21 julho 2006

“Amar a Pátria ...” e o Futebol (mais uma sobre ...)

Para aqueles para quem a frase em título faz algum sentido, e a reconhecem desde os primeiros passos iniciáticos na nossa augusta ordem, o que significa que TODOS já com ela conviveram, ocorreu-me, neste texto profano, mas não esquecendo a responsabilidade que impende sobre todo e qualquer Maçon, ao qual se lhe exige, não ser bom como os demais profanos, mas sim ser melhor que eles, dissertar sobre um tema que a tantos diz, porém a uns coisas boas a outros nem por isso.
Mas afinal o que é que o futebol tem a ver com o “Amar a Pátria” ?
Futebol já todos sabemos o que é. Mas e a Pátria, todos saberão ?
E onde é que isto encaixa com a maçonaria, ou com os maçons ?
Muitas perguntas. Algumas pistas de resposta pretendo aqui deixar, alertando humildemente para o facto de serem meras opiniões pessoais, que naturalmente deverão soçobrar perante avalizadas opiniões.
Antes porém uma pequena historia introdutória gostaria de aqui deixar. Tem a ver com uma comitiva de Eleitos Locais Portugueses, fundamentalmente, constituída por Presidentes de Câmara e Assembleia Municipal portugueses, que se deslocaram ao Brasil, concretamente ao estado do Ceará.
A deslocação desta comitiva pretendia partilhar com os congéneres daquele Estado Brasileiro formas de intervenção municipal, comparar sinergias, promover Portugal e o Brasil como destinos turísticos.
Numa dada fase dos trabalhos, em sala, a comitiva Portuguesa foi dividida por regiões de forma a formar grupos e assim preparar uma apresentação das respectivas regiões onde se inseriam os municípios de cada um.
O autor destas linhas tendo estado presente (embora não como eleito) teve oportunidade de registar que a generalidade dos eleitos portugueses, a quem incumbiu a apresentação dos seus grupos de trabalho, perante uma plateia composta por decisores políticos locais brasileiros, desfiaram um chorrilho de lamentações, exigências e protestos, tal como se ali estivesse quem lhes pudesse resolver todos os seus problemas. Isto para além de utilizarem siglas e palavras incompreensíveis para os nossos “irmãos” brasileiros.
Ora para promoção do País, estando nós no estrangeiro, foi do pior que já tive oportunidade de presenciar.
Coube-me porém a sorte de fazer a apresentação do meu grupo de trabalho, e tendo ficado para penúltimo, considerei uma oportunidade de desfazer a imagem negativa construída pelos meus antecessores.
E porque “amo a minha Pátria” falei apenas dos aspectos positivos que o meu País oferece, hoje e no futuro. Não deixei de falar no passado, pois Portugal pode orgulhar-se de ter um longo e rico passado, já outros países ... .
Se nós próprios não valorizarmos perante os outros aquilo que nos é próximo então quem o fará ?
Agora o futebol onde muito se falou e de como o campeonato do mundo mudou a vida das pessoas e dos países. A “coisa” vinha já do europeu em 2004.
Claro que as injecções diárias de noticias futebolísticas roçaram o exagero, claro que os considerandos dos “treinadores de bancada” oscilavam nos índices dos limites da paciência, perante as mais desfocadas posições sobre aquilo que era a eficácia da selecção nacional.
Mas alcandorar o futebol como uma maleita de um povo inculto ou sem objectivos, ou pelo menos sem qualquer outro motivo de interesse, assim demonstrando a pobreza de espirito nacional, essa é manifestamente incompreensível.
Um povo que “ame a sua pátria” deve orgulhar-se por se distinguir num qualquer domínio, seja ele na cultura (orgulhemo-nos de dois prémios Nobel – medecina e literatura), seja no desporto, e aqui muito á com que nos orgulhar, seja na ciência (orgulhemo-nos dos vários cientistas portugueses, embora aqui apenas refira por economia de espaço o António Damásio), seja na Política (orgulhemo-nos pelo Cutileiro na UEO, do Freitas do Amaral na Assembleia Geral da ONU, pelo Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, orgulhemo-nos pelo António Guterres Alto Comissário para os refugiados, e atenção segui a ordem cronológica pela qual foram eleitos ou nomeados para os respectivos cargos), enfim orgulhemo-nos sempre e quando Portugal ou portugueses se destingam à escala planetária.
Se o futebol marca a agenda de tanta gente em todo o mundo é porque é um fenómeno global e globalizante, ao qual até os americanos, habituados a impor os seus padrões, tiveram de aderir.
Se o futebol é uma fenomenal manifestação de catarse colectiva de uma Nação, então força com isso exorcizem-se os males e maleitas do dia a dia. Afinal qual é o espanto se a própria economia é afectada, e muito, por fenómenos psicológicos, daí ser tão volátil ?
Se o futebol desenterrou os nossos mais profundos sentimentos de amor pátrio então merece o nosso sentido aplauso, e por isso não nos envergonhemos pelas lágrimas que nos correm pela cara abaixo, pela pele de galinha, pelos altos níveis de ansiedade que certos jogos nos proporcionam, e finalmente, pelo grito(s) lançados a plenos pulmões por vitórias alcançadas, mesmo sem brilhar.
Futebol é desporto. Não eram os jogos olímpicos da antiguidade uma manifestação desportiva que glorificava o País dos atletas de eleição, dos campeões ?
Bandeiras nas janelas das casas, nos automóveis, aos pescoços, o patriotismo desfraldado, vivido e sentido por tantos.
Recordo um comentário quando passava na televisão, uma peça sobre os imigrantes portugueses na Alemanha que se deslocavam centenas de quilómetros só para ver a selecção e de lágrimas nos olhos diziam-se felizes, e alguém dizia ao meu lado “ não compreendo como podem eles – os imigrantes – gostar tanto da bandeira portuguesa quando tiveram de procurar melhor sorte no estrangeiro”. Dei comigo a pensar “como é que se pode pensar não amar a pátria só porque se está longe dela”.
Então Amar a Pátria é cada Português dar o melhor de si, a título de exemplo para os outros, em qualquer circunstância, tanto cá como no estrangeiro (diria mesmo em especial no estrangeiro), apesar de muitas vezes termos razões de queixa, apesar de nem sempre as coisas correrem de feição, apesar de tudo Amar a pátria é de resto uma atitude bem maçónica.

