24 julho 2009

Quando um jovem sonha

Quando um jovem sonha...:
"o mundo pula e avança, como bola colorida... "

Foi o nosso querido professor de Física/Poeta que ensinou e uma geração aprendeu.
Só que infelizmente a velocidade do desenvolvimento da sociedade humana não acompanha a velocidade de desenvolvimento dos sonhos nem da vontade de alguns (quero acreditar que cada vez em maior número) e o resultado faz com que a distância entre o que acontece em grande parte do mundo e o que gostariamos que acontecesse em toda a humanidade é cada vez maior.

Esta pequena interpretação deste pequeno jovem (bela voz !) vale o que vale (esta expressão é das coisas mais inteligentes que os nossos políticos, dirigentes desportivos, técnicos de sondagens e mais génios disparam a torto e a direito... com o ar inteligente que convém a estas declarações. Se estivessem ao pé de mim constatariam o ar intelectual que fiz nesta fase do texto...) e como tal é necessário ouvi-la com o distanciamento que fôr possível a cada um.
Mas trago-a para aqui porque a oportunidade é bem adequada ao que vemos nos jornais diários.
É mais um pequeno desafio ao pensamento "no outro" que o fim de semana pode ajudar a concretizar.
Se isso acontecer... valeu a pena !



E, como sempre... grande abraço e bom fim de semana.

JPSetúbal

22 julho 2009

Consagração da Grande Loja de Moçambique

Quem nos últimos dias passou pelo sítio da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, verificou estar lá publicado, com inusual destaque, um texto informativo com o mesmo título do que encima este arrazoado.

O inusual destaque indicia a particular importância que a GLLP/GLRP e o seu Grão-Mestre atribuem ao evento noticiado. Mas a institucionalidade do sítio em causa, que obriga a que o que ali é publicado como notícia seja sobretudo factual e objetivo, evitando-se os comentários e opiniões, não permitiu destacar, assinalar e enquadrar alguns aspetos significativos do evento e do que ele representa.

Em primeiro lugar, importa destacar a importância em si mesma do facto. Há muito, muito tempo que inexistia atividade maçónica publicamente conhecida em território moçambicano, em especial da Maçonaria Regular.

Em segundo lugar, é asado assinalar que a consagração da Grande Loja de Moçambique, sendo um início, é também um culminar de um processo preparatório minucioso, sério, discreto e persistente. Desde há vários anos que funcionavam, primeiro uma, depois outra, logo outra, Lojas sob a égide da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, ali estabelecendo as sementes e difundindo os princípios da Regularidade Maçónica. As sementes germinaram, os princípios consolidaram-se, o interesse foi crescendo, a aprendizagem foi-se fazendo. Sempre com a discreta ajuda e enquadramento da GLLP/GLRP. Foi um trabalho realizado longe dos holofotes, de formiguinha, de paciência, de método. Levado a bom porto. A gestação da Regularidade em Moçambique terminou no tempo próprio e agora é altura de os Irmãos daquele país seguirem o seu rumo administrando-se a si próprios, sem tutelas, sem protecionismos. Chegou a altura de uma nova Potência Maçónica Regular ser proclamada. Como é apanágio da Maçonaria, a nova Grande Loja de Moçambique é reconhecida como igual por todas as demais Potências Maçónicas que intervieram na sua Consagração e, paulatinamente, vai ser rconhecida como igual por todas as demais Potências Maçónicas Regulares do Mundo.

Em terceiro lugar, deve-se enquadrar devidamente o sucedido, quer pelo lado da Potência Maçónica consagrada, quer relativamente à consagrante. Estiveram presentes e intervieram na Consagração da Grande Loja de Moçambique e na Instalação do seu primeiro Grão-Mestre, nada mais, nada menos, do que quatro Grão-Mestres: o da GLLP/GLRP, Grão-Mestre Consagrante e Grão-Mestre Instalador, o da Grande Loja da Costa do Marfim, que exerceu os ofícios de Primeiro Grande Vigilante Consagrante e Primeiro Grande Vigilante Instalador, o da Grande Loja das Maurícias, que exerceu os ofícios de Segundo Grande Vigilante Consagrante e Segundo Grande Vigilante Instalador e o da Rússia, que, simbolicamente, tomou a seu cargo a imposição do Avental de Grão-Mestre ao recém-instalado Grão-Mestre de Moçambique. Estiveram ainda representadas, ao mais alto nível, a Grande Loja Nacional Francesa, através do Grão-Mestre Provincial da Ilha da Reunião, que exerceu as funçóes de Grande Orador, o Grande Oriente do Brasil, através do seu Grande Secretário Geral das Relações Exteriores, que assegurou o ofício de Grande Hospitaleiro, a Grande Loja da África do Sul, com uma numerosa delegação presidida pelo seu Past Grande Porta Espada, que, adequadamente, exerceu o ofício de Guarda Interno, e a Grande Loja do Gabão, através do seu Assistente do Grão-Mestre e Grande Secretário, que tomou a seu cargo a imposição da Joia e do Colar de função ao recém-instalado Grão-Mestre de Moçambique. Qual cereja em cima do bolo, esteve ainda presente o Secretário da Conferência Mundial de Grandes Lojas Regulares que, significativamente, procedeu à Proclamação da Grande Loja de Moçambique e do seu Grão-Mestre.

