20 junho 2007

Uma História da Maçonaria Britânica (1763-1797)

1763 foi o ano em que terminou a Guerra dos Sete Anos, um degrau importante na emergência da Grã-Bretanha como uma potência mundial. Similarmente, a primeira Grande Loja inglesa assumiu-se como uma potência maçónica em tudo digna desse novo poder imperial. Por exemplo, na Suécia a primeira Grande Loja actuou em ligação com diplomatas britânicos para impedir a implantação de uma maçonaria de orientação francesa, como parte de um ataque global à influência política francesa no Norte da Europa.

A primeira Grande Loja arrogou-se ser a Suprema Grande Loja do Mundo e energicamente estabeleceu a sua influência em todo o Império Britânico, por exemplo através de acções como a iniciação do príncipe indiano Omdit-ul-Omrah Bahauder em 1779 em Madras (actual Chennai, capital do Estado indiano de Tamil Nadu). A primeira Grande Loja assinalou este evento com o envio de uma carta de congratulação escrita a tinta de ouro, acompanhada de uma cópia do Livro das Constituições soberbamente encadernada.

Porém, enquanto internacionalmente a primeira Grande Loja estendia a sua influência, internamente era minada pelo sucesso da Grande Loja dos Antigos (Ancients Grand Lodge) no recrutamento de membros entre as classes mais baixas. Acresce que a Grande Loja dos Antigos estabeleceu com as Grandes Lojas da Escócia e da Irlanda relações muito mais estreitas do que a primeira Grande Loja. Graças a Laurence Dermott, a Grande Loja dos Antigos forjou um estilo de Maçonaria que contrastava profundamente com a maçonaria formal e racionalista dos primeiros anos da primeira Grande Loja.

A reacção de algumas das personalidades mais influentes da primeira Grande Loja foi a de procurar realçar a respeitabilidade e o prestígio do seu estilo de maçonaria. Uma especial referência neste aspecto merece William Preston (foto que ilustra este texto), Venerável Mestre da Loja Antiguidade, uma das quatro lojas que formaram a primeira Grande Loja. Através de sucessivas edições das suas Ilustrações da Maçonaria, Preston defendeu uma reforma da Maçonaria, dando menos ênfase ao relacionamento social e centrando-se nos aspectos espirituais e filosóficos, mas acima de tudo apresentando a Maçonaria como uma actividade social de grande respeitabilidade e elevação. Encontramos uma abordagem semelhante no trabalho de Thomas Dunkerley na promoção da primeira Grande Loja fora de Londres, realçando o conteúdo espiritual da Maçonaria. Tanto Preston como Dunkerley procuraram levar a maçonaria a realçar a sua respeitabilidade, aconselhando a que as Lojas deixassem de se reunir em tabernas e passassem a fazê-lo em edifícios especialmente construídos para tal.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

19 junho 2007

O Mundo dá muitas voltas

Ai as voltas que o Mundo dá.
Vai mais ou menos para um ano a generalidade da imprensa,e a generalidade das pessoas era rápida a condenar o exercito de Israel pelas suas acções na faixa de Gaza e no Libano, com o intuito de reduzir as incursões dos terroristas e o disparo de rockets.
Acusou-se o exercito de Israel de atingir civis inocentes, etc etc.
Hoje e nos mesmos cenários Libano e Faixa de Gaza ocorrem situaçoes similares.
No Libano o exercito regular bombardeia campos de refugiados onde estaõ entrincheirados grupos radicais terroristas.
Em Gaza as milicias do Hamas perseguem e aniquilam as forças da Fatah. Sabe-se de execuções sumárias com tiros na nuca e outras atrocidades.
Em qualquer dos casos existem mortos civis.
Curiosamente os média olham com paternalismo para a desgraça. Não olham como se um conflito se tratasse mas como se uma catastrofe tipo tsunami fosse.
Tenho que concluir, fria e cruelmente, que quando Israel está envolvido há chacinas e massacres e morrem muitos civis. Quando a questão é entre facçoes rivais é uma causa natural e só há desgraçados que não tinham como escapar dessa monstruosa onda.
Ora aqui está a subtil diferença que os Media introduziram sem se dar conta.
É natural, é historico, que facçoes rivais dos palestianos se matem umas às outras, como tal o peso dado a estes eventos é a 16ª pagina do jornal e a noticia no fim do bloco de noticias internacionais.
É mais um "fait divers" tipo " Morreram mais 79 pessoas (um dia são Xiitas e no dia seguinte são Sunitas) num atentado em Bagdad ".
O mundo em geral vai dizendo que é preciso parar a coisa, mas não é tomada nenhuma acção nesse sentido pois até dá jeito que as facçoes rivais nao se entendam e se aniquilem. Dá jeito que o exercito regular do Libano use as muniçoes que a enferrujar para se poderem vender mais uns obuses e uns canhões.
Ora eu cá como até nem sou hipocrita, escrevo estas coisas.
Mas que estou absolutamente convencido que existem dois pesos e duas medidas para as atitudes do Mundo face a esta realidade que é o Médio Oriente, isso estou.

