21 julho 2008

Deixar os metais à porta do Templo


Aos maçons é dito que devem deixar os metais à porta do Templo.

Esta frase não deve ser, obviamente tomada no seu sentido literal. Não faz, evidentemente, sentido impor que um obreiro se despoje de tudo o que é metálico para aceder ao Templo. Até porque a Maçonaria de hoje é herdeira especulativa das organizações de construtores em pedra, que utilizavam e utilizam ferramentas metálicas para trabalhar a pedra. Assentemos, pois, que esta frase não se aplica literalmente - excepto numa circunstância, que aqui não quero referir.

Os maçons costumam designar os meios monetários como "metais". Quererá então a mencionada frase dizer que os maçons devem entrar no seu local de reunião sem transportarem consigo dinheiro? Está mais próximo, mas ainda não é assim! Nomeadamente na Maçonaria Europeia, pelo contrário, os maçons devem ter o cuidado de levar consigo para o interior do local onde vai decorrer a sua reunião algum dinheiro, já que, a determinada altura, circulará o Tronco da Viúva, no qual cada obreiro deverá depositar algum dinheiro, segundo as suas possibilidades, destinado a Beneficência. Incidentalmente: se necessitar, quando coloca a mão no Tronco da Viúva (que, normalmente, é um saco), o obreiro pode, em vez de colocar, RETIRAR dinheiro, assim aliviando sua dificuldade, sem que, sequer, os demais tomem conhecimento de sua situação. Mas é também certo que o dinheiro, sendo, na presente organização social, um meio indispensável, é considerado como um mal necessário. Muitas acções censuráveis ocorrem pela cupidez do dinheiro. O dinheiro é, assim, considerado como algo necessário, mas impuro. Em Loja, os maçons usam luvas brancas, que não devem conspurcar com a manipulação de dinheiro. Portanto, quando depositam o seu óbolo no Tronco da Viúva, os maçons fazem-no descalçando a luva da mão que irá manipular o dinheiro. Impuro, mas necessário, o dinheiro entra no espaço da Loja.

A que metais se refere então a frase? Significa ela que os maçons não devem transportar para o interior da Loja condutas, conflitos, interesses, competições, comportamentos, de natureza profana. Em Loja, nada disso tem lugar. O espaço da Loja - e não me refiro apenas ao espaço físico, mas também, e essencialmente, à dimensão espiritual - não deve ser conspurcado com imperfeições de natureza profana. Para que o maçon possa tranquilamente, com a ajuda de seus Irmãos, trabalhar no seu aperfeiçoamento, deve estar inserido num ambiente livre da poluição das imperfeições do dia a dia. O interior do Templo deve, assim, estar livre de metais, por estes se entendendo tudo o que é negativo, imperfeito, inerente às fraquezas humanas.

As preocupações do dia a dia ficam à porta do Templo. As zangas, desavenças, maus humores, rivalidades, ficam à porta do Templo.

Esta frase destina-se a marcar bem a diferença entre o espaço profano e o espaço maçónico. Neste, valoriza-se a cooperação, o trabalho, a ajuda, o progresso, a Razão, a Liberdade, a Igualdade, a Fraternidade, a Sabedoria, a Força, a Beleza, o estudo, a iluminação mútua. Tudo o resto, tudo o que prejudique o trabalho de mútuo aperfeiçoamento dos maçons, são metais, que devem ficar à porta do Templo.

Rui Bandeira

18 julho 2008

Como consertar o Mundo

Hoje é sexta-feira e, como vai sendo hábito, dia de alegoria no blogue.

Os tempos vão difíceis, as crises sucedem-se, parece que o Mundo está cada vez pior e não se vê solução à vista. O discurso pessimista instala-se. Isso é o pior que pode acontecer! As dificuldades superam-se com força e determinação e, para as ter, é necessário crer que é possível tal superação. Diz o Povo que Depois da tempestade vem a bonança, mensagem de esperança que devemos ter sempre presente nas ocasiões difíceis. É por isso que escolhi para hoje este texto, de autoria que desconheço, que recebi por correio electrónico e que nos ensina

Como consertar o Mundo

Um cientista, muito preocupado com os problemas do mundo, passava dias em seu laboratório, tentando encontrar meios de melhorá-los. Certo dia, seu filho de 7 anos invadiu o seu santuário, decidido a ajudá-lo.

