20 dezembro 2025

O Inexplicável, explicável!

A ciência ensinou-nos que o universo teve um início, o Big Bang, uma expansão primordial onde nasceram o espaço, o tempo e as leis que ainda hoje regem todo o conhecido. Muito mais tarde, nesse mesmo universo aparentemente indiferente, a matéria inerte deu um salto improvável, uma faísca, a química transformou-se em biologia, e a vida começou.

Estes factos não diminuem o mistério. Pelo contrário, ampliam-no.



Dos trilhões de combinações possíveis, num universo vasto e silencioso, as condições para a vida na Terra alinharam-se, um euromilhões galáctico. Não por uma vez apenas os números se acertaram, mas sim o suficientemente para de forma estável para permitir evolução e consciência. Chamar a isto simples coincidência parece-me intelectualmente insuficiente.

É também aqui que se afirma a minha crença no Grande Arquitectom não como um Deus pessoal, interventivo ou religioso. Não como resposta fácil para o que ainda não compreendemos, mas como princípio criador, como a faísca inicial que a ciência descreve nos seus efeitos, mas não explica na sua origem. Algo que não se define plenamente, mas que se intui na ordem, na coerência e na existência de leis que precedem qualquer obra.

O Big Bang mostra-nos que até o tempo teve um início. 
A passagem da química à biologia mostra-nos que a complexidade pode emergir do simples.
A própria existência de método no universo sugere que o acaso puro não explica tudo.

A ciência diz-nos como o universo evolui, descreve processos, identifica padrões e leis.

Acreditar no Grande Arquitecto, para mim, não é abdicar da razão. É reconhecer que a razão, quando levada até ao limite, aponta para algo maior do que ela própria. Não é uma crença imposta, é uma hipótese de sentido que me leva a uma crença consciente. Uma forma de enquadrar o caos aparente numa ordem mais profunda, ainda que parcialmente invisível.

Talvez o verdadeiro trabalho não esteja em provar ou refutar essa ideia, mas em perceber o que ela exige de nós. Se o universo não é caótico, então também o nosso caminho não o deve ser, se houve método na criação, então o método importa na construção de nós próprios.

A questão, no fundo, não é concordar ou discordar, mas sim perceber que, quando se admite uma ordem maior do que aquela que conseguimos medir, o modo como se vive, constrói e escolhe deixa de ser casual. Passa a ser consciente.

João B. M∴M∴


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