19 fevereiro 2009

Loja azul

Por vezes, esquecemo-nos que o que é simples e básico para quem já conhece e está habituado a determinado tema pode não ser assim tão facilmente entendido por quem esteja a iniciar o seu contacto com o assunto.

Veio-me este pensamento à tona há alguns dias quando li o texto do José Ruah Música no blogue - uma nova etapa, vi as alterações que efetuou e, sobretudo, assisti a um comentário brincalhão, com água no bico de "futebolês", do simple e à resposta, a sério, do Ruah à "provocação futebolesa" do simple sobre o uso da cor azul para uma das listas de músicas colocadas no blogue pelo Ruah. Este respondeu, muito a sério, repito:

As Lojas são Azuis e o REAA é Vermelho. Não pense o meu caro amigo que as cores foram escolhidas por acaso.

Os maçons entenderam perfeitamente o alcance da resposta do Ruah. Mas interroguei-me sobre se um profano que deparasse com este comentário o entenderia. E concluí que, embora porventura muitos profanos o entendessem ou pudessem perceber com uma simples busca num motor de busca, certamente haveria alguns que teriam dificuldade em perceber a alusão.

Portanto, vamos lá esclarecer, porque o facto de ser básico para uns não significa que o seja pra todos.

Em Maçonaria, designam-se por Lojas azuis as Lojas que trabalham nos três graus essenciais da Maçonaria: Aprendiz, Companheiro e Mestre. Porquê azuis? Simplesmente porque, na sua origem, essa foi a cor escolhida pelos maçons que, no século XVIII, criaram, em Inglaterra, a Grande Loja de Londres. Nesse tempo, havia apenas um rito praticado e a cor que o identificava, a cor principalmente usada nos artefatos dos maçons, era o azul.

E assim permaneceu, designadamente nos países anglo-saxónicos, que, praticamente em exclusivo, praticam apenas o Rito de York ou suas variantes. A cor deste rito é o azul.

Como nos países anglo-saxónicos a tendência é para a prática de um único rito, e sendo a cor associada a esse rito, passou a designar-se por Lojas Azuis as lojas dos três graus essenciais da Maçonaria.

Com efeito, outras cores são associadas a outras situações em Maçonaria. Por exemplo, os Grandes Oficiais das Grandes Lojas anglo-saxónicas usam, normalmente, colares e aventais orlados na cor púrpura.

Após a implantação da Maçonaria, seguiu-se um período de criação e proliferação de ritos. Cada rito era, pelos que o criavam, associado a uma cor. Das dezenas de ritos que apareceram, como é natural só uns poucos subsistiram. De entre estes, o Rito Escocês Antigo e Aceite, cuja cor é o vermelho.

Na Maçonaria anglo-saxónica, os três graus básicos são, quase exclusivamente (existe uma exceção célebre, que adiante referirei) trabalhados no rito de York ou suas variantes, cuja cor, como acima referi, é o azul. Existem, para além dos três graus básicos e essenciais da maçonaria, sistemas de Altos Graus, que prolongam o caminho iniciado nesses três graus básicos. Mas todos os maçons, nos países anglo-saxónicos, trabalham na Maçonaria Azul (os três graus básicos, no Rito de York ou suas variantes). Os que o pretendem e a tal são admitidos, podem ainda trabalhar em Altos Graus, seja do Rito de York, seja do Rito Escocês Antigo e Aceite. Nos países anglo-saxónicos (ressalvada a tal exceção...) não se trabalha no Rito Escocês Antigo e Aceite nos três primeiros graus. Só a partir do quarto grau.

Na Maçonaria Continental Europeia, em África e na América Latina, pelo contrário, as Lojas que trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceite utilizam-no desde o primeiro grau. Aqui, o Rito não é exclusivamente um rito de Altos Graus, antes é um sistema coerente, que vai desde a iniciação até ao último dos Graus Filosóficos. Apesar de a cor do rito ser a vermelha, continua-se a designar as Lojas dos três primeiros graus do Rito Escocês Antigo e Aceite como Lojas Azuis, em uniformidade com o estabelecido no resto do mundo maçónico.

Consequentemente, embora a designação de Loja Azul tivesse originalmente decorrido da cor do rito que no século XVIII se praticava, hoje em dia essa designação aponta as Lojas dos três primeiros graus da Maçonaria, qualquer que seja o rito praticado.

Quanto à tal exceção, que é, afinal, uma mera curiosidade. Presentemente, nos EUA, toda a Maçonaria Regular trabalha num único rito, a variante norte-americana do Rito de York, fixada por Preston e Webb (normalmente denominada por Rito Preston-Webb). À exceção de uns irredutíveis gauleses... Não propriamente a aldeia de Astérix, mas algo de parecido. A Louisiana foi originalmente colonizada por franceses e foi território colonial francês. Foi durante esse período que ali foi introduzida a Maçonaria, segundo o rito mais praticado em França, o Rito Escocês Antigo e Aceite. Ulteriormente, a Louisiana foi vendida pela França aos Estados Unidos e passou a Estado integrante dos Estados Unidos da América. Quando ali se organizou, ao estilo continental norte-americano, a Maçonaria, sob a égide da Grande Loja da Louisiana, todas as Lojas a partir daí criadas passaram a utilizar a variante local do Rito de York. Mas as Lojas pré-existentes que manifestaram o desejo de continuar a trabalhar segundo o Rito Escocês Antigo e Aceite, mesmo nos três primeiros graus, foram autorizadas a assim continuar a fazer. Até hoje! Subsiste presentemente cerca de uma dúzia dessas Lojas. Os maçons americanos chamam-lhe "Maçonaria Vermelha" e... são um polo de curiosidade...

Rui Bandeira

18 fevereiro 2009

Um Grupo de Macacos

Há algum tempo que não colocava um texto aqui, já que tenho estado envolvido no desenvolvimento do Website da Mestre Affonso Domingues (www.rlmad.net), o que não deixa muito tempo livre; contudo, não resisti a partilhar este texto no Blog:


Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, tendo no centro colocado uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jacto de água fria sobre os que estavam no chão. Depois de algum tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco se atrevia a subir a escada, apesar da tentação das bananas.

Os cientistas decidiram então substituir um dos cincos macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o agrediram. Depois de algumas agressões, o novo integrante do grupo deixou também ele de subir a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.

Se fosse possível perguntar a algum deles porque motivo batiam em quem tentasse subir a escada, certamente que a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...", ou “sempre que alguém tenta subir a escada, há que lhe bater …”, ou ainda "os que tentam subir a escada, gostam de apanhar; estamos a prestar-lhes um serviço...".

Creio que nem sempre nos questionamos sobre por que motivo "batemos" ou se faz sentido fazê-lo – limitamos a agredir ou a dizer mal, até porque nesta nossa atitude tão Portuguesa, dizer que está mal (bater), “é uma forma de competência”.

Casa do maçom

Iniciativa da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Fraternidade Paulista, foi inaugurada, em 27 de abril de 2008, na localidade de Barretos, Estado de São Paulo, Brasil, a Casa do Maçom "João Baroni", que recebe pacientes de várias cidades do país. O espaço oferece hospedagem a maçons e familiares de todo o Brasil, que se encontrem em tratamento no Hospital de Câncer da Fundação Pio XII, de Barretos. Localiza-se na rua Paraguai, nº 1.800, a cerca de 800 metros do Hospital.

A cerimónia de inauguração reuniu representantes das Maçonarias de vários Estados, bem como o Venerável Mestre da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Fraternidade Paulista e membros das várias Lojas Maçónicas de Barretos.

A casa é formada por onze apartamentos totalmente mobiliados, apropriados para receber pacientes com acompanhantes. Cinco deles são adaptados para utilizadores de cadeira de rodas. O espaço conta ainda com receção, lavandaria, área de convívio, sala de TV, cozinha e refeitório, num terreno de 1.100 m2, com um total de 460 m2 de área construída.

A casa, concebida com base nos símbolos usados na Maçonaria (esquadro, compasso e régua), foi projetada pelo engenheiro André Ponciano, colaborador do projeto. A construção foi realizada no período de dois anos. A primeira pedra foi colocada no dia 23 de abril de 2006.

(Informação obtida através de mensagem de divulgada no Grupo Maçônico Orvalho do Hermon e pesquisada nos sítios da A.R.L.S. Fraternidade Paulista e A.R.L.S. Cavaleiros de São João, n.º115)

Rui Bandeira

17 fevereiro 2009

Meio por cento


Uma das instituições de solidariedade social que é cara aos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues é a CERCIAMA - COOPERATIVA DE EDUCAÇÃO E REABILITAÇÃO DE CIDADÃOS INADAPTADOS DA AMADORA, CRL. A CERCIAMA tem a sua sede e instalações de assistência, guarda, ensino, apoio, formação e reabilitação de cidadão inadaptados, designadamente em consequência de serem afetados pela trissomia 21 (vulgo: mongolismo) ou outras doenças ou insuficiências do sistema cognitivo, na R. Mestre Roque Gameiro nº 12, 2700-578 AMADORA e está reconhecida como instituição de utilidade pública (DR, II Série. n.º 152, de 03/07/1984). No seu blogue , a CERCIAMA faz o seguinte apelo, que temos todo o gosto em aqui reproduzir e secundar:

A partir da declaração de IRS, respeitante ao Ano 2008, a tributar em 2009, informa-se que pode consignar 0,5% do Imposto Liquidado (Lei nº16/2001 de 22 de Junho, Art. 32º e Portaria nº 80/2003 de 22 de Janeiro) à CERCIAMA.

Basta inscrever no Anexo H, caixa 9, coluna 901, o número de IDENTIFICAÇÃO DE PESSOA COLECTIVA, neste caso da CERCIAMA.

