06 fevereiro 2010

exemplo (?) EXEMPLO (!!!)

Ora meus queridos Irmãos, Amigos e outros (os outros são poucos) volto à cena depois de umas semanas de retiro trabalhoso, que continua, mas este bocadinho hoje ninguém me tira.

Desde há algum tempo (alguns meses) tenho contactado na minha outra vida, a profana, com um "artista" cá da minha praça, que tem muito o hábito de utilizar a expressão:


- é preciso fazer um desenho ?


Compreende-se que é uma expressão bem desagradável, a entrar no grosseiro com a força toda e representando uma arrogância que não se atura.

Vem esta conversa a propósito de alguns dos escritos que por aqui vão aparecendo de quando em vez, que me parece que nem com desenho lá chegam.

Dei com um "desenho" que vos passo, e se por esta via ajudar os que não entendem de outra forma, fico contente.

A minha opinião é a de que, muitas vezes, um exemplo prático pode substituir uma biblioteca inteira de ciência teórica.


Ágape... não ? Bom, t'á certo.
Ritual... não ? Ok, fora.
Escola... também não ? Pronto, não há azar.


Como sabem fiz há poucos meses 69 anos (o Rui é muito seletivo nos seus segredos...).

Não é mau !
Mas... mas já o meu avô dizia que "a tropa é qu'induca e a bola é qu'instrói..."


Deixemos a tropa sossegada, mas vejamos a bola.
Façamos então esta tentativa.




Meus Amigões, uma abração a todos. Bom fim de semana.

JPSetúbal

03 fevereiro 2010

A escola


Uma Loja maçónica deve ser também uma escola. Uma escola diferente. Não propriamente um local onde se ensina matéria única para alunos múltiplos. Antes um meio de proporcionar a cada elemento, que é ÚNICO, porque diferente de todos os outros, os meios, o ambiente, a vontade, a orientação, para que ele apreenda (mais do que simplesmente aprenda...) os múltiplos ensinamentos éticos e morais que a vida nos ilustra e exige que um homem verdadeiramente de bem pratique.

A Loja maçónica é uma escola que não ensina. Pelo menos, nada ensina de novo. Ou nada que não possa ser aprendido noutros locais, noutras escolas, em livros, publicações, etc.. No entanto, é um lugar onde se aprende.

Aprende-se porque não se limita a ouvir uma palestra ou lição. Aprende-se porque se vivem as situações que demonstram ou sugerem os princípios ou ensinamentos éticos ou morais que se tornam patentes até perante os olhos mais distraídos.

Aprende-se porque não é exibido ou induzido um pensamento único, uma formatação, antes se facultam painéis de onde cada um retira elementos para que seja a sua própria inteligência, a sua própria vivência, a sua própria personalidade a formular o conceito, a integrar o pensamento.

Aprende-se - sempre! Mesmo quando se "ensina". Sobretudo então. Porque, ao apontar ao Aprendiz um símbolo, ao fornecer-lhe pistas para que ele o interprete, ao executar o ritual para evidenciar um dado ensinamento ético ou moral, o Mestre está, por sua vez, ele próprio a aprender.

Aprende-se com o auxílio dos Mestres. Mas estes também aprendem com o auxílio dos Aprendizes e Companheiros. Não há alunos e professores. Há iguais descobrindo em conjunto como cada um pode ser melhor.

Aprende-se, aprende-se mesmo, coisas novas, porque a maçonaria procura pôr em prática o ideal iluminista em relação ao conhecimento. E, portanto, todos sabem que, por muito que saibam, muito mais desconhecem e podem aprender. Cada um contribui com a sua área de conhecimento para ilustração dos demais. E assim todos podem aprender um pouco de (quase) tudo. E quanto mais diversificada for a Loja, mais se pode aprender.

Por isso, em Loja tanto valor tem o Professor Doutor como o operário ou o indiferenciado. Aquele proporciona ensinamentos a estes - mas também destes recolhe ensinamentos, que complementam a sua profunda formação.

