26 dezembro 2008

A Maçonaria na Sociedade. Que secretismo ?

Tenho questionado frequentemente sobre o segredo da Maçonaria e a vivência social, quais as suas razões e interesses.
Alguns jornais/revistas, não tendo mais sobre que escrever (o Benfica até anda na mó de baixo !) têm-se entretido a divulgar um conjunto de informações sobre a vida dos Maçons (algumas verdades/algumas mentiras), seus rituais e sua vida interna.
Nada que a bisbilhotice bacoca, a falta de assunto e a necessidade do “vil metal” não justifique.
No último artigo que li sobre o assunto, há 2 semanas, aparecem fotografias de “maçons” à janela (assim com letra pequenininha, porque não merecem mais !) supostamente trajando a indumentária ritual.

Esta coisa irrita-me sobremaneira por várias razões.
1 – O único objetivo daquelas fotos é mostrar a indumentária, talvez os aventais e mais uma ou outra “condecoração”, o que acaba não acontecendo porque as imagens são de tão longe (a máquina não devia ser grande coisa porque o zoom não funcionou !) que não dá para perceber nada do que está vestido;
2 – São imagens completamente idiotas. Presumo que quem as obteve teve de pagar por elas, teve de gastar tempo para as conseguir, teve de ter trabalho ! Ora isto é completamente estúpido… na “net” é só procurar no “youtube” e tem tudo muito mais perfeito e verdadeiro, de borla, sem trabalho e sem riscos;
3 – Convém esclarecer ainda que os “artistas” que fizeram a figuração estavam mal “indumentados”, muito mal mesmo de tal forma que, ainda com a péssima qualidade das imagens se percebe que estão em mangas de camisa, o que não é ritual, absolutamente !;
4 – Os artistas convidados são por demais envergonhados e tiveram que lhes tapar as caras, e assim lá se vai o objetivo da peça;
5 – Tudo o que é assumidamente estúpido me irrita (pronto…, eu sei, lá se vai a minha tolerância. Paciência, estou farto de dizer que tenho mau feitio !)

Porque que é que não me pediram a fotografia a mim ?
Ficava muito mais valorizado o artigo, eu recebia uns trocos e até tenho esse defeito, não me importo nada de ser reconhecido pela comunicação social.
Estou-me nas tintas para que me conheçam ou não !

E aqui começa a questão do aparecimento em público.

Sabemos que o “segredo maçónico” nunca teve a intenção de encobrir “esquemas” ou actividades ilegais e atualmente, limita-se a pouco mais do que aos rituais internos, à interpretação dos símbolos e, principalmente, aos sinais de reconhecimento.
E parece-me muito bem que, se por um lado a discreção se deva manter em relação àqueles pontos, já não fico tão feliz assim com o secretismo à volta das pessoas, com o medo instalado, uns porque sendo maçons têm medo da sociedade, a sociedade porque sendo maçons, tem medo deles.
Ora isto é, no mínimo, uma incongruência.

A Maçonaria é uma organização de Bem, os Maçons são obrigados por juramento a cumprir as Leis da República, o seu lema central e centralizador è “Fraternidade, Igualdade, Liberdade”, os objetivos definidos são de apoio a todos os que necessitam de apoio, de ajuda a todos os precisam de ajuda, sem ligar a crenças, opções políticas, raças, ou o que quer quer seja que possa dividir os Homens.
Então… e eu vou-me esconder porquê ?

Não gosto, não quero, não aceito ! Nada tenho que me envergonhe. É diferente de nunca ter feito asneira, que fiz, muitas e grossas ! Mas as que fiz, assumi e assumo inteiramente, sem hesitação. Corrijo quando e onde posso, e vou-me esconder porquê ? e de quê ?

Se há organização de processos transparentes é com certeza aquela a que pertenço, e ou há várias Maçonarias, com definições, bases e processos diferentes e mesmo antagónicos, ou eu sou Maçon e orgulho-me disso.

24 dezembro 2008

Republicação: Deus e o mal



Uma das definições de Maçonaria que ouvi é que a Maçonaria é um sistema de moralidade, velado por alegorias e desvendado por símbolos.