A CERCIAMA tem como Número de Identificação de Pessoa Colectiva (NIPC), o seguinte:

500 636 826

Quer no modelo de IRS electrónico, quer no modelo de IRS entregue em suporte de papel à vossa Repartição de Finanças, a vossa consignação deve ser assinalada no Anexo H, caixa 9, coluna 901, marcando um X no quadradinho com que termina a linha que refere:

-INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE SOLIDARIEDADE SOCIAL ou PESSOAS COLECTIVAS DE UTILIDADE PÚBLICA (art. 32º, nº4 e 6).

Recorda-se que não assinalando nada na Caixa 9, … todo o benefício será directamente consignado à Fazenda Pública!

A CERCIAMA AGRADECE o vosso gesto de solidariedade pessoal, sem descurar que outra possa ser a entidade destinatária do donativo.

Seja Solidário uma vez mais!

Ajude a CERCIAMA

Obrigado

Meio por cento é quase nada! Mas lembrem-se que muitos meios por cento ajudam - e de que maneira! - quem, muitas vezes, é a única ajuda de quem dela absolutamente precisa!

Portanto, meus caros leitores sujeitos passivos de IRS em Portugal, é assim: basta ter o cuidado de guardar estes dados e, quando preencherem a vossa declaração de IRS, colocar o número de pessoa coletiva da CERCIAMA e o tal "X" no quadradinho da caixa 9 do Anexo H e, sem custos para vós, 0,5 % do IRS que vos é liquidado é entregue pela fazenda Pública à CERCIAMA. Se nada fizerem, se nada cuidarem, se não quiserem ter o pequenininho esforço de se recordarem de assim fazerem e de efetivamente o fazerem, a Fazenda Pública, em vez de ficar apenas com 99,5 % do vosso IRS e entregar 0,5 % dele à CERCIAMA, fica com os 100 % todinhos do vosso IRS.

A escolha é vossa!

Mas para quem reclama, resmunga ou murmura que o Estado podia aplicar melhor o dinheiro dos nossos impostos, convenhamos que prescindir de determinar-lhe que entregue a pequenina parte do nosso IRS que ele, Estado, aceita que nós determinemos a quem deve entregá-la, não será muito coerente...

E a CERCIAMA merece que nos lembremos dela e que tenhamos para com ele este gesto pequeno, fácil e sem custos para nós: determinar à Fazenda Pública que lhe entregue 0,5 % do nosso IRS! Quem porventura duvidar, tem uma maneira muito fácil e rápida de tirar as dúvidas: é ir visitar a CERCIAMA e ver, com os seus próprios olhos, o fantástico trabalho que ali é feito!

Leitor de Portugal: não guarde para amanhã o que pode fazer hoje! Imprima este texto e guarde-o na pasta dos documentos que precisará consultar quando fizer a sua declaração de IRS. Assim não se esquece!

Rui Bandeira

16 fevereiro 2009

MISERÁVEL MESTRE crónica de ‘MILLÔR FERNANDES’ (?)

Reapareci com o convite para a dádiva de sangue do próximo dia 28.
Acontece que o nosso inesgotável Rui, já há 3 ou 4 semanas, me enviou uma estórinha supostamente de autoria de Millôr Fernandes, autor de quem sou fã indiscutível desde há muitos anos, pelo humor sem paralelo com que escreve crónicas da vida diária, em críticas tão humoradas quanto verrinosas e certeiras.
Desde o tempo de ‘O Cruzeiro’ que o admiro, e já lá vão várias dezenas de anos (ele tem mais do que eu…).
No início do ‘A Partir Pedra’ um dos primeiros posts que coloquei foi exatamente um texto do Millôr, extraordinário ( a famosa definição da ‘Rôsca’… uma rosca é uma rosca, é uma rosca, é uma rosca.) e aí descobrimos, ambos (eu e o Rui), que era-mos igualmente fãs do Millôr Fernandes.
Este texto, após chegar ao nossos correios, teve um acerto igualmente suposto porque neste momento não temos qualquer certeza quanto à sua autoria.
Chegou como sendo do Millôr, mas a logo depois apareceu-nos um desmentido que nos merece tanta credibilidade quanto a primeira autoria.
Com autor ou sem ele fica uma certeza, não é minha autoria e tão pouco do Rui.
Mas ambos estamos de acordo que merece ser postado !
A questão está em que o que aqui vai no texto ‘não é moleza, não…’, bem pelo contrário, é dureza mesmo !
Eu conheço alguns… por muito que isso me doa, e dói, podem crer.
É o caminho para a perfeição…? pois será… !
Por isso é tão duro, por isso é dureza !
Aí vai :


Tô falando....não param de me perseguir! Estão sempre contra a minha pessoa. E ainda se dizem irmãos. O negócio é que a Loja estava um marasmo. "Tava um saco".
Aliás, por falar nisso, sempre preferi AMASSARMARIA à Maçonaria, vocês sabem. Só tem um negócio lá que atrai: O PODER!
Foi aí que resolvi: quero ser Venerável!
Comecei a conversar com os caras, mas eles me vieram com um papo de que era cedo, que eu não tinha sido secretário...! Função subalterna, trabalha mais do que fala. Jamais! Não tenho tempo para isso... QUERO MESMO É SER VENERÁVEL! Mas tudo tem seu jeito. Os dias passaram, bati papo com uns e outros, fui enrolando. Fiz um leilãozinho de cargos.
Pouco trabalho e muita pose. As Vigilâncias vão para dois alérgicos ao trabalho. Nada de preparar Instruções. Se elas já estão escritas, quem quiser que leia, bolas.
A oratória vai para um caso patológico de exibicionismo que precisa de platéia - vai ter sempre! E por ai continuei...
Quanto àquelas condições de elegibilidade, atropelei todas. Pra freqüência, atestado médico comprovando ‘Mal de Escroque’. Nada como uns livrinhos misticistas. Dou uma cheirada neles e viajo no esoterês...

Bons costumes? Não tem problema, eles ainda não me conhecem direito...
Capacidade administrativa? Bah, administração é coisa para jogar em cima do secretário. Meu negócio é bater malhete e usar paramento. O resto, eu leio e só assino. Mas tem uma turminha que se acha dona da Loja só porque não falta, arruma e desarruma o Templo, chega cedo, comparece no Tronco ou na obra de amor e outras besteiras dessas. Eles resolveram lançar um candidato deles. Mesmo que ele não tenha chance, não custa pichar um pouco.
Como dizia meu guru, "da calúnia sempre fica alguma coisa..." Fui armando nos bastidores, fazendo cabalas com minha grande capacidade de persuasão... Vocês sabem, ele é muito jovem, não presta para mandar...
Comprei presentinhos, fiz longos discursos e botei algumas notas no Tronco (pô que desperdício). Prometi, bajulei e menti. Beijei criancinhas, abracei sogras, fui a batizado e enterro. Enfim, tornei-me o candidato ideal.
O outro boboca, coitado, nem fez campanha. Apresentou um tal plano de trabalho que fazia jus ao nome, só falava de trabalho. Argh! Ninguém deve ter gostado.

Chegou o grande dia da eleição, eu lá tranqüilo, já até pensando na reeleição. Aliás preciso até ver quantas vezes é permitido, de repente, dá até para mudar o regulamento... Por falar nisso, será que venerável é como comprar toca-fitas: instalação é de graça? Não importa. Se não for, ponho na conta da Loja, junto com as dos paramentos, que já mandei fazer, bordados a ouro.
Enfim, o grande momento. Começa a apuração.
Há Unanimidade, estão dizendo. É a glória. Eu mereço...
O quê...? Ganhou o outro? Não absurdo! É roubo! E o meu voto e os compars..., quero dizer, correligionários? Heim...? Não tínhamos freqüência? Vocês não me merecem. Vou fundar uma outra Loja, para ser Venerável.
Vocês ainda vão ver a ‘VIGARICE & PICARETAGEM’ em funcionamento ainda este ano. Quero meu Quit Placet! O quê? Tem de pagar? Deixa pra lá então!
TFA
Ir.·. Millôr Fernandes (?)

E hoje fica assim.

JPSetúbal

13 fevereiro 2009

6ª feira, 13 ! Quem falou em DIA DE AZAR ?

Meus Caríssimos Irmãos, Amigos, Leitores, Comentadores, Críticos e demais interessados no "A Partir Pedra", de vez em quando 'dou à costa', que é como quem diz, reapareço para postar umas bocas...
Acontece que já há muito tempo não se 'faz sangue' neste blog e hoje é o dia do regresso às lides consanguíneas.
Pois bem, não vale a pena pôr muito na carta, porquanto é sabido da maioria dos nossos seguidores, embora nos últimos meses tenham aparecido muitas adesões, que através do 'A Partir Pedra' a R:.L:. Mestre Affonso Domingues faz periódicamente uma chamada aos dadores, antigos, novos e futuros, para colaborarem nas nossas sessões de dádiva de sangue.
É uma prática antiga e desde há 2 anos com a colaboração do magnífico Grupo 19, dos Escoteiros da Pontinha, que com o entusiasmo dos jovens de boa vontade contribuem para a angariação de dadores, sendo que eles próprios são os primeiros a dar o exemplo e a apresentarem-se em peso no ginásio da Escola Melo Falcão (justamente na Pontinha, a 5 minutos do Metro).
Então cá fica o desafio do costume para o próximo dia 28 de Fevereiro, Sábado, durante a manhã das 9 e até às 13 horas.
Não há razão para faltas, desde que as condições físicas o permitam.
Não custa nada, nem fisicamente nem económicamente.
Com a certeza antecipada de que alguém, nalgum lugar, se salvará graças a um tão pequeno gesto de cidadania ativa.
Meus Amigos, a deslocação até à Pontinha, se forem de Metro, até é uma viagem bonita, porque a vista pelas janelas das composições é particularmente colorida para aqueles lados, e se por acaso não virem nada não se preocupem demasiadamente, é sinal de que precisam mesmo de dar sangue !!!
Evidentemente que não será do V. conhecimento, mas alguém, algum dia, Vos irá agradecer o pequeno gesto de humanidade que é a V. dádiva.
Não faltem e tragam um Amigo também.