Em Loja, cada um põe em comum o que sabe e retira do bolo comum o que precisa de saber, da forma como lhe dá jeito retirar, ao ritmo a que lhe é possível retirar. Por isso em Loja não há ideologias incensadas ou proscritas ou recomendadas, não há conceitos únicos ou favorecidos ou aconselhados. Há um meio, um espaço e um tempo para cada um se melhorar a si próprio, aprendendo com os demais o que tiver de aprender, seguindo os exemplos que entender dever seguir.

Em Loja, homens livres e de bons costumes cultivam a Liberdade e, em espírito de Igualdade, Fraternalmente cooperam, no sentido de todos e cada um, permanecerem livres, em si mesmos e de preconceitos e de vícios, e sejam cada vez de melhores costumes.

Na escola que é a Loja maçónica, aprende-se e ajuda-se os outros a aprender. Mas - sobretudo! - vive-se!

Rui Bandeira

27 janeiro 2010

O ágape


Este tema já foi objeto de um texto aqui no blogue, nos idos de setembro de 2006. A estrutura de um blogue tem a desvantagem de sepultar nas profundezas dos índices os textos que vão ficando antigos - e, na voracidade do tempo que é apanágio da Sociedade de Informação, o mês passado já é tempo antigo, o ano transato já cheira a antiguidade remota... Pouco terei a acrescentar ao texto atrás referido, mas parece-me valer a pena retomar o tema e relembrar para que serve e o que significa, para os maçons, o ágape.

O ágape é a refeição que os maçons partilham logo após (de preferência) ou imediatamente antes (se assim tiver de ser) de uma reunião de Loja. É considerado a extensão dos trabalhos da Loja. Destina-se a aprofundar os laços de amizade e fraternidade entre os elementos que compõem a Loja e a debater assuntos de interesse comum, num ambiente mais descontraído e informal do que os trabalhos rituais.

Em termos de formalismo, o ágape pode ser ritual, formal com libações ou informal.

O ágape ritual processa-se com a execução de um ritual próprio, similar ao ritual dos trabalhos em Loja, com abertura, encerramento e outros momentos próprios do trabalho em Loja.

Este tipo de ágape só ocasionalmente ocorre. As condições logísticas, temporais e anímicas necessárias para um ágape deste tipo são estritas e de difícil verificação. Para garantir a sua simultânea existência, é necessário que a Loja antecipadamente deseje, programe e organize um ágape desse género. É necessário garantir um espaço adequado, exclusivamente destinado aos intervenientes no ágape. Estes terão, obrigatoriamente, de ser maçons, não sendo admitida a presença, ainda que ocasional ou por curto período, de profanos. Isto implica que o ágape decorra, ou nas instalações da Loja, ou em local cedido para acesso reservado exclusivamente para os maçons participantes. Implica também que os mantimentos a consumir sejam preparados pelos próprios maçons, na hora ou pouco antes, ou que sejam encomendados e recebidos já preparados antes de se iniciar o ágape. Implica a disponibilidade de todo o equipamento necessário para uma refeição de um considerável número de comensais: mesa de tamanho adequado, cadeiras, toalhas, pratos, copos, talheres, guardanapos, etc.. Implica prévia organização de como decorre o repasto: quem faz o quê, quando e como. Enfim, é um tipo de ágape que não é prático nem fácil organizar rotineiramente - e que, portanto, só ocorre extraordinariamente, seja para celebrar algo, seja para permitir aos seus participantes a experiência de um ágape inteiramente ritual.

Acresce ainda que, saídos de uma reunião com ritual, não apetece propriamente passar a uma refeição... igualmente ritual, com óbvia proscrição da informalidade e diminuição da descontração...

O Antigo Grão-Mestre e Grão-Mestre ad vitam da G.·. L.·. L.·. P.·./G.·. L.·. R.·. P.·. Luís Nandin de Carvalho elaborou, em 2002, adaptado de vários rituais de tradição oral, portugueses e franceses, um ritual de ágape que, segundo creio, nunca chegou a ser formalmente adotado pela Obediência, mas que é detido por várias Lojas, que o poderão, quando desejarem, executar.

