Os Segredos da Maçonaria, o silêncio e o saber calar-se
Por poucos que sejam, há, de facto, segredos na Maçonaria. Num tempo e numa sociedade em que a vida de cada um se encontra cada vez mais exposta, não é senão natural que a simples existência de segredos cause curiosidade e mesmo perplexidade. Contudo, a existência dos segredos tem mais do que uma justificação.
Em primeiro lugar, há as razões culturais, morais e éticas. Diz-se da Maçonaria ser "um sistema peculiar de moralidade, velado por alegorias e ilustrado por símbolos". Ora, se os sistemas de moralidade variam de sociedade para sociedade, as raízes anglo-saxónicas da Maçonaria são bem visíveis através daquilo que esta valoriza, como a delicadeza de trato associada aos gentlemen, ou essa mistura de contenção e refreamento que constitui a tão conhecida fleuma britânica. Pode, nesta perspetiva, dizer-se que o segredo, o silêncio e o "saber calar "são manifestação de três virtudes que a Maçonaria muito preza: a circunspeção, a discrição e o auto-controlo. Terá sido esta atitude, a par de um contexto histórico de guerras religiosas e de luta política de que a Maçonaria queria (e quer) manter-se afastada, que ditou o 6º Landmark, "A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros." Quantas vezes uma frágil harmonia se consegue, sabe-se lá com que custo, pela exaltação dos pontos de concórdia, e pela minimização da exposição dos pontos de dissenção... É por isso que, em Maçonaria, se respeita em absoluto a liberdade de expressão de cada um - ao mesmo tempo que se espera que cada um tenha aprendido a, no seu exercício, não ameaçar a harmonia, o equilíbrio e a fraternidade.
Em segundo lugar há razões simbólicas e metodológicas. Diz-se que, nos tempos da Maçonaria Operativa, seria através de sinais secretos, próprios de cada uma das classes de operários, que os seus membros se identificariam perante os tesoureiros para assim receberem os seus salários diferenciados. Do mesmo modo, cada grau - Aprendiz, Companheiro e Mestre - tem os seus próprios sinais de reconhecimento, os seus próprios segredos que não podem ser revelados aos de grau inferior. A natureza do que se cala é menos importante do que a aprendizagem do guardar silêncio, do calar-se e do refrear-se. Sem calar não se pode ouvir; é por isso que nas sessões é imposto absoluto silêncio aos Aprendizes e aos Companheiros. Como exercício, fora destas, são-lhes confiados os "segredos de grau", que não passam, neste sentido, de um mero exercício de contenção. Por outro lado, a separação entre os graus evidencia e promove o progresso de cada maçon, e permite que, expostos aos mesmos conceitos na mesma ordem cronológica, todos percorram caminhos relativamente semelhantes. Os símbolos marcam o caminho, e a sua interpretação ou o aprofundamento do seu estudo constituem segredos na medida em que antecipação do conhecimento dos mesmos poria em risco a sua frutuosa interiorização. O silêncio não termina, porém, com a elevação a Mestre, antes se transfigura de silêncio imposto em silêncio voluntário. De facto, um Mestre deverá ter já interiorizado o que a sabedoria do povo nos repete: que, se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro.
Por fim, e em terceiro lugar, encontra-se a reserva da identidade dos irmãos, o que não deixará de fazer sentido face à incompreensão, rejeição e mesmo perseguição de que os maçons foram - e, infelizmente, são ainda em muitos lugares - alvo, pelas mais diversas razões, das políticas às religiosas. Não obstante ser cada um livre de assumir publicamente a sua condição de maçon, está-lhe absolutamente vedado revelar a de quem o não fez. Por poder causar danos reais na vida daqueles cuja identidade fosse indevidamente revelada considero ser este, de entre os vários que os maçons juram guardar, o único segredo verdadeiramente digno desse nome.