JPSetúbal

12 fevereiro 2009

Continuação da resposta a outra pergunta

Para além da evolução da maçonaria em dois ramos distintos, Regular e Liberal, o outro fator que, na minha opinião, tem dado origem a criação de diversos corpos que, no mesmo espaço territorial, se reclamam de maçónicos é aquilo a que no texto de ontem apelidei de "insuficiente êxito de alguns em polir a pedra do seu caráter, mantendo-se permeáveis e dominados por vícios como a vaidade, o desejo ou apego ao que consideram Poder, a intolerância". Traduzido por miúdos: vaidades, lutas e ambições por vão "poder", incapacidades de integrar desacordos pontuais, transformando-os desnecessariamente em profundas diferenças, geradoras de afastamentos. A minha própria formulação da frase é demonstrativa de que, se compreendo e encontro justificação para a emergência da Maçonaria Liberal, sou claramente crítico destas outras criações.

Historicamente, no mundo a Maçonaria criou-se segundo os princípios da Maçonaria Regular. Pelas razões e no contexto aludidos no texto de ontem, emergiu também a Maçonaria Liberal. Ambas são formas de Maçonaria. A opção por uma ou por outra depende de conceções da vida e do mundo. Resulta de princípios. São, em qualquer dos casos, escolhas inatacáveis.

Por outro lado, a Maçonaria criou-se como uma instituição masculina. Porém, a seu tempo, se colocou a questão de que as mulheres também podiam e eram suscetíveis de se aperfeiçoar seguindo o método maçónico. Criaram-se assim organizações femininas buscando o autoaperfeiçoamento, segundo o método maçónico, com recurso ao simbolismo e trabalho ritual, adaptado à sensibilidade e idiossincrasia femininas. Essas organizações adotam normalmente designações de Grandes Lojas Femininas e são vulgarmente designadas por Maçonaria Feminina. A Maçonaria Regular, embora considere que a designação de "Maçonaria", sem adjetivos, deve corresponder ao conceito de uma instituição exclusivamente masculina, reconhece o direito ao autoaperfeiçoamento feminino, segundo o método da especulação simbólica e prática ritual, adaptada ao género feminino. É uma realidade distinta da Maçonaria, mas que os maçons regulares reconhecem como louvável. Inclusivamente, em Inglaterra não é incomum a partilha de instalações entre Lojas masculinas e femininas. A Maçonaria Regular, a exemplo da sua posição quanto à Maçonaria Liberal, só não admite intervisitação em reuniões rituais entre maçons regulares e senhoras. Porque as práticas rituais de uns e de outras são específicas para a melhoria dos respetivos grupos, não se justificando presenças ou intromissões que seriam meramente do foro da curiosidade ou de praxe social.

Mas, sendo a Maçonaria Regular exclusivamente masculina, aceitando esta sem reservas o direito feminino a emular, em benefício do seu próprio aperfeiçoamento o método maçónico e sendo a diferença de género um facto da vida, é também inatacável o direito de as senhoras se agruparem no que designam por Lojas e Grandes Lojas Femininas.

Também nalguns pontos do globo se criaram organizações mistas de género, autodesignadas de Co-Maçonaria, isto é, organizações abertas a homens e senhoras. Do ponto de vista da Maçonaria Regular, estas organizações não se justificam. Sendo as sensibilidades masculina e feminina diferentes (é conhecida a frase, que vale o que vale, mas é ilustrativa, de que os homens são de Marte e as mulheres são de Vénus), não se afigura útil nem eficaz um método ou, sobretudo, uma prática ritual única e comum. Ao contrário do que sucede com as organizações femininas, que são reconhecidas como uma realidade que, embora necessariamente diferente, é similar à Maçonaria e de utilidade para as suas destinatárias, a Maçonaria Regular não reconhece utilidade nem necessidade a essas organizações mistas. No entanto, pessoalmente admito que quem optar por integrar uma dessas organizações o faça por princípio, pelo que considero também inatacável o direito de, quem assim o desejar, assim fazer.

Questão completamente diferente é, quer no âmbito dos princípios da Maçonaria Regular, quer segundo as opções da Maçonaria Liberal, que haja quem entenda constituir organizações paralelas. Nesse caso, ou haverá pura imitação, ou criação de organizações justamente consideradas pelas originais como clandestinas. E nesse caso o que estará em causa não serão princípios (pois os imitadores ou clandestinos proclamam os mesmos princípios da organização original), mas apenas manifestações de egos.

Esse tipo de situações ocorreu já em todo o mundo maçónico, quer no âmbito da Maçonaria Regular, quer no da Maçonaria Liberal. Ressalvadas algumas exceções, normalmente dão origem a pequenas e isoladas, interna e internacionalmente, organizações, que estiolam durante algum tempo, até ao seu desaparecimento. A maior parte dura umas dezenas de anos (o que, em Maçonaria, é muito pouco...) desde o nascimento à extinção. As que sobrevivem e permanecem durante mais de um século é porque, algures na sua génese ou desenvolvimento, acabaram por corresponder a interesses ou valores ou princípios diversos e que justificam essa existência.

Na minha opinião, não é grave - até porque - repito - normalmente resultantes de meros egos inchados - a ocorrência desses episódios. O tempo se encarrega de separar o trigo do joio. Cada um que faça o seu caminho e se preocupe consigo e com os seus e deixe viver quem quer seguir, certa ou erradamente, caminhos diferentes.

Nestas situações só há, a meu ver, uma questão a ter em atenção: durante a vida da organização clandestina, alguns elementos de boa vontade aderirão a ela, crentes no seu valor e pretendendo seguir os princípios, seja da Regularidade, seja da Maçonaria Liberal. Esses elementos de boa vontade e boas intenções não devem ser penalizados nem sofrer consequências devido aos inchaços de ego alheios. As organizações originais devem estar atentas a essas situações e, em bases estritamente individuais, criar mecanismos que permitam a quem, ciente que esteja do seu engano, poder prosseguir o seu caminho livre do labéu da clandestinidade.

E não é possível a reintegração da organização clandestina na original? Claro que nunca se deve dizer nunca, salvo em questões de princípio. Mas tenho para mim que isso só é passível de ser encarado, com hipóteses de êxito, quando os egos inchados tiverem terminado a sua passagem pela organização clandestina. É certo que, normalmente, o que incha desincha, mas, em matéria de egos, esse processo costuma ser demasiado demorado... Portanto, na minha opinião, sempre que ocorrem situações de cisão ou clandestinidade, o melhor que há a fazer é dar tempo ao tempo, ter presente que atrás de tempo, tempo vem e que o tempo (quase) tudo cura...

Em resumo, meu caro José Luciano: na minha opinião, não há qualquer estilhaçamento, mas apenas alguma borbulhagem. Efeitos de inchaços de ego...

Rui Bandeira

11 fevereiro 2009

Começo de resposta a outra pergunta

Na sequência do texto Pergunta de profano, José Luciano, através de uma mensagem de correio eletrónico, questiona:

Escreve o Sr. em "Pergunta de Profano":

"Especulativa também porque o trabalho primordial do maçon é especular,...", e eu pergunto, será de tão especulativa que a Maçonaria se estilhaça? será do trabalho sobre a "espiritualidade e a moral" que ela se perde, tantas vezes, em caminhos tão enviesados?

Seria útil que José Luciano concretizasse um pouco mais o seu entendimento, assim limitando o risco de se estar a referir a alhos e eu a responder a bugalhos. De qualquer forma, procurarei dar a minha opinião, segundo o que alcancei da questão colocada. Se errar o tiro, José Luciano fará o favor de me corrigir o azimute, para que eu vise melhor...

A questão contém em si pressupostos com os quais não concordo: que a Maçonaria se estilhaça e que se perde, tantas vezes, em caminhos tão enviesados.

Assumindo que José Luciano classifica como estilhaçar da Maçonaria a existência de diversas Obediências, com diferentes orientações, cada uma reclamando jurisdição sobre um conjunto de Lojas maçónicas, a minha convicção é que tal não deriva de a Maçonaria ser "tão especulativa". Resulta, antes de dois fatores, um positivo, outro nem por isso: essencialmente, da incomensurável bênção de que beneficia a espécie humana, comummente designada por livre arbítrio; nalguns casos, do insuficiente êxito de alguns em polir a pedra do seu caráter, mantendo-se permeáveis e dominados por vícios como a vaidade, o desejo ou apego ao que consideram Poder, a intolerância.

Especular é uma das mais nobres caraterísticas da espécie humana. É o que nos possibilita evoluir, crescer, avançar. A Ciência Experimental nasce, em cada dia, da especulação. O processo científico resulta da elaboração de uma hipótese (especulação sobre se determinada ideia corresponde à realidade) e sua verificação ou infirmação por via experimental. A capacidade de especular, ínsita na natureza humana, é um componente essencial do Livre Arbítrio com que fomos dotados. Cada um de nós faz, em cada momento, as suas escolhas em função da sua análise das hipóteses que descortina viáveis e da probabilidade da sua ocorrência. Especular, portanto, é tão inerente à natureza humana como respirar. Nisto, a Maçonaria nada trouxe de novo ao Homem. O caráter distintivo da Maçonaria - e que eu sublinhei no texto que suscitou a colocação da questão - é o facto de essa especulação ter como ponto de partida símbolos, de cuja apreensão, estudo e compreensão cada um deve partir. Por isso também a Maçonaria, além de Especulativa, muitas vezes é designada por Simbólica.

