18 novembro 2011

Duas certezas

Li recentemente, “ O Livro da Ignorância geral”, escrito por John Lloyd e John Mitchinson, onde encontrei a seguinte passagem, “ Nunca se definiu com êxito o que é que confere interesse às coisas – ou se percebeu por que motivo aquilo que não sabemos é muito mais interessante do que aquilo que sabemos”…e considerei este pequeno excerto mais que oportuno para esta altura, pois, devido a algumas publicações recentes em órgãos de comunicação social escritos, intituladas de “grandes investigações” se cria, como é habitual, um espetro negro sobre a Maçonaria.

Naturalmente, o que é divulgado sobre a nossa Ordem, deixa-nos sempre apreensivos e, julgo falar por todos ou por uma larga maioria, há sempre uma certeza patente, antes sequer de lermos os artigos, na sua grande maioria, o que é publicado, não corresponde à verdade.

Não falo, claro está de entrevistas aos membros que são publicamente assumidos na sua qualidade de maçom, pois esses, proferem declarações e essas ficam, para sempre, agregadas a quem as profere, mas esses são indivíduos com certezas e não precisam sequer de ponderar nas respostas, sabem o que dizer e conhecem a real intenção das perguntas, portanto, quanto a esses estamos perfeitamente descansados. E, não falo também da Maçonaria dos séculos passados, pois essa também está escrita e perfeitamente identificada, mas ainda assim, também aí, nem sempre bate a “bota com a perdigota”.

Enquanto maçom, não assumido publicamente, pois até utilizo para assinar os meus textos aqui no blogue um pseudónimo, embora o mesmo seja verdadeiro, as palavras agora vindas a público, causam-me alguma insatisfação, mais que não seja porque as mesmas não são inteiramente verdadeiras. Infelizmente é em posição de segredo que tenho de manter a minha condição, um dia, mais tarde, a assumirei. Assim o espero.

Reconheço algumas verdades nas agora publicadas, mas ainda assim, nem essas são totalmente verdadeiras, claro que a Maçonaria não é secreta, claro que não temos poder algum no Estado, obviamente que não somos ricos e famosos e na sociedade a influência que temos é tanta como parca. Agora, é reconhecido por todos, que muitos maçons ocupam lugares de destaque nos mais variados quadrantes e aí sim, a nossa ação é considerada poderosa, pois os nossos princípios são utilizados em todo e qualquer lugar, quer seja com os nossos amigos e em família, quer seja profissional e ocasionalmente, e todos o fazemos, os que admitem a condição e os que a não admitem. Permitam-me escrever aqui, não é defeito é feitio.

Somos sim, livres e de bons costumes, informados e atentos ao que se passa em todo o nosso redor, em todas as relações do nosso dia a dia, dedicamos tempo a algo a que os não iniciados não dedicam, ou seja, ao nosso interior e, no final, queremos tão pouco, tão só queremos crescer enquanto homens e é aqui que está o nosso segredo, a nossa evolução e o estar atento ao que se passa dá-nos o poder do conhecimento. Quem não reconhece que, desde sempre, conhecimento é poder?

Como iniciados, temos, entre muitas, também duas certezas, a primeira que tudo o que é escrito sobre nós é não mais do a vã tentativa de nos incomodar, destabilizar e até quem sabe tentar, no limite a nossa extinção, a segunda é tão simples quanto isto, a nossa cadeia de união é forte o suficiente para analisar tudo isto e estamos sempre prontos para qualquer eventualidade.

Mais uma vez, aplica-se o princípio, “é sempre mais fácil falar do que não conhecemos…”

Daniel Martins

10 comentários:

Nuno Raimundo disse...

Boas...

Gostei do que li.
Infelizmente a Sociedade impede uma larga maioria de Irmãos de se assumirem como tal. A mesma Sociedade que tanto os quer conhecer.
Este paradoxo existe e continuará a existir enquanto a Ignorância popular andar de mão dada com as atitudes menos dignas de uns que pela sua conduta e atitude, condicionam os demais.

Que sejas Bem Vindo!!!

TAF

Diogo disse...

Caro Daniel Martins,

Mas porquê tanta sanha contra a maçonaria, contra homens livres e de bons costumes, informados e atentos e que, no final, querem tão pouco, tão só crescer enquanto homens e estar atento ao que se passa?

Porquê tanto empenho em incomodar, destabilizar e até quem sabe tentar, no limite, a extinção da maçonaria?

Porquê?

Diogo

Jose Ruah disse...

Daniel,
A propósito das recentes publicações, escrevi o que segue num outro forum.


Surge-me uma curiosidade ! Em quanto terão aumentado as vendas do DN no periodo em que publicou a serie de artigos sobre a maçonaria ? Acho que não cometo nenhum erro se disser que venderam mais que o costume e isto mesmo tendo em conta que estamos em crise.
Viva a Maçonaria, porque mais uma vez contribuiu para a criação de riqueza e incremento do PIB !!!
Por mim toda a imprensa deveria falar na Maçonaria uma vez por semana, porque o melhor é falarem, falem bem ! Falem Mal ! mas falem !!!! o anonimato é o esquecimento.
A nós maçons a inteligencia de aproveitar em nosso beneficio tudo o que é feito contra nós.


Soube depois de escrever o acima que as vendas do DN foram quase 3 vezes maiores que o habitual, reforçando assim o que disse.

O resto, no qual se incluem os detractores e similares, é apenas o resto.

Lucky Maltese disse...