Em primeiro lugar, há as razões culturais, morais e éticas. Diz-se da Maçonaria ser "um sistema peculiar de moralidade, velado por alegorias e ilustrado por símbolos". Ora, se os sistemas de moralidade variam de sociedade para sociedade, as raízes anglo-saxónicas da Maçonaria são bem visíveis através daquilo que esta valoriza, como a delicadeza de trato associada aos gentlemen, ou essa mistura de contenção e refreamento que constitui a tão conhecida fleuma britânica. Pode, nesta perspetiva, dizer-se que o segredo, o silêncio e o "saber calar "são manifestação de três virtudes que a Maçonaria muito preza: a circunspeção, a discrição e o auto-controlo. Terá sido esta atitude, a par de um contexto histórico de guerras religiosas e de luta política de que a Maçonaria queria (e quer) manter-se afastada, que ditou o 6º Landmark, "A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros." Quantas vezes uma frágil harmonia se consegue, sabe-se lá com que custo, pela exaltação dos pontos de concórdia, e pela minimização da exposição dos pontos de dissenção... É por isso que, em Maçonaria, se respeita em absoluto a liberdade de expressão de cada um - ao mesmo tempo que se espera que cada um tenha aprendido a, no seu exercício, não ameaçar a harmonia, o equilíbrio e a fraternidade.
Em segundo lugar há razões simbólicas e metodológicas. Diz-se que, nos tempos da Maçonaria Operativa, seria através de sinais secretos, próprios de cada uma das classes de operários, que os seus membros se identificariam perante os tesoureiros para assim receberem os seus salários diferenciados. Do mesmo modo, cada grau - Aprendiz, Companheiro e Mestre - tem os seus próprios sinais de reconhecimento, os seus próprios segredos que não podem ser revelados aos de grau inferior. A natureza do que se cala é menos importante do que a aprendizagem do guardar silêncio, do calar-se e do refrear-se. Sem calar não se pode ouvir; é por isso que nas sessões é imposto absoluto silêncio aos Aprendizes e aos Companheiros. Como exercício, fora destas, são-lhes confiados os "segredos de grau", que não passam, neste sentido, de um mero exercício de contenção. Por outro lado, a separação entre os graus evidencia e promove o progresso de cada maçon, e permite que, expostos aos mesmos conceitos na mesma ordem cronológica, todos percorram caminhos relativamente semelhantes. Os símbolos marcam o caminho, e a sua interpretação ou o aprofundamento do seu estudo constituem segredos na medida em que antecipação do conhecimento dos mesmos poria em risco a sua frutuosa interiorização. O silêncio não termina, porém, com a elevação a Mestre, antes se transfigura de silêncio imposto em silêncio voluntário. De facto, um Mestre deverá ter já interiorizado o que a sabedoria do povo nos repete: que, se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro.
Por fim, e em terceiro lugar, encontra-se a reserva da identidade dos irmãos, o que não deixará de fazer sentido face à incompreensão, rejeição e mesmo perseguição de que os maçons foram - e, infelizmente, são ainda em muitos lugares - alvo, pelas mais diversas razões, das políticas às religiosas. Não obstante ser cada um livre de assumir publicamente a sua condição de maçon, está-lhe absolutamente vedado revelar a de quem o não fez. Por poder causar danos reais na vida daqueles cuja identidade fosse indevidamente revelada considero ser este, de entre os vários que os maçons juram guardar, o único segredo verdadeiramente digno desse nome.
Paulo M.
28 comentários:
Aos editores de A PARTIR PEDRA.
Fico muito feliz por este sitio existir, transmitindo e compartilhando tantos ensinamentos.
Continuem assim.
Airton da Fonseca - Paraná - Brasil.
Boas Paulo M....
Queria felicitar-te pelo texto, que espero que seja o primeiro de muitos. :)
A forma clara com que abordaste o "silêncio maçónico", quase que me apraz dizer que se era "segredo", tal deixou de o ser. ;)
abr...prof...
Bem-vindo , Paulo!
Este teu primeiro texto aqui no blogue deixou, certamente, água na boca aos leitores para os próximos...
Era tempo de o blogue ter reforços... e chegaste mesmo a tempo!
Paulo - «A Maçonaria proíbe no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa… É por isso que, em Maçonaria, se respeita em absoluto a liberdade de expressão de cada um.»
Diogo – Esta frase contém ideias incompatíveis. Não pode existir liberdade de expressão se todo o debate é proibido.
Tenho um grupo, que com as vicissitudes da vida se foi afastando, mas que durante uns bons 15 anos formou uma tertúlia que se encontrava quase todos os dias. Tivemos incontáveis debates e polémicas. Aprendemos todos muito uns com os outros. Hoje, ainda continuamos todos amigos. Não há necessidade de proibições no que toca a troca de ideias.