A especulação simbólica, em si e só por si, em nada contribui, ao menos decisivamente, para a existência de diversas correntes e Obediências maçónicas. O caso mais paradigmático, o que alguns consideram a cisão entre a Maçonaria Regular e a que é designada ou se designa por Maçonaria Irregular ou Liberal ou Universal, e que eu considero antes uma natural, previsível e frutífera divisão do tronco comum em dois ramos, ambos alimentados pela mesma seiva, provinda da mesmas raízes, mas cada um inclinando-se para o lado que melhor lhe convém - e afinal ambos contribuindo para o equilíbrio do todo... -, resultou, mais do que de diversas conclusões sobre diferentes análises, da porventura inevitável consequência de diferentes ambientes, inserções e convulsões sociais. A Maçonaria de matriz anglo-saxónica, a Maçonaria Regular, implantou-se e cresceu no seio da sociedade e das classes dirigentes da sociedade, enquanto instituição integrada na ordem social existente, com o propósito de aperfeiçoar pessoas e, por essa via, contribuir para a melhoria, a evolução da sociedade em que se integrou. A Maçonaria dita Irregular ou Liberal ou Universal resulta de uma implantação em terreno que rapidamente seria sacudido pelos tumultos de uma Revolução, que tudo pôs em causa, que tudo virou e revirou, baralhou e deu de novo, desfez e refez.

É essencialmente destes dois diferentes ambientes evolutivos que - talvez inevitavelmente - resultam estas duas diferentes cambiantes da Maçonaria. A Maçonaria Regular, inserida na ordem social, procurando contribuir para a sua melhoria, permaneceu fiel à conceção original de que "no princípio era o Verbo". Acrescenta às convicções herdadas do antecedente as noções de Razão, de Ciência, de Tolerância. Evolui da Idade das Trevas para o mundo moderno através do Iluminismo e do Racionalismo, sem perder a sua ligação ancestral ao conceito do Criador. Evolui do teísmo para o deísmo, sem deixar de integrar quem se considere teísta, assimilando a noção de que o Criador existe para além das conceções individuais ou coletivas da sua natureza, identidade, aspeto, forma, caraterísticas, etc.. Com isso, integra qualquer noção individual ou coletiva do Criador como respeitável, aceitável. Institui a Tolerância como paradigma. Mas nunca perde a noção do Criador. O Homem procura aperfeiçoar-se, evoluir, porque essa é a sua natureza, assim resulta da Criação. Separando os planos do divino e do humano, não deixa de especular como o humano se aproxima, surpreende, entrevê, o divino. A Maçonaria dita Irregular, ou Liberal, ou Universal, caldeada nos tumultos sociais, confrontada com intoleráveis vícios sociais, extremas desigualdades, opressões inaceitáveis, assume um cariz muito mais interventivo. Mais do que melhorar o Homem e, por essa via, melhorar a Sociedade, entendeu que se impunha, prioritariamente, melhorar, modificar, a Sociedade, para, por essa via, poder melhorar o Homem. E, assim, evoluindo em sentindo diferente do outro ramo, intervém ativamente na política e na conformação e organização social. Mais do que simples força propiciadora de evolução, assume, sempre que o entende necessário, caráter revolucionário. E, assim, claramente que entra em rota de colisão com as forças sociais de cariz conservador das sociedades cuja modificação rápida pretende. Entre essas forças, historicamente está a Igreja Católica. O conflito é inevitável. Do questionamento da Igreja ao dos seus ministros vai um passo. Da colocação em crise do que estes representam um outro, mais curto. Do questionamento da crença, um outro, mais curto ainda. Por outro lado, a luta por valores tão absolutos, tão válidos, tão corretos, como inquestionavelmente são a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade, faz-se com todos os que partilhem esses valores. Ainda que não partilhem crença... Se a Maçonaria Regular já abolira as diferenças religiosas através da capa da Tolerância perante todas as crenças, por que não estender, alargar, essa capa também a quem não tem opinião formada sobre a existência ou não de Criador? E, mais ainda, a quem entende que não existe Criador, mas partilha os valores da Liberdade, Igualdade, Fraternidade?

Na minha opinião, os diferentes ambientes de implantação da então jovem instituição, após a sua transformação de Operativa em Especulativa, explicam com clareza porque ocorrem estas duas diferentes evoluções. Que só podemos considerar naturais, senão inevitáveis. É da natureza das coisas que o que evolui em ambientes diversos evolua diferentemente. A racionalização especulativa, neste caso, vem depois. Ao analisar as diferenças, as consequências, de cada uma das conceções. Racionalização, especulação, que não pode deixar de reconhecer o que é evidente. Diferente evolução, assunção, ainda que apenas parcialmente, de diferentes conceções estruturantes da Maçonaria, seu propósito, sua inserção, implicam o reconhecimento que não se está já perante uma única realidade, mas de duas, embora muito próximas, muito parecidas, irmãs gémeas criadas em ambientes diferentes, mas por isso não menos irmãs, por isso não melhor nem pior uma do que a outra. Afinal, a Maçonaria, raiz e tronco comum, ao deitar dois ramos, ambos fortes, ambos dando frutos de natureza similar, ambos saudáveis, um de Maçonaria Regular, outro de Maçonaria Liberal (a quem uns chamam também de Irregular, outros de Universal), acaba por permitir acolher e melhorar um mais alargado leque de Homens Bons e contribuir para um positivo aperfeiçoamento social.

Estes dois ramos, tendo raízes e tronco comuns, são hoje claramente distintos. Ambos úteis. Ambos respeitáveis. Cada um partilhando com o outro muito, tanto. Cada um crescendo na direção que entende crescer, por si, sem que necessite de arrastar ou prejudicar o outro. Muito em comum e podendo comummente cooperar. Algo em separado, por cada ramo fruído e cuidado.

Não, meu caro José Luciano. O crescimento destes dois ramos autónomos da mesma árvore não é nenhum estilhaçamento, antes natural evolução. E não resulta da tendência especulativa dos maçons, antes, e simplesmente, do resultado do livre arbítrio humano, em confronto com diferentes ambientes.
Porventura reunir-se-ão estes ramos? Duvido! Questiono mesmo se seria bom, se não seria uma involução. Afinal de contas, existem porque correspondem a necessidade diferentes, possibilitando evolução e aperfeiçoamento a pessoas com diferentes formas de conceber princípios fundamentais. Cada Homem Livre e de Bons Costumes pode integrar-se no local onde se sentir mais confortável. E crescer. E melhorar. E evoluir. Para mim, isso é bom. Não um mal!

O texto já vai longo e ainda me falta responder-lhe sob outra perspetiva: a existência de diferentes Obediências que se reclamam de maçónicas, não em resultado destes diferentes ambientes propiciadores de diferente evolução, mas de outros fatores. Com a sua condescendência, deixarei isso para um próximo texto.

Rui Bandeira

10 fevereiro 2009

Curso para Aprendizes e Companheiros

O Grande Oriente de São Paulo (Brasil) inicia no próximo sábado, dia 14 de fevereiro, pelas 10 horas, um curso para Aprendizes e Companheiros, em quatro módulos.

O primeiro módulo de Aprendiz é dedicado ao tema Origens históricas da Maçonaria no Brasil e no mundo.

O primeiro módulo de Companheiro tratará dos temas Origem e história do grau e Particularidades do rito.

Embora o curso se destine diretamente a Aprendizes e Companheiros, a Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas do Grande Oriente de São Paulo, entidade organizadora, anuncia que o seu público alvo inclui, não só os maçons destes graus, mas também os Mestres. Que, acrescento eu, se devem sempre considerar eternos Aprendizes, se efetivamente aprenderam algo que valha a pena.

Serão emitidos e entregues certificados aos Irmãos que tiverem frequentado pelo menos 75 % do Curso, ou seja, pelo menos três dos quatro módulos.

O curso será dado no Palácio Maçónico do Grande Oriente de São Paulo, sito na Rua São Joaquim, n.º 457, Liberdade, São Paulo. (E que bem que soa que o Palácio Maçónico se situa na Liberdade...)

O curso é ministrado gratuitamente, mas é solicitada a doação de um quilo de alimentos não perecíveis - a que, obviamente, será dado o adequado uso solidário. (Excelente princípio!)

Para melhor organização das sessões, os interessados devem inscrever-se para a frequência do curso, seja através do endereço de correio eletrónico biblioteca@gosp.org.br, seja através do telefone da rede de
São Paulo, Brasil, 11-3346-7088, extensão (como se diz em Portugal) ou ramal (como se refere no Brasil) 150.

Rui Bandeira

09 fevereiro 2009

Casa Emanuel

A crise está aí! Vejo e sinto que as pessoas estão cada vez mais inquietas, temerosas. Vejo e sinto crescer a tendência para que cada um se feche nas sua concha, se abrigue até que a tempestade passe, em cada dia assumindo que ela será de maior duração do que lhe parecia no dia anterior. Vejo e sinto as pessoas a retraírem-se, a adiar ou anular despesas ou investimentos, por receio de arriscar um mínimo que seja. Enfim, vejo as pessoas a fazerem crescer a crise...

Se bem me recordo dos meus já longínquos estudos sobre os rudimentos de Economia que aprendi, uma das razões de aprofundamento de uma crise / recessão é precisamente o efeito psicológico que gera nas pessoas, levando-as a encerrarem-se no seu casulo que pensam protetor e a tentar passar pelos intervalos da chuva. E aí instala-se o ciclo vicioso de que é trabalhoso sair: o medo gera retração do consumo e do investimento, esta leva à diminuição da atividade económica e ao excesso de capacidade instalada, diminuição de vendas e de faturação, redução de pessoal, desemprego, nova diminuição de consumo, e por aí fora...