O ágape formal com libações não é ritualizado, exceto quanto a estas, mas seguem-se tradicionalmente algumas regras, designadamente quanto à posição na mesa do Venerável Mestre (e, quando possível, também dos Vigilantes), quanto à invocação inicial e mais um ou outro aspeto, variável de Loja para Loja. As libações, isto é, os brindes, são obrigatoriamente no mínimo de sete e ocorrem segundo uma ordem determinada. Este tipo de ágape pode ocorrer apenas com a presença de maçons ou também como ágape branco, isto é, com a presença de profanos.

Finalmente, o ágape absolutamente informal destina-se essencialmente ao convívio. Não ocorrem libações. É o ágape possível quando apenas se tem disponível um local público, não exclusivamente utilizado pelos maçons presentes.

Havendo condições para tal (local e tempo), pode e deve providenciar-se para que, integrado no ágape, ocorra um debate sobre qualquer tema, maçónico ou profano, ou a apresentação de uma prancha, igualmente de cariz maçónico ou profano. Obviamente que o debate ou apresentação de tema de cariz maçónico só ocorre em ágapes em que estão exclusivamente presentes maçons. Já os debates ou apresentações de temas profanos podem ocorrer em ágapes de maçons ou ágapes brancos.

Podem ser convidados profanos a proferir uma comunicação ou a intervir num debate, em ágape branco, em regra sobre temas profanos da especialidade do convidado. Pode também ocorrer que esse convidado, profano, conferencie sobre um tema de interesse maçónico - do ponto de vista do profano.

As intervenções nos ágapes são abertas a todos - isto é, não vigora no ágape a regra do silêncio de Aprendizes e Companheiros. O ágape funciona, assim, como meio importante da integração dos Aprendizes na Loja e reforço dessa integração, quanto aos Companheiros.

Rui Bandeira

20 janeiro 2010

Amigos como os de infância


O grupo de maçons conversava descontraidamente. A reunião formal terminara, a refeição que se lhe seguira também já fora apreciada por todos. A conversa fluía com naturalidade. Embora partindo do tema que iniciara o debate, cada um ia-se afastando dele, ao sabor do curso dos seus pensamentos. Era um grupo de amigos que conversava. Como qualquer outro grupo de amigos. Talvez a mais notável diferença fosse que não havia ruído de fundo de conversas cruzadas. Mesmo em descontração, aquele grupo de maçons praticava a regra de que falava um de cada vez, para todo o grupo, e cada um aguardava a sua vez de dar a sua opinião.

Rapidamente a conversa derivou para o significado que aquele grupo, a Loja, tinha para cada um. O que cada um esperava. Do que cada um pretendia que fosse, que fizesse.

Cada intervenção era diferente da anterior. Mesmo quando concordando com o que já fora dito, acrescentava-se sempre algo de novo, alguma subtileza, uma nuance, um elemento, que tornava diferente o que se declarava similar. Nada de extraordinário naquele grupo. Há muito que era assim e assim se forjara a sua identidade. Os novos que se juntavam aos que já estavam depressa aprendiam como o grupo funcionava. Era através da apresentação sucessiva de opiniões, posições, sugestões, nunca completamente coincidentes, às vezes diversas e aparentemente inconciliáveis, que, lentamente, naturalmente, sem esforço, emergia a síntese que todos acabavam por adotar como a posição comum, por todos aceite e respeitada. Às vezes não era fácil. Às vezes durava mais tempo. Às vezes implicava duas, três, quatro, as conversas que fossem necessárias. Mas, mais tarde ou mais cedo, sempre a tal posição comummente adotada acabava por emergir.

A conversa espraiou-se por um tema que não era novo. Os mais antigos no grupo sabiam que era ciclicamente abordado e renovado. Era natural. O grupo alterava-se, renovava-se, havia sempre novos elementos que nunca tinham abordado a questão. O tema era o que fazer com o grupo. E, como sempre, derivava-se sempre para as expectativas de cada um...

