Balanço... ?
Eu tenho alguma dificuldade neste cerimonial (na verdade tenho dificuldades com todos os cerimoniais…) porque, para mim, todos os dias acabam e começam anos e ainda não percebi porquê, teimosamente, se insiste em lançar os foguetes no dia (noite) 31 de Dezembro.
Porque não a 3 de Janeiro comemorando os 365 dias que começaram a 4 de Janeiro anterior ? ou a 27 de Julho comemorando os mesmos 365 dias iniciados em 28 de Julho anterior ? ou outro dia qualquer comemorando…
Esta lógica seria bem mais simpática, até porque teríamos muito provavelmente a possibilidade de ter foguetes todos os dias, já que cada qual comemoraria o final do ano que lhe desse mais jeito.
Já viram como seria simpático todos os dias ser-mos convidados para um reveillon ?
E todos os dias ter-mos direito a uns copos pagos pelo amigo (artolas…) que comemorava o fim de ano naquele dia ?
Nestas circunstâncias só teríamos que arranjar 365 amigos destes, criteriosamente escolhidos de acordo com a sua própria comemoração para termos festa todos os dias.
Pronto já sei que há aqui um lapso porque nos anos bissextos precisaríamos de 366 amigos…
Pois claro que não esqueci esse pormenor, mas decidi que ficaria esse 366º dia como meu dia de final de ano.
Isto é, teria comes e bebes todos os dias à pala dos amigalhaços e eu só teria de pagar de 4 em 4 anos… Parece-vos mal ? Seria “porreiro pá !”, era só poupança !
Pois fica aqui determinado, utilizando a minha prerrogativa de V:.M:. que a partir de agora festejarei o fim do ano a 29 de Fevereiro.
Se não concordarem façam queixa à ASAE, ou então arranjem maneira de pôr um 29 de Fevereiro todos os anos.
Juro que não fui eu quem roubou os 29 de Fevereiros todos deixando apenas um “tadinho” de 4 em 4 anos.
Quando cá cheguei, e já foi há uma data de anos, já os calendários eram assim.
Quase todos sem 29 de Fevereiro e todos com umas tipas ranhosas para emoldurar e pôr nas paredes da oficina.
Muito bem, vamos então agora ao tal balanço oficial e obrigatório.
Os 365 dias que começaram em 1 de Janeiro passado constituíram mais uma cena da tragédia a que a Terra vem assistindo continuamente.
Tragédia mesmo, porque outra coisa não pode ser chamado ao que se passa entre os homens que povoam o planeta.
A forma como Velhos, Crianças e Doentes são roubados dos seus direitos humanos mais primários com a complacência, quando não com o incentivo, de governantes e dirigentes é, no mínimo, uma tragédia.
Cada vez mais a miséria absoluta convive lado a lado com a riqueza mais obscena !
Como é possível ser assim ? Que organização é esta, montada por homens, dirigida por homens, alimentada por homens, e que se destina finalmente a destruir… homens ?
Como é possível ?
- Acredito no Quinto Império, porque senão o acto de viver era inútil.
Para quê viver se não achássemos que o futuro vai trazer-nos uma solução que cure os problemas das sociedades de hoje ? (Agostinho da Silva)
Então em jeito de balanço fica o desabafo anterior e em jeito de votos para o futuro fica a esperança das palavras do Prof. Agostinho da Silva.
Pessoalmente também penso que:
-Para quê viver, se não for para ajudar a dar algum sentido à humanidade com que fomos bafejados.
E não tenho desfaçatez suficiente para pedir ao Grande Arquitecto que ilumine os homens.
Ele já o fez, o espírito humano sabe bem onde está a luz.
Basta que nos empenhemos em mantê-la acesa em vez de sistematicamente nos esforçarmos para a apagar.
Todos sabemos distinguir o bem e o mal, não há desculpa neste diferendo.
Esperemos que o próximo ano constitua a recuperação (ou pelo menos o seu início) da Paz na Terra, da distribuição solidária da riqueza, da confraternização entre os Homens finalmente entendidos como iguais.
Que cada um cumpra a sua parte.
Porque aquele objectivo depende do esforço de nós todos. Apenas !
Um ano muito bom para todos.