O cientista, nervoso pela interrupção, tentou fazer o filho brincar em outro lugar. Vendo que seria impossível removê-lo, procurou algo que pudesse distrair a criança. De repente deparou-se com o mapa do mundo.


Estava ali o que procurava. Recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo: - Você gosta de quebra-cabeça? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está ele todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Mas faça tudo sozinho!


Pelos seus cálculos, a criança levaria dias para recompor o mapa. Passados alguns minutos, ouviu o filho chamando-o calmamente. A princípio, o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade conseguir recompor um mapa que jamais havia visto.

Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança. Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?

– Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?


- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel do jornal para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem.
Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era... Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo!!!


Às vezes, nada como o olhar de uma criança para descobrir a simples solução, que está frente aos nossos olhos mas que, quantas vezes, não vemos, enredados nas complicações que a envolvem e nos desorientam! É bem verdade! Para consertar o Mundo, basta consertar o Homem!

É isto que a Maçonaria procura fazer e que os maçons tentam, paulatinamente, conseguir. Consertar o Homem, unidade por unidade, um a um! O processo é lento, mas seguro. E, à medida que se for avançando, será mais rápido, pois, como a mancha de azeite, espalhar-se-á. Basta ter a força, a determinação, a persistência de prosseguir. Um dia o Mundo há-de ficar consertado!

Rui Bandeira

17 julho 2008

Novas da Inês

Durante o mês de Maio, levou-se a cabo neste blogue uma campanha de angariação d fundos para auxílio no pagamento das muitas despesas que o tratamento da muito grave doença de que a Inês foi acometida.

Finda essa campanha, informei aqui no blogue o resultado obtido e anunciei que o montante recolhido iria ser entregue à família da Inês, conjuntamente com o que fosse obtido através dos donativos expressamente destinados a esse fim feitos pelos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues. Como esta Loja reúne duas vezes por mês e fora entretanto decidido que seria reservado o período correspondente à realização de três reuniões da Loja para a recepção dos donativos dos obreiros, a campanha interna de angariação de fundos prolongou-se por Junho adentro.

Agora, recolhidos todos os donativos, estou em condições de anunciar aqui que hoje se efectuou a transferência dos montantes resultantes dos donativos dos leitores do A Partir Pedra e dos obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues para a conta bancária indicada pelos pais da Inês.

Aos bons corações que efectuaram donativos e que deram conhecimento de tal facto via correio electrónico, tive já a oportunidade de enviar mensagens pessoais, informando da entrega efectuada. Porém, sei que outros depósitos foram efectuados, na conta indicada para receber donativos na sequência do apelo feito neste blogue, por benfeitores que decidiram permanecer anónimos. A esses não posso, obviamente, agradecer directa e pessoalmente o seu acto de solidariedade e confirmar o bom destino dado aos seus donativos. Faço-o por esta via. Bem-hajam!

Em nome da Inês e dos seus pais, um sentido agradecimento a todos!

A Inês vai brevemente voltar a deslocar-se a Cuba, na prossecução do seu tratamento. Embora algumas sequelas sejam inevitáveis, confiamos e desejamos que o bom êxito dos tratamentos melhore a sua qualidade de vida.

Rui Bandeira

16 julho 2008

Simbolismo: da Loja à Vida

A Loja maçónica é constituída por um conjunto de obreiros que, em diversos estádios da sua evolução individual, buscam aperfeiçoar-se e contribuir para o aperfeiçoamento dos demais, com o auxílio de símbolos e alegorias, que representam lições morais, comportamentais e espirituais.

A Loja maçónica reúne-se num espaço fechado, de acesso restrito aos obreiros da Loja e respectivos visitantes, necessariamente também maçons, organizado de forma específica e decorado por símbolos.