Ainda por cima aqui no hemisfério norte o tempo está de chuva, cinzentão, frio e desagradável - não ajuda nada à boa disposição. Suspeito, cá por mim, que os primeiros a sair da crise havemos de ser os portugueses, mas só quando o Sol voltar a brilhar, o tempo aquecer e a praia apetecer. Aí, sim, o pessoal vai decidir que já basta de estar sempre a pensar nas dificuldades, um cidadão também tem direito ao sol, mar e descanso, esta vida, afinal, são só dois dias e... quando dermos por nós já estamos a achar que afinal isso da crise é para os islandeses... E, por incrível que pareça, isso será bom e será um dos remédios para efetivamente ajudar à saída da crise...

Mas, entretanto, importa que mantenhamos a cabeça fria, os pés bem assentes na terra e não embarquemos em pânicos ou derrotismos. E, sobretudo, que tenhamos sempre bem presente que, por difíceis que as coisas estejam para nós, há sempre quem tenha muito maiores dificuldades, mais fundas, mais graves.

Os tempos de crise não devem por nós ser encarados como época de medos, cautela e caldos de galinha.Devem ser encarados como épocas em que aumenta a necessidade de SOLIDARIEDADE. Da nossa solidariedade. Do nosso menos, bem vistas as coisas, ainda podemos retirar uma migalha que, junto com miríades de outras migalhas, serão algo de indispensável a quem está com muitíssimo menos do que nós, quase nada.

Crise não pode, não deve ser sinónimo de egoísmo, antes de solidariedade.

Por isso, aqui se divulga um apelo à solidariedade formulado pelo secretário-geral da Fundação Sousa Pedro:


No dia 19 de Janeiro teve início a campanha
"Coração na Guiné" que visa a angariação de bens de primeira necessidade para enviar para o orfanato Casa Emanuel, na Guiné-Bissau, a única instituição do país que recebe crianças órfãs, com deficiências e HIV.

Esta terá a duração de três semanas e contará com uma divulgação diária no programa da RTP1 "Portugal no Coração" onde serão apresentadas imagens e depoimentos relacionados com este projecto e onde podem também contribuir ligando para o número 760307307, pois o custo desta chamada (0.60€) reverte a favor do Orfanato Casa Emanuel.

Imaginem que
com apenas 0.60 € conseguimos pagar a alimentação de uma criança por dia!

Todas as semanas surgem novos pedidos para o acolhimento de crianças órfãs e em situação de risco e é com a nossa ajuda que é possível à instituição aceitá-los. (Desde que este projecto arrancou a Casa Emanuel já "adoptou" mais 8 bebés...).

É por isso que mais uma vez apelo para esta causa pois todas as ajudas e donativos que queiram dar terão que ser feitos até ao dia 16 de Fevereiro, altura em que o contentor terá que ser fechado e enviado para a Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau.

Agradeço-vos em nome de todas aquelas crianças e peço que reencaminhem os contactos que disponibilizo em baixo:

Links com mais informações sobre o projecto

http://www.casaemanuel.org/pt/missaocasaemanuel_ficheiros/frame.html ( em Português)

http://www.casaemanuel.org ( Geral)

CONTAMOS CONSIGO! Juntos podemos fazer a diferença!

Um telefonema. Sessenta cêntimos. Uma criança alimentada durante um dia.

Simples, não é?


Portanto, meus caros amigos, colaborem na campanha e ajudem a CASA EMANUEL.


De caminho, pensem um pouco e vejam como isto da crise é uma coisa muito relativa, afinal...!


Rui Bandeira

06 fevereiro 2009

O tempo

Hoje vais ser um pouco diferente das outras sextas-feiras. Normalmente, neste dia da semana publico uma historieta para reflexão, quase sempre de autor que desconheço, selecionada de entre a correspondência eletrónica que recebo.

Hoje, publico uma pequena história, mas integrada num texto que me enviou José Restolho. Uma reflexão merecedora de atenta consideração e, portanto, geradora de mais reflexão.


Hoje enquanto dialogava com alguém a quem devo muito, por sinal, dei por mim a reflectir sobre o Tempo. Não sobre a meteorologia mas sim sobre o Tempo enquanto medida de intervalos de duração. Bom, Einstein, na sua teoria da relatividade, demonstrou que o Tempo não era afinal absoluto, mas sim relativo. Mas não é sobre a mecânica relativista que a minha reflexão se baseia. O Tempo é como uma cascata de água. Sempre contínuo, impossível de parar. E, tal como se estivéssemos no meio dessa cascata, por mais que se nade contra, acabamos sempre por ir no mesmo sentido da corrente. Já que não podemos fugir ao implacável Tempo, então que podemos fazer? Muita gente prefere ficar parada a pensar “Ai porque fiz eu isto?”, ou então “se eu soubesse o que sei hoje…”. É verdade que não podemos alterar as nossas escolhas, muito menos o passado, mas também não podemos encarar o futuro como algo planeado ao milímetro pois, citando o Princípio da Incerteza de Heisenberg, “No Universo nada é absoluto”. Existem várias correntes filosóficas sobre esta temática: Epicuro dizia que devíamos viver cada dia como os seguidores do Carpe diem defendiam que se devia de viver cada momento com toda a sua intensidade. Não que discorde com estas correntes filosóficas mas prefiro virar-me para oriente e, mais uma vez, encontrar lá a resposta. No meio de um manancial de contos e provérbio zen, encontrei este conto:

Certo dia, Buddha contou a um jovem que parecia desesperado:

Há algum tempo atrás, um homem que estava a caminhar pelo campo encontrou um tigre. Assustado, ele começou a correr e o tigre correu atrás dele. Aproximando-se de um precipício, o homem pegou nas raízes expostas de um arbusto selvagem e pendurou-se, precipitadamente, para baixo. O tigre farejava-o acima. Tremendo de medo, o homem olhou para baixo e viu, no fundo do precipício, outro tigre à sua espera. Apenas a raiz do arbusto o sustinha. Porém, ao olhar para a planta viu dois ratos, um negro e outro branco, que estavam a roer aos poucos a raiz. Nesse momento, os seus olhos descobriram no arbusto um belo morango, ali mesmo ao seu lado. Aí, o homem segurou a raiz só com uma mão, e com a outra pegou no morango e comeu-o. "Que delícia!" - disse ele.


Este conto faz-nos reflectir na importância de aproveitar e de viver o momento na sua plenitude. Quando paro e observo a nossa sociedade contemporânea, vejo a grande maioria das pessoas envoltas no stress do trabalho, sem tempo para nada nem ninguém. Vão-se tornando cada vez mais egoístas, isto é, concentram-se apenas nas suas carreiras profissionais e vão esquecendo o resto (família, amigos, etc). Não menosprezando a importância da carreira profissional, há que não esquecer o resto. Se todos arranjássemos um pouco mais de tempo para os que nos rodeiam, certamente que a nossa sociedade se tornaria mais tolerante. Pessoalmente tento manter esta ideia presente no meu pensamento, faz parte do caminho que percorro diariamente para, e passo a expressão, construção do meu modesto “templo”. Mais uma vez trata-se apenas de um testemunho profano que vos deixo para, tal como eu, reflectirem.

Como se vê, reflexão e busca de aperfeiçoamento não são exclusivo dos maçons! Genericamente, concordo com as conclusões do José Restolho. Apenas sublinho que a capacidade de aproveitar e viver o presente, na sua plenitude não deve corresponder ao abandono da perspetiva de futuro. Como em tudo na vida, fundamentalismos dão sempre mau resultado! O Presente é para ser desfrutado, mas é algo tão frágil que, mal damos por ele, já é Passado. E O Futuro é algo de intangível e incerto, mas, mal cuidamos, estamos imersos nele, não já como Futuro, mas no momento Presente!

Equilíbrio entre o desfrutar do Presente, o Recordar do Passado e o Preparar do Futuro. Esta, na minha opinião, a melhor fórmula para agirmos perante a Vida.


O José Restolho vira-se para o oriente, para aí procurar as respostas às questões filosóficas que o assolam. É um meio como outro qualquer. E, sentindo-se confortável com isso, tão eficaz como qualquer outro. A Sabedoria Oriental tem ainda o bónus de, usualmente, se expressar de uma forma poética ou semi-poética, que é uma feliz aliança entre a Sabedoria e a Beleza.


Mas permita o nosso amigo que puxe dos meus galões lusos e aqui consigne que a lição deste conto zen também está, muito mais terra-a-terra, é certo, presente em dois provérbios populares portugueses:
O que não tem remédio, remediado está e Morra Marta, morra farta! (quanto mais não seja, de moranguinhos...)

Um abraço e o meu agradecimento ao José Restolho pela sua autorização de publicação deste seu texto. E, a todos os leitores, pensem no texto me tirem também as vossas conclusões. Lembrem-se que pensar, refletir, é uma forma de prevenção do Alzheimer
...

Rui Bandeira

05 fevereiro 2009

Música no Blogue - Uma nova Etapa

Quase 5 meses depois de termos posto musica no blogue, e estando a playlist a ficar muito variada decidi subdividir os estilos de musica.

Assim passa a haver uma lista só com musica classica e uma outra só com musica ligeira. As listas estao colocadas sucessivamente e sao identificadas com cores diferentes, a Azul para musica clássica e a Vermelha para musica ligeira.

O que se ganha ?

flexibilidade de escolher o estilo de musica mais adequada ao gosto e ao estado de espirito.

O que se perde?
Para ouvir musica há que ir expressamente à playlist escolhida e iniciá-la.

Esperemos que este sistema funcione, e que seja pratico. Se não for por favor comente e dê a sua opinião.


