos estenda a mão - mas que, se tal acontecer, possamos encontrar, no nosso caminho, uma mão amiga.

Paulo M.

05 janeiro 2015

Sobre o "Método Maçónico"...

                                                                                                     (imagem proveniente de Google Images)

Muito se fala e especula sobre o que é e o que será o tão propalado “método maçónico”.
Ele não é mais que um método de busca, estudo e aprendizagem que auxilia o maçom ao longo da sua vida.
Tal como outros métodos de estudo ou de vida, ele não é melhor nem pior, mas é o que o maçom utiliza.

O maçom através da sua busca incessante de informação/conhecimento, a procura da dita “Luz”, o leva a questionar os motivos, as razões, os porquês….
“O que é?”, “O que será?”,“O porquê?” e “Para que serve?” são para os maçons, tal como para os profanos, a base do caminho de suplantação das suas dúvidas, sejam elas mundanas ou mais elevadas
Ele nunca se irá prender a sofismas e dogmas irrisíveis ou inclusive a cepticismos vãos que o levarão a um caminho de busca sem fim ou qualquer retorno palpável. 
Ele mesmo, através do seu empenho e trabalho, combate os dogmas instalados sem que tenham razão aparente para existirem. Ele debate, questiona, aprende, e principalmente procura as razões para tal… Nunca se ficando com “é assim porque tem de ser…”. Tal afirmação e suas semelhantes não lhe servem como respostas para as suas dúvidas. Ele quer mais… E por isso procura! E faz!

Tal como as três afirmações bíblicas, muito usadas por várias correntes esotéricas (a Maçonaria é uma delas) “ Bate e ela se abrirá… Procura e acharás… Pede e receberás…”, é através dessa busca e desejo de conhecimento que o maçom até ao fim dos seus dias será impelido a trabalhar e estudar de forma empenhada, nunca ficando contente ou satisfeito com o que vai obtendo. Ele quer mais e procura/faz por isso! E é essa atitude de não resignação, de “nunca baixar os braços”, que é fundamental para o método maçónico.

“Se tens dúvidas, trabalha para as combater”… Este podia ser um mote de incentivo ao maçom, tal como tantos outros que existem e que guiam ou incentivam o maçom ao longo da sua vida.
-Por isso, sempre que alguém ouvir falar de um eventual método maçónico, saberá à partida que se trata de um método de trabalho e não algo de conspirativo como algumas mentes mais “conspurcadas” ou menores como eu as considero, tentam fazer acreditar.-

O maçom ao longo da sua caminhada, tem uma atitude pró-ativa. Isto é, ele não é uma pessoa de se encolher, de ficar de braços cruzados sem nada fazer. Ele estuda, trabalha, debate, ensina. Nunca se ficando pelo que obtém nem o tomando como garantido. 
Tudo na vida é transitório, uma espécie de devir. E como tal, apenas tendo atitudes que visem obter evolução pessoal, progressão cultural, entre outras…, é que o maçom se poderá afirmar entre os demais.

 Hoje em dia já não basta ao maçom ser reconhecido pelos seus irmãos como tal, ele deve ser reconhecido pelos outros como tal. Um Homem Livre e de Bons Costumes!
E para se ser um Homem Livre e de Bons Costumes, ao maçom não lhe servirá apenas ser alguém com uma moralidade acima da média, ou que apenas pratique a caridade e a solidariedade com o próximo. 
É através do conjunto destas e de outras qualidades, que o maçom desenvolve o seu método pessoal de vida. O Método Maçónico é também isso. Uma forma de viver
E é também partilhando essa forma de estar com os demais, que ele aprende, se cultiva e se informa. Tudo o que ele adquirir no percurso dessa caminhada, não será apenas dele, será também de quem o rodeia. Pois apesar de o maçom trabalhar a sua pedra bruta, ele não o faz de forma solitária. Ao seu lado estarão sempre os seus irmãos, que lhe servirão de amparo e o conduzirão no rumo certo, e que ele por sua vez, também ensinará e amparará quando assim tiver de o fazer.

Por isso, não só na sua Loja Maçónica, no seu Templo, deve o maçom trabalhar tanto para ele bem como para os demais, mas acima de tudo, deve ele no mundo profano manter essa conduta. Pois os ganhos adquiridos, os tão profanos “lucros” serão para a comunidade, porque o Maçom não busca distinções no que faz. Faz e assim continua a fazer… Para o bem comum!
E quanto mais rápido ele interiorizar essa ideia na sua mente, mais facilmente progredirá como pessoa, o tal “aperfeiçoamento moral”, tão caro à filosofia maçónica.

