Na Loja Maçónica se esquecem as preocupações, calam-se os receios, perdoam-se os agravos, consolam-se os sofrimentos e avivam-se as esperanças.
Loja Maçónica - É da natureza humana encontrar um lugar ao qual possamos pertencer e nos sentir úteis, mas é de vital importância que também nos agrupemos espiritualmente e ajudemos uns aos outros.
Chama-se Loja o retiro silencioso dos homens de boa vontade, o Templo augusto da caridade, do amor e da educação cívica, onde se congregam os espíritos honrados, para elaborarem a redenção dos povos e o progresso da humanidade em todas as suas manifestações.
Efectivamente, o Templo Maçónico é uma reprodução, em ponto pequeno, do planeta, com sua abóbada azul, com seu sol, sua lua e suas constelações de astros que contam incessantemente a grandeza do Grande Arquitecto dos Mundos.
O forro do Templo tem a forma de abóbada pintada de azul, representa o céu a noite, com uma multidão de estrelas visíveis, como as do céu porque, como ele, abriga todos os homens, sem distinção de classe ou de cor.
O Templo simboliza o Cosmos, representando o céu. A contemplação de um céu estrelado dá uma grande quietude e uma notável serenidade de espírito; ela incita não ao devaneio, mas à meditação.
O local em que uma sociedade maçónica realiza suas Sessões e, por extensão, qualquer corporação maçónica (na realidade, prefere-se falar em Templo, para designar o local de reunião, reservando o vocábulo Loja para designar a corporação maçónica, quando os seus membros reúnem-se num Templo; ao final de uma Sessão, a Loja é considerada fechada, mas o Templo continua aberto, inclusive para outras Lojas).
Entretanto, o espaço denominado Loja busca em primeira instância representar os canteiros de obras do passado e em segunda instância a relação mística entre a Obra perfeita dedicada a "DEUS" e a construção interior do Homem, cujo corpo é o habitat do espírito.
Nestes dois conceitos, o primeiro é de base originária directamente relacionada aos Maçons de ofício, ou operativos, que rigorosamente desbastavam a pedra e construíam, dentre outros, castelos catedrais, etc..Já o segundo conceito se baseia na transformação operativo-especulativa, quando, por razões históricas, a Maçonaria assumiu o feitio do construtor social, apresentando o Homem como a principal matéria-prima para a construção de um Templo dedicado à Virtude Universal. É com base neste segundo conceito que se desenharia a alegoria do Templo de Jerusalém, originário do misticismo hebraico.
A Loja é o esteio da franco-maçonaria. Quando os membros se reúnem, agrupam-se como em uma loja - é erróneo dizer que estão se reunindo numa loja. Embora eles possam de facto estar se reunindo numa estrutura que chamam de "loja", os membros são considerados a loja, não o edifício onde se encontram. As primeiras lojas reuniam-se em tavernas e lugares públicos.
Templo é o edifício para funcionamento das Lojas. É o abrigo das chuvas, do calor, do frio. Loja simboliza o mundo ou o universo; é o abrigo do medo, da dor e da solidão.
Uma Loja maçónica não é um Templo misterioso; tampouco é um local onde se praticam ritualismos cabalísticos incompreensíveis. Não é um reformatório para recuperar vencidos. Não é uma filial de instituição de beneficência ou de auxílios mútuos.
Mas o que é, afinal, uma Loja maçónica?
Uma Loja maçónica é um local de reunião pacífica e feliz, onde homens de boa vontade e bom senso têm satisfação de se reunir como Irmãos, despidos de títulos e honrarias e são, simplesmente, Irmãos decididos a colaborar e promover boas causas. É o lugar onde o Maçom comparece para "recarregar" as suas baterias gastas, refazer suas energias, alimentar-se de afecto e encontrar acolhimento. Ali, a comodidade e a preguiça são males a serem superados; o maçom está sempre em vigília e à espreita da oportunidade de auxiliar os seus Irmãos e a sociedade.
