O descuido
Encerro a semana de trabalho com mais uma pequena história para base de reflexão. Foi-me enviada de além-Atlântico por J.L. (muito obrigado!) e, como habitualmente, desconheço a sua autoria e edito-a ao meu jeito, para publicação aqui.
Venha comigo a uma sala de aula do primeiro ano...
Há um menino de seis anos sentado à sua carteira e de repente há uma poça entre seus pés e a parte dianteira de suas calças está molhada.
Pensa que o seu coração vai parar. Não imagina como isso aconteceu. Nunca havia acontecido antes e sabe que, quando os outros meninos descobrirem, nunca mais o deixarão em paz. Quando as meninas descobrirem, nunca mais falarão com ele enquanto viver.
O menino acredita que o seu coração vai parar, abaixa a cabeça e pensa:
"Isto é uma emergência! Eu necessito de ajuda agora! Mais cinco minutos e serei um menino morto".
Levanta os olhos e vê a professora a aproximar-se, com um olhar que diz que foi descoberto.
Enquanto a professora está andando em direção a ele, uma colega chamada Susana está a transportar um aquário cheio de água. Susana tropeça na frente da professora e despeja inexplicavelmente a água no colo do menino. O menino finge estar irritado, mas ao mesmo tempo interiormente diz "Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!"
De repente, em vez de ser objeto de ridículo, o menino é objeto de compaixão.
A professora desce apressadamente com ele e dá-lhe calções de ginástica para vestir enquanto as suas calças secam.
Todas as outras crianças estão sobre suas mãos e joelhos, limpando o chão junto à sua carteira.
A compaixão é maravilhosa. Mas como tudo na vida, o ridículo que deveria ter sido dele foi transferido para outra pessoa - Susana. Ela tenta ajudar, mas dizem-lhe para sair:
- Já fizeste disparate que chegue, sua desajeitada!
Finalmente, no fim do dia, enquanto estão à espera dos pais, o menino vai até junto de Susana e sussurra-lhe:
- Fizeste aquilo de propósito, não foi?
E Susana sussurra-lhe de volta:
- Eu também molhei as minhas cuecas uma vez.
Todos precisamos de ajuda, alguma vez na vida. Todos temos oportunidade de ajudar, várias vezes na vida. Ajudemos sempre que pudermos. Mereçamos sermos ajudados quando chegar a altura em que necessitarmos. E tenhamos sempre presente que - inevitavelmente1 - todos nós tivemos descuidos na nossa vida...
Rui Bandeira
Venha comigo a uma sala de aula do primeiro ano...
Há um menino de seis anos sentado à sua carteira e de repente há uma poça entre seus pés e a parte dianteira de suas calças está molhada.
Pensa que o seu coração vai parar. Não imagina como isso aconteceu. Nunca havia acontecido antes e sabe que, quando os outros meninos descobrirem, nunca mais o deixarão em paz. Quando as meninas descobrirem, nunca mais falarão com ele enquanto viver.
O menino acredita que o seu coração vai parar, abaixa a cabeça e pensa:
"Isto é uma emergência! Eu necessito de ajuda agora! Mais cinco minutos e serei um menino morto".
Levanta os olhos e vê a professora a aproximar-se, com um olhar que diz que foi descoberto.
Enquanto a professora está andando em direção a ele, uma colega chamada Susana está a transportar um aquário cheio de água. Susana tropeça na frente da professora e despeja inexplicavelmente a água no colo do menino. O menino finge estar irritado, mas ao mesmo tempo interiormente diz "Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!"
De repente, em vez de ser objeto de ridículo, o menino é objeto de compaixão.
A professora desce apressadamente com ele e dá-lhe calções de ginástica para vestir enquanto as suas calças secam.
Todas as outras crianças estão sobre suas mãos e joelhos, limpando o chão junto à sua carteira.
A compaixão é maravilhosa. Mas como tudo na vida, o ridículo que deveria ter sido dele foi transferido para outra pessoa - Susana. Ela tenta ajudar, mas dizem-lhe para sair:
- Já fizeste disparate que chegue, sua desajeitada!
Finalmente, no fim do dia, enquanto estão à espera dos pais, o menino vai até junto de Susana e sussurra-lhe:
- Fizeste aquilo de propósito, não foi?
E Susana sussurra-lhe de volta:
- Eu também molhei as minhas cuecas uma vez.
Todos precisamos de ajuda, alguma vez na vida. Todos temos oportunidade de ajudar, várias vezes na vida. Ajudemos sempre que pudermos. Mereçamos sermos ajudados quando chegar a altura em que necessitarmos. E tenhamos sempre presente que - inevitavelmente1 - todos nós tivemos descuidos na nossa vida...
Rui Bandeira