E se o Homem não deseja progredir, anda cá na Terra a fazer o quê, realmente?
A ver os dias a passar?!
E porque não tornar esses dias mais agradáveis para a generalidade?

Essa é também uma das obrigações do maçons; e para tal, como pode alguém contribuir para um mundo melhor, se não partir de si, a vontade de se tornar em algo melhor…
O método maçónico serve para isso, exclusivamente!

PS: Este texto foi escrito e publicado originalmente por mim aqui em duas partes, mas dada a sua relevância e contemporaneidade, decidi que deveria ser republicado novamente e neste espaço em particular.

29 dezembro 2014

2015: Equilíbrio e tolerância


Estamos prestes a festejar o fim do Ano Velho e a assinalar o início de 2015, o Ano Novo das anualmente renovadas esperanças de que cada novo princípio seja o início de um período melhor do que o que o anterior.

Para quem viveu os tempos duros dos últimos anos em Portugal, parece evidente que 2015 só pode ser melhor, quanto mais não seja porque, como diz a canção popular, para pior já basta assim!

Mas se todos vamos tendo esperanças de que o fundo em que batemos já está para trás e o horizonte começa a desanuviar, também é tempo de equilíbrio. Saltar da depressão para a euforia é manobra perigosa, verdadeiro salto mortal das nossas expectativas de digna melhoria das nossas condições de vida. Não se salta da cama, vencida perturbadora gripe ou arrasadora pneumonia, para se ir logo correr a maratona... Primeiro há que reganhar forças, paulatinamente retomar a forma e então, sim, pode-se partir à conquista da nossa merecida coroa de louros, devida homenagem que, no meu entender, devia ser conferida a todos aqueles que completam os 42.195 metros da mítica corrida, como símbolo da superação pessoal que - seja no tempo que for, em primeiro ou último lugar - constitui essa dura prova.

Que 2015 seja por todos vivido com a Sabedoria do necessário Equilíbrio, para que todos possam avançar em passos seguros e não sofram dolorosas quedas!

Mas se o Equilíbrio, a meu ver, vai ser necessário, a Tolerância, essa, vai ser imprescindível.

Portugal vai viver todo um ano de luta eleitoral, de permanente campanha, de prolongada época do peculiar desporto "venatório" da caça ao voto, que é propício a excessos e clubismos que são tudo menos saudáveis.

O confronto de ideias é saudável. A exposição de diferentes perspetivas para os caminhos que coletivamente vamos percorrer é indispensável. Mas o exercício da cidadania e a prática da democracia que, felizmente mesmo em condições duras, todos nós demonstrámos continuar a prezar, necessita, para ser plena e verdadeiramente livre, de ser acompanhado da Tolerância.

Tolerância para ouvir a exposição de outros caminhos e de outras ideias com que não nos identificamos. Tolerância para confrontarmos esses outros pontos de vista com as nossas escolhas, em ordem a melhorarmos estas com o contributo que porventura os pontos de vista diferentes lhe possam dar. Tolerância para perspetivar que possa suceder não sermos nós quem tem razão. Tolerância para, eventualmente, admitir que, mesmo que continuemos a achar que o nosso ponto de vista é o melhor, outra foi a decisão coletivamente tomada. Tolerância para entender que, mesmo que ter a maioria não seja sinónimo de ter razão, esta confere a quem a alcançou o direito de procurar demonstrar os méritos da sua escolha e do seu caminho. Tolerância para reconhecer aos que defendem ideias e posturas e caminhos que se apurar minoritários o direito de continuar a defender as suas ideias, as suas posturas, os seus caminhos, contraponto indispensável em democracia para manter a maioria no rumo certo e prevenir - tanto quanto tal é possível - os excessos que o poder da maioria é tentado a ter. No fundo, tolerância para reconhecer aos outros, a todos os outros, os mesmos direitos, a mesma boa-fé, que reivindicamos para nós.

Se cada um de nós e todos nós coletivamente formos capazes de viver 2015 com Equilíbrio e com Tolerância, estou certo que não será demasiado otimismo antever que - finalmente! - conseguiremos de novo ter um bom ano.

Que assim seja!