Viva Portugal

Templuum Petrus

É HOJE ... É HOJE... !!!!!!


Não esqueçam nem se distraiam, é hoje que a CERCIAMA conta receber a V. visita. Não faltem:
- Porque é uma Obra valiosíssima !
- Porque toda uma extraordinária equipa Vos convida e merece a V. ajuda;
- Porque as Crianças da Cerciama anseiam pela V. visita.

Vão até lá e verão como ficam felizes com os Amigos que as visitam.

R. Mestre Roque Gameiro, 12 na Amadora.
JPSetúbal

Encerrando a polémica.

Honestamente, não pensava ter que voltar a escrever sobre este tema.

Na minha intervenção, quis apenas sublinhar que o texto do JoséSR era partidário, que a acção de Tsahal no Líbano estava errada e que não é massacrando as populações civis que se resolverá a questão do terrorismo em geral e do Hezbollah, em particular. Pelo menos, do meu ponto de vista. Ponto final.

Mas como o JoséSR está a qualificar o meu texto de “foram apenas atiradas para a discussão algumas ideias na generalidade generalistas e imprecisas numa tentativa de criar uma polémica” vou acrescentar o seguinte:

Já que não tenho entendido que a posição do JoséSR não é a favor da guerra, antes a de condenação da "hipocrisia dos Media e de alguns Governantes e Senhores importantes deste mundo" (JoséSR dixit), vou citar duas frases ditas nos últimos dias e que me parecem elucidativas:

1 - “Estamos a nos defender depois ter sido atacados. É importante sublinhar que se trata de legítima defesa »
Palavras do Vice Primeiro Ministro Shimon Peres ao micro da rádio militar Israelita.

Relembro que a acção de Israel foi justificada pelo rapto de dois soldados. “Atacados”?

2 - “A operação estava preparada de longa data, baseada em informações recolhidas ao longo dos últimos anos”. “O objectivo é de enfraquecer o Irão que utiliza o Hezbollah por procuração na sua confrontação com o Estado de Israel”
Citando o Olivier Rafowicz, porta palavra do exército Israelita.

A ouvir o Shimon Peres, tratava-se de legítima defesa no seguimento daquele rapto. “Legitima defesa”?

Hipocrisia, sim, mas essa hipocrisia não tem fronteiras!

Considero, por minha parte, este assunto como encerrado.

Erato

20 julho 2006

Da Polémica

Este post será breve porque estou com pouco tempo para o escrever, o que quer dizer que talvez volte ao assunto.

Caro Rui

Não sei o fazes mas fico cá pensando deves ser advogado, ou qualquer coisa dessas.

