27 outubro 2006

Livro sobre Municipalismo


José Oliveira Dias, um estudioso da política autárquica que faz o favor de ser nosso amigo, vai efectuar o lançamento nacional de um livro de que é autor, intitulado "O Municipalismo, em Portugal, Brasil e Cabo Verde", na próxima terça-feira, dia 31 de Outubro.

O lançamento terá lugar no Centro de Saúde de São Vicente, na Ilha da Madeira. E que melhor lugar para lançar um livro sobre este tema? É a descentralização levada à prática!

Impossibilitado de comparecer, por compromissos profissionais noutro ponto do País, não quero deixar de aqui divulgar esta iniciativa.

Para quem ainda tem uns restos de férias para gozar e as queira aproveitar em semana de feriado, é um bom pretexto para ir até à Madeira!

Para quem não puder ir, mas se interesse pelo tema, pode encomendar o livro (custo: 15 euros) directamente ao seu autor, através do seguinte endereço de correio electrónico: rajanioliveiradias@iol.pt .

E pronto! Numa semana em que decidi colocar no blogue vários textos sobre símbolos maçónicos, hoje achei por bem acabar com um texto que não tem nada a ver com maçonaria!

É que na maçonaria também se aprende que, como em tudo na vida, o equilíbrio é muito saudável e os excessos acabam por fartar. E, afinal, se é certo que em Maçonaria Regular não se discute política, isso não quer dizer que um maçon não se interesse pela Coisa Pública! E ler estudos sérios é uma boa maneira de manter sempre atento o nosso espírito cívico.

Rui Bandeira

26 outubro 2006

Beleza

O maçon procura revestir-se da característica da beleza. Não é, obviamente, a física que importa. Até porque essa não depende de si, antes da carga genética que lhe foi transmitida por seus ascendentes. A beleza de que o maçon se procura revestir é a interior, resultante da pureza de princípios, da firmeza de carácter, do aprumo moral e da tolerância para com os os outros que deve ser seu apanágio.

Pureza de princípios que constitui o pano de fundo de toda a actuação do Homem. Quem tiver adquirido e os viver como integrantes do seu ser os princípios básicos do respeito para com o Outro, que constituem os fundamentos da Civilização não cometerá agressões contra o seu semelhante. O respeito pela Vida, pela Integridade, pela Liberdade, pela Democracia, pela Igualdade são meros e naturais corolários desses princípios básicos, tão naturais como a faculdade de respirar!

Firmeza de carácter para moldar sua personalidade, combatendo suas fraquezas, mas também para arrostar com as inevitáveis dificuldades que a vida sempre coloca, sem nunca pôr em causa nem incumprir os princípios básicos que devem nortear sua conduta.

Aprumo moral como ferramenta para distinção entre o Bem e o Mal, em todas as suas manifestações e circunstâncias, em especial quando umas ou outras os tornam de difícil destrinça.

Tolerância para com os outros como contrapartida da necessidade de dos outros vermos toleradas nossas próprias imperfeições.

Quem interiorizar estas simples, mas tão exigentes, regras, poderá ser fisicamente horrível, mas acabará por ser reconhecido como Belo por todos aqueles que sabem ver para além das meras e efémeras aparências.

Mas o maçon não procura apenas ter a Beleza em si, procura que as suas obras sejam dotadas dessa característica. Isto é, suas acções, suas criações, suas obras, não basta que sejam sábias e fortes, devem também ser belas. É a beleza que aproxima da perfeição o que se construiu com Sabedoria e Força. Entre dois edifícios, ambos igualmente perfeitamente projectados e edificados, com o recurso a todos os conhecimentos da arte de construir, ambos firmes, fortes e duráveis, qualquer de nós preferirá o que é esteticamente bonito, agradável ao que não possua essa característica.

Buscar dotar as nossas obras de Beleza não é uma futilidade. É uma procura da perfeição possível na actividade humana.

O Belo é divino!

O Templo do maçon é assim sustentado também por esta terceira coluna, a da Beleza.

E assim, buscando nós próprios dotar-nos e dotar nossas acções de Sabedoria, de Força e de Beleza nos aproximamos tanto quanto ao Homem é possível, da Divina Perfeição.