Rui Bandeira 

22 dezembro 2014

Explicação, renovação e soltício


Tenho andado afastado deste espaço. Por duas razões: a primeira, pessoal, é que estou presentemente empenhado numa tarefa profissional que me consome muito do meu tempo, inclusive o que eu dedicava aos escritos aqui publicados; a segunda tem a ver com a passagem de testemunho na manutenção corrente do blogue para o Nuno Raimundo. Este blogue, como tudo na vida, deve evoluir para não estagnar, para não ser mais do mesmo e, assim, paulatinamente, reduzir-se à irrelevância. Achei - achámos! - que essa evolução deveria passar pela mudança de titularidade da manutenção corrente do blogue. Oito anos é muito tempo, muitos escritos aqui publiquei, de muitos temas tratei, tinha chegado ao ponto de me começar a repetir. Havia que refrescar, que mudar de estilo e de abordagem de temas. Essa evidência determinou a passagem de testemunho para o Nuno com a facilidade e naturalidade de uma simples frase: A partir de agora ficas tu responsável pelo blogue!

Esta passagem de testemunho, porém, no meu ponto de vista, implicava que o antigo cedesse indubitavelmente a condução do blogue, no estilo, na escolha dos temas, na definição dos tempos, ao novo responsável, sem sombras tutelares, sem intervenções, sem dúvidas. Implicava, assim - para mim, de forma muito clara -que quem saía da boca de cena saísse mesmo de cena, para que, sem qualquer perturbação ficasse claro quem era o novo condutor. Impus-me, assim, um período de silêncio de três meses, período mínimo que achei necessário para que ficasse claramente consolidada no espírito de quem segue este blogue a mudança na condução do mesmo. As únicas exceções foram pontuais e relacionadas com a divulgação da campanha VER MAIS.

Não encarei,porém, a saída de cena como definitiva, mas apenas como necessidade temporária para marcar bem a passagem para o estatuto de personagem secundária, suporte e auxiliar do novo e atual condutor do blogue. Por isso e porque o Nuno faz uma breve (e merecida) pausa de duas semanas na sua escrita, por ocasião deste período de festas, aproveitei para preencher a sua ausência com esta breve explicação. A exemplo do Ruah, do Paiva Setúbal e de outros, pontualmente publicarei aqui (talvez mensalmente) e ajudarei, quando necessário, a suprir ausências ou impossibilidades do Nuno, o atual Mestre condutor do blogue. Assim sendo, escrevo hoje, escrevo para a semana e depois... um dia qualquer apareço...

E porquê ter vindo agora explicar o que era já para todos evidente? Porque - é sabido! - nós, maçons, damos atenção e importância ao simbolismo.

Ontem foi o solstício de inverno (no hemisfério norte). Que melhor ocasião para marcar (colocar um marco) a renovação deste blogue, para dar público testemunho da confiança que já em privado transmitira ao Nuno na certeza que ele saberá fazer e fará melhor do que os fundadores deste blogue fizeram e que dedicada e competentemente assegurará a tarefa de ser a sua espinha dorsal até que - como eu tive a fortuna de poder fazer -, quando entender chegada a hora de ser ele a passar o testemunho o passe ao seu sucessor com a mesma naturalidade, facilidade e confiança com que eu o pude fazer.

Assim, este texto marca também o solstício enquanto símbolo da renovação para que o ciclo natural prossiga. No caso, marca, assinala, a renovação que foi feita, como necessária condição para a reinvenção e evolução deste blogue, com novas ideias, novas energias, novas e diferentes buscas, outro estilo. Com a expectativa de que este novo (já atual) ciclo manterá e incrementará a qualidade que procuramos ter neste espaço.

Entretanto - last but not the least! - para todos os meus votos de Boas Festas!

Rui Bandeira

15 dezembro 2014

Solidariedade maçónica...

(imagem proveniente de Google Images)

Nos tempos que correm, quando o Homem se encontra mais preocupado com seu “umbigo”, existir alguém com a capacidade e a vontade em auxiliar quem necessita é uma das melhores atitudes que poderemos ter para com o nosso semelhante.  E quando se auxilia alguém sem se esperar qualquer tipo de retorno por esse facto, atrevo-me até a dizer que é um ato de elevada nobreza por quem assim age. Ajudar-se apenas porque se quer ajudar não está ao nível de qualquer um. 
Muitas vezes as nossas ocupações diárias, sejam profissionais ou familiares não nos permitem ter a disponibilidade temporal para o fazermos, outras vezes talvez, serão razões de ordem financeira que impossibilitam quem quer ajudar o fazer. Mas ter a vontade para tal, será sempre o “gatilho” que poderá  despoletar o ato em si. Pode não ser hoje, pode não ser já amanhã, mas um dia o será…

E se para alguns terem a vontade de ajudar passa por terem passado por situações na sua vida que se assemelham à vida de quem querem auxiliar e assim mais facilmente poderem identificar quem podem ajudar e a forma de como o poderão fazer, outros será porque sentem que para preencherem a sua vida de forma plena, necessitam de praticar a caridade e ser beneficente com quem precisa. Cada um com a sua razão, cada um com toda a razão. 
Para ajudar, não é necessário sequer existir um motivo, basta se ter vontade e capacidade para tal, que nem sequer será necessário se raciocinar muito para que se passe à ação.