Um preferia o convívio. Outro apreciava mais o ritual. Um terceiro dava muita importância à beneficência. Outro ainda gostava mesmo era da apresentação de trabalhos. Houve mesmo outro que declarou, enfaticamente, que o que buscava era que fossem contraditadas as suas ideias feitas, de forma a poder continuamente testar o seu pensamento e, assim, verificar quando devia mudar de opinião. Um outro ainda, não menos enfaticamente, esclarecia que considerava uma maçada as reuniões em que não aprendia nada novo. Mas, no entanto, logo acrescentava que, mesmo quando sabia que havia reuniões em que não aprendia nada de novo, e que ele ia achar uma maçada, ainda assim gostava de ir e... não sabia como, também essas acabavam por lhe ser úteis.

E assim iam conversando, como alguns deles e outros assim mesmo tinham conversado antes, e outros antes deles... Nada de especialmente novo, pensava o velho maçom, sabendo, esperando que, como sempre, algo de diferente acabasse por surgir, como frequentemente acabava por suceder.

Foi então que um deles, pessoa de palavras não muito complicadas, mais de fazer do que de falar, chegada a sua vez, disse que o que ia dizer tinha-o ouvido a outro membro do grupo, naquele dia não presente, mas que era isso mesmo o que sentia.

E disse então: a Loja é aquele sítio onde podemos ter amigos como os de infância.

O velho maçom recostou-se na cadeira em que se sentava e sorriu interiormente: a síntese daquela noite fora encontrada!

Tinha e tem toda a razão aquele maçom não especialmente dotado para a palavra, mas que expressou a ideia melhor que os melhores oradores. É precisamente isso que é uma Loja maçónica que se preza de o ser: um local onde podemos encontrar amigos como os da infância, um bem precioso de que a vida e as preocupações da idade adulta geralmente nos privam de ir renovando. Amigos como os da infância normalmente só na infância se fazem - e essa é uma das razões por que esse período da vida é recordado frequentemente com nostalgia... Passada a infância, podem fazer-se amigos, fazem-se amigos, mas, em bom rigor, essas novas amizades dificilmente têm a mesma pureza, o mesmo desinteresse, a mesma naturalidade, das amizades de infância.

Mas, lembrou-o com acerto aquele maçom, e já o tinha notado o outro maçom que ele citara, ali, na Loja, descobria-se um local onde, afinal, se podia ter amigos como os de infância.

E esta é parte importante e imprescindível da essência da Maçonaria.

A próxima vez que um profano me perguntar o que faz afinal um grupo de homens adultos reunir-se frequentemente, tirando tempo à sua família, aos seus afazeres, ao seu descanso, já sei finalmente como lhe posso responder, para que entenda: reunimo-nos em Loja, gostamos de o fazer, porque aquele é um local onde podemos ter amigos como os de infância - e isso é raro, muito raro, e precioso!

Rui Bandeira

16 janeiro 2010

Entrar bem o ano

Porque Vocês merecem... Magnífico este slogan.

Ainda por cima verdadeiro, neste caso !

Pois porque Vocês merecem aqui Vos deixo mais um "boneco" da Cristina Sampaio que ela quiz ter a simpatia de me mandar... com os votos de um bom Ano Novo.

A Cristina, como todos os que seguem a sua arte bem sabem (no Expresso e no Público é raro falhar um exemplar), tem uma visão muito crítica da sociedade e não esconde, bem pelo contrário, nos desenhos que faz.

Este é só mais um acerca do qual não vou tecer qualquer comentário, mais ainda porque correria o risco de adulterar o espírito que queremos que se mantenha neste espaço de formação e informação.
Assim fiquem simplesmente com este "polvinho" assaz atrapalhado para cumprir o ritual.


E tenham um bom fim de semana, sem copos excessivos e com os pés (todos os possiveis) bem assentes no chão.
JPSetúbal

13 janeiro 2010

O décimo oitavo Venerável Mestre


O décimo oitavo Venerável Mestre exerceu funções entre o segundo sábado de setembro de 2007 e idêntico dia de 2008. Dispensa aqui apresentações, pois é bem conhecido dos leitores deste blogue, de que é fundador. O décimo oitavo Venerável Mestre foi o nosso bem conhecido, e atual "animador" de fim de semana do blogue, JPSetúbal.