Rui Bandeira

25 outubro 2006

MIA COUTO e o mendigo Sexta-Feira

O mendigo Sexta-Feira jogando no Mundial"(...)
O que me inveja não são esses jovens, esses fintabolistas, todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas. A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras pára perante a dor falsa de um futebolista. As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me atender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros. Se a vida fosse um relvado, quantos penalties eu já tinha marcado contra o destino? (...)"
(Mia Couto, in O fio das Missangas)


Mia Couto é um dos nomes enormes da escrita de língua portuguesa e este texto que me chegou via mão amiga, é mais um terrível soco no estômago, só possível por quem tenha experiência deste pugilato da vida.
Diàriamente chegam-nos notícias assustadoras sobre a sensibilidade que os agentes políticos (que têm a responsabilidade de encontrar as soluções) mostram na abordagem aos vários temas reflectidos no texto.

O que vemos como propostas de solução para as inquietações que Mia Couto nos propõe ?

Na parte que toca aos futebolistas vemos o estatuto de excepção, absolutamente imoral, de que gozam e cujos dirigentes defendem com unhas e dentes, mostrando todo o desprezo com que olham para o mundo à volta e todo o embevecimento com que olham para o umbigo próprio.
Podemos pôr em equação a questão do tempo de vida profissional, o facto das situações mais chocantes serem uma minoria no “universo” do número de jogadores em actividade, e mais as razões extraordinárias que um político, dos actuais, apontou esta semana dizendo que “coitados dos jogadores a quem não são ensinados hábitos de poupança e que têm de deixar a escola muito cedo”, considerando a partir daí muito bem que os impostos que eu pago todos os anos com o fruto de muitas, muitas, muitas horas de trabalho sirva para compensar os “coitadinhos dos jogadores de futebol”.
Todas estas razões podem ser equacionadas porque o resultado final da incógnita será sempre a imoralidade total com que são gastos a maior parte dos muitos milhões que se gastam naquela actividade.
E quanto a estes aspectos é preciso que se afirme que a maior parte dos beneficiados são gente mal formada, péssimos desportistas, sem qualquer espécie de respeito pelos companheiros de profissão, que encaram calmamente e impunemente como inimigos a abater.
E não vale a pena contar a estória da “saída da escola” e mais uma centena de razões muito válidas para os defensores desse “status quo”, porque isso não pode justificar a forma como se tratam uns aos outros.
Ao menos isso.
Há uma ou duas semanas cantaram-se umas loas em homenagem a Jorge Costa que abandonou a actividade profissional de futebolista.
Reafirmo a minha opinião de há muitos anos.
Jorge Costa, como vários outros (João Pinto, Petit, Sá Pinto,...) são personagens que nunca deveriam ter pisado um campo desportivo (qualquer que fosse) porque nunca souberam merecer a condição de desportistas.

Outras notícias que nos chegam dão-nos conta do agravamento generalizado das condições de vida para os mais desprotegidos da sociedade.
Sob a capa do aperto financeiro em que o país se encontra estamos a assistir a um verdadeiro assalto aos mais fracos.
As últimas notícias falam dos aumentos dos lucros dos bancos (38%, 46% ...), enquanto o ministro das finanças anuncia que até ao fim do ano os bancos continuarão, legalmente, a não ter de pagar uns tantos milhões de imposto que seriam devidos se a Administração Fiscal tivesse actuado em tempo util.
Por outro lado deixa uma vaga promessa (esta classificação de “vaga” é muito subjectiva, mas é a minha interpretação !) de que a partir do próximo ano começará a aproximação da forma de tributação das “empresas bancos”, ao tipo de tributação das outras empresas (aquelas que não desviam lucros para as Ilhas Cayman ou outras parecidas).
Continua a ser interpretação pessoal mas a minha expectativa é a de que essa aproximação, se alguma vez existir, será feita muito lentamente, muito lentamente, tão lentamente que ao fim de um ano ou dois já ninguém se lembrará nem falará do assunto que de tão lento que evolui ficará definitivamente parado sem ninguém dar por nada, a não ser claro os beneficiados directos.
Dentro do mesmo princípio irão aumentar os descontos sobre os recibos verdes, tal como já aumentaram os descontos para os funcionários do Estado e para os reformados.
Na saúde os utentes passam a comparticipar mais nas despesas em que já comparticipavam e passam a comparticipar em outras onde isso ainda não acontecia.