E a Maçonaria, pela sua história e pela sua implementação no mundo, sempre teve a sua quota-parte no que toca a ser solidária com o seu próximo. Seja através da fundação de escolas, da doação de bolsas de estudo ou até mesmo da criação de hospitais para usufruto da população e principalmente das crianças em si (nos EUA é bastante comum tal); o facto é que a Maçonaria auxilia a população dos países onde se encontra implementada. E se algumas vezes tal auxílio não é mais visível na sociedade, é devido aos estigmas que existem ainda nos tempos em que vivemos, mas fundamentalmente, porque quem quer ajudar não necessita de o publicitar. É usual até se dizer maçónicamente que a “mão esquerda não saiba o que deu a mão direita”. 

E isso encontra-se patente em sessão de Loja, no momento da circulação do “Tronco da Viúva”, em que a mão que depõe o óbolo se encontra fechada e sem mostrar o que se encontra no seu interior. Ninguém tem nada a haver com o que se oferece nem quem o faz. Nada ou ninguém questionarão porque se o fez ou se o fez sequer.Se o fez, foi porque o poderia fazer e ficará apenas na consciência dessa pessoa o montante depositado na bolsa referente ao respetivo “Tronco da Viúva”. Se não pode participar nesse contributo, no problem, algum motivo preponderante teve para que assim o fizesse. Não cabe a um maçom fazer juízos de valor sobre a atitude do seu Irmão. 

Algumas das aplicações do referido “tronco” são o apoio a instituições de caridade e beneficência que são patrocinadas  pela Maçonaria e até mesmo algumas associações de cariz religioso que agem na sociedade em prol de quem necessita ou casos singulares que surjam e que se considerem válidos os motivos pelos quais devem ser auxiliados. -Quando se quer ajudar, os “metais” não têm “cor, cheiro, nome ou dono”, o que é preciso é que sejam bem aplicados e recebidos por quem deles necessitam-.

Numa Loja maçónica a quem compete gerir este “fundo monetário” é ao Irmão Mestre Hospitaleiro. Mas existe a possibilidade, e é comum ser habitual, se criar uma Comissão própria para ser melhor gerido ou até mais transparente este tipo de gestão (consoante a opinião dos respetivos membros da Loja).  E geralmente os membros dessa “comissão de serviço” são o respetivo  Venerável da Loja, o Irmão Tesoureiro e o Irmão Hospitaleiro. Dessa forma, estarão representados nessa comissão,  quem preside a Loja, quem administra as finanças da Loja e quem tem a função de se ocupar com a aplicação da solidariedade da Loja.

E por falar em solidariedade, hoje termina uma campanha  apoiada pela Respeitável Loja Mestre Affonso Domingues nº5, a Campanha "Ver Mais" que foi publicitada AQUI e AQUI .

A quem pode dar o seu contributo nesta operação, fica o nosso MUITO OBRIGADO!

A quem não pode ou não teve a possibilidade de participar nesta campanha, certamente no futuro surgirão novas oportunidades para o fazer. Haja vontade e disponibilidade para o fazer… 

09 dezembro 2014

Juramento e compromisso maçónicos...

                                                                                                                (imagem proveniente de Google Images)

Quando se segue uma Via Espiritual ou se é admitido numa Ordem de tipo esotérico-iniciática tal como a Maçonaria se define, é habitual o novo membro efetuar um juramento no momento da sua admissão ou durante a execução de uma cerimónia de cariz iniciático, no qual se assume um determinado compromisso. E somente após a realização desse juramento é que o neófito é recebido e integrado no seio da respetiva Ordem. 
No caso que irei abordar e que será sobre a Maçonaria, é natural quando se fala em compromisso maçónico também se abordar simbióticamente o juramento maçónico. Tanto um como o outro são indissociáveis, porque um obriga ao outro e o mesmo, reciprocamente.