José Ruah

18 junho 2007

Uma história da Maçonaria Britânica (1737-1763)

A crise precipitada pelo apoio da Grande Loja ao Príncipe de Gales culminou em 1741, com a parada solene da Grande Loja em Londres a ser interrompida por tumultos. Em 1747, a Grande Loja sentiu-se incapaz de continuar a organizar a sia parada pública anual. Em 1751, formou-se a Ancients Grand Lodge (Grande Loja dos Antigos), reflectindo a crescente divisão do mundo maçónico.

Em Inglaterra, esta crise de autoridade da primeira Grande Loja evidentemente que conduziu a uma saída de muitos elementos. No entanto, nessa mesma altura a Maçonaria difundia-se para além das Ilhas Britânicas. Benjamin Franklin tinha impresso uma edição americana do Livro das Constituições em 1734 e, por volta de 1740, foi instalado Grão-Mestre Provincial de Filadélfia.

Entretanto, à medida que a Maçonaria se espalhava pelo Mundo, tornava-se uma maior fonte de conflitos. As discordâncias entre as Maçonarias francesa e inglesa, por vezes reflectindo o explícito envolviento jacobino, criou tensões entre as Grandes Lojas de França e de Inglaterra. Por outro lado, a suspeição papal, que resultou numa série de bulas papais contra a Maçonaria a parir de 1738, tornaram a Maçonaria uma actividade arriscada na Europa Continental. O livro, que foi um êxito de vendas, descrevendo os tormentos de John Coustos às mãos da Inquisição Portuguesa contribuiu para dar ênfase a uma imagem da maçonaria Britânica anti-católica, o que também é ilustrativo de como a Maçonaria se tornou uma instituição com uma marca política e social.

(Prossegue-se na divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield)

Rui Bandeira

15 junho 2007

Se a moda pega ou a lei passa...

Tamos metidos num molho de brocolos !!!

Refiro-me claro aos autarcas arguidos. Há uns tempos atrás abordei este assunto, hoje retoma actualidade.

De repente ficamos a saber ( o que já sabiamos mas agora de forma oficial) que uma quantidade de autarcas são arguidos nos mais variados processos.

Ficamos a saber que o Governo pretende aprovar legislação que obrigue autarcas arguidos a suspenderem o mandato.

Já sabiamos que alguns partidos são inflexiveis (mais ou menos conforme lhes convêm e dá jeito) nas suas opções e forçam os seus autarcas a suspenderem o mandato se forem constituidos arguidos.

Se a moda pega ou a lei passa podemos de repente decapitar o poder autarquico.

Podemos cair no ridiculo de um cidadão acordar mais mal disposto (eventualmente vitima de uma fortissima dor de cabeça sofrida pela sua mulher na noite anterior) e decidir apresentar queixa crime contra o Presidente da Camara da localidade onde vive porque o cão do vizinho defecou na via publica e os serviços camarários nao foram suficientemente diligentes a limpar o dito dejecto que se lhe entranhou no sapato.

Já imaginaram que não gostam do Presidente da Camara ou de um vereador porque ele não autorizou aquela obra que até não tinha o projecto como deve ser, nem sequer qualificava para tal, já imaginaram ? Já !!!

Pois poderão vingar-se. Basta apresentar uma queixa qualquer que faça com que o dito seja constituido arguido e pronto aí está o homem suspenso !!!!

Cá estou para ver onde isto vai chegar.

Continuo a acreditar na presunção de inocência. Isto quer dizer que quando for demosntrada a culpa então que haja a perca de mandatos e que se mandem os prevaricadores para a cadeia.

Até lá .... um pouco de bom senso não faz mal a ninguém.

José Ruah

14 junho 2007

Centro Cultural Malaposta


Como alguns sabem vivo em Odivelas, e já lá vão 40 anos que fiz esta emigração, o que explica o carinho com que vejo a evolução destas "terras do fim do mundo" (há 40 anos, eram...).
Acontece que "cultura" não é própriamente uma filha estimada do Estado ou das entidades governamentais, nem pelo exemplo dos interesses pessoais e muito menos pelo interesse público demonstrado.
Ora Odivelas escapa a este vazio de interesse.

O Centro Cultural Malaposta ("A Malaposta"...) trata de corrigir, cá pelo burgo, as faltas culturais nacionais, mantendo tempos de programação com 2 anos de distância, uma actividade permanente, variada e, por vezes, ultrapassando em muito a sua área de actuação específica como foi exemplo a "BIENAL DE CULTURA LUSÓFONA" que transformou Odivelas na Capital da Lusofonia Universal durante um mês.