Na verdade caracterizar esta pequena troca de posts como uma polémica é generosidade tua, pois na verdade nada do que eu disse foi efectivamente contestado, foram apenas atiradas para a discussão algumas ideias na generalidade generalistas e imprecisas numa tentativa de criar uma polémica.

Aceitar o desafio para a polémica foi coisa que fiz, mas para ser derimido em privado. Nunca entraria em confronto directo neste blog.

Quando acima digo imprecisas refiro-me entre outras ao Hezbollah.

Erato diz que a UE reconhece como terrorista o Hezbollah. É uma pequena verdade, pois apenas implicitamente como se pode ler no boletim de 10 março cujo link aqui fica
http://europa.eu/bulletin/en/200503/p106031.htm

Esta pequena verdade é consubstanciada numa outra declararção da UE feita sobre o mesmo tema ( o Assassinato do 1º Min Rafiq Hariri), na qual se fala de ala terrorista do Hezbollah, e cujo link aqui vai
http://europa.eu/bulletin/en/200501/p106053.htm

Ao falar-se de ala terrorista pressupõe-se que exista a ala não terrorista. Ora o Movimento Hezbollah é todo dirigido pela mesma pessoa. ( deve ser o Nasrallah sopeira, O Nasrallah Dona de casa, O Nasrallah mordomo, etc.....)

Todavia no documento de fundo sobre organizaçoes terroristas, actualizado em 29/6/2006 o Hezbollah não é explicitamente mencionado.
http://europa.eu/scadplus/leg/en/lvb/l33208.htm

Ou seja a Uniao Europeia navega em meias tintas, para asssim poder ter um grau de liberdade maior.

Como vez, e acho que já sabias, os factos que levam a escrever são fundamentados, não são fantasiados.

E neste blog terei ( como tenho tido ) o cuidado de verificar as minhas fontes, que posso ou não por logo de inicio.

Podes tambem ter certeza que a expressão das minhas opinões não foi, nem será feita de forma ligeira.

E Pronto, se quiseres continuar com o Epiteto de Polémica pois que seja.

Um Abraço

JoseSR

Até que enfim uma polémica!


Desde o princípio do blogue que aguardava por um desacordo claro e inequívoco entre autores. Juro!

E aguardava, porque, como eu esperava, o desacordo de opiniões entre o JoséSR e o Erato é uma boa oportunidade de desmontar, ao vivo e a cores, um dos mitos sobre os maçons e de mostrar como funciona o debate entre maçons.

Relembro palavras que já foram escritas, no texto de apresentação do blogue: "este espaço não é, não quer ser e não vai ser, um "blogue maçónico". É, quer ser e vai ser, simplesmente, um blogue feito por maçons." E também: "Este espaço não se destina a ser lido por maçons (...) Este espaço destina-se a ser lido por quem quiser fazê-lo" - maçon ou não maçon.

Neste espaço cabe a apresentação e discussão de quaisquer temas que qualquer colaborador do blogue entenda útil apresentar ou discutir, sem tabus, sem censuras, sem limitações que não as inerentes ao correcto comportamento social que todos nós, maçons, procuramos ter: o respeito pelas ideias dos outros, mesmo - e sobretudo! - quando diferentes e opostas das nossas; a discussão aberta, leal, dura, mesma, sobre as ideias, sobre os argumentos, não sobre as pessoas ou aqueles de quem pontualmente discordamos.

Visto isto, vamos à desmontagem do mito: os maçons não têm um pensamento único, não estão sempre de acordo; pelo contrário, só pode ser maçon quem, por acreditar na Liberdade, por praticar a Tolerância, por exercer a Responsabilidade, tiver as suas próprias ideias e as defenda, não importa se em concordância ou discordância de outro maçon!

Esta mini-polémica permite ainda mostrar como os maçons, pela sua vivência comum, pela sua prática, sabem discutir, sabem polemizar, sabem discordar, sabem, enfim, debater ideias sem utilizar a ofensa ou argumentos ad hominem e, pelo contrário, procuram defender as suas ideias assumindo as discordâncias com as ideias expressas pelo seu parceiro, mas não as diabolizando, antes procurando ressalvar os pontos positivos delas e as convergências que é possível encontrar.

Não quero proclamar que nós, maçons, somos perfeitos e sempre impolutos no debate. Longe disso! Só se pode proclamar maçon quem assume a sua imperfeição e, humildemente, procura aperfeiçoar-se, com o auxílio dos seus Irmãos! Portanto, as regras de boa convivência, de boa discussão, de são debate, são, por vezes quebradas. Claro que sim! Mas a diferença é que tal quebra sucede muito menos que no comum da Sociedade e, sobretudo, que a quebra destes princípios, quantas vezes no calor do debate, é assinalada e não raro assumida pelo próprio que os quebrou.