Esta comparência e cooperação de altos representantes de várias Potências Maçónicas representa um alto significado, quer para Grande Loja de Moçambique, quer para a GLLP/GLRP. Para aquela, a garantia do fácil, tranquilo e rápido reconhecimento de todo o Mundo Maçónico Regular. Foi consagrada pela Potência Maçónica Regular de Portugal, na presença da única Potência Maçónica Regular brasileira de nível supra-estadual, o GOB. Intervieram na sua consagração representantes, ao mais alto nível, de várias e importantes Potências Maçónicas africanas. Estiveram ainda representads duas outras indubitavelmente importantes Potências Maçónicas europeias, a GLNF e a Grande Loja da Rússia. Finalmente, foi proclamada pelo Secretário da Conferência Mundial de Grandes Lojas Regulares. Se isto não é demostrativo de consenso generalizado em torno da nóvel Grande Loja, não sei o que porventura será...

Também esta larga constelação de estrelas maçónicas presentes constitui um agradável conforto para a GLLP/GLRP. A Consagração por esta da Grande Loja de Moçambique foi respaldada, apoiada consensualmente, pelas principais Potências Maçónicas mundiais, algumas estando presentes e outras, embora não o estando, por princípios de atuação internacional próprios, como a UGLE (Grande Loja Unida de Inglaterra), apoiando a dita Consagração e que a mesma tivesse lugar através da GLLP/GLRP. A direção da tarefa de implantação da Maçonaria Regular nos países de língua oficial portuguesa em que esta ainda não está oficialmente implantada foi assumida pela GLLP/GLRP, com o consenso das demais Potências Maçónicas Regulares. E a generalizada prova da confiança no trabalho efetuado por esta leva-a, e aos seus obreiros, a perseverar na qualidade futura desse seu trabalho, no cumprimento estrito dos princípios da Regularidade e na sua divulgação.

Por tudo isto, foi um Grão-Mestre muito feliz, visivelmente contente e extraordinariamente satisfeito que encontrei no seu regresso da deslocação a Moçambique!

E tudo isto - por escolha própria - entendi não ser apropriado escrever no institucional sítio ds GLLP/GLRP. Mas considero poder e dever aqui ser publicado!

Rui Bandeira

17 julho 2009

Só sei que nada sei ?

Conta-se (ou cantava-se) nos meios académicos, pelo menos de Lisboa e Coimbra, uma historinha, mais ou menos "anedotificada", mas que retratava uma situação real passada numa aula de uma das várias "Matemáticas" pelo qual passaram os que andaram pelo Técnico ou pela Faculdade de Ciências de Lisboa nos idos de 60 do século XX (t'ou mesmo velho...!).

A coisa aconteceu com um professor de Matemática, conhecido e excelente cientista (está fora de dúvida), mas um tanto bronco no que tocava a sua vaidade pessoal, e rezava da seguinte forma:

- Meus senhores, no Congresso do último fim de semana só sábios eramos 14 !

Com toda esta modéstia é de prever que outras broncas sairiam de vez em quando, e saiam mesmo. Mas foi um excelente "prof" a quem muita gente da minha geração deve muito, do muito pouco que sabe.

Isto a propósito do vídeo/musiquinha de hoje, estilo "palavras cruzadas pensantes" para o fim de semana.

É que esta coisa de ponderar sobre o que se sabe ou não sabe, muitas vezes complica-se e damos connosco a pensar se de facto sabemos alguma coisa e que coisa é essa do saber.

Assim a modos como as "certezas" ácerca das quais eu sempre gosto de reproduzir um diálogo:

- Toda a gente que tem a certeza absoluta do que diz é estúpido...
- Tens a certeza ?
- Absoluta !