Durante o desenrolar de uma Iniciação Maçónica, no seu “ponto alto”, o neófito concorda em submeter-se a um juramento onde assume como compromisso de honra, aceitar e respeitar as Regras, Usos e Costumes da Maçonaria bem como as regras e leis do país onde se encontra sediada a Obediência Maçónica e a respetiva Loja da qual irá fazer parte. Nomeadamente e de entre os vários princípios maçónicos que se aceitam cumprir, os mais conhecidos pelo mundo profano são a Fraternidade entre todos os Irmãos, a prossecução do espírito da  Liberdade na Sociedade Civil e o sentimento de Igualdade entre todos.
Assim, assumir-se um compromisso com a Ordem Maçónica é assumir-se um compromisso pela Ordem e a bem da OrdemIsto é que é o tão  propalado estar à Ordem.
 E estar-se é mais do que o ser-se! E digo isto porque qualquer um pode “o ser, mas “estar apenas se encontra ao alcance de poucos… 
Estar implica sacrifício, comprometimento, trabalho, prática e estudo, e isto de forma incansável e perene. 
Por isto é que assumir um compromisso deste género e com a relevância que este tem, nunca deverá ser feito de forma leviana; o mesmo se passa com os outros compromissos que se assumem durante a nossa vida profana e que também não devem ser assumidos se não estivermos capacitados para os cumprir. 
-Há que se ter a noção daquilo a que nos propomos a fazer-. 
 Por isso é que o compromisso maçónico é feito com a nossa Palavra e sobre a nossa HonraDesvirtuar estas duas qualidades, é desvirtuar a própria Maçonaria. 
Da mesma forma que, se não respeitarmos a nossa palavra e não mantivermos a nossa dignidade na sociedade civil, também não somos dignos de nela estarmos integrados e sofreremos as consequências ou punições que forem legitimadas pelas leis do país. 
De certa maneira, a Maçonaria atua e se assemelha com a sociedade profana, com as suas leis e os seus costumes, competindo aos maçons respeitar a sua aplicação e observar o seu cumprimento. É mais que um dever ou obrigação tal. É a assumpção que assim o deve ser e nada mais! 
Porque assim tem funcionado há quase três séculos e o deverá continuar a ser noutros tantos…

Aliás, ainda na Maçonaria contemporânea se encontra algo que dificilmente se encontra na profanidade atualmente, ou seja, o valor da palavra sobre a escrita. O que não deixa de ser curioso dados os tempos que correm. 
Nesta Augusta Ordem, ainda hoje aquilo que um maçom afirma tem um valor tal, que se poderá assumir que não necessitará de ser escrito para que o seja considerado; basta se dizer, que assim o será. 
O tal “contrato verbal” na Maçonaria ainda hoje tem lugar. E somente pessoas de bons costumes o usam fazer, pois a sua honra e a sua conduta serão sempre os seus melhores avalistas.

Não obstante, o compromisso maçónico ao ser albergado por um juramento, obriga a que quem se submete a ele, o faça de forma permanente. Não se jura somente aquilo que gostamos ou somente aquilo que nos dá jeito cumprir. 
Quando entramos para a Maçonaria sabemos que, tal como noutra associação ou organização qualquer, existem regras e deveres para cumprir; pelo que o cooptado compromete-se em respeitar integralmente todas as regras e deveres que existem na sua Obediência. E quem age assim, fá-lo porque decidiu livremente que o quer fazer e não porque alguém a tal o obriga.

E uma vez que a adesão à Maçonaria se faz por vontade própria, aborrece-me bastante (para não ser mais acutilante ainda…) assistir ou ter conhecimento de casos em que este juramento foi atraiçoado e em que os compromissos assumidos perante todos, foram deliberadamente e conscientemente esquecidos.

Será que quem age desta forma, poderá ser  reconhecido como um verdadeiro maçom? 
Ou será apenas gente que simplesmente enverga um avental e um par de luvas brancas nas sessões da sua Loja? 
Em alguns casos destes, creio que foram pessoas que entraram na Maçonaria, mas que por sua vez, a Maçonaria certamente não entrou neles…

