22 junho 2007

Uma História da maçonaria Britânica (1797-1834)

A política de realce do prestígio social da maçonaria sofreu um severo golpe em 1797/98, com a publicação de escritos alegando que a Maçonaria tinha sido usada como uma organização de cobertura por elementos jacobinos promovendo a Revolução Francesa. William Preston prontamente escreveu ao Gentleman's Magazine protestando a lealdade dos maçons ingleses às instituições estabelecidas. Mas as tensões assolavam a Maçonaria Britânica. Em Sheffield, lojas maçónicas cindiram, na sequência de desacordos sobre o uso das instalações maçónicas pela Sheffield Society para Informação Constitucional. Espiões apresentaram relatórios ao Ministério do Interior sobre actividades em lojas maçónicas. Uma loja maçónica em Brentford foi acusada de conspirar para assassinar o rei. A reacção das Lojas consistiu em energicamente protestarem a sua lealdade à Coroa. A Loja das Luzes, em Warrington, tornou-se ela própria num ramo da milícia local. Muitas lojas mudaram de nome, para enfatizar a sua lealdade e apego à Coroa.

Mas a Maçonaria recebeu um novo golpe com a descoberta de que rebeldes irlandeses tinham usado formas maçónicas de organização na preparação da rebelião irlandesa de 1797. O Governo propôs ao parlamento a proibição de reuniões à porta fechada. Finalmente, na sequência de um dramático debate parlamentar, acabou por ser aprovada uma excepção, em favor das lojas maçónicas, à Lei das Sociedades Proibidas de 1799. Esta legislação criou uma separação entre a Maçonaria e outras formas de organizações fraternais. Designadamente, os Oddfellows sofreram severas restrições na sua actividade.

Estas pressões sociais e políticas acabaram por influenciar a união entre as duas Grandes Lojas (a dos Modernos, ou primeira Grande Loja e a dos Antigos), ocorrida em 1813. Maçons de várias outras zonas da Europa ansiavam por que as Grandes Lojas em Inglaterra realmente conseguissem deter sobre os seus membros o controlo que reclamavam ter. Por exemplo, a Grande Loja da Suécia reclamava que as Lojas inglesas eram demasiado permissivas na admissão de marinheiros provenientes das classes baixas, que posteriormente criavam problemas quando se deslocavam ou regressavam à Suécia e tentavam juntar-se a lojas suecas. O Ministério do Interior Britânico exerceu pressões sobre a Grande Loja dos Antigos, para que esta banisse os ágapes após as reuniões maçónicas, pois muita conspiração podia aí decorrer.

Na negociação da união das duas Grandes Lojas, o Duque de Sussex (Príncipe Augustus Frederick, sexto filho de Jorge III, Grão-Mestre da Grande Loja dos Modernos em 1813 e subsequentemente primeiro Grão-Mestre da Grande Loja Unida de Inglaterra - na foto que acompanha este texto) atendia a várias preocupações. Por um lado, pretendia garantir que não existisse o perigo de a Maçonaria ser usada por elementos sediciosos. Por outro lado, procurava criar uma Maçonaria apta para o Império , criando uma uniformidade na sua prática em todo o Império Britânico. Esperava ainda que a união das duas Grandes Lojas inglesas viesse a ser seguida pela união da Grande Loja Unida de Inglaterra com as Grandes Lojas da Escócia e da Irlanda, o que explica alguns detalhes da reforma do ritual maçónico ocorrida em função da união entre os Modernos e os Antigos.

O Duque tinha mais largas ambições com a sua reforma. Esperava que, consumada a união, iria também levar a cabo um maior serviço à Humanidade. Estava fascinado pela ideia de que a Maçonaria recobria os restos de um antigo culto solar, anterior ao Cristianismo e encarregou Godfrey Higgins, que fora o pioneiro dessa teoria nas suas publicações, de investigar mais as origens da Maçonaria. Higgins afirmou ter encontrado provas suportando a sua teoria. Com a ajuda de Higgins, Sussex sonhava em usar a Maçonaria para dar uma nova religião ao Mundo, o que ele pensava ser um avanço para a civilização.