Paulo - «Aprendiz, Companheiro e Mestre - tem os seus próprios sinais de reconhecimento, os seus próprios segredos que não podem ser revelados aos de grau inferior. A natureza do que se cala é menos importante do que a aprendizagem do guardar silêncio, do calar-se e do refrear-se.»
Diogo – Segredo, segredo, e mais segredo…
Paulo - «Não obstante ser cada um livre de assumir publicamente a sua condição de maçon, está-lhe absolutamente vedado revelar a de quem o não fez. Por poder causar danos reais na vida daqueles cuja identidade fosse indevidamente revelada considero ser este, de entre os vários que os maçons juram guardar, o único segredo verdadeiramente digno desse nome».
Diogo – Porquê? Que mal tem se se souber que eu sou do Benfica, Budista, do Bloco de Esquerda e do Greenpeace?
Paulo - «Os símbolos [maçónicos] marcam o caminho, e a sua interpretação ou o aprofundamento do seu estudo constituem segredos na medida em que antecipação do conhecimento dos mesmos poria em risco a sua frutuosa interiorização.»
Caro Paulo, o meu pai foi professor de filosofia e psicologia. Eu, há muito que estudo e leio sobre estes assuntos. Não me quer dar exemplos reais de interpretações de vários símbolos maçónicos que escondem dos maçons mais novatos? Garanto-lhe que a antecipação desses conhecimentos não colocará em risco a sua frutuosa interiorização por mim.
Boa Prancha!
A Maçonaria é uma verdadeira – Escola - e como qualquer escola tem as suas regras.
No caso da Maçonaria, essas regras são centenárias. São tradição.
Ninguém é forçado a entrar na Arte Real e quem entra deve procurar conhecer o chão que vai pisar.
Os segredos estão todos à distância de um click na internet. Mas uma coisa é a teoria, outra é viver essa descoberta, essa aprendizagem. Só assim se pode incorporar e progredir.
O Silêncio é tradição e trave mestra da Arte Real.
Nós temos dois olhos, dois ouvidos e apenas uma boca.
Caro Ribas,
Ribas - «Ninguém é forçado a entrar na Arte Real e quem entra deve procurar conhecer o chão que vai pisar.»
Que Arte Real é essa e que chão é esse?
Ribas - «O Silêncio é tradição e trave mestra da Arte Real. Nós temos dois olhos, dois ouvidos e apenas uma boca.»
Os dois olhos que temos servem para ver a mesma coisa mas com sentido de profundidade. Os dois ouvidos para nos situar melhor a origem do som. Não faria sentido ter duas bocas.
Donde, que quer você dizer em concreto? No capice.
@Airton, Nuno, Rui, Ribas: Obrigado pelos cumprimentos. Espero conseguir que o que escreva tenha alguma valia, e que o processo de escrever me ajude a escrever mais e melhor - para meu benefício e para o de quem lê. Conto com todos os leitores do blogue para me apontarem as falhas que certamente cometerei, bem como para manifestarem as discordâncias que tenham face ao que expressar.
@Diogo: Antes do mais, agradeço o seu extenso comentário, que me deu pontos de partida para vários textos futuros. Não tenho - mal de mim! - a verve do Rui, mas tenho todo o gosto em tentar responder-lhe. Vamos é, desde já, estabelecer uma coisa: não tenho qualquer pretensão de o "converter", ou de o convencer de que a Maçonaria é senhora e detentora da Verdade, ou de que o que se faz em Maçonaria é a forma mais correcta ou que - longe disso! - constitui o único caminho que leva sabe-se lá onde. O que tentarei é explicar as razões para que as coisas sejam como são. Em suma: não irei discutir consigo até que concorde, mas apenas expor o que sei até que entenda. Serve?
Deixo-lhe, para já, apenas uma pista: a sua tertúlia e a Maçonaria têm fins diversos, pelo que é natural que o modus operandi seja distinto.
Paulo - «não irei discutir consigo até que concorde, mas apenas expor o que sei até que entenda. Serve?»
Perfeitamente.
Paulo - «a sua tertúlia e a Maçonaria têm fins diversos, pelo que é natural que o modus operandi seja distinto»
A minha tertúlia procurava o conhecimento. O que procura a Maçonaria?
Paulo M.
Que maravilhosa lufada de ar fresco.