Algumas vezes, infelizmente, isto pode acontecer porque quem vem para a Maçonaria vem “desavisado”, isto é, pouco conhece ou percebe o que é a Maçonaria e o que ela representa, “vem ao escuro” por assim dizer, e caberá a quem apadrinha uma candidatura maçónica, informar ou retirar algumas dúvidas que se ponham ao seu futuro afilhado e consequente irmão. Em última instância, devem os responsáveis pelas inquirições que decorrem no âmbito de um processo de candidatura maçónica, no momento das entrevistas aos candidatos, terem a sensibilidade para se aperceberem do desconhecimento do entrevistado sobre os princípios e causas que movem os maçons e sobre a Ordem da qual este manifesta a vontade de vir a fazer parte, e nesse caso, serem os próprios inquiridores nessas alturas em concreto, a efetuar o trabalho que deveria ter sido feito anteriormente pelo proponente da referida candidatura, no que toca a esclarecer o profano e a fornecer-lhe as informações que lhe sejam necessárias para que esta (possível) adesão possa decorrer sem sobressaltos, nem que esta admissão venha a causar problemas (previsíveis!) no futuro, seja para a respetiva Loja ou até mesmo para a Obediência que porventura o vier a acolher.

Todavia, normalmente no momento do juramento maçónico, o neófito fá-lo sem saber/compreender o que estará a jurar e para o que estará a jurar, pois o véu que o cobre  na sua Iniciação é de tal densidade que  muitas vezes somente passado algum tempo é possível se perceber o juramento que se fez e o compromisso que se tomou, e que por vezes pode ser diferente daquilo que são as crenças pessoais e respetiva forma de estar de cada um ou até mesmo porque se acreditava que se “vinha para uma coisa e afinal se encontrou outra”…
E o trabalho que um padrinho deve desenvolver com o seu afilhado durante a formação deste tanto como a responsabilidade que assumiu perante o afilhado e a Ordem ao subscrever a candidatura dele, serão fulcrais neste tipo de situação concreta. O padrinho (pelo dever moral) e a Loja em si (porque é um dever da loja acompanhar e tentar integrar corretamente os Irmãos nos valores maçónicos) devem tentar perceber o motivo pelo qual alguém se “distancia” da Maçonaria. E apenas ulteriormente, se for caso disso, devem aconselhar a um possível adormecimento desse irmão por não ser do seu intento continuar a pertencer a algo com o qual não se identifique mais. 
Pelo que desta forma se prevenirão certos casos e eventuais “lavagens de roupa suja” ou fugas de informação que poderão surgir, as quais na sua maioria nem sequer são informações plausíveis nem verídicas sequer, pelo que apenas posso especular que estas ocorrências se devem a  paixões e vícios mal combatidos e nem sequer evitados… E como se costuma dizer, “o mal corta-se pela raiz”, pelo que “as desculpas devem evitar-se”…

E quem entra na Maçonaria deve ter a noção que as suas atitudes já não lhe dirão respeito apenas a si, mas a todos os integrantes desta Augusta Ordem, a conduta de um maçom estará sempre sob um fino crivo pela sociedade e sempre debaixo do escrutínio de todos, seja de fora ou internamente. - Porque um, pode sempre e a qualquer momento, “por em xeque” os demais -. E ter esta noção e assumir esta responsabilidade é algo que deve ser intrínseco desde os primeiros momentos de vida maçónicos. 
Já não é o Nuno, o X ou o Y  que fazem isto ou aquilo, serão os maçons Nuno, X ou Y que o fazem… Logo é a Maçonaria na sua generalidade que será atentada com a má conduta que os seus membros possam ter, para além da Ordem poder vir a ser acusada de cumplicidade pelos atos efetuados pelos seus membros.

 Assumir que a nossa forma de estar e agir condiciona e se reflete na Maçonaria é um dos maiores compromissos que os maçons poderão tomar. Tanto que o dever de honrar a nossa Obediência, a nossa Loja e a Maçonaria em geral, deve permanentemente se encontrar  na mente de todos os maçons. 
Um juramento implica obrigações, e jurar ser-se maçom, mas fundamentalmente ser-se reconhecido maçom pelos nossos iguais,  implica que sejamos maçons a “tempo inteiro” e não apenas às segundas-feiras ou quintas-feiras de manhã ou à noite, ou quando nos dará mais jeito, é sempre! 
Sermos maçons, não é quando visitamos a loja e usamos os respetivos paramentos. Não basta envergarmos um avental, calçar umas luvas brancas e fazer uns “gestos estranhos”, é muito mais que isso! É cumprir preceitos, rituais e trabalhar em prol da Ordem. 
E se não estivermos prontos para tal, de nada valerão os juramentos que fizermos, porque nunca nos iremos comprometer com nada na realidade e em último caso, nem sequer  reconhecidos como tal seremos. 
E a palavra persisitirá perdida

02 dezembro 2014

A Maçonaria na Ilha da Madeira

No âmbito das publicações de autores convidados, aqui fica um texto sobre a Maçonaria na Ilha da Madeira.