JPSetúbal é - e já era, na altura em que exerceu o ofício de Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues - o reformado mais ocupado que conheço. Ele são os netos, ele são as instituições de solidariedade que apoia, ele são as reparações de material informático, ele é o sítio de informação regional, ele é a televisão de informação regional (agora já são duas), ele é o tempo que dedica aos amigos, conhecidos, companheiros, colegas e ex-colegas, ele é o tempo que dedica à família (sempre pouco, no dizer da sua permanentemente insatisfeita cara-metade.... como a minha diz de mim... são feitios...), enfim, ele fica com pouco tempo até para se coçar...

Mas, como todas as pessoas atarefadas, o JPSetúbal lá arranjou ainda tempo para encaixar na sua vida mais uma responsabilidade: dirigir, durante um ano, a Loja Mestre Affonso Domingues. Recebeu a Loja organizada, como referi no texto sobre o seu antecessor, e iniciou o seu mandato com evidente entusiasmo, logo apresentando o seu Quadro de Oficiais e o seu plano das atividades previstas (hábitos de gestor, que não se perdem com a reforma...).

A Loja recebeu o seu décimo oitavo Venerável Mestre com indisfarçada expectativa e esperança de mais um ano bonançoso. O JPSetúbal era, e é, um obreiro muito querido e considerado da Loja Mestre Affonso Domingues. A sua bem disposta bonomia, a sua serena competência, o seu estilo calmo, ponderado e conciliador, enfim, o seu ar de "confortável avô", cativam todos os demais e predispõem para que todos correspondam aos seus pedidos e se enquadrem no cumprimento das tarefas por si organizadas.

E o ano foi, efetivamente, bonançoso... até certo ponto - que os imponderáveis espreitam sempre atrás da porta...

O JPSetúbal não propôs, nem preparou, nem organizou, nem executou, nenhuma grandiosa iniciativa. nem era isso que se propunha fazer - ou que tinha cabimento que fizesse. O JPSetúbal fez precisamente aquilo que dele se esperava que fizesse: a gestão calma, serena e normal de uma Loja maçónica em velocidade de cruzeiro, sem especiais problemas nem visíveis desequilíbrios relevantes, tomando o leme que o seu antecessor deixou entregue ao seu cuidado e conduzindo a Loja no seu normal caminho até chegar a altura de passar a direção da barca ao seu sucessor.

Assim, programou e executou o que, para a Loja Mestre Affonso Domingues, já é, felizmente, o trivial e sem história particular: as iniciações dos candidatos - que, na Loja Mestre Affonso Domingues, nunca faltam e, até, têm de ficar em "lista de espera", pois procuramos não exceder a nossa capacidade de acompanhamento e enquadramento de Aprendizes -, as passagens de grau dos que cumpriram com êxito a primeira parte do seu trabalho e da sua integração, as elevações dos que concluíram a sua fase de formação e estão prontos para a futura assunção de responsabilidades na Loja, as pranchas, a atividade administrativa e de representação da Loja, enfim, repito, o trivial...

Para além desse trivial, lembro-me que foi o JPSetúbal quem diligenciou a fabricação e obtenção do segundo exemplar do estandarte da Loja (já que o exemplar original foi objeto de uma apropriação privada por parte de um anónimo, externo e obviamente desconhecido colecionador - não sei se me faço entender...), quem organizou e dirigiu a participação na Loja Mestre Affonso Domingues na homenagem a Aristides de Sousa Mendes, organizada pela Loja que ostenta o seu nome, quem organizou e dirigiu mais uma sessão de dação de sangue (esta, afinal, está mal colocada: façam o favor de a considerar enfileirada no "trivial" - para nós, já o é), levou a cabo a formalização da geminação com a Respeitável Loja Rigor, ao Oriente de Bragança, teve o encargo e responsabilidade de realizar a intervenção de saudação ao Grão-Mestre e a todas as Lojas na sessão de Grande Loja do equinócio da primavera de 2008 - algo que, uma vez que só há quatro sessões de Grande Lojas por ano e porque tal compete por rotatividade entre as Lojas, não voltará a ocorrer senão daqui a muitos anos, se é que volte a suceder! - e programou, organizou e participou na visita da Loja gémea Fraternidade Atlântica à outra Loja gémea, a Rigor. Deixou preparada e pronta para execução a receção dos Irmãos da Fraternidade Atlântica em Lisboa.