Não é apenas isso, mas também é isso.

O texto que vou seguidamente publicar é uma adaptação minha baseada numa daquelas apresentações de diapositivos que, meio lamechas, circulam pela Rede, envoltas em música suave e com fundos de paisagena aprazíveis. Mas esta, em particular, é mais do que isso, é uma forma de mostrar que Razão e Fé não são incompatíveis. São alegorias como esta que os maçons utilizam para reflectir. A Alegoria vela a moralidade, que é desvendada pelos símbolos. Isto também é Maçonaria.

Deus e o Mal

Um professor universitário desafiou os seus alunos com esta pergunta:

- Deus criou tudo o que existe?

Um aluno respondeu, afoitamente:

- Sim, Ele tudo criou.

- Tem a certeza que Deus criou tudo? - insistiu o professor.

- Sim senhor! - respondeu o jovem.

O professor, então, concluiu:

- Se Deus criou tudo, então Deus criou também o Mal, pois o Mal existe. E, assumindo que nós nos revelamos em nossas obras, então Deus é mau...

O jovem ficou calado em face de tal resposta e o professor gozava mais um triunfo da sua Lógica, que demonstrava mais uma vez que a Fé era um mito.

Então, outro estudante levantou a mão e perguntou:

- Posso fazer uma pergunta, professor?

- Claro que sim! - respondeu este.

Então o segundo jovem perguntou:

- Professor, existe o frio?

- Que pergunta é essa? Claro que sim! Ou, por acaso, nunca sentiu frio?

O jovem respondeu: - Na realidade, professor, o frio não existe! Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo o corpo ou objecto é susceptível de estudo, quando possui ou transmite energia. O calor é que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe realmente. Nós criámos essa definição para descrever o que sentimos quando nos falta o calor.

E o jovem prosseguiu: - Mas permita-me ainda uma outra pergunta. E a escuridão, existe?

O professor, intrigado, respondeu: - Existe, claro que existe.

O aluno retorquiu: Está de novo errado, professor, a escuridão também não existe. A escuridão, na realidade, é apenas a ausência de luz. A luz pode ser estudada, a escuridão, não. Até existe o prisma de Nichols, para decompor a luz branca nas várias cores de que a mesma é composta, com os seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão, não. Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina. Como se pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim? Escuridão é, pois, apenas uma definição que o Homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz!

Finalmente, o jovem perguntou. - Diga-me então agora , professor, ainda pensa que o Mal existe?

O professor respondeu, ainda insistindo: - Claro que sim, claro que existe, bem vemos os crimes e a violência em todo o Mundo, tudo isso é o Mal!

Retorquiu então o estudante: O Mal não existe, senhor. Pelo menos, não existe por si mesmo. O Mal é simplesmente a ausência de Deus, tal como o frio é a ausência de calor e a escuridão a ausência de luz. O Mal é uma definição que o Homem criou para descrever essa ausência de Deus! Deus não criou o Mal. O Mal não é como a Fé, ou como o Amor, que existem, como existem o calor e a luz. O Mal é o resultado de a Humanidade não ter Deus presente em seus corações. É dessa ausência que surge o Mal, como o frio surge da ausência de calor e a escuridão da falta de luz.

Pela primeira vez, o professor compreendeu que a Razão e a Lógica não são antagónicas da Fé e que aquelas, sabiamente aplicadas, afinal justificam esta.

E assim se provou que Deus não criou o Mal e também que a existência do Bem prova a existência de Deus, como o Calor prova haver energia e a Luz prova existir a cor.

Que o Grande Arquitecto do Universo permaneça em nossos corações!

Rui Bandeira

23 dezembro 2008

Boas Festas

Quando este texto for publicado, eu já estou de férias de Natal Para mim, estar de férias de Natal é estar desligado da Internet, estar inteiramente ligado à família e, até passar o ano, não pensar na miríade de problemas que me aguardam, quando eu reiniciar a minha atividade profissional. Não me queixo. A vida de um Advogado é assumir e procurar resolver ou, pelo menos, minimizar, os problemas de quem nele confia