A   Maçonaria   na   Madeira

Em 1727, foi constituida a primeira Loja Maçónica em Lisboa composta por comerciantes ingleses e que seria apelidada pelo Santo Ofício de “Hereges Mercadores”, em 1733 uma segunda Loja denominada “Casa Real dos Pedreiros Livres da Lusitânia” com uma  predominância de obreiros católicos portugueses e irlandeses e uma terceira fundada pelo suíço John Coustos em 1741. Todas elas sofrerão uma grande perseguição por parte da Inquisição no ano de 1743, onde alguns destes Irmãos foram torturados e sentenciados a duras penas.
Uma segunda fase acontece a partir dos anos sessenta desse mesmo século, como consequência de uma tolerância ideológica por parte do Marquês de Pombal, que fora um homem iniciado no estrangeiro (Inglaterra ou Áustria), onde residiu algum tempo como diplomata da coroa Portuguesa.

É precisamente durante esta segunda fase acima referida que se erguem as colunas da primeira Loja Maçónica na Ilha da Madeira em 1768.
Esta Loja que foi fundada por elementos da nobreza Madeirense tais como:
Aires de Ornelas Frazão, Leal de Herédia, Joaquim António Pedroso e Francisco Alincourt.

Alguns destes Irmãos teriam sido mesmo iniciados em Londres, destacando-se o caso de Aires de Ornelas Frazão, 1º Venerável Mestre da Loja e que casou com Mary Phelps, uma sra de famílias inglesas  que também residiu na Ilha.

No ano de 1770, consta de um ofício dirigido ao Marquês de Pombal a 3 de Dezembro desse ano pelo governador José António de Sá Pereira de que os Irmãos acima referidos teriam sido presos por este nas Cáceres do Santo Ofício e enviados para Lisboa, onde foram libertados pelo Marquês de Pombal.

No ano de 1780, haviam poucos Obreiros devido à continuada perseguição movida pelo governador Sá Pereira, mas com a chegada à Ilha da Madeira de Barthelemy Andrieu du Boulaiy, a nossa Ordem retoma o vigor inicial devido ao seu empenho e ao recrutamento de novos elementos.

Em 1790, acontece uma cisão na Loja onde Ornelas Frazão envereda pelo reconhecimento britânico e uma Loja denominada de “S.Luís” que segue o reconhecimento francófono.

Nessa altura na Ilha da Madeira estavam a trabalhar cerca de três Lojas e o numero de Maçons ultrapassava os 100, destacando-se os nomes do Padre Alexandre José Correia que tinha um diploma maçónico inglês, Miguel Carvalho que mais tarde iria para os Barbados (Antilhas Inglesas) e de Tomás de Ornelas Frazão, filho de Aires e que ergueu colunas no ano de 90 na cidade da Horta, Ilha do Faial, Açores.
Recuando cerca de um ano, mais precisamente 1789, chega á Ilha da Madeira, por nomeação do governo de D.Maria I e com a missão de estudar a flora Madeirense e seus efeitos terapêuticos, Jean Jacques de Orquiny, que era grande comendador do Grande Oriente de França e que não só levantou colunas de uma Loja como também formou uma Academia de Ciências e Artes.

Em 1792 foi movida uma segunda grande perseguição contra os pedreiros livres, liderada pelo Bispo D. José da Costa Torres e pelo governador à época de nome Diogo Forjaz Coutinho, que à imagem do seu antecessor Sá Pereira, prendeu todos os Maçons nas Cáceres do Santo Ofício, e através de um edital incentivou toda a população a denunciar perante a própria Inquisição (cito):
TODO AQUELE QUE SOUBESSEM PERTENCER À MALDITA SEITA, QUE TINHA PACTO COM SATANÁS E ERA EXCOMUNGADA.

Como é óbvio, esta manobra ditatorial e absolutista contra homens livres, de bons costumes e anti-dogmáticos, iria instalar o pânico nas suas famílias, levando a que uma grande parte dos Irmãos “fugissem” da Ilha da Madeira para sítios onde a sua condição não fosse um constrangimento.

Os destinos principais foram o Brasil e os Estados Unidos da América onde foram muito bem recebidos.

A Maçonaria voltou a reorganizar-se enquanto a Madeira esteve ocupada por tropas britânicas entre 1801 a 1802 e 1807 a 1814, tendo à época levantado colunas uma Loja de nome Unidos, da qual nasceram outras duas.

É precisamente nesta terceira fase que a nossa Ordem na Madeira começa a deixar uma postura filosófica e cultural para ter uma mais valia política e social.