À hora a que habitualmente alinhavo estes pequenos introitos aos vídeos com que vou preenchendo as 6ªs feiras já não tenho paciência para dissertar sobre a relatividade do saber e do conhecimento, tanto mais que cada vez com maior frequência as “sardinhas assadas com pimentos” que ontem eram um veneno para tudo, hoje são um bálsamo para uma quantidade de maleitas perigosíssimas… !
O que significa que quanto mais certo estou de alguma coisa, mais perto estarei de um qualquer génio-novo vir provar que o quadrado é redondo e o círculo tem, nada menos do que quatro lados em bico concavo cruzados com semi-retas elíticas…
E quando um génio-novo diz… é porque é verdade, seja lá o que fôr !
Até aparecer o próximo génio-novo.

Portanto aqui Vos deixo um muito ligeiro alerta para as vossas convicções inabaláveis, tanto mais que a fixação das ideias está cada vez mais em risco.



E como diria o Rui, "G's" há muitos (!) e todos "G's".

Como sempre, desejo-vos a todos, a todos mesmo, um bom fim de semana cheio de boas e verdadeiras certezas.
Abraços.

JPSetúbal

15 julho 2009

G de... Maçonaria

Embora a Maçonaria Continental use o símbolo do esquadro e compasso apenas com estes dois elementos, a Maçonaria anglo-saxónica, de tradição e língua inglesa, usa como símbolo notoriamente reconhecido como o da Maçonaria uma imagem similar à que encima este texto, com o esquadro, o compasso e a letra "G".

É inevitável! O neófito, o recém-iniciado, uma das primeiras perguntas que coloca é qual o significado desta letra.

Também eu, naquele tempo em que era Aprendiz, fiz essa pergunta. Mas como eu sempre gostei de "beber do fino", não fui de modas e, quando se apresentou a oportunidade, fiz a pergunta ao Grão-Mestre! Era então Grão-Mestre, Fundador, o já falecido e, independentemente de infelizes sucessos posteriores, por mim muito admirado, Fernando Teixeira. Já noutro escrito o classifiquei como um vero príncipe da Renascença. Governava a Obediência com mão ferro envolta em luva de veludo. Experiente, sabedor - muito sabedor! -, inteligente e matreiro, bonacheirão na hora do descanso e ferreamente sério na altura do trabalho, era um líder carismático. Carisma que cultivava. E parte do cultivo desse carisma fazia-o com a disponibilidade que manifestava para ensinar, esclarecer, iluminar os Aprendizes com quem gostava de confraternizar.

Portanto, para mim não foi nada de mais fazer a pergunta que - imagino-o hoje - antes de mim dezenas ou centenas de outros lhe tinham feito: o que significa o "G"?.

O Fernando sorriu, recostou-se na cadeira e, mais uma vez, deu a resposta que já dezenas ou centenas de vezes dera: havia vários significados possíveis; uns defendiam que o "G" significava Gnose; outros que aludia a Geometria ou Geómetra, e por aí fora. Matreiro que era, nunca dizia o que se esperava que também dissesse e aguardava que a "brilhante sugestão" viesse do Aprendiz: e não significaria simplesmente "God" (Deus em inglês)? Mais um sorriso confirmava que a pergunta era aguardada e lá esclarecia que a Maçonaria era Universal, inerente a todas as línguas, que não parecia muito curial que um símbolo tão universal respeitasse a uma língua, e lá repisava as teses da Gnose (que lhe era cara, estudioso como era dos Mistérios Mitraicos) e da Geometria ou Geómetra.

Pese embora a minha admiração por ele, na altura pensei cá para os meus botões, aproveitando na íntegra o silêncio do Aprendiz, que "tá bem, abelha, a Maçonaria teve origem em Inglaterra, os ingleses são aqueles tipos que têm a mentalidade de pensar que, quando existe uma tempestade no Canal ds Mancha e a navegação tem de ser ali suspensa, é o Continente Europeu que fica isolado deles, queriam lá saber da língua dos outros; o "G" era de God e não se falava mais nisso!" A solução mais simples costuma ser a correta, para quê complicar?

Os anos passaram, a Mestre cheguei e Mestre sou e, cá para mim, embora, quando perguntado, exponha a tese da Geometria ou Geómetra (a da Gnose nunca foi do meu agrado, demasiado rebuscada que a acho), sempre que do meu interlocutor lá vinha a referência ao "God" eu lá admitia como possível, se calhar provável. Não podia eu desmerecer do que intimamente eu próprio pensava...