Não obstante o seu radicalismo religioso, Sussex mostrou ser muito mais conservador em termos sociais e económicos. Insistiu em que os escravos libertos não podiam ser admitidos maçons, causando o caos na Maçonaria caribenha, que só foi ultrapassado em meados do século XIX. Não foi sensível às necessidades e características das novas cidades industriais, o que talvez tenha potenciado a secessão de um grupo de lojas no Noroeste de Inglaterra, após a união das duas Grandes Lojas. Em termos gerais, parece não ter havido interesse na divulgação da Maçonaria nas cidades industriais. Um exemplo característico parece ter sido o de Bradford, onde a loja maçónica local continuou a ser constituída em exclusivo por artesãos, que aparentemente buscavam manter nela o sentido de comunidade que o desenvolvimento industrial da cidade fizera desaparecer.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

21 junho 2007

O mandato do terceiro Venerável Mestre

No texto em que relembrei as circunstâncias da sua eleição, descrevi como a Loja foi convencida a eleger José C. C. para exercer o ofício de Venerável Mestre para o período entre Setembro de 1992 e Setembro de 1993, apesar do desacordo inicial de muitos dos obreiros, e como, tomada essa decisão, todos manifestaram o seu apoio ao candidato.

A forma como foi construído o consenso removeu um grande escolho no caminho do novo Venerável Mestre. Mas as circunstâncias adversas acumulavam-se e o mandato de José C. C. não podia deixar de se ressentir. A Loja estava exausta: quase dois anos de actividade ritual extremamente intensa, dedicados a iniciar, passar e elevar quase todos os obreiros da nóvel grande Loja deixaram marcas que inevitavelmente cobrariam o seu preço. A equipa que dirigira a Loja durante o mandato de José M. M. e que, com notável coesão, assegurara todo o trabalho ritual esrava cansada e dispersava-se. José C. C. teve de efectuar uma renovação do quadro de oficiais da Loja, recorrendo inevitavelmente a elementos menos experientes.

Com a condução das cerimónias rituais por elementos com menor experiência e, sobretudo, sem a coesão que a anterior equipa forjara, não podia deixar de se notar uma quebra de qualidade no trabalho ritual na Loja, particularmente um aumento de hesitações e de comissão de pequenos erros. Isto levou a duas consequências, uma penosa a curto prazo, outra rapidamente gratificante.

A penosa foi que muitos dos que tinham manifestado discordância perante a perspectiva de José C. C. ser Venerável Mestre da Loja, pensaram que se confirmavam os seus receios. Essa sensação e o cansaço acumulado fez com que muitos dos elementos até então preponderantes na Loja fossem paulatinamente reduzindo a sua comparência. Por outro lado, no final do mandato de José M. M. a Loja tinha decidido mudar os dias de reunião. Em vez de reunir dois sábados por mês, passou a reunir um sábado e uma quarta-feira em cada mês. A reunião à quarta-feira à noite demorou a entrar nos hábitos dos obreiros da Loja e foi no período do mandato de José C. C. que tal mais se sentiu. Durante esse ano, algumas quartas-feiras houve em que as sessões decorreram com o mínimo indispensável de presenças, algo a que a nossa pujante loja não estava, de todo, habituada...

A gratificante foi que a nova equipa resolveu adequadamente o problema da sua inexperiência: corrigiu erros, ultrapassou hesitações, ganhou coesão e, em poucos meses. a qualidade do trabalho ritual foi retomada. Particularmente importante, porque difícil, foi o papel do novo Mestre de Cerimónias.

Numa loja maçónica do Rito Escocês Antigo e Aceite, o rito praticado pela Loja Mestre Affonso Domingues, toda a circulação no espaço do Templo é assegurada e dirigida pelo Mestre de Cerimónias, oficial que, assim, assume particular importância no ritmo e na correcção de todas as cerimónias rituais. A Loja estava habituada a trabalhar com um fentástico e experiente Mestre de Cerimónias, Miguel C. M.. A sua substituição não se antevia fácil e não o foi. Mas o caminho faz-se caminhando - e o cemitério está cheio de insubstituíveis... A seu tempo emergiu um novo e notável Mestre de Cerimónias que, à sua indesmentível qualidade no exercício do ofício, veio a aliar a sua permanente disponibilidade para partilhar os seus conhecimentos do ritual e ajudar os outros a bem exercitar a sua função. Hoje é, seguramente, dos maçons portugueses que mais sabe do Rito Escocês Antigo e Aceite e ainda continua a, sempre que é preciso, proficientemente exercer o ofício de Mestre de Cerimónias (ou qualquer outro em Loja, diga-se de passagem...). Quem habitualmente lê este blogue está familiarizado com o seu nome: José Ruah!