Ontem foi inaugurada mais uma exposição para cuja visita deixo aqui um convite.
É Victor Belém com os seus projectos, objectos e instalações ou, por outras palavras, é pôr à vista desarmada de todos, estados de espírito de alguns momentos do pós 25/Abril/74.
A exposição não é grande (o espaço é o que há... e não estica !) mas vale a pena.
"Pedra no Sapato" de 1985, "Pátria Prisioneira" de 1996 ou o "Porão B" de 2006 (já exposto durante a Bienal da Lusofonia) são alguns trabalhos para serem vistos e revistos atentamente.
Deixo-Vos aqui alguns "rebuçados" para incentivar o Vosso entusiasmo.
Pátria Aprisionada - 1996


Pedra no Sapato- 1985

Natureza Morta - 1994 Impressão Digital - 1975/89

Filho da Pátria Cortado ao Meio - 1985 Porão B - 2006
Aqui fica o desafio.
Entre todos confesso a minha predilecção pelo "Porão B", estória da história dos portugueses que andaram de barco entre a Europa e as colónias.
JPSetúbal

Dia Mundial do Dador de Sangue: Obrigado!

Hoje assinala-se o Dia Mundial do Dador de sangue, que foi instituído pela Assembleia de 2005 da Organização Mundial da Saúde. É assinalado nesta data, por a mesma ser a data de nascimento de Karl Landsteiner, prémio Nobel da Medicina, que descobriu o sistema de grupos sanguíneos ABO, permitindo assim a transfusão de sangue.

Esta efeméride destina-se também a assinalar o reconhecimento pelos dadores de sangue.

E, neste aspecto, todos os dadores de sangue de Portugal bem merecem os parabéns que o Instituto Português do Sangue muito justamente lhes endereça, já que, no ano passado, Portugal atingiu a auto-suficiência nas reservas de sangue, graças às mais de 360.000 unidades de sangue colhidas, equivalentes a 39 dádivas por mil habitantes. O número ideal de dádivas por milhar de habitantes é de 40 a 50 por ano.


Em Portugal existem presentemente 400.000 dadores de sangue, segundo o número de cartões emitido pelo Instituto Português do Sangue. Só em 2006, esse Instituto registou 298.000 novos dadores!

São as mulheres e os jovens quem mais contribui para as reservas de sangue a nível nacional.

A todas e a todos os dadores, um muito grande

OBRIGADO!

A todas e a todos os dadores, o desejo de que continuem a efectuar as suas dádivas, se possível mais do que uma por ano. O ideal são 3 dádivas anuais pelas mulheres e 4 anuais pelos homens.

BEM-HAJAM!

Rui Bandeira

12 junho 2007

Uma História da Maçonaria Britânica (1717-1737)

Continua-se a divulgação do trabalho do Professor Andrew Prescott, que constituiu a sua lição de despedida do Center for Research in Masonry da Universidade de Sheffield.


É no contexto de uma reacção contra a existência do grupo dos Aceites na Companhia dos Maçons de Londres que se insere a criação da Grande Loja em 1717. Esta organização reclamou a jurisdição sobre os construtores de Londres e arredores e um dos seus objectivos nos primeiros vinte anos da sua existência foi a organização e articulação de uma estrutura administrativa de controlo sobre as Lojas existentes nessa área, designadamente com a emissão de cartas-patente das Lojas pela Grande Loja e a exigência desta de que aquelas obedecessem às regras por si instituídas. Paralelamente a este controlo administrativo. foi desenvolvida uma apreciável actividade cultural e social, para além de um alinhamento político no apoio ao Príncipe de Gales contra seu pai, o rei Jorge II. Por outro lado, exerceu um forte esforço no estudo e divulgação da geometria, em conexão com os desenvolvimentos do pensamento científico da época. Teve também um papel importante ao nível estético, pois as primeiras actividades da Grande Loja estiveram explicitamente ligadas ao suporte da arquitectura vitruviana, em oposição à tradição gótica.

Esta Maçonaria inovadora não fazia distinções religiosas, como se prova pela existência de Judeus e huguenotes nas primeiras Lojas. Mas a crescente insistência numa particular agenda política, cultural e social veio a revelar-se fonte de litígios. Tal expressou-se, designadamente, no abandono de William Hogarth, por volta de 1736. Por outro lado, ocorreram também tensões com os maçons de outras zonas das Ilhas Britânicas, como por exemplo com York, onde o historiador Francis Drake reclamava que a verdadeira origem da Maçonaria residia naquela região, A criação de Grandes Lojas na Escócia e na Irlanda também ocorreu em reacção às pretensões hegemónicas da Grande Loja de Londres.

As tensões decorrentes da criação, implantação e pretensões hegemónicas da Grande Loja de Londres agudizaram-se com a Iniciação, em 1737, de Frederick Lewis, Príncipe de Gales. Este acto abertamente político da Grande Loja de Londres inaugurou um período de grande tensão e cisão.

Rui Bandeira