Tudo em Maçonaria gira à volta de símbolos. Símbolo é aquilo que representa algo. Um algarismo é um símbolo que representa uma determinada quantidade. O método maçónico de evolução individual recorre à exposição e apresentação de símbolos, da mais variada natureza e composição, destinados a serem estudados e compreendidos no seu significado. Cada maçon estuda cada símbolo, medita sobre ele, busca compreender o que significa, intenta alcançar a lição que disponibiliza. Porque o conhecimento de cada lição é individual e arduamente obtido por cada um, e não simplesmente exposto a ouvintes quiçá desatentos, esse conhecimento, essa lição, adquirem maior valia para quem os obteve. É da natureza humana valorizar mais o que mais esforço lhe custou a obter do que aquilo, porventura intrinsecamente mais dispendioso, que sem esforço lhe é proporcionado. E ainda bem que assim é!

A Maçonaria, como sistema e método de transmissão de conhecimentos de natureza moral e espiritual, como meio de crescimento, de evolução, de aperfeiçoamento, dos seus membros, não utiliza o método escolar e escolástico da exposição de conhecimentos, para serem absorvidos por alunos, mais interessados ou desatentos. A Maçonaria propõe um método de disponibilização de meios, de ferramentas, que propiciem e aliciem à descoberta dos ensinamentos que os seus membros se propõem obter. Exige dos seus obreiros um maior esforço. Uns, incapazes de seguir jornada muito prolongada, ficam-se por lições básicas. Outros, mais interessados ou mais perseverantes, vão mais além. Uns e outros, porém, o que aprendem, aprendem a sério, interiorizam-no. Não se limitaram a ouvir discursos e belas palavras. Eles próprios investigaram, meditaram, sopesaram, erraram e emendaram os seus erros, experimentaram caminhos que a lado nenhum foram dar, voltaram atrás e desbravaram caminho para a algo chegarem. O que obtiveram, muito ou pouco, não o esquecem jamais. E valorizam-no. E praticam-no.

A Loja, enquanto conjunto de obreiros, simboliza também a Sociedade, uma Sociedade de homens interessados no bem-estar comum e global, preocupados com Justiça e a Igualdade. Mas uma Sociedade em que, tal como vemos todos os dias nas nossas actividades comuns, campeiam as divergências de pontos de vista, existem concordâncias e discordâncias, aspectos e posições e declarações que nos agradam e que nos desagradam. Uma Loja maçónica é constituída por homens bons que procuram tornar-se melhores - não por homens perfeitos.

Uma Loja maçónica é uma pequena sociedade de homens, com interesses comuns, mas também com divergências, baseada na igualdade, mas reflectindo a natural diferença de evolução de cada um. Porque pequena, os seus elementos rapidamente se conhecem bem. Não vale a pena procurar convencer através de artifícios, de truques de linguagem, de cosméticas de comportamentos. O grupo é pequeno, coeso, atento, e facilmente detecta qualquer artifício. Pura e simplesmente, a muito breve prazo cada um se apercebe que a sua influência dentro do grupo resulta apenas da sua autenticidade, da sua valia intrínseca, da sua capacidade de oferecer soluções substantivamente apropriadas, da valia dos seus argumentos - não de imagem que cultive, de penas de pavão com que se enfeite, de aparências bacocas e de apreciações sobre os autores de ideias, em detrimento da análise destas.

Neste sentido, as lições comportamentais, os ensinamentos sobre a forma de agir, de falar, de defender as suas opiniões e de refutar, respeitando-as, as opiniões de que discordamos, que cada maçon naturalmente recebe e aprende em Loja, são preciosas para o seu dia-a-dia, fora de Loja. O maçon, praticando no seu dia-a-dia o que aprende em Loja, ganha em autenticidade, em capacidade, em poder de argumentação lógica e racional. E é, portanto, melhor. Destacar-se-á, naturalmente.

O espaço em que a Loja se reúne, por sua vez, simboliza o Universo. Por isso dizemos que a Loja, enquanto espaço, vai de Este a Oeste, de Norte a Sul e do Zénite ao Nadir. Todos os símbolos que encontramos em Loja se encontram na Natureza. O significado que cada um conseguir reconhecer em cada símbolo com que depara em Loja é-lhe naturalmente útil na Vida. O que se aprende no espaço da Loja aplica-se, com vantagem, onde quer que nos encontremos.