Mas aquele ano 1992/1993, com todas as dificuldades, com todos os obstáculos, foi passando, sem problemas de maior. Foi um ano de anti-clímax, de "serviços mínimos", em que, paulatinamente, a Loja recuperou fôlego, renovou o seu Quadro de Oficiais e viu uma nova geração de Mestres ganhar experiência. E aprendeu que as dificuldades se superam com trabalho e coesão. E isso foi um importantíssimo ganho para a Loja: a coesão que naquele ano aprendeu e obteve, nunca mais, até hoje, a perdeu. E tempos difíceis vieram em que essa coesão se revelou essencial. Ainda hoje a característica mais forte, mais distintiva, da Loja Mestre Affonso Domingues é, na minha opinião, a sua coesão, que se fortalece e floresce quando as adversidades surgem. José C. C. teve um papel importante no construir dessa coesão. Só por isso, merece uma grata referência na memória da Loja.

José C. C, um tímido afável, exerceu esforçada e interessadamente o seu ofício de Venerável Mestre. E, com a ajuda do seu Quadro de Oficiais, cumpriu a sua obrigação: entregou ao seu sucessor a Loja objectivamente melhor do que a recebeu, recomposta, mais experiente, pronta para, esgotado o ciclo do contributo ritual para a implantação da Obediência, definir o seu projecto.

Rui Bandeira

20 junho 2007

Uma História da Maçonaria Britânica (1763-1797)

1763 foi o ano em que terminou a Guerra dos Sete Anos, um degrau importante na emergência da Grã-Bretanha como uma potência mundial. Similarmente, a primeira Grande Loja inglesa assumiu-se como uma potência maçónica em tudo digna desse novo poder imperial. Por exemplo, na Suécia a primeira Grande Loja actuou em ligação com diplomatas britânicos para impedir a implantação de uma maçonaria de orientação francesa, como parte de um ataque global à influência política francesa no Norte da Europa.

A primeira Grande Loja arrogou-se ser a Suprema Grande Loja do Mundo e energicamente estabeleceu a sua influência em todo o Império Britânico, por exemplo através de acções como a iniciação do príncipe indiano Omdit-ul-Omrah Bahauder em 1779 em Madras (actual Chennai, capital do Estado indiano de Tamil Nadu). A primeira Grande Loja assinalou este evento com o envio de uma carta de congratulação escrita a tinta de ouro, acompanhada de uma cópia do Livro das Constituições soberbamente encadernada.

Porém, enquanto internacionalmente a primeira Grande Loja estendia a sua influência, internamente era minada pelo sucesso da Grande Loja dos Antigos (Ancients Grand Lodge) no recrutamento de membros entre as classes mais baixas. Acresce que a Grande Loja dos Antigos estabeleceu com as Grandes Lojas da Escócia e da Irlanda relações muito mais estreitas do que a primeira Grande Loja. Graças a Laurence Dermott, a Grande Loja dos Antigos forjou um estilo de Maçonaria que contrastava profundamente com a maçonaria formal e racionalista dos primeiros anos da primeira Grande Loja.

A reacção de algumas das personalidades mais influentes da primeira Grande Loja foi a de procurar realçar a respeitabilidade e o prestígio do seu estilo de maçonaria. Uma especial referência neste aspecto merece William Preston (foto que ilustra este texto), Venerável Mestre da Loja Antiguidade, uma das quatro lojas que formaram a primeira Grande Loja. Através de sucessivas edições das suas Ilustrações da Maçonaria, Preston defendeu uma reforma da Maçonaria, dando menos ênfase ao relacionamento social e centrando-se nos aspectos espirituais e filosóficos, mas acima de tudo apresentando a Maçonaria como uma actividade social de grande respeitabilidade e elevação. Encontramos uma abordagem semelhante no trabalho de Thomas Dunkerley na promoção da primeira Grande Loja fora de Londres, realçando o conteúdo espiritual da Maçonaria. Tanto Preston como Dunkerley procuraram levar a maçonaria a realçar a sua respeitabilidade, aconselhando a que as Lojas deixassem de se reunir em tabernas e passassem a fazê-lo em edifícios especialmente construídos para tal.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