A Loja proporciona ao Maçon a convivência renovadora, posto que ali estejam sabiamente proibidas as discussões políticas e religiosas, pois, abrigando os homens livres e de bons costumes em suas Sessões litúrgicas, as asperezas do mundo profano são deixadas de lado e há um verdadeiro revigoramento moral e intelectual vivenciado em sua plenitude.
Os negócios ou o trabalho se tornaram uma doença que debilita o homem contemporâneo. Se não houver um lugar na sua programação semanal para o retiro e a reflexão, provavelmente não estaremos nos movendo em uma direcção saudável.
Em uma Loja maçónica reúnem-se homens jovens e maduros; todos convergindo espontaneamente em torno de um ideal comum, como que atraídos por afinidade, tal como a agulha de uma bússola, apontando para o Norte.
É na Loja que se esquecem as preocupações, que se calam os receios, se perdoam as ofensas, as injúrias, as afrontas, se consolam os muitos sofrimentos, se educam os caracteres e se avivam a inteligência e as esperanças, se cultiva o espírito. Ali se caminha sem curvas, se dedica uma recordação a todo o grande feito, derrama-se uma lágrima por todo o prazer legítimo, envia-se um prémio ou um aplauso a toda acção nobre.
Na Loja, as discrepâncias, contrastes, oposições, as divergências de opiniões ou de interesses, os conflitos, existindo, servirão para esclarecer e engrandecer. Nela frequentam Irmãos que, mesmo na divergência, se apoiam e nas lutas se solidarizam.
Na Loja sonhamos juntos. Ali se plantam sorrisos, sempre há lugar para a alegria.
Ela é um santo refúgio, é um ninho que aconchega aonde vamos a busca da paz da alma. È a escola misteriosa que conduz aos Céus sem nuvem em toda a grandeza íntima.
Nesse lugar se busca o pão da ciência, o prazer da caridade, o apoio desinteressado e o carinho fraternal. Também ali se conciliam desencontradas ideias, interesses opostos, contrárias crenças, suavizando as asperezas da vida com o bálsamo da temperança. Uma análise básica da atitude maçónica para com a religião é que, longe de ser uma religião em si, é o ensinamento que capacita homens de diversas crenças religiosas a se reunirem e permanecerem juntos em uma Sociedade fraternal.
Esse lugar, portanto, não pode ser a casa do homem, a igreja de mera religião errónea, um cassino ou teatro, nada mesquinho. Ali está o mundo, laboratório permanente do bem.
Ama-se a Loja porque ela é o símbolo da pátria; ama-se a pátria porque ela é um pedaço desse todo harmonioso que se chama Humanidade.
Loja é o mundo. O Maçon é o homem em toda plenitude: a família, a honra, a ciência, a liberdade; todas as grandes concepções, todos os amores e todas as esperanças. A Loja é o lugar que o Grande Arquitecto do Universo é sempre convidado especial. Na Loja está Deus, o princípio reitor da Maçonaria no Universo. Trabalhar para a glória do Grande Arquitecto e do Universo significa trabalhar sob o signo de Deus; ou, então, trabalhar sob a inspiração da consciência colectiva da humanidade; ou, ainda, trabalhar de acordo com o princípio que orienta para o Progresso a evolução do mundo e da humanidade.
Que bom seria que todos os homens íntegros tivessem a oportunidade de, no ambiente propício de uma Loja Maçónica pudessem contribuir com seus esforços em prol da construção de um mundo melhor.
Na Loja almejamos criar um mundo que seja próspero, onde reconhecemos uns aos outros como divinos e iguais; onde cooperamos e compartilhamos momentos de mágoa, pesar, aflição, mas também os de glória, de acções extraordinárias, de grandes serviços prestados à humanidade.
Os maçons não são homens excepcionais. São homens comuns em um mundo em movimento. Homens com aspirações, como quaisquer outros que se realizam através da compreensão, da tolerância, da prática das virtudes; homens que chegaram à conclusão de que a FRATERNIDADE ENTRE OS HOMENS começa com o HOMEM NA FRATERNIDADE.
Valdemar Sansão - M:. M:.