18 novembro 2006

Jornal da Madeira, Fernando Pessoa, Municipalismo e mais coisas...

Pessoa e Municipalismo na Bienal de São Vicente


Durante o dia de ontem foram discutidos em São Vicente temas tão variados como o esoterismo de Fernando Pessoa, como o municipalismo na actualidade portuguesa.
Apesar da contenção de despesas, a Câmara Municipal de São Vicente realizou ontem a primeira Bienal Literária Vicentina. Na sessão de abertura, que contou com a presença de diversas personalidades ligadas à literatura, o presidente da autarquia local, Humberto Vasconcelos, focou a importância deste tipo de evento e acrescentou o facto da cultura ser das áreas mais prejudicadas quando são feitas restrições orçamentais. «As áreas mais sujeitas à diminuição de verbas são precisamente aquelas que se contêm no domíno da cultura, da recreação e do lazer». Apesar de tudo, adiantou o autarca, «o município de São Vicente tem feito um esforço o sentido de manter as apostas culturais por entender ser um dever para o desenvolvimento das populações». Na qualidade de representante do presidente do Governo Regional, o secretário regional do Turismo e Cultura, João Carlos Abreu, realçou a importância da defesa da identidade cultural, fazendo referência à irreversibilidade da globalização. A ideia — frisou o governante — «é projectarmos no mundo e tornarmos também maiores nesse mundo».
O lado esotérico de Fernando Pessoa
Um dos convidados para esta primeira bienal foi o sobrinho de Fernando Pessoa, o médico Luís Miguel Rosa Dias. Sob o tema “O percurso esotérico de Pessoa”, o orador deu a conhecer o “outro lado” do poeta português. «O meu tio deixou imensos livros sublinhados e estudados sobre astrologia, maçonaria, espiritismo e magia. Como tenho esses livros e como me interesso por esse percurso, resolvi fazer uma espécie de palestra porque eu sei que algumas pessoas só conhecem o Fernando Pessoa como poeta e pouco mais.
Ainda durante a parte da manhã foi apresentado o livro de António Dias, “O Municipalismo em Portugal, Brasil e Cabo Verde”. Fazendo uma comparação com os municípios do continente português, o autor do livro fez referência à Região, enaltecendo o trabalho que aqui tem sido feito, referindo-se à figura de Alberto João Jardim como sendo uma pessoa que o inspirou na realização deste livro. «O Dr. Alberto João Jardim foi uma inspiração para este livro na medida em que a minha tese de licenciatura abordou exactamente as regiões administrativas do continente. Como o presidente do Governo Regional foi o meu professor e falou do tema, quando vim cá à Madeira acompanhado por colegas de curso, vim com espírito aberto para ver quais as diferenças das autarquias madeirenses com as autarquias do continente. Na realidade, aqui vê-se muito mais obra ao nível dos municípios do que se vê no continente», adiantou.

(Lucia Mendonça da Silva em Jornal da Madeira 16/11/2006)

Com uma notícia sobre temas tão brilhantes só posso mesmo não comentar.

JPSetúbal

2 comentários:

Rui Bandeira disse...

Pela fina ironia que constitui, o não comentário é dos mais acerados comentários que já li...
Quanto ao teor do texto, registo apenas que a arte do panegírico floresce esplendorosamente no jardim madeirense...
Naquele jardim no meio do Atlântico, pelos vistos todos os que para lá vão rapidamente se transformam em pressurosos jardineiros (Jardineiro: aquele que cuida do e embeleza o... Jardim!)

"Fernando Pessoa" disse...

Fernando Pessoa cada vez me surpreende mais..