Aproveitemos então a mini-polémica para verificar o cumprimento dos princípios enunciados. O resumo e a interpretação das posições de cada um é, obviamente, pessoal meu e, embora procurando espelhar o pensamento de cada um dos polemistas, trata-se de um resumo muito no "osso", apenas tocando o necessário para demonstrar o cumprimento dos princípios atrás enunciados.

O JoséSR expressou a sua posição sobre os actuais desenvolvimentos no Médio Oriente, deixando bem clara a sua posição favorável aos israelitas e verberando o duplo padrão que, no seu entender, os governos ocidentais praticam em relação ao terrorismo que atinge o Ocidente e aquele que "apenas" vitimiza Israel. Nesse sentido, deixou bem clara a sua concordância com a recente e actual actuação de Israel e a sua óbvia discordância relativamente à actuação dos militantes e dirigentes do Hezbolah, do Hamas, etc..

O Erato manifestou o entendimento de que o pensamento do JoséSR é parcial e não objectivo - mas afirmou o seu respeito pelo texto que critica e expôs os seus argumentos, que considera dever serem também atendidos: a declaração europeia que considera o Hezbolah uma organização terrorista, a sua preocupação com as vítimas civis e com o sacrifício que é sucessivamente imposto ao Líbano com as permanentes acções militares no seu território e termina proclamando que tudo isto se passa "porque, talvez, façam falta os homens livres e de bons costumes neste mundo de loucos".

A resposta do JoséSr lamenta que Erato não tenha entendido que a sua posição não é a favor da guerra, antes a de condenação da "hipocrisia dos Media e de alguns Governantes e Senhores importantes deste mundo".

Repare-se: cada um expõe os seus argumentos, critica, porventura acerbamente, o que discorda nos argumentos do outro, mas nenhum põe em causa a boa fé do outro; pelo contrário, facilmente se pode verificar que, partindo de posições divergentes, ambos buscam os pontos de convergência nos seus entendimentos: Erato, embora manifestando preocupação pelas consequências da actuação de Israel, ressalva: "Claro que o Estado de Israel tem o direito, e o dever legítimo, de preservar a sua integridade nacional"; JoséSR assume ser a sua posição "facciosa", assim também considerando a do seu opositor, mas respeitando-a e concedendo-lhe o óbvio direito de a ter; manifesta a sua pena de que o Líbano seja de há muito instrumentalizado por muitos e esclarece não defender a guerra.

Conclusões? Que Homens livres e de Bons Costumes não têm medo de assumir divergências; que respeitam as posições contrárias e procuram contra-argumentar racionalmente; que buscam as convergências.

E, no caso concreto, ninguém fica, creio, com dúvidas que ambos entendem que Israel tem direito à existência, à segurança e à integridade territorial, que o Líbano também, que a guerra é sempre a pior maneira de resolver os conflitos e que é preocupante e de censurar que vidas de civis inocentes sejam ceifadas por qualquer conflito. E que, afinal, ambos concordam que, realmente, fazem falta mais homens livres e de bons costumes neste mundo de loucos...

É assim uma boa e saudável discussão entre maçons!

Que todos discutam tão firme, mas tão serenamente assim...

Rui Bandeira


19 julho 2006

Lamento

Quando escrevo nao pretendo ser consensual. Tenho as minhas opiniões e expressa-las-ei, tantas vezes quanto me apetecer.

Lamento que ERATO tenha confundido um Blog com uma Loja. Mas é o direito dele de confundir.

Lamento tambem o facto de ERATO nao ter percebido nada do que escrevi, mas cada um percebe o que quer e esse é um direito de cada um.

Por isso vou tentar explicar que :

Um Blog não é Loja não se rege pelos mesmos padrões, consequentemente tem uma latitude bem mais vasta.
Para além do mais, os promotores do Blog tiveram o cuidado de escrever :
"Blogue escrito por Maçons .... " o que é totalmente diferente de Blog Maçonico que por definição nao teria muito cabimento pois estaria limitado quer nos temas quer nas latitudes de abordagem.

Quanto ao meu escrito e para que fique mais claro se é que tal é necessário , em lado nenhum do que escrevo defendo a guerra, condeno sim a hipocrisia dos Media e de alguns Governantes e Senhores importantes deste mundo.