19 junho 2007

O Mundo dá muitas voltas

Ai as voltas que o Mundo dá.
Vai mais ou menos para um ano a generalidade da imprensa,e a generalidade das pessoas era rápida a condenar o exercito de Israel pelas suas acções na faixa de Gaza e no Libano, com o intuito de reduzir as incursões dos terroristas e o disparo de rockets.
Acusou-se o exercito de Israel de atingir civis inocentes, etc etc.
Hoje e nos mesmos cenários Libano e Faixa de Gaza ocorrem situaçoes similares.
No Libano o exercito regular bombardeia campos de refugiados onde estaõ entrincheirados grupos radicais terroristas.
Em Gaza as milicias do Hamas perseguem e aniquilam as forças da Fatah. Sabe-se de execuções sumárias com tiros na nuca e outras atrocidades.
Em qualquer dos casos existem mortos civis.
Curiosamente os média olham com paternalismo para a desgraça. Não olham como se um conflito se tratasse mas como se uma catastrofe tipo tsunami fosse.
Tenho que concluir, fria e cruelmente, que quando Israel está envolvido há chacinas e massacres e morrem muitos civis. Quando a questão é entre facçoes rivais é uma causa natural e só há desgraçados que não tinham como escapar dessa monstruosa onda.
Ora aqui está a subtil diferença que os Media introduziram sem se dar conta.
É natural, é historico, que facçoes rivais dos palestianos se matem umas às outras, como tal o peso dado a estes eventos é a 16ª pagina do jornal e a noticia no fim do bloco de noticias internacionais.
É mais um "fait divers" tipo " Morreram mais 79 pessoas (um dia são Xiitas e no dia seguinte são Sunitas) num atentado em Bagdad ".
O mundo em geral vai dizendo que é preciso parar a coisa, mas não é tomada nenhuma acção nesse sentido pois até dá jeito que as facçoes rivais nao se entendam e se aniquilem. Dá jeito que o exercito regular do Libano use as muniçoes que a enferrujar para se poderem vender mais uns obuses e uns canhões.
Ora eu cá como até nem sou hipocrita, escrevo estas coisas.
Mas que estou absolutamente convencido que existem dois pesos e duas medidas para as atitudes do Mundo face a esta realidade que é o Médio Oriente, isso estou.

José Ruah

18 junho 2007

Uma história da Maçonaria Britânica (1737-1763)

A crise precipitada pelo apoio da Grande Loja ao Príncipe de Gales culminou em 1741, com a parada solene da Grande Loja em Londres a ser interrompida por tumultos. Em 1747, a Grande Loja sentiu-se incapaz de continuar a organizar a sia parada pública anual. Em 1751, formou-se a Ancients Grand Lodge (Grande Loja dos Antigos), reflectindo a crescente divisão do mundo maçónico.

Em Inglaterra, esta crise de autoridade da primeira Grande Loja evidentemente que conduziu a uma saída de muitos elementos. No entanto, nessa mesma altura a Maçonaria difundia-se para além das Ilhas Britânicas. Benjamin Franklin tinha impresso uma edição americana do Livro das Constituições em 1734 e, por volta de 1740, foi instalado Grão-Mestre Provincial de Filadélfia.

Entretanto, à medida que a Maçonaria se espalhava pelo Mundo, tornava-se uma maior fonte de conflitos. As discordâncias entre as Maçonarias francesa e inglesa, por vezes reflectindo o explícito envolviento jacobino, criou tensões entre as Grandes Lojas de França e de Inglaterra. Por outro lado, a suspeição papal, que resultou numa série de bulas papais contra a Maçonaria a parir de 1738, tornaram a Maçonaria uma actividade arriscada na Europa Continental. O livro, que foi um êxito de vendas, descrevendo os tormentos de John Coustos às mãos da Inquisição Portuguesa contribuiu para dar ênfase a uma imagem da maçonaria Britânica anti-católica, o que também é ilustrativo de como a Maçonaria se tornou uma instituição com uma marca política e social.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

15 junho 2007

Se a moda pega ou a lei passa...