Foi neste ponto do seu mandato que o imponderável exterior fez a sua aparição e condicionou fortemente a atividade do JPSetúbal. Precisamente quando se encontrava em Bragança, no encontro com a Fraternidade Atlântica e a Rigor, a sua cônjuge adoeceu, súbita e inesperadamente, com alguma gravidade. Teve de ser submetida a duas intervenções cirúrgicas em Bragança e de ali permanecer durante algum tempo. Obviamente que o JPSetúbal teve de fazer o que era simultaneamente seu dever e sua vontade: ficou em Bragança todo o tempo necessário, em ajuda e companhia da sua cônjuge.

Praticamente toda a parte útil restante do seu mandato teve de ser assegurada à distância. O que, obviamente, comprometeu os seus projetos para a parte final do seu mandato. Mas o que tem de ser tem muita força. E, pelo menos, resta a consolação de que o trabalho feito até que surgiu o impedimento foi profícuo e relevante. E que a Loja reagiu com naturalidade e sem problemas a mais esta, para si inédita, experiência, de ficar, durante um tempo não negligenciável, a ser dirigida à distância, em óbvios "serviços mínimos", sendo a ausência física do seu líder suprida pelos elementos que, nestes casos, têm de suprir essa ausência.

O previsível ano bonançoso teve, na sua parte final, esta pequena tormenta. Que serviu para a Loja testar e executar a sua capacidade de prosseguir o seu caminho normal, apesar da inesperada dificuldade, suprida pela forma como está estabelecido que seja suprida, sem problemas de maior. Enfim, mais uma experiência bem sucedida!

Fora da Loja Mestre Affonso Domingues não se deu pela ocorrência desta anormalidade. O que demonstra a preparação da Loja para lidar com estes imponderáveis que - aprendemo-lo à nossa custa! - podem surgir a qualquer tempo e sem pré-aviso.

Contas feitas, o mandato do JPSetúbal foi, afinal, um bom ano para a Loja. Apesar do imponderável surgido, JPSetúbal entregou ao seu sucessor uma Loja um pouco melhor, seguramente um pouco mais adulta, do que a que recebeu do seu antecessor. Essa maturidade acrescida veio a ser útil mais tarde...

Rui Bandeira

08 janeiro 2010

Máquina infernal...

Só pode mesmo ser uma máquina infernal, destinada a enlouquecer qualquer pobre afinador que tenha o arrojo de se meter a afinar esta... coisa.

Mais uma vez um amigão quis partilhar comigo, e eu convosco, uma curiosidade.

Desta vez trata-se de um objeto inqualificável para mim, mistura de instrumento musical, robot, realejo, número de circo, ... que alguém (não me disseram nada sobre a autoria da invenção) imaginou e realizou e que alguém (outro ou o mesmo) resolveu transmitir para a net.

Agora, mistério, mistério, então não é que toca música... mesmo ?

Para começar o ano com animação e imaginação.

A propósito desse tema ("começar o ano") tão espremido durante estes dias passados, apetece-me reafirmar que o estado do mundo em que vivemos e de que tanto todos se queixam, está dependente, exclusivamente, daquilo que os homens quiserem dele.

E até podemos pegar no exemplo do "instrumento" acima.

Porque razão havemos de ser tão complicados ?

Como diria o do anúncio, "se fosse mais simples também tocava, mas não seria a mesma coisa..."

Os homens e o seu mundo (quem se lembra do "D.Camilo e o seu pequeno mundo" ?) se fossem mais simples também existiriam... mas não seria a mesma coisa !

Pois claro. Seria bem melhor.

JPSetúbal