Jose Ruah

04 fevereiro 2009

Pergunta de profano


Há dias, publiquei e comentei um texto que me foi enviado por um profano, sobre Aikido e Maçonaria. Esse contacto inicial tem proporcionado a continuação de uma agradável troca de correspondência. Mais do que isso, um precioso diálogo com um profano, a propósito do que neste blogue se escreve. Precioso para mim, porque este blogue destina-se, em primeira linha, precisamente ao esclarecimento de todos sobre a Maçonaria, do que trata, do que nela se faz. Ter - como periodicamente acontece - reações de profanos, seja em comentários aos textos publicados, seja em mensagens privadas, permite-me ir aferindo da forma e da eficácia com que é atingido o propósito de esclarecimento.

Transcrevo então de uma mensagem de José Restolho, onde ele coloca uma questão muito concreta:

Penso que é importante salientar que não quero de forma alguma tornar-me inoportuno. Simplesmente vejo neste blogue um sitio de reflexão e uma fonte de grande conhecimento que ajuda a saciar esta "fome" constante de conhecimento.

Entretanto e com profunda humildade, gostaria de lhe colocar uma questão. Uma das coisas que mais é realçada na maçonaria vista de fora são os seus ritos e símbolos, sobre os quais tanto se especula (não estou a incluir as ridículas teorias da conspiração, tais como a conquista do mundo pelos maçons, terem recebido os conhecimentos dos símbolos dos extra-terrestres ou ainda serem o instrumento do diabo na terra). Visto por mim não me parece que esses símbolos e ritos existam só porque sim, ou porque gostam de fazer teatro ( tal como ja vi referido num documentário do Discovery Channel). Então a minha pergunta é a seguinte:

Serão esses símbolos e ritos "guidelines" para a viagem que cada um tem de percorrer? Será errado dizer que os significados dos mesmos ultrapassam a comparação linear e lógica deles (por exemplo, esquadro = rectidão) e que o verdadeiro significado depende de cada um, sendo resultado de uma profunda introspecção?

É importante salientar que tenho consciência do facto de ser um profano e, como tal, compreendo se não me poder responder na plenitude a esta questão.

Antes de tudo, esteja José Restolho descansado que a resposta em nada fica limitada pelo facto de quem inquire ser profano, isto é, não maçon. Como acima referi, este blogue destina-se, em primeira linha, a propiciar o esclarecimento dos não maçons em relação à Maçonaria. Por outro lado, a matéria questionada em nada interseta matéria que possa estar coberto pelo chamado segredo maçónico - e que eu já tive oportunidade de mencionar que é muito mais restrito, simples e justificado do que normalmente se pensa: ver aqui.

A questão colocada permite resposta simples e direta: quanto à primeira pergunta, SIM; quanto à segunda, NÃO.

SIM, os ritos e símbolos são "guidelines" para a viagem que cada um tem de percorrer. Marcos. Estações. Indicadores. O estudo dos símbolos permite a cada maçon aprofundar o seu conhecimento das matérias relativas à espiritualidade e à moral. O domínio dessa técnica permite que vá cada vez mais longe, cada vez mais fundo, designadamente dentro de si - que é o mais longínquo lugar onde cada um pode ir, acreditem! E, a algum momento dessa viagem, porventura o maçon terá a satisfação de ter conseguido obter algumas das respostas por que ansiava.

Quanto à referência a ritos, existe uma imprecisão terminológica na pergunta (rito, ritual) que fica esclarecida, creio, com a leitura deste texto. Mas assentemos, por agora, que a execução do ritual é mais uma forma de colocar símbolos perante os maçons.

NÃO. Não é errado dizer que os significados dos símbolos ultrapassam a comparação linear e lógica deles e que o verdadeiro significado depende de cada um, sendo resultado de uma profunda introspeção. Também por esta via tem sentido e significado a designação de Maçonaria Especulativa. Especulativa também porque o trabalho primordial do maçon é especular, hipotizar, analisar, tentar, errar e recomeçar, aprender, cair, levantar-se e prosseguir. Por outro lado, cada um é diferente dos demais. Tem diferente combinação de genes. Diferente história de vida. Diversas influências. Os símbolos, enquanto elementos destinados a análise, a descoberta, são, por natureza, dotados de plasticidade que permite que cada um, do mesmo ponto de partida, chegue a destinos completamente diferentes.

Rui Bandeira

03 fevereiro 2009

Bodes do Asfalto em Portugal!

Foi já há quase ano e meio que publiquei aqui no blogue um texto sobre o Moto Clube Bodes do Asfalto. No final do ano passado, recebi uma simpática mensagem do Coordenador Estadual de Santa Catarina do dito Moto Clube, Irmão W. S. B., dando-me algumas informações de atualização.

Fiquei assim a saber - e, por esta via, ficam todos os que este texto lerem a partilhar esse conhecimento - que o Moto Clube Bodes do Asfalto tem presentemente cerca de 3.000 membros, no Brasil e em mais alguns países.

Agora a designação de EBA - Encontro do Bodes do Asfalto - ficou restrita aos Encontros regionais, sendo que agora existem também os EBA-"X", que se refere aos EBA realizados por estado (EBA-SP para o Encontro relativo ao Estado de S. Paulo, por exemplo) e o EBAN, que é o Encontro Nacional. É organizado um Encontro do Bodes do Asfalto Nacional anualmente, sempre mudando-se o local de realização.

E eis a grande novidade: para o final de Setembro do corrente ano, está prevista a realização do 1.ºEBAI - Encontro do Bodes do Asfalto Internacional!

E onde? Nada mais, nada menos do que percorrendo o Caminho de Santiago, a partir de Lisboa , obviamente, até Santiago de Compostela!

Está prevista a participação de 50 casais do Brasil, em motos de 600 cc alugadas.

Votos de grande sucesso para o 1.º EBAI!

Rui Bandeira

02 fevereiro 2009

As quatro dimensões do blogue


Quem consulta a banda direita do blogue, encontra, logo abaixo do Arquivo do Blogue, um espaço designado por Textos via RSS e, nele o ícone laranja com um ponto e dois arcos de círculo, a branco, que identifica o serviço de RSS, isto é, o serviço pelo qual o internauta pode ter assinalado, no local próprio do seu explorador da Rede, um atalho para o último texto publicado no A Partir Pedra.

Logo abaixo deste espaço, encontra um outro, intitulado Textos via correio eletrónico. Neste, encontra um atalho identificado como Receba os textos do A Partir Pedra por correio eletrónico. Este atalho dá acesso direto ao serviço de subscrição, gratuita, de uma funcionalidade útil para quem nem sempre tem tempo para navegar na Rede Mundial de Computadores, mas não quer perder a possibilidade de ler todos os textos que se publicam no A Partir Pedra: o envio, por regra entre as 21 e as 23 horas (hora de Portugal Continental, TMG), de uma mensagem de correio eletrónico para a caixa de correio eletrónico do subscritor do serviço, contendo o texto ou os textos (se foi publicado mais do que um) publicados no A partir Pedra nas 24 horas antecedentes.

Logo abaixo, tem um outro espaço, denominado Assinantes por RSS e por correio eletrónico, que contém uma imagem com a indicação, atualizada, do número de subscritores destes dois serviços, relativamente ao A Partir Pedra.

Estes espaços já existem há algum tempo e têm sido objeto de apreciável interesse e utilização, por parte dos nossos leitores, particularmente o relativo à subscrição da receção dos textos publicados no A Partir Pedra por correio eletrónico. Em menos de um ano, subscreveram os dois serviços 137 interessados, dos quais 125 para a receção dos textos por correio eletrónico e 12 por RSS - números à data da publicação deste texto.

Estes serviços eram fornecidos através do norte-americano Feedburner, o qual foi adquirido, no ano transato, pelo Google. O Google decidiu agora integrar o serviço na sua gama própria, embora mantendo a designação de Feedburner. Em consequência, está a decorrer - creio que até final do corrente mês - o processo de migração da plataforma original Feedburner para a plataforma Google.

A razão de ser principal deste texto é informar os nossos leitores que procedemos hoje à migração da conta para a nova plataforma. Em princípio, e se tudo correu bem, todos as já existentes requisições de feeds e de receção dos textos por correio eletrónico migraram para a nova plataforma e os leitores aderentes continuarão a receber os feeds e as mensagens de correio eletrónico, sem perturbações e sem necessidade de qualquer atuação. Mas, se porventura alguma anomalia ocorrer, solicito que me deem conta do facto para o endereço mestreaffonsodomingues@gmail.com e tentarei ver o que se passa. Mas, no limite, qualquer anomalia será fácil e rapidamente superada através de uma nova requisição do serviço, a efetuar já para a nova plataforma (o atalho já está atualizado para o efeito).

O conjunto de ferramentas de acesso aos textos do A Partir Pedra completa-se com o espaço Seguidores - atualmente 11. Este espaço destina-se a informais quais os detentores de contas Google que decidiram obter da plataforma o seguimento de todos os textos publicados no a Partir Pedra, através do painel de acesso à respetiva conta.

Tudo isto faz com que 148 leitores do A Partir Pedra sigam este blogue sem necessidade de a ele acederem diretamente e, portanto, sem serem contabilizados pelo contador de visitas. Este dá-nos conta de visitas diárias que variam normalmente entre cerca de 150 e 250 (episodicamente, um pouco menos ou um pouco mais). Ou seja, presentemente, o A Partir Pedra chega a cerca de 300-400 leitores por esse Mundo fora.

Por nós, fazemos o que podemos para facilitar aos nossos leitores o acesso aos textos. Por isso temos um blogue a quatro dimensões: acesso direto, RSS, correio eletrónico e seguimento.

A todos o nosso muito obrigado pelo interesse e a minha garantia pessoal de que procurarei que os textos aqui publicados continuem a manter o vosso interesse. Nem sempre haverá o "suco da barbatana", mas espero que a qualidade média não vos desiluda.