Tamos metidos num molho de brocolos !!!

Refiro-me claro aos autarcas arguidos. Há uns tempos atrás abordei este assunto, hoje retoma actualidade.

De repente ficamos a saber ( o que já sabiamos mas agora de forma oficial) que uma quantidade de autarcas são arguidos nos mais variados processos.

Ficamos a saber que o Governo pretende aprovar legislação que obrigue autarcas arguidos a suspenderem o mandato.

Já sabiamos que alguns partidos são inflexiveis (mais ou menos conforme lhes convêm e dá jeito) nas suas opções e forçam os seus autarcas a suspenderem o mandato se forem constituidos arguidos.

Se a moda pega ou a lei passa podemos de repente decapitar o poder autarquico.

Podemos cair no ridiculo de um cidadão acordar mais mal disposto (eventualmente vitima de uma fortissima dor de cabeça sofrida pela sua mulher na noite anterior) e decidir apresentar queixa crime contra o Presidente da Camara da localidade onde vive porque o cão do vizinho defecou na via publica e os serviços camarários nao foram suficientemente diligentes a limpar o dito dejecto que se lhe entranhou no sapato.

Já imaginaram que não gostam do Presidente da Camara ou de um vereador porque ele não autorizou aquela obra que até não tinha o projecto como deve ser, nem sequer qualificava para tal, já imaginaram ? Já !!!

Pois poderão vingar-se. Basta apresentar uma queixa qualquer que faça com que o dito seja constituido arguido e pronto aí está o homem suspenso !!!!

Cá estou para ver onde isto vai chegar.

Continuo a acreditar na presunção de inocência. Isto quer dizer que quando for demosntrada a culpa então que haja a perca de mandatos e que se mandem os prevaricadores para a cadeia.

Até lá .... um pouco de bom senso não faz mal a ninguém.

José Ruah

14 junho 2007

Centro Cultural Malaposta


Como alguns sabem vivo em Odivelas, e já lá vão 40 anos que fiz esta emigração, o que explica o carinho com que vejo a evolução destas "terras do fim do mundo" (há 40 anos, eram...).
Acontece que "cultura" não é própriamente uma filha estimada do Estado ou das entidades governamentais, nem pelo exemplo dos interesses pessoais e muito menos pelo interesse público demonstrado.
Ora Odivelas escapa a este vazio de interesse.

O Centro Cultural Malaposta ("A Malaposta"...) trata de corrigir, cá pelo burgo, as faltas culturais nacionais, mantendo tempos de programação com 2 anos de distância, uma actividade permanente, variada e, por vezes, ultrapassando em muito a sua área de actuação específica como foi exemplo a "BIENAL DE CULTURA LUSÓFONA" que transformou Odivelas na Capital da Lusofonia Universal durante um mês.

Ontem foi inaugurada mais uma exposição para cuja visita deixo aqui um convite.
É Victor Belém com os seus projectos, objectos e instalações ou, por outras palavras, é pôr à vista desarmada de todos, estados de espírito de alguns momentos do pós 25/Abril/74.
A exposição não é grande (o espaço é o que há... e não estica !) mas vale a pena.
"Pedra no Sapato" de 1985, "Pátria Prisioneira" de 1996 ou o "Porão B" de 2006 (já exposto durante a Bienal da Lusofonia) são alguns trabalhos para serem vistos e revistos atentamente.
Deixo-Vos aqui alguns "rebuçados" para incentivar o Vosso entusiasmo.
Pátria Aprisionada - 1996


Pedra no Sapato- 1985

Natureza Morta - 1994 Impressão Digital - 1975/89

Filho da Pátria Cortado ao Meio - 1985 Porão B - 2006
Aqui fica o desafio.
Entre todos confesso a minha predilecção pelo "Porão B", estória da história dos portugueses que andaram de barco entre a Europa e as colónias.
JPSetúbal