Pois bem! Aprender até morrer! Só os burros não mudam de opinião!

Estou finalmente convencido que o "G" significa Geometria.

No texto da semana passada referi como aprendi que, nos antigos manuscritos da Maçonaria Operativa, a palavra Maçonaria era comummmente usada como sinónimo de Geometria e da Geometria aplicada à construção, a Arquitetura. Pois bem, se "Maçonaria" era sinónimo de "Geometria", a inversa também era verdadeira. Na Maçonaria Operativa, falar-se de maçonaria era falar-se de geometria, falar-se de geometria era falar-se de maçonaria. Então, nada mais simples do que criar o símbolo da Ordem com os artefatos da profissão e a letra inicial da ciência em que se baseava: o esquadro, o compasso e o "G".

Portanto, afirmo e proclamo, abjurando das minhas antigas dúvidas e reservas: o "G" do símbolo da Fraternidade simboliza a Geometria. O que é o mesmo que dizer que... simboliza a Maçonaria!

Está assim explicado o título: "G" de... Maçonaria!

(E quanto a ti, meu caro Fernando Teixeira, meu sempre lembrado Grão-Mestre Fundador, que só por isso e pelo teu carisma obnubilas divergências posteriores, bem o sinto: se lá do assento etéreo em que subiste, memória deste mundo se consente... estou a ver o teu sorriso bonacheirão, contente e vitorioso! O "rapaz" foi teimoso, demorou vinte anos a lá chegar, mas finalmente acabou de te reconhecer a razão... - Não, meu caro, quanto à Gnose, não insistas... Já era um exagero... Concordemos em discordar... - Fica prometido: no próximo ágape ritual em que eu estiver, depois dos sete brindes rituais, chegada a hora dos brindes livres, eu proporei um brinde à tua memória. Porque de ti guardo e guardarei sempre enquanto por aqui andar a memória do teu carisma, da tua inteligência, da tua sabedoria, do muito de bom que fizeste e deixaste. Do resto, da divergência final, não cura a minha memória: já não eras tu, já era a doença final que te levou daqui. É assim que se constroem e se lustram as memórias daqueles que prezamos e admiramos!)

Rui Bandeira

13 julho 2009

Continuidade - Vem aí o 20º Veneravel.

Acontece todos os anos na primeira sessão do mês de Julho a eleição do Veneravel Mestre e do Tesoureiro.

A estabilidade da Loja permite que o processo eleitoral decorra sem quaisquer problemas ou dificuldades e consequentemente se eleve o espirito de união da loja.

Para os cargos de Veneravel e Tesoureiro foram eleitos respectivamente Rui C.L. e Alberto J.G. ambos mestres.

Se Alberto é um mestre recente e assume aqui o seu primeiro cargo de Loja, já Rui é um mestre com muitos, muitos anos de maçonaria. É do tempo da fundação da Grande Loja e não fosse ter tido que se ausentar durante uns anos já teria sido seguramente Veneravel há muito mais tempo.

Junta-se assim a experiencia de um com o desafio a outro no sentido de levar a Loja Mestre Affonso Domingues para mais um ano de trabalho que se espera gratificante.

A instalação decorrerá, previsivelmente, na primeira sessão de Setembro.


José Ruah

10 julho 2009

Modernices...

Desta vez não deixo passar a 6ªfeira sem Vos deixar uma prenda.

Vou fugir de novo das coisas sizudas, mas não menos sérias, para Vos trazer o resultado de uma daquelas modernices que andam para aí, que o pessoal agora inventa e impinge à malta, a "bué da malta", que fica "fixe à brava" com estas "manifs".

É assim, o mundo não pára e as sociedades vão assim de glória em glória até à... glória final.
Isto digo eu que sou otimista.
A imagem que junto hoje, dizem, disseram já vários entendidos na matéria, que não se repetirá.

- Olha que novidade... Se se repetisse é que eu ficava "estúpido", disse o "Lecas", "os cotas já malharam... áh, com'é que podem repetir ?"

Vejam e não fiquem invejosos por não serem capazes de fazer o mesmo.
Pensem que há mais assim. Não é Vosso exclusivo.



Sabem quem eram ? Quem eram, não, quem são, porque estes "não malharam, não...!"
O enorme par, com muito mau feitio, mas com uns pés de estarrecer.