Com o liberalismo implementado no país, o cenário com certeza era favorável para que estes princípios começassem a implodir.

No entanto, a alçada do governo absolutista de D. Miguel começou com as suas intervenções inquisitórias no ano de 1823, dispersando novamente os Maçons.

Com a devida persistência já denotada, no ano de 1825 formou-se uma sociedade que se denominava de “Os Jardineiros”, organizada por estudantes universitários e bacharéis.

A pressão exercida por parte daqueles que o seu modus operandis é o controlo social pela força, pelo dogmatismo e pelo não desenvolvimento intelectual da maioria, os Maçons à época eram obrigados a um sigilo absoluto.

Sendo assim, reuniam-se nas quintas e propriedades dos seus membros para que a descrição fosse cumprida.

Entre outras, é de referir a quinta do Til, a quinta da Carne Azeda, a quinta de St. Filipa, uma das quintas no Monte e a de um inglês de nome Gran que também era pedreiro-livre.

A Maçonaria volta a ressurgir robusta em 1826, tendo como personagem principal João do Carvalhal.

No entanto e novamente, a alçada do governo de D. Miguel volta em 1828 onde pronuncia duzentas e dezasseis pessoas, entre os quais cerca de cem Maçons.

Esta perseguição provocou um novo surto de emigração, e os que não partiram, sofreram durante cinco anos sanguinária pressão, tendo muitos morrido pelas suas crenças e convicções.

A 5 de Junho de 1834, as instituições liberais foram restabelecidas, onde os poucos Maçons ali existentes puderam recomeçar os seus trabalhos.

Entre 1847 e 1872 a atividade Maçónica na Ilha da Madeira teve mais uma quebra acentuada, mas a 11 de Março do ano de setenta e dois e pela mão do Tenente-Coronel José Paulo Vieira, ergue colunas a Loja Liberdade, com uma postura apolítica e muito mais filosófica.

Nos anos posteriores, constituíram-se outras três Lojas, que se fundiram pouco depois de 1880.

A implementação da República Portuguesa no princípio do sec. XX proporcionou o constituir de outras Lojas formadas por membros Portugueses e a Britanic Lodge por membros ingleses.

Esta fase da Maçonaria na Madeira terminou, bem como em todo o Portugal, com a implementação do Estado Novo, onde a “Inquisição” volta a ter um papel castrador, com a devida conivência do estadista António Oliveira Salazar a partir de 1932.

Depois do maior interregno desde a formação da primeira Loja em 1768, a Maçonaria na Madeira volta a acordar cerca de 75 anos depois, mais precisamente no dia 2 de Maio do ano simples de 2009.

O objetivo atual da Maçonaria Regular na Madeira é claro:

1-    Continuar o legado dos Irmãos que já partiram para o Oriente Eterno.
2-    Fundar e desenvolver instituições que apoiem o desenvolvimento social e filosófico através da ciência e da cultura
3-    Praticar a filantropia.
4-    Colaborar no estreitamento dos laços de amizade na Maçonaria Lusófona.

Conclusões:

Este trabalho é baseado em vários relatos históricos e que descrevem as nossas raízes na Ilha da Madeira, as perseguições e as dificuldades impostas por quem sempre quis privar-nos de um princípio anti-dogmático e fundamental para a evolução sociológica que é o livre pensamento.

A quem nos provocou e a quem nos continua a provocar, a eles dedico-lhes e a vós recito meus Irmãos uma frase do ilustre poeta Fernando Pessoa, e que relata o seguinte:
EXISTE NO SILÊNCIO TÃO PROFUNDA SABEDORIA QUE ÀS VEZES ELE SE TRANSFORMA NA MAIS PERFEITA RESPOSTA.

Em bom rigor, esta é uma postura de homens livres e de bons costumes que, por e simplesmente sonham como outros tantos sonharam, como Aires de Ornelas Frazão e com grande coragem, partilhamos este brilhante legado que nos deixaram e que nos constitui honrosamente Irmãos da Lusofonia.

Que estes factos sejam exemplo para que a Maçonaria de expressão Lusófona esteja cada vez mais unida e mais forte, e para que estas palavras se completem, todos juntos, devemos nos empenhar profundamente na construção de uma sociedade mais justa, mais iluminada, em suma, a caminho de uma 4ª dimensão ortogonal.



Octávio Pimenta Sousa

(M.·.M.·. da R.·.L.·.João Gonçalves Zarco nº 71, a Oriente do Funchal)