A prancha é excelente, e pela sua intervenção nos comentários, fiquei desde logo a admira-lo.
Boa continuação.
Ao Diogo aconselho que faça uma questão de cada vez, e depois que medite sobre as respontas.
Sabe Diogo a sua avidez, quase doentia por estas questões confundem-no. Não tira partido da informação que aqui lhe estão a dar.
E sabe porquê?
O Diogo faz as mesmas perguntas á mais de um ano, já lhe foram respondidas várias vezes, no entanto teima em não saber as respostas.
Diogo, não quero pensar que isso seja mau feitio, mas que é teimosia, isso é.
Cumprimentos
JPA
Caro JPA,
Quando coloco várias questões é porque o artigo do post aborda vários assuntos.
Não julgue que é teimosia. O problema é que as respostas que aqui me são dadas, por norma, não as considero satisfatórias. É por isso que eu levanto alguns assuntos uma e outra vez. Gostava de respostas claras e objectivas.
Se acharem que estou a ser inconveniente digam-mo francamente, e eu afasto-me.
Abraço
Sr. Diogo,
Há respostas na Maçonaria que não são inteligíveis para todos, nem se colocam da forma que o faz.
Não é que haja constrangimento, mas certas respostas só fazem sentido, dadas a pessoas que estejam no universo da Maçonaria, porque estão mais preparadas e abertas para as compreender.
Por outro lado (eu que sou estreante a comentar neste blog), pressinto que ao fazer as suas perguntas, parece não querer à partida entender ou aceitar as respostas que lhe são dadas, sejam elas quais forem.
Depois acho ainda que anda à procura de bruxas onde elas não existem. Penso que andou a ler os livros errados (se é k existem livros errados), aconselho-o a diversificar as leituras para ter uma visão mais abrangente e tirar as suas conclusões de uma forma mais coerente (normalmente os melhores livros sobre o assunto, não são aqueles que vendem nas estações de serviço).
@Ribas: Bem vindo ao A-Partir-Pedra, um blogue de Maçons num espaço Profano, e em que a participação dos leitores conduz, uma boa parte do percurso, o trajeto editorial.
Desde que com urbanidade, boa-fé e um mínimo de esforço pela compreensão da resposta, todas as perguntas são válidas. Contudo, a Maçonaria não é o mesmo para todos - como a Mona Lisa é algo diferente aos olhos de cada um que a vê, e mesmo para cada um vai mudando com o passar do tempo.
Aqui no A-Partir-Pedra não temos a pretensão de saber tudo sobre Maçonaria; no entanto, está para surgir a pergunta honesta aqui colocada e que fique por responder - nem que seja com um sincero "não sei".
Diogo;
Fica a saber que gosto muito de o ver por cá.
Acho-o um homem honesto e honrado, caracteristicas que muito estimo.
Penso que deve admitir que haja pessoas que têm direito a ter os seus segredos. No entanto parece-me que na Maçonaria, esses segredos são muito menos, que em outras associações.
Um abraço para si Diogo
JPA
Ribas: «Há respostas na Maçonaria que não são inteligíveis para todos, nem se colocam da forma que o faz.»
Será talvez por essa razão que coloco e volto a colocar determinadas questões. Exactamente porque as respostas que me dão não são muitas vezes inteligíveis.
Eu imagino a Maçonaria, de certa forma, como uma associação de carácter filosófico. E como possuo (modestamente) alguns conhecimentos de filosofia. Porque não devo colocar questões neste domínio?
Obrigado JPA.
Evidentemente que todos têm direito a ter os seus segredos. Mas não pensei que o posicionamento filosófico da Loja seja um segredo ou tenha segredos.
Abraço
Diogo - Ainda bem que disse ter conhecimentos filosóficos, assim já sei como dar-lhe uma resposta clara :-)) -
O Silêncio é filosófico em si, deverá vê-lo com sentido filosófico e, juntamente com toda a informação que já recolheu, poderá facilmente intuir o seu verdadeiro significado.
Paulo - mais uma vez parabéns pelo seu texto.
Concordo que todas as questões são legítimas, bem como, todas as respostas que são dadas de boa fé.
Os meus conhecimentos na matéria são muito escassos, mas gosto de os partilhar de boa fé.
Sou muito directo e de poucos floreados, mas não é arrogância, nem coisa que se pareça.