Fred Astaire e Eleanor Powell aqui ficam para recordar... os que se recordarem, claro !

Ia esquecendo um pormenor. A "voz off" é... essa mesmo, "The voice" ! (Frank Sinatra).

Abração. Bom fim de semana.

JPSetúbal

08 julho 2009

Maçonaria = Geometria = Arquitetura

Albert G. Mackey

Estou agora a ler um livro que um dos meus Irmãos me ofereceu vai já para quatro anos e que os afazeres da vida, o imenso que há para ler e prioridades de leitura de outras obras relegaram para esta ocasião. É uma obra notável de um autor notável. O autor é Albert Gallatin Mackey. O nome dirá pouco a quem não for maçon- Trata-se do autor da conhecida Enciclopédia de Maçonaria (que está a ser publicada no sítio da Loja Mestre Affonso Domingues), um médico americano de Charleston, Carolina do Sul, também erudito historiador da Maçonaria. A obra é The History of Freemasonry - Its Legendary Origins (A História da Maçonaria - as suas Origens Lendárias).

A leitura desta obra permite-me relembrar algo aprendido em outras leituras, mas sobretudo permite-me aprender algumas coisas que não sabia. É assim, o Mestre maçon, se há algo que aprende, é que tem sempre mais a aprender...

A leitura desta obra oferece-me assunto para partilhar as minhas descobertas em vários textos. Começo hoje por algo que, sendo básico (depois de se saber...), permite compreender e interpretar melhor o significado real de algumas passagens dos textos primitivos da Maçonaria, anteriores à instauração da primeira Grande Loja de Londres e às Constituições de Anderson.

Existem diversos manuscritos que vêm do tempo da Maçonaria Operativa. O mais antigo de todos é o manuscrito Halliwell, que contém o chamado Poema Regius, que se crê datar de cerca de 1390. O manuscrito Cooke calcula-se que seja de um século depois. Do século XVI, segundo se crê, encontraram-se os manuscritos Downland e Landsdowne. Do século XVII, foram descobertos e estudados os manuscritos York, n.ºs 1, 2, 5 e 6, Harleian, n.ºs 1942 e 2054, Grand Lodge, Sloane, n.ºs 3323 e 3848, Aitcheson-Haven, Edinburgh-Kilwinning e Lodge of Antiquity. Já do século XVIII, mas anteriores à criação da primeira Grande Loja de Londres, descobriram-se os manuscritos, Alnwick, York, n.º 4 e Papworth.

Estes manuscritos contêm diversas informações sobre o que era a Maçonaria Operativa, entre elas a chamada Lenda do Ofício, a Lenda da criação e evolução da Maçonaria.

Uma das coisas interessantes desses manuscritos, vinda dos mais antigos e mantida nos mais recentes (que, em grande parte, eram cópias dos anteriores) é que a palavra Maçonaria era, nesses tempos, usada como sinónimo de Geometria. Assim, quando neles se escreve que Euclides é fundador da Maçonaria, o que se está realmente a dizer é que Euclides foi o criador da ciência da Geometria.

Por sua vez, a Geometria aplicada à construção, ou seja, a Arquitetura, também era designada por Maçonaria nesses manuscritos.

Ou seja, nos tempos da Maçonaria Operativa, dos construtores em pedra, a palavra maçonaria tinha três significados: a associação de construtores em pedra, que preservava e transmitia os segredos da profissão e regulava esta; a ciência da Geometria; a arte da Arquitetura.

Estes três significados, naturalmente, interligavam-se, porquanto os segredos da construção eram noções geométricas (tirar ângulos retos, a 47.ª Proposição de Euclides, mais conhecida entre nós por Teorema de Pitágoras, etc.), aplicadas à arte da Arquitetura e sua execução prática.

Não tinha ainda deparado com esta noção de que a palavra Maçonaria, nos documentos antigos, tinha também os significados de Geometria e de Geometria aplicada à construção, isto é, Arquitetura.

E esta noção permite compreender melhor os relatos desses documentos primitivos. Lidos com esta noção, talvez alguns pontos da Lenda do Ofício não sejam tão lendários como isso e correspondam a relatos, necessariamente imprecisos, da pré-história da Maçonaria, da ciência da Geometria e da arte da Arquitetura.

Pelo menos é uma interessante tese exposta pelo insigne historiador da maçonaria que foi Albert Mackey.

Fonte: The History of Freemasonry - Its Legendary Origins, Albert Gallatin Mackey, Gramercy Books, New York.

Rui Bandeira