Veneravel Mestre - "Nosso" vs "Eu"
Percurso a Venerável de minha autoria e Da Linha e do Percurso da autoria do Rui Bandeira
Um atento leitor Brasileiro que abaixo se identifica e que é Irmão trabalhando numa Loja do estado do Paraná ao não conseguir colocar um comentário enviou-o por correio electrónico, dando autorização que fosse reproduzido.
Diz-nos então como segue:
“Visão cabalística para o caminho a Venerável Mestre.
Este Irmão pega numa vertente muito mais esotérica para analisar a questão e mesmo com toda a subjectividade da Cabala ele transmite uma mensagem absolutamente objectiva.
O Venerável tem que possuir uma noção de Nosso muito mais forte que uma noção de Eu.
Gostei do que li e por isso permiti-me escrever algo acerca do assunto.
Ao longo dos anos conheci muitos Veneráveis de muitas Lojas, e intuitivamente ia dizendo para mim, que um era muito “mandão”, outro “brando de mais”, outro muito falador, enfim fui catalogando, e com isso permitia-me tentar perceber o que ia acontecer naquela Loja nesse ano.
Ao longo dos últimos anos, tenho tido sempre uma conversa com o novo Venerável da Mestre Affonso Domingues. Essa conversa tem sempre lugar para meados de Novembro.
Porquê meados de Novembro e não inicio de Setembro que é a altura da tomada de posse?
Há evidentemente uma razão para isso. Em meados de Novembro o novo Venerável já dirigiu 3 ou 4 sessões. Já se libertou do nervosismo inicial e já começou a mostrar como faz e qual o seu estilo.
E nessa altura, é altura de transmitir a minha opinião sobre o desempenho. Em conversa privada e longe de quaisquer outros ouvidos que não os do Venerável.
A minha opinião pode ser qualquer, desde dizer-lhe que está tudo certo e que se continuar assim vai ser um sucesso, até dizer-lhe que o modo como está a gerir a Loja pode gerar que perca o controlo.
Mas sempre lhes digo a mesma coisa, antes de grandes decisões e antes de submeter assuntos mais complexos à Loja, envolvam outros Irmãos Mestres no assunto, auscultando-os e trazendo-os para o projecto se for esse o caso, sejam os Árbitros e não os jogadores.
O nosso Irmão Avides, diz-nos que o sentido colectivo do Venerável é a característica essencial e uma das chaves para o sucesso do mandato. E eu concordo.
Há várias maneiras para se chegar ao “ Nosso”. A mais recomendável é através de trabalho individual de aperfeiçoamento, de entendimento do que é uma Loja, de respeito pelos demais, do uso da firmeza quando necessário. É evidente que isto não invalida que se deva percorrer um caminho para chegar a Venerável, deve-se é juntar nesse caminho as peças necessárias para que a preparação seja o mais completa possível, quer ritual, quer administrativa, quer psicológica.
É também evidente que “ não pode ser tudo nosso” ou seja o Venerável tem que de vez em quando ser “Eu” e dar uma batida de malhete mais forte, mas isso faz parte dos ossos do oficio.
O Venerável é o fulcro no qual está equilibrado o balancé. E essa sua missão de manter equilibrada a Loja é primordial.
E manter esse equilíbrio significa sucesso e progresso. Significa Lojas mais fortes no final de cada mandato. Significa maior consciência de grupo.
Enfim, fica aqui mais uma achega sobre o papel do Venerável Mestre de uma Loja.
Resta fazer uma ressalva final, já com este texto em produção o Irmão Avides conseguiu colocar o seu comentário, todavia achei que continuava a fazer sentido este post.