Aqui há uns anos passei por este blog e gostei muito, até fiz uns comentários para completar uns textos magníficos sobre as Colunas, depois estive ausente e foi com enorme prazer que voltei a encontrar este blog cheio de força, beleza e sabedoria.
Já aprendi muito (silenciosamente) neste espaço e continuo a fazê-lo com muito gosto.
Um grande bem-haja!
Ribas, o silêncio pode servir para meditar, raciocinar, analisar e reflectir.
Mas penso não ser essa a questão aqui em causa. O que se pretende é debater conceitos filosóficos e de conduta pessoal e social. Há-de convir que é impossível trocar ideias em silêncio.
@ Diogo (e Ribas):
Tenho guardado de Conrado o prudente silêncio, limitando-me a assistir, interessado, à troca de comentários a este texto.
Mas, em face do último comentário do Diogo, não resisto a aqui reproduzir uma história que se conta nos meios maçónicos, e que ilustra, precisamente, como o silêncio pode ser o meio de um frutuoso diálogo:
"Um jovem Maçom de uma determinada loja, a qual freqüentava regularmente, inesperadamente sem nenhum aviso ou motivo aparente, deixou de participar de suas atividades.
Após algumas semanas sentindo sua falta, um Maçom daquela mesma loja decidiu visitá-lo.
Era uma noite muito fria e chuvosa, daquelas que agente sente um arrepiu na espinha.
Ao chegar, encontrou o jovem Maçom em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.
Imaginando a razão da inesperada visita, o Jovem Maçom deu as boas vindas e convidou o Irmão a sentar em uma cadeira entorno da grande lareira onde estava.
Apreensivo e com certa vergonha o jovem Maçom ficou quieto, pensando e olhando o fogo a sua frente.
O Maçom acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas para a surpresa do jovem Maçom, não disse nada.
No silêncio sério que se formava, os dois contemplavam a dança das chamas em torno das achas de lenha, que ardiam.
Ao cabo de alguns minutos, o Maçom levantou-se, examinou o fogo, revirou com um atiçador as brasas que se formaram, e cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente e viva de todas. Empurrando-a para o lado e deixando-a separada das demais, voltou então a sentar-se, permanecendo em silencioso e imóvel novamente.
O jovem Maçom prestava atenção a tudo, observava e permanecia quieto.
Aos poucos a chama da brasa que fora separada, agora solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e como um ultimo suspiro, apagou-se repentinamente.
Em pouco tempo o que antes era uma fonte de luz e calor, agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de fuligem acinzentada.
Nenhuma palavra tinha sido dita até esse momento, desde o formal cumprimento inicial entre os dois irmãos.
O Maçom antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, e colocou-o de volta no meio do fogo.
Quase que imediatamente ele tornou-se incandescente, voltou a brilhar auxiliado pelo fogo e calor dos carvões ardentes em torno dele.
A fogueira na mesma hora ficou mais viva e bonita.
Quando o Irmão alcançou a porta para partir, o jovem Maçom disse:
- Obrigado meu Irmão.
- Sua visita e seu belíssimo sermão me fizeram entender a minha importância e a minha necessidade de ser útil.
Estou voltando ao convívio de vocês."
Tá a ver Diogo!
Esta bela história prova que na maçonaria, isso é bem possível!
Excelente imagem, caro Rui, mas não me parece aplicável ao que pretende defender.
A história da brasa que é apartada (ou se aparta) das suas companheiras e se apaga e morre, tem a ver com toda a sociedade e não apenas com a maçonaria.
Quanto à parte maçónica, não houve silêncio mas uma conversa, neste caso gestual. A comunicação pode acontecer pela fala, pela escrita e pelo gesto. O silêncio, pelo contrário, é afastamento.
Abraço
@ Diogo:
1. A história das brasas tem a ver com toda a Sociedade... mas foi inventada por um maçom e é apresentada como lição aos maçons. Significativo, não é?
2. O silêncio é afastamento??? Que grande confusão vai nessa cabeça, Diogo...
Nunca ouviu falar na comunhão do silêncio?
Nunca se apercebeu da cumplicidade que é estar em silêncio junto com a pessoa amada ou com alguém a quem o liga uma boa amizade?
Há silêncios que dizem mais do que dez mil palavras, Diogo!