Rui Bandeira

30 janeiro 2009

O cão velho, o leopardo e o macaco

Mais uma história para ler e refletir. Hoje, tem a ver com a experiência e a sabedoria que só esta traz. Como habitualmente, recebi-a por correio eletrónico, desconheço o seu autor e editei-a ao meu jeito, para publicação aqui.

Uma velha senhora foi para um safari na África e levou seu velho cão com ela.


Um dia, caçando borboletas, o velho cão, de repente, deu-se conta de que estava perdido.

Vagueando a esmo, à procura do caminho de volta, o velho cão percebeu que um jovem leopardo o tinha visto e caminhava na sua direção, com intenção de conseguir um bom almoço...

O cachorro velho pensou:

- Oh, oh! Estou mesmo enrascado !

Olhou à volta e viu ossos espalhados no chão por perto. Em vez de se apavorar ainda mais, o velho cão ajeitou-se junto ao osso mais próximo, e começou a roê-lo, dando as costas ao predador .


Quando o leopardo estava a ponto de atacar, o velho cachorro exclamou bem alto:

- Este leopardo estava delicioso ! Será que há outros por aí ?


Ouvindo isso, o jovem leopardo, com um arrepio de terror, suspendeu o seu ataque, já quase começado, e esgueirou-se na direção das árvores.

- Caramba! - pensou o leopardo, - essa foi por pouco ! O cão velho quase me apanhava!

Um macaco, numa árvore ali perto, viu toda a cena e logo imaginou como fazer bom uso do que vira: em troca de proteção para si, informaria o predador que o cão não tinha comido leopardo algum....

E assim foi, rápido, em direção ao leopardo. Mas o velho cachorro viu-o a correr na direção do predador em grande velocidade, e pensou:

- Aí tem coisa!

O macaco alcançou o felino, cochichou-lhe o que lhe interessava e fez um acordo com o leopardo.

O jovem leopardo ficou furioso por ter sido feito de parvo, e disse:

- Macaco! Sobe para as minhas costas, para veres o que acontece com quem se arma em esperto comigo!


Agora, o velho cão via um leopardo furioso, a vir na sua direção, com um macaco nas costas, e pensou:

-E agora, o que é que eu posso fazer ?

Mas, em vez de correr (sabia que suas pernas doridas não o levariam longe...), o cachorro sentou-se, mais uma vez dando costas aos agressores, fazendo de conta que ainda não os tinha visto, e quando estavam suficientemente perto para o ouvirem, o velho cão disse:

- Mas afinal onde está o raio daquele macaco? Estou a morrer de fome! Ele disse que ia trazer outro leopardo para mim e nunca mais chega!


Moral da história: não mexa com cachorro velho... Idade e habilidade sobrepõem-se à juventude e intriga. A
Sabedoria só vem com a idade e a experiência.

É o que vos deixa aqui hoje este já maduro

Rui Bandeira

29 janeiro 2009

Ainda o Movimento Pijaminha

Em 30 de setembro do ano passado, o JPSetúbal publicou aqui no blogue um texto intitulado Movimento PIJAMINHA (da treta!). Faça o favor de seguir o atalho e ir lá (re)ler, antes de continuar a ler este texto... ... ...

Já está? Então ficou a saber ou recordou-se. Quem teve o cuidado de ler os comentários ao texto, tem já todos os elementos para prosseguir a leitura deste escrito. Quem não teve, faça o favor de voltar ao atalho e ler também os comentários. Este escrito espera e não foge, entretanto... ... ... Já está? Ótimo! Estamos então todos quase devidamente enquadrados para entender plenamente o que segue. Só falta saber dos antecedentes. Mas isso resolvo já no parágrafo seguinte...

O JPSetúbal, sempre solidário, tinha recebido uma daquelas mensagens-corrente que proliferam pela Rede Mundial de Computadores, no caso sobre o Movimento Pijaminha, e inquiriu dois ou três outros elementos da Loja sobre a possibilidade desta apadrinhar a campanha e ajudá-la. Da conversa havida, resultou que era uma possibilidade a ponderar, mas que, antes de tudo, havia que investigar sobre a efetiva existência da campanha, a bondade dos seus propósitos, o real interesse dos seus objetivos, a sua relevância social - enfim, as verificações que habitualmente fazemos antes de decidirmos dar o nosso apoio a qualquer entidade ou iniciativa. O JPSetúbal encarregou-se de obter algumas informações e... logo na primeira diligência, no IPO, apanhou com um banho de água fria: não só o IPO não necessitava de pijaminhas, como não caucionava a iniciativa e, até, a considerava perturbadora dos seus serviços. Daí o texto do JPSetúbal referenciado no atalho acima.

Parecia assunto acabado. Mas alguns comentários àquele texto puseram-me o ninho atrás da orelha... O simple, embora confessando o seu ceticismo, informou da existência de um blogue do Movimento Pijaminha. Elsa Nascimento assumia-se como elemento desse movimento e também assinalava o dito blogue.

Quando alguém dá a cara, merece-me, pelo menos, o benefício da dúvida. Resolvi ir espreitar o tal blogue e ver por mim próprio. Encontrei lá este texto da assumida líder do movimento. Pareceu-me esclarecedor, mas continuei a reservar a minha opinião e decidi ir acompanhando o assunto.

Em novembro último, recebi uma mensagem dando-me conta deste comunicado de imprensa do IPO. Novo mau sinal...

Já este mês, li esta entrada no blogue do Movimento Pijaminha.

Creio já ter elementos suficientes para ter uma opinião formada.

Segundo o Movimento, este ano, apesar de afetados pela polémica, conseguiram recolher donativos que lhes permitiram distribuir 310 pijamas no Hospital D. Estefânia, 20 pijamas e 20 pares de meias na Casa da Criança de Tires e 44 pijamas e 30 pantufas e chinelos e vários pares de meias no Instituto da Sãozinha, na Abrigada, Alenquer. Não é já feita nenhuma referência ao IPO.

O IPO, por sua vez, continua a rejeitar a associação do seu nome ao movimento.

Em face das duas posições, as minhas conclusões são:

1. O Movimento terá sido iniciado por pessoas bem intencionadas, mas voluntaristas.

2. Algo inorgânico, mas desorganizado e vulnerável a entusiasmos avulsos, deu origem a mensagens eletrónicas e apelos descoordenados, utilizando o nome de Movimento Pijaminha e associando-o, indevidamente, ao IPO - o que esta instituição não apreciou nada!

3. O núcleo inicial do projeto tenta salvá-lo e fazê-lo ultrapassar a polémica e dirige a sua atividade em benefício de outras instituições que não o IPO.

4. Se na minha mente permanecem algumas dúvidas sobre a efetiva necessidade social de distribuir pijamas no Hospital público de D. Estefânia, admito que seja relevante o auxílio prestado a instituições de acolhimento de crianças.

5. As intenções dos promotores do movimento parecem ser louváveis e, pelo menos, quanto aos lares de acolhimento de crianças, são suscetíveis de suprir ou ajudar a suprir algumas necessidades reais.

6. No entanto, o "pecado original" da polémica ocorrida, afeta, talvez irremediavelmente, a "marca" Movimento Pijaminha.

Correndo o riso de dar uma opinião que me não é pedida, penso que a iniciativa tem possibilidades de ser relevante para ajudar a suprir efetivas necessidades sociais, designadamente no particular "nicho" das instituições de acolhimento de crianças, mas, para tal, necessita de fazer duas coisas:

1. ORGANIZAR-SE. ESTRUTURAR-SE. Evoluir do voluntarismo de simples boa-vontade para uma instituição particular de solidariedade social, que conquiste a confiança pública. Hoje em dia, as pessoas, de tão solicitadas, começam a ser mais seletivas na consideração dos apelos à sua solidariedade e penalizam ou não dão o apoio, que porventura seria justificado, a iniciativas que suspeitem de desorganizadas, amadoras, insuficientemente controladas e, logo, não lhes dando suficientes garantias de boa aplicação dos seus donativos.

2. SUBSTITUIR A "MARCA" MOVIMENTO PIJAMINHA POR OUTRA. Justa ou injustamente, a "marca" Movimento Pijaminha está afetada, talvez irremediavelmente, pela polémica e desconfiança. Queira-se ou não, potencia desconfianças e, logo, desmobiliza vontades de ajudar. A superação da desconfiança será porventura possível, mas implicará esforços acrescidos, que melhor aproveitados seriam na atividade central de solidariedade. Embora eu compreenda o capital afetivo que esta "marca" implicará para os promotores originais do movimento, objetivamente ela prejudica já mais do que beneficia.

Esta a minha análise, o meu juízo, a minha opinião - que ninguém pediu!

Rui Bandeira

28 janeiro 2009

Ver de fora

O texto de José Restolho sobre aikido e maçonaria alertou-me ainda para um outro aspeto digno de reflexão, que tem a ver com a forma como as organizações ou as atividades são vistas por quem está de fora. Isso releva, quer para os juízos exteriores sobre as organizações e atividades, quer para a motivação de quem ganhe interesse nelas.

Para mim, observador exterior e não particularmente interessado, o aikido era visto simplesmente como uma variante das Artes Marciais orientais. Ponto. Basicamente, defesa pessoal e capacidade de travar uma luta. Defesa e ataque. Defender-se de agressões ou golpes da modalidade, aplicar uns quantos golpes e, mais queda, menos nódoa negra, estava tudo visto. Essencialmente uma atividade física, um desporto de combate, em que a mente exerceria um papel específico ao nível da concentração, mas que, grosso modo, dependia da rapidez de reflexos e certeza, força, amplitude e agilidade de movimentos. Nunca me passou pela cabeça a vertente exposta no texto, de busca de aperfeiçoamento, de luta essencial consigo próprio, de propósito e trabalho no sentido de chegar tão perto da inantigível perfeição quanto possível.