O que alias é consubstanciado em POST posterior.

JoseSR

LIBANO, A MINHA PÁTRIA TEM SEMPRE RAZÃO

Não sei se o texto intitulado “Hipocrisia ou Falta de Coragem” tem o seu lugar num blog Maçónico.

Principalmente quando o nosso Querido Irmão JP Setúbal escreve, e passo a citar: “Temos a intenção de falar/brincar/dissertar, mas principalmente tirar as teias de aranha que povoam as cabeças de muitas pessoas sobre os M:. e a M:. dando a conhecer o que queremos, o que fazemos, quem somos.”

Mas como sou tolerante por natureza, e odeio todas as formas de censura, vou respeitar este texto partidário, embora lamentando um ponto de visto verdadeiramente “orientado”.

Vou tentar, então, desfazer um pouco este maniqueísmo e vestir a pele do advogado do diabo.

Primeiro, e para restabelecer a verdade, está errado escrever que os países ocidentais, a não ser os USA, não qualifiquem o Hezbollah de terrorista. O Parlamento Europeu adoptou no dia 10 de Março de 2005 uma resolução qualificando o Hezbollah justamente de terrorista.

Isto dito, justificar o injustificável, quero dizer a sobrevivência de Israel num conflito com o Hezbollah e, consequentemente, dissertar sobre os estragos colaterais na população Libanesa, é pelo menos redutor.

Como se pode escrever tão ligeiramente acerca da morte de crianças e mulheres ? Seres inocentes que cometeram o erro dramático de nascer no país errado, numa época errada.

Será preciso relembrar que são civis que são mortos e não combatentes de uma ou outra frente ?

Não quero polemicar porque trata-se de um assunto grave demais para brincar aos analistas políticos de segunda.

Digo simplesmente que, desde a criação do Estado de Israel até ao dia de hoje, houve 5 conflitos generalizados nos quais o Estado Hebraico esteve implicado (1948, 1956, 1967, 1973 et 1982), sem tomar em conta a guerra civil no Líbano.

E qual foi o resultado dessas guerras ? Pergunto, a nível político?
- Nada! Zero!

Por uma razão muito simples: porque nunca será encontrado um compromisso aceitável pelas partes em presença.
Pelo menos, enquanto os actuais dirigentes Sírios e Iranianos se mantenham no seu lugar. Porque são os verdadeiros responsáveis da situação actualmente vivida no Médio Oriente, fornecendo armas, dinheiro, logística e ideologia aos combatentes do Hezbollah e outras facções armadas.

A razão de esperar uma solução que se chame “Jordânia” ou “Egipto”, que passaram a ser exemplos de uma mudança política correcta.
Correcta para nós, Ocidentais. Obviamente.

Claro que o Estado de Israel tem o direito, e o dever legítimo, de preservar a sua integridade nacional mas quero dizer o seguinte acerca do Líbano:

- Não é bombardeando as estradas conduzindo à Síria que Israel vai dar cabo dos terroristas. Apenas irá matar refugiados que tentam fugir das zonas de combate.
- Como não é bombardeando o porto de Beirute e o seu aeroporto internacional que Tsahal acabará com o Hezbollah. Porque o Líbano não é o Hezbollah, longe disto.
- Os Chiitas representam 24% da população Libanesa, menos que os muçulmanos Sunitas e Druzes ou mesmo até que os Cristãos. Sem contar com a população que vive fora do Líbano, essencialmente Cristã, estimada em 12 ou 13 milhões.
- E seria errado pensar que todos os Chiitas aprovam as acções do Hezbollah.

Então ?

Será que o rapto de dois soldados é a verdadeira razão de tal empenhamento do exército Israelita ?

Será que Israel vai continuar a destruir um Estado de Direito que já sofreu uma guerra civil entre 1975 e 1990 que fez 150.000 mortos ?

Afinal, será uma guerra aberta contra um País vizinho ou retaliações contra uma organização armada que, desde 1982, lança ataques mortíferas contra a população de Israel ?

Ou, então, será para acabar de vez com a memória do massacre ocorrido em Sabra e Chatila quando a Milícia Libanesa e soldados de Tsahal, de mãos dadas, mataram centenas de civis Libaneses ?

Porquê Israel não quer implicar a Síria no conflito com o Hezbollah ?

Porquê Israel recusa o presença de uma força internacional, sob a égide das Nações Unidas, na fronteira com o Líbano?

Porquê ? Porquê ?

Porque, talvez, façam falta os homens livres e de bons costumes neste mundo de loucos.

Erato