Vá por mim, retenha isto! Seguramente que chegará o dia em que sabê-lo lhe será muito útil:
Parabéns pelo Blogue e pelo Texto, realmente digno da leitura e reflexão. Sobre o bate-papo que segue o texto tenho a comentar apenas a forma como encaro o silencio e o segredo relacionados à maçonaria: os ensinamentos maçônicos fazem sentido em um contexto, e fora do contexto estes ensinamentos não seriam entendidos. É como se diz "fora do contexto ninguém é normal". Forte abraço a todos!
Caro Rui,
Defini silêncio (num sentido lato) como falta de comunicação entre duas entidades.
Pode haver silêncio entre adeptos de um clube que seguem as peripécias de um jogo. Pode haver silêncio entre os crentes de uma igreja na adoração de um Deus. Pode haver silêncio entre os soldados de uma companhia que espera o ataque do inimigo. A todos une-os uma vontade e um interesse comum: uns querem a vitória da sua equipa, outros as graças de um Deus, e outros a derrota do inimigo. Em todos os casos há uma entidade externa que os une num interesse comum.
No caso da cumplicidade entre dois amantes ou dois amigos, o silêncio é quebrado por um olhar, um gesto ou a simples presença.
Na história das brasas que me contou, não houve falta de comunicação:
O jovem Maçom disse:
- Obrigado meu Irmão.
- Sua visita e seu belíssimo sermão me fizeram entender a minha importância e a minha necessidade de ser útil.
Abraço
@ Diogo:
Fico na dúvida se não entendeu mesmo o significado da historinha ou apenas se o não quer entender...
Seja como for, se não entendeu, nada mais posso fazer para que entenda; senão quer entender, quem sou eu para intervir na sua liberdade de autodeterminação?
Parem com essas discussões desde de já. Não levam a nada.
A forma como falam...parecem ter parado no tem e assumido uma personalidade extra-planar.
Um forma de falar ultrapassada a séculos, sejam diretos, vão logo ao ponto, essa mania besta e ridículo de instigar alguém a correr atrás de algo, que com certeza beira um transe, está totalmente fora da busca de uma "Iluminação", vocês estão é andando pra trás no tempo, cresçam e se desenvolvam.
Diego, seus questionamentos são pontuais e de muito se pensar. Acredito, realmente, que de todos que visitam esse blog você é o mais lúcido, os outros vivem em um mundo de fantasia criados por eles próprios, sendo enganados e em momentos algum se fazendo perguntas sobre aquilo que os afligem.
Ai pegamos duas direções: será que eles não se afligem porque já detém grande parte desse conhecimento, mas não querem mostrar a ti, pra que possam te manipular o maior tempo possível em seu blog(quando digo eles, digo os donos desse blog)? Ou sinceramente não sabem metade das coisas que realmente dizem saber e te enganam para que realmente tenham algo pra se distrair?
Vocês donos do Blog, acho que o Rui e mais um ai, estão em transe, tentando assumir uma posto que vocês não tem, tipo: detentores do saber, e quando se deparam com alguém que realmente busca esse conhecimento, não sabem lidar com ele da melhor forma possível, e se desviam do assunto central e começam a falar de filosofia, sociologia, antropologia, o que for......
Falar em silêncio? Isso não existe.
Na verdade existe, se chama transe.
Esse é o mesmo transe dos escritos da Bíblia, que disseram receber mensagem de Deus, mas muito longe disso, estavam simplesmente loucos, e desnorteados, e para conter o que lhes afligiam, começaram a escrever, como qualquer escrito como Paulo Coelho, e ai um bando de mais loucos ainda, disseram ser as escritos sagradas.
Me poupem de tamanha imbecilidade em um espaço tão pequeno, vocês estão atrasado em uns 200 anos na história.
Diego... parabéns......nós com certeza nos encontrados o mais breve possível.....
Falar calado é transe.
Busca conhecimento, pensar em transe e concentraçaõ é Iluminação.
João Gomes.
Fazendo somente uma extensão sobre o tema silêncio. Diogo, realmente existem momentos que é melhor ficarmos calado, não no caso de uma comunicação com alguém, um amigo, namorada, o que for.
Na verdade nem digo silêncio em si, mas esperar o momento certo, para que você possa falar, isso é muito importante.
O silêncio é uma dádiva, mas se for bem usado.
Guarde isto....
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