Usando a pena de Mia Couto, “o que me dói doutor, é não poder haver uma ilha Cayman para cada português receber aí o seu salário, a sua pensão, e assim deixar, legalmente, de pagar impostos cuja utilização tem sido feita em favor dos que não pagam, dos que se consideram merecedores de todas as benesses, legalmente e sempre, sempre com boa-fé já se vê”.

O mendigo Sexta-Feira assinala os penalties contra o destino.
Mas o responsável pela batota do jogo não é o destino.
São homens, e são homens com nome, com identidade, com residência, com localização possível e fácil.
Então porque se não marcam esses penalties ?
Na vida, como no futebol, a maior parte dos árbitros está comprada.
JPSetúbal

24 outubro 2006

Força


A obra humana, para ter valia, deve estar dotada de Força. A acção do maçon deve beneficiar da Força.

Não é de força física que aqui se trata. Ao mencionar esta característica de que devem estar dotados os maçons e o comportamento e as obras destes, quer-se, em primeiro lugar, fazer referência à Força de Carácter que deve ser apanágio do maçon. Força de carácter para seguir o, por vezes estreito e acidentado, caminho da virtude.

Em segundo lugar, Força de Vontade. Força de vontade para combater o vício, isto é, para combater e anular, se possível, os defeitos que, infelizmente, todos nós temos.

Mas a Força não respeita apenas às características intrínsecas do Homem, refere-se igualmente às das suas obras.

E, neste plano, a Força de que aqui se fala respeita à Eficácia das acções humanas. Pode agir-se com muita boa vontade, mas se a nossa actuação for estéril, se a nada conduzir, se do nosso acto nada nascer, nada frutificar, nada mudar, nenhum efeito se obtiver, então mais valia ter estado quieto e poupado o esforço absolutamente inútil... Quando nada de útil se pode fazer, então manda o bom senso (a Sabedoria de que ontem falava...) que nada se faça. O Homem deve agir, deve actuar, mas deve fazê-lo com eficácia, de forma a que dos seus actos resultem efeitos, especialmente os efeitos pretendidos, que devem melhorar o que existia antes de se actuar.

Também no plano das características de que devem estar dotadas as obras humanas, a Força é sinónimo de Durabilidade. Pouca utilidade tem a construção que se desmorona ao mais leve sopro de vento ou que, ao jeito de construção na areia, é destruída logo que a maré sobe... Neste sentido, o Homem prudente procura que aquilo que constrói seja durável, que seja utilizável com proveito enquanto seja útil. E com isto, tanto nos podemos estar a referir à construção de um edifício ou de uma ponte, como à edificação da relação que partilhamos com a nossa companheira de vida ou àquela que temos com os nossos filhos, ou ainda aos laços de amizade que tecemos ao longo de nossas vidas.

A obra humana, seja física, seja relacional, deve, à imagem do seu autor, estar dotada de Força, isto é, deve corresponder ao que se pretende dela (eficácia) por todo o tempo que se destinar a durar (durabilidade), no limite para toda a nossa vida e, se possível, para além dela.

Para os maçons, é importante, mas não basta, que os seus actos estejam dotados de Sabedoria; é imperioso que tenham também a Força que os faça valer a pena.

É assim que a Força é outra coluna de suporte do Templo que interiormente cada um de nós deve edificar.

Rui Bandeira

23 outubro 2006

Sabedoria


Não é Conhecimento. Há, por esse mundo fora, muito analfabeto mais sabedor que muito doutor.

Não é também Cultura. Há por aí muito intelectual superculto que, apesar da pose, destila muita erudição, mas demonstra muito pouca sabedoria.

Não é ainda Inteligência. Há à nossa volta muito bem dotado de células cinzentas que esbanja as suas capacidades com uma ingenuidade arrepiante.

Sabedoria é um pouco de tudo isso, com um nada de aquilo e um pó de aqueloutro, para ser muito mais do que tudo isso.

Sabedoria é a capacidade de fazer o que se deve, quando se deve. A virtude de tomar a decisão certa, na hora adequada, para a situação asada.

Sabedoria é intuir quando é hora de aguardar e quando é o momento de agir.

Sabedoria é sentir quando se deve elogiar e quando se impõe criticar.

Sabedoria é concordar com naturalidade e discordar com elegância.