E eu considero-me, modéstia à parte, um espírito aberto!

Similarmente, a maçonaria também possibilita que quem está no seu exterior tenha dela uma imagem errada, desfocada. Tão mais errada e tão mais desfocada, quanto mais opaca para o exterior ela for. As circunstâncias e necessidades, mas também as escolhas da maçonaria envolveram-na num véu de secretismo, de desconhecimento, que só agora, nos tempos mais recentes, e apenas pelos espíritos mais abertos, vai sendo entreaberto. Não admira, pois, que haja muita gente que tenha ideias erradas sobre a Maçonaria e faça dela um juízo que nada corresponde com a sua realidade, o seu propósito, a sua essência, a sua prática.

No limite, a culpa não é de quem faz o juízo errado, é de quem mantém as condições que propiciam uma alta probabilidade de existência de muitos juízos errados. Eu fazia um juízo errado do aikido - e, por extensão, da generalidade das Artes Marciais - por desconhecer em absoluto a dimensão que me foi mostrada por meia dúzia de linhas de um texto do aikidoca José Restolho. Bastaram meia dúzia de linhas para me dar toda uma diferente noção do alcance da prática daquela modalidade! O desconhecimento gera distância, desinteresse, desconfiança. Um pouco de conhecimento transmitido pode fazer a diferença na mudança de atitude para quem está de fora.

Isto não tem nada a ver com proselitismo. O facto de eu ter reconhecido que a imagem que tinha do aikido era imprecisa, fluida e incorreta, em face da informação obtida com a tal meia dúzia de linhas, não me vai fazer ir a correr adquirir uma calça Hakama e saltar para um tatami (para desapontamento da minha mulher, que veementemente verbera o meu sedentarismo de cinquentão...). Mas possibilita-me deixar de fazer erradas ideias, afastar preconceitos, ver e aprender e ajuizar com mais acuidade. O mesmo pode acontecer com o profano a quem é proporcionada alguma informação sobre o que é, o que faz, o que pretende, a Maçonaria.

Quanto àqueles que desejam integrar-se na Maçonaria, também não me preocupo demasiado com as suas ilusões, ideias feitas e erros de perspetiva. Como bem se pontuou no texto sobre o aikido, é curioso que quando iniciamos a prática do Aikido pensamos apenas em aprender uma arte de defesa, algo que sirva para nos defendermos. Durante a prática preocupamo-nos apenas em deitar o outro ao chão, sermos eficazes, etc. Mas então, à medida que o tempo passa, as coisas vão mudando radicalmente. Deixamos de centrar a nossa prática no “derrubar ou imobilizar o adversário”, centramo-la antes em nós, centramo-nos nos nossos defeitos técnicos e nas nossas limitações. Eis que começa a surgir o caminho que temos a percorrer. Também é, para mim, natural que quem entra na Maçonaria, não tenha uma ideia perfeita sobre os seus objetivos, o seu modo de trabalhar, etc.. E que, caminhando o caminho que lhe é apontado, acabe por trilhar vereda bem diversa da que pensava inicialmente seguir. Por isso, quando analiso um potencial candidato a ser admitido na minha Loja, preocupo-me muito pouco com o que ele pensa que é a Maçonaria e muito mais com o que a Maçonaria lhe pode dar, em que o pode auxiliar a crescer e a avançar. Interessa-me essencialmente o potencial, a disponibilidade para interagir e modificar-se. Não me interessam diamantes, lapidados ou por lapidar. Esses são primas-donas que porventura ficarão muito bem para enfeitar e para dar brilho, mas que são duros de mais para se modificarem. Não acrescentam nada , a não ser o brilho da ilusão. Nada se lhes acrescenta, porque se têm por acabados e já próximos do que julgam ser a sua perfeição possível. Interessam-me muito mais os patinhos feios que podem transformar-se em cisnes, o barro que, devidamente moldado e trabalhado, dará peça de apreciar. Não me interessam nada o que são. Interessam-me, e muito, o que podem vir a ser e se têm capacidade e potencial para tal.

Rui Bandeira

27 janeiro 2009

A Pedra Aikido

O texto sobre aikido e maçonaria que nos foi proporcionado por José Restolho suscita-me a reflexão de que é inerente à natureza humana a busca da sua própria superação individual. Será, talvez, conjuntamente com o polegar em oposição aos demais dedos e com o tamanho do cérebro, um dos fatores que contribuíram para que a espécie humana se tornasse a espécie dominante do planeta. Polegar em oposição, os restantes primatas também o têm. A capacidade cerebral é uma inegável vantagem, mas já é um produto da evolução. A vantagem competitiva da espécie humana acentua-se com a sua disposição, o seu anseio, pela busca do melhor possível. Sempre.

Esta busca da excelência, se bem repararmos, está presente em diversos setores da atividade humana. A divisa do olimpismo, altius, citius, fortius (mais alto, mais rápido, mais forte) espelha este anseio no desporto. Na ciência, a constante e persistente busca de novos conhecimentos, de novas soluções, da resolução de cada vez mais complexos problemas propiciou e propicia indizíveis progressos. Dos quais o menor dos quais não será, por exemplo, o que possibilita que o leitor esteja neste momento a ler algo que não existe, que é apenas virtual, mas que corresponde efetivamente a um pedaço do meu pensamento. Esta hoje já banal tecnologia que permite guardar, transmitir, disponibilizar, aceder, consultar, todo um manancial de informação sem suporte físico, existente apenas em energia, é algo que, há meras duas centenas de anos, seria tido por impossível, inacreditável, utopia ou bruxaria... E, no entanto, aqui está...

Também no confronto do Homem consigo mesmo (coloco H maiúsculo para significar que o Homem que aqui refiro é o elemento da espécie humana, independentemente de género, portanto, incluindo homem e mulher) esta busca da perfeição, este anseio do contínuo progresso, este desejo de superação, de ir tão longe quanto possível e mais além, existe enquanto característica inerente à nossa espécie. E manifesta-se de diversas formas, algumas podendo aparecer inesperadas.

Já várias vezes aqui escrevi que a Maçonaria é apenas um dos caminhos, das vias, para a busca da Luz, do Conhecimento, da compreensão do significado da vida e da criação, da razão última da nossa existência e do caminho que prosseguimos, enfim da essência do que somos e seremos. Nesta demanda, a Maçonaria é um dos métodos, das veredas, possíveis. Os misticismos, cristãos ou não, a via meditativa, a comunhão natural, que sei eu!, são outras pistas possíveis e utilizadas.

O texto do José Restolho iluminou-me o espírito para a evidência de que também as Artes Marciais, enquanto filosofia de vida e de busca de perfeição, se podem enquadrar neste grupo de sendeiros. No fundo, é essencialmente uma questão de Culturas, de escolha de caminhos em função das raízes e tradições e civilizações e sociedades.

Há muito que tenho por adquirida a noção de que o impulso religioso é basicamente similar em toda a Humanidade. As várias e variegadas religiões derivam das interpretações e usos e práticas particulares sobrepostas a esse impulso básico, em função das diferentes condições ambientais, sociais, civilizacionais, etc.. Por isso, sou estrangeiro, em absoluto, ao conceito de guerra, ou controvérsia, ou discussão religiosa. Porque é lutar, arrazoar, discutir em seco, em vão, sobre nada. Todos - mas literalmente todos! - falam do mesmo, apenas de formas e sob roupagens diferentes. É, pois, uma guerra, uma controvérsia, uma discussão absolutamente sem objeto, apenas com aparência de objeto... Lá diz o Povo, com toda a sua ancestral sabedoria, que as aparências iludem. Mas é apanágio do Homem (outra vez com maiúscula...) sensato, sábio, ver para além das aparências e ultrapassar as ilusões que elas proporcionam.

O texto do José restolho alargou-me a perspetiva: não é apenas o impulso religioso que é basicamente comum a toda a Humanidade. É-o, é certo, mas estando inserido num outro impulso ainda mais básico e alargado: a busca da Perfeição, da melhoria contínua, de ir mais alto, mais depressa, com mais força - e mais longe - tanto quanto se puder. Incessantemente. Em busca do inantigível, mesmo sabendo que não o pode atingir.

A Perfeição é o arquétipo de Deus. A Humanidade busca atingir a Perfeição, a Deus. Busca aproximar-se da Perfeição, de Deus. Busca obter a Perfeição, atingir a Divinização. A Maçonaria, o misticismo, as Artes marciais, em suma, a Vida, são tudo caminhos, vias, meios, ferramentas, que o Homem prossegue e usa na sua eterna demanda deste Graal. Por isso, com propriedade José Restolho aponta universalidade dos princípios que a Maçonaria (mas não só) defende.

Eis como o contributo profano ajuda o maçon. O contributo do José Restolho levou-me a ampliar o conceito do impulso de busca da Perfeição. Ao fazê-lo, ao evadir-me dos limites estreitos das crenças religiosas, ao integrar a busca da Perfeição como inerente ao impulso básico da Humanidade, consegui dar um outro salto na análise: no fundo, a ambição humana de atingir, ou de se aproximar, tanto quanto possível, da Perfeição, mostra que o Homem, afinal, é, ou projeto de Deus, ou corruptela de Deus. Ou destinado a evoluir para chegar onde pode, ultrapassando e indo além dos estreitos limites da existência desta dimensão, ou buscando recuperar de involução que o fez perder a perfeição que busca reganhar. Em qualquer dos casos, a busca da perfeição é um indispensável meio para procurar atingir ansiada integração ou reintegração.

Mais uma pedra na parede do meu Templo Individual. A esta chamarei a Pedra Aikido. Obrigado, José Restolho!

Rui Bandeira