O trabalho do maçon é, pois, realizado em Loja, mas projecta-se muito para além dela, para a Vida, para a Sociedade, para o Universo. O que se aprende em Loja pratica-se fora dela.

Rui Bandeira

15 julho 2008

Malhetes


O malhete é um dos símbolos do poder numa Loja Maçónica. Pela percussão do malhete, o Venerável Mestre convoca toda a Loja para estar atenta e o acompanhar na execução ritual que vai levar a cabo. Pode ser um simples anúncio, uma acção de mero significado e interesse administrativo ou um acto de relevo especificamente ritual. Não importa. Com o percutir do malhete, o Venerável Mestre convoca as vontades de todos os elementos da Loja ou, se for o caso, daqueles a que especificamente se dirige, para o acompanharem ou auxiliarem.

Vontade - é esta a palavra-chave!

O Poder em maçonaria é - afinal como na vida, ao contrário do que os seus cultores parecem crer - ilusório e limitado. O Venerável Mestre tem o poder que os obreiros lhe concedem. Tem o poder que resulta da consonância da sua vontade com a da Loja. Porque em Maçonaria tudo é voluntário e, portanto, ninguém é obrigado a fazer o que não quer ou a executar decisão com que não concorde. O Poder do dirigente da Loja resulta, assim, da conjugação de vontades da Loja, dos seus obreiros e daquele que foi encarregado de dirigir o grupo.

Portanto, o malhete, um dos símbolos do Poder em Loja, executa o acto de exercício real desse Poder: congregar as vontades. Tão só - e muito é!

Mas um outro malhete existe em Loja: o malhete destinado a percutir o cinzel, no acto de aparelhar a pedra, lhe dar forma, eliminar suas arestas e asperezas.

Também este malhete simboliza a Vontade e, por inerência, o Poder.

A Vontade do maçon em se aperfeiçoar, em trabalhar o seu carácter, em dele eliminar as arestas de seus defeitos, as asperezas de suas insuficiências. E, ao fazê-lo o Poder de o maçon se aperfeiçoar, melhorar o seu carácter, elevar-se da simples condição de homem bom à de homem melhor.

O malhete que está junto ao cinzel, repousando ambos ao pé da pedra bruta que devem trabalhar, para dela fazer a Pedra Polida que resultará de longo, persistente e paciente trabalho, quantas vezes durando toda uma vida é, pela força que transmite ao cinzel, através da qual este trabalha a pedra, o meio de transformação da forma da mesma. Daí o simbolizar o Poder para mudar, a Vontade aplicada a si próprio para se aperfeiçoar. Cada um tem e deve usar o seu malhete individual, para com ele percutir seu cinzel e melhorar e aparelhar a pedra que é ele próprio.

Dois malhetes diferentes, afinal o mesmo significado.

Rui Bandeira

14 julho 2008

A Continuidade - Vem aí o 19º Venerável

Este Sábado dia 12 a Loja Mestre Affonso Domingues, elegeu os seus proximos Veneravel Mestre e Tesoureiro.

Numa votação sem qualquer sobressalto, foi assegurada a continuidade da Liderança da Loja.

Para Tesoureiro foi eleito o Irmão António M., espera-o um cargo dificil e ingrato, se bem que o estado das contas se encontre bom e os sistemas de controlo a funcionar, mas que ele conseguirá cumpri-lo nao temos qualquer duvida.

Para Veneravel, e será o 19º Veneravel da Loja, foi eleito o Irmao João F., a ele a dificil tarefa de ser o primeiro Veneravel da Idade adulta da Loja.

A tomada de posse ocorrerá em Setembro e nessa altura disso daremos conhecimento aqui.

Aos Irmãos eleitos as nossas sinceras felicitações e votos de sucesso.