Sabedoria é prudência corajosa temperada com arrojo medido, misturada com acerto racional envolvido em intuição educada.

O objectivo do maçon é pautar todos os seus actos, dotar todas as suas obras, da virtude da Sabedoria. É um equilíbrio difícil de atingir, para o timorato e para o arrojado, para o novo e para o velho, para o intelectual e para o prático.

Para conseguirmos dotar as nossas decisões de Sabedoria, temos de estar constantemente alerta e no uso de todas as nossas capacidades. Em cada momento é mister temperarmos o nosso impulso com a razão, mas não abafando a nossa intuição, antes completando-a com o resultado de nossa análise.

Agir com Sabedoria não é ganhar sempre; é, por vezes, saber perder, porque a nossa derrota é menos prejudicial do que a vitória sobre outrem; é entender que é preciso conceder a vitória a outrem hoje para vencer amanhã.

Actuar de modo sabedor é lograr atingir, em cada situação, o maior Bem possível, causando o menor Mal que se puder.

Procurar praticar a Sabedoria é uma tarefa de hoje, sempre e durante toda a vida.

Não se é sabedor. Procura-se conseguir agir sabiamente em cada instante.

É uma tarefa de vida. Mas quando se consegue executá-la com êxito, vislumbra-se uma poalha do brilho da Divina Perfeição.

Só procurando utilizar todas as nossas capacidades e todo o nosso esforço no sentido de agir com Sabedoria somos dignos da nossa Humanidade.

Eis porque a Sabedoria é uma das colunas de suporte do nosso Templo Interior!

Rui Bandeira

20 outubro 2006

Do Zénite ao Nadir


O local onde os maçons se reúnem é por estes designado de Templo.

Embora tal não seja absolutamente necessário, por regra esse local está profusamente recheado (decorado, dizem os maçons) de objectos e referências que constituem símbolos. A observação desses símbolos, a atribuição do seu significado e a elaboração sobre o mesmo é uma permanente tarefa do maçon.
O Templo físico, o local de reunião é, no entanto, muito mais do que apenas isso.
Como em quase tudo em Maçonaria, o que é aparente esconde um outro significado, que por sua vez pode revelar um terceiro.
Assim, o Templo físico é simultaneamente o local de reunião, apenas entre maçons, mas também simboliza todo o Universo. Por isso dizem os maçons que as suas dimensões vão do Ocidente ao Oriente e do Zénite (o ponto mais alto das alturas) ao Nadir (o ponto mais profundo das profundezas). Simboliza assim todo o Espaço, afinal o local onde existe e vive e trabalha e produz e evolui toda a Humanidade em geral e o maçon em particular. Tal como o maçon deve ter uma impoluta conduta dentro do Templo / local de reunião , deve mantê-la em qualquer local onde se encontre, pois, onde quer que esteja, está em local que é produto da Criação, ou seja, onde quer que o maçon se encontre, está dentro do Templo Universal criado pelo Grande Arquitecto do Universo.
Mas ainda um terceiro significado simbólico existe no Templo: este é o local físico de reunião dos maçons, simboliza todo o Universo, mas também - e principalmente - simboliza o que o maçon permanentemente deve construir: o seu próprio Templo Interior, local apto a condignamente albergar a partícula de Divindade que, se lograr descobrir a Luz, verá brilhar dentro de si.
Esse templo interior deve ser construido com base nas três colunas da maçonaria: a Sabedoria, a Força e a Beleza, pilares de sustentação do mesmo.
Por isso, nos Templos maçónicos estão, além do mais, presentes três colunas, a cada uma se atribuindo um desses significados (ver imagem).
Rui Bandeira

19 outubro 2006

Regresso à Malaposta

Volto à Malaposta para Vos re-desafiar a ir até lá ver a exposição dos belos trabalhos dos Funcionários-Artistas, que com grande entusiasmo pela oportunidade, apresentam os seus trabalhos.
E na maioria das obras é evidente a sensibilidade e a capacidade criadora dos seus autores.


"Magic Flute" de Zycu e Tapeçaria da colecção particular da autora, Helena Leitão

"My Sun" - Acrílico sobre tela de Deedee

Trago-vos 3 belos exemplos dos trabalhos expostos.

A não perder.

Além de tudo o mais é de borla, grátis, gratuito... daqueles que mesmo que queiram pagar, não conseguem !

JPSetúbal