Boas,

Antes de mais, quero felicitar todos os autores/escritores pelo excelente blog, há já algum tempo que acompanho as vossas partilhas e reflicto sobre elas.
Achei este "post" o ideal para comentar pela primeira vez o vosso espaço, que era um desejo meu de algum tempo. Não tenho ligação directa à maçonaria, escrevo directa pois, é algo que sempre me despertou interesse e que sempre tentei perceber, apesar de nem sempre ter conseguido pois não sei a veracidade de todos os artigos publicados. De tudo o que já li sobre a maçonaria, considero que me identifico totalmente, tenho bons costumes e uma educação digna a meu ver, tenho gosto pelo conhecimento e partilha de ideias, defendo a igualdade e os direitos humanos, não tenho religião definida mas acredito num Deus criador, vejo o trabalho como um dever e um honra, sou defensor da família e dos mais desfavorecidos e acima de tudo penso que tenho um papel no Mundo que passa por contrariar aqueles que estão contra a razão e a fraternidade universal. Não sou politico nem tenho tensões de o ser, o único Poder que procuro é o poder de ser feliz e realizado em relação ao meio que me rodeia, vejo a maçonaria como um exemplo perfeito de sociedade.
Usei um Pseudónimo neste post, sou um simples adolescente de 23 anos, com gosto pelo conhecimento e com o fascínio tremendo pelo maçonaria, isto deve-se ao facto, de todos os acontecimentos ao longo da história realizados por maçons e de possuir antepassados que muito provavelmente foram maçons e eu considero-os como exemplos de seres humanos pela obra que deixaram.
Não peço que me tirem as duvidas que tenho sobre a maçonaria, pois é um estudo que ei de continuar, apenas queria mostrar o meu agradecimento por toda as vossas partilhas.
Com os melhores cumprimentos, deixo vos uma pergunta: " Se defendem a liberdade/igualdade e a procura e partilha de conhecimento, porquê continuar uma sociedade secreta e não partilham todo o vosso conhecimento?"

LM

JPA disse...

Olá;

Aproveito para relembrar que estão aí as condições necessárias para mais uma vez a Maçonaria ser o bode expiatorio para a razão desta crise.
Os Maçons que se preparem para mais esta ofensa.
Tolerância meus queridos.

Aquele abraço
JPA

Streetwarrior disse...

Mais uma vez, o assunto em torno da maçonaria, cria uma enorme curiosidade.

http://www.publico.pt/Política/assuncao-esteves-fui-convidada-pela-maconaria-e-pela-opus-dei-mas-nao-fui-para-nenhuma-1521615#Comentarios

Saiu uma Noticia recentemente em relação a Dra Assunção Esteves, Presidente da Assembleia da Republica e durante a mesma, a presidente, diz o seguinte;

" Assunção Esteves revela ainda que foi convidada pela Maçonaria e pela Opus Dei: “Não fui para nenhuma”. E fala da Europa, do Parlamento (que “é um lugar de ruído”, “não uma igreja”) e do futuro "

Qual será então a razão da Convite?
Sendo que a Maçonaria Regular e a Opus Dei, ambas creiem em Deus, qual a razão pela disputa pelo Poder, da qual, é um dado conhecido?

Mas isto até nem é o mais curioso.
O curioso é, se ambas as instituições têm por base bons ideais ( o que eu acredito, o mesmo, não digo dos humanos que as frequentam )porque razão, não aceitou?
Será então noticia o facto de não ter aceite?O que quer dizer com isso? Que seria suposto ter aceite?
Quantos aceitam então?
...Se ela não aceitou por razões de imparcialidade, o que terá a mesma a dizer, sobre a imparciialidade daqueles que conhece e que aceitaram?

Por fim, que moral tem esta Senhora para falar, quando se reforma aos 42 anos com uma choruda pensão, enquanto, a maioria de nós, tem que trabalhar até aos 67, cabendo-lhes parcas migalhas.

Por fim, quem estará por trás desta campanha no DN?
A Opus Dei?
Com que objectivos?
Poder?

Nuno

Daniel Martins disse...

Caro Diogo;

Não entendo as suas perguntas e não as entendo pelo simples fato de serem copy paste de parte do meu artigo...

Lucky Maltese;

Repito o que já havia escrito, não somos secretos, somos sim discretos e atentos, se nos considera secretos, certamente concordará comigo, que este blogue é um excelente exemplo do nosso não secretismo, pois aqui partilhamos tudo, acredite, tudo!

Paulo M. disse...

@Streetwarrior:

Leia, por favor, este texto. Leu? Então agora perceberá facilmente que "os maçons" e "a maçonaria" são coisas diferentes. "A maçonaria" não convida ninguém; quando muito, tê-lo-á feito algum maçon. Mas posso garantir-lhe que, se tal convite teve lugar, não partiu, de certeza absoluta, de nenhum maçon regular. Como posso ter a certeza? Ora, porque, simplesmente, a Maçonaria Regular é estritamente masculina! Com base neste dado poderá mais facilmente entender de onde poderá ter surgido tal convite...

Um abraço,
Paulo M.

Streetwarrior disse...

Nunca tinha posto as coisas por esse lado.
Muito bem visto e concordo plenamente.
Obrigado Paulo

Streetwarrior disse...

Paulo, muito obrigado mais uma vez.
O texto já tem algum tempo, deixei-lá um comentário... seria muito importante para que os profanos ignorantes como eu, não escorregassem na casca da banana tão facilmente.
Nem todos têm a sua paciência e eu apesar de gostar de levar na cabeça, pois faz-me olhar para dentro, gosto de levar murros com mãos de lã.
Há por aqui pessoas que dão murros muito fortes, correndo o risco de por pessoas KO á 1ª e isso é dispensável, pois queremos pessoas atentas, não com danos cerebrais.
Lá diz o ditado;
Com Vinagre não se apanha mosquitos.

Nuno