José Ruah

11 julho 2008

O copo de leite

O texto de hoje, como venho fazendo às sextas-feiras, é um texto que seleccionei para publicação, com o objectivo de que sirva de ponto de partida para alguma meditação, em ordem a algo aprendermos. Este texto, de autor que desconheço, chegou-me já em português, mas tenho-o como tradução de um texto original em inglês, tendo em atenção o nome de um dos intervenientes, que também mantenho. Também como uso fazer, o texto é editado, adaptado e comentado por mim

Um dia, um rapaz pobre que vendia mercadorias de porta em porta para pagar seus estudos, viu que só lhe restava uma simples moeda de dez cêntimos e tinha fome. Decidiu que pediria comida na próxima casa. Porém, os seus nervos traíram-no quando uma encantadora mulher jovem lhe abriu a porta. Em vez de comida, pediu um copo de água. Ela reparou que jovem estava esfomeado e assim deu-lhe um grande copo de leite. Ele bebeu devagar e depois perguntou à mulher:

-Quanto lhe devo?

-Não me deves nada - respondeu ela. E continuou:

- A minha mãe sempre nos ensinou a nunca aceitar pagamento por uma oferta de boa vontade.

Ele concluiu:

-Pois agradeço de todo coração.

Quando Howard Kelly, assim se chamava o rapaz, saiu daquela casa, não só se sentiu mais forte fisicamente, mas também a sua fé em Deus e nos homens ficou mais forte. Ele, que já estava resignado a render-se e deixar tudo, prosseguiu firmemente seus esforços e acabou por endireitar a sua vida e atingir os seus objectivos.

Anos depois, essa jovem mulher ficou gravemente doente. Os médicos da localidade onde vivia estavam confusos. Por mais que fizessem e tentassem, a doente não melhorava e cada dia piorava um pouco, rumo ao que parecia uma prematura, mas inevitável, morte.

Finalmente enviaram-na para a capital, onde chamaram um especialista, dos poucos no Mundo que sabia tratar essa rara enfermidade. Chamaram o Dr.Howard Kelly!

Quando escutou o nome da povoação de onde ela viera, uma estranha luz encheu os olhos do Dr. Kelly. Imediatamente, vestido com a sua bata de médico, foi ver a paciente. Reconheceu imediatamente aquela mulher. Determinou-se a fazer o melhor para salvar aquela vida. Passou a dedicar atenção especial àquela paciente. Depois de uma demorada luta pela vida da enferma, ganhou a batalha.

O internamento fora demorado. Os tratamentos caros. O Dr. Kelly pediu à administração do hospital que lhe enviasse a factura total dos gastos, para a conferir e aprovar. Conferiu-a e depois escreveu algo e mandou entregá-la no quarto da paciente.

A mulher abriu a medo o envelope que continha a factura. Sabia que levaria o resto da sua vida para pagar todos os gastos. Mas, quando finalmente abriu a factura, algo lhe chamou a atenção. Nela estava escrito o seguinte:

Totalmente pago há muitos anos com um copo de leite.

ass.: Dr.Howard Kelly.


A pequena história de hoje é sobre a gratidão, mas não só. Pensemos também que um acto de solidariedade que fazemos hoje, algo de pequena monta, que provavelmente esqueceremos rapidamente, pode fazer toda a diferença para quem dele beneficia. E - quem sabe! - pode, no futuro fazer toda a diferença para nós próprios, quando chegar a altura em que sejamos nós a precisar de ajuda... Ser solidário, fazer o bem sem olhar a quem, como diz o Povo, tem um efeito multiplicador. Quanto mais um de nós for solidário, mais influenciará outros da sua comunidade a sê-lo. E cada um que assim se comporte influenciará mais e mais pessoas. Um pequeno gesto nosso não é apenas um pequeno gesto que fazemos. É um elo na imensa cadeia de pequenos gestos solidários, que assim cresce e se fortalece e faz um Mundo melhor. E um dia nós, ou os nossos filhos, porventura beneficiaremos de que o Mundo esteja melhor.

Nenhum gesto solidário é pequeno. Todos são grandes, imensos e indispensáveis. Para o Mundo ser melhor, só é preciso que cada um faça a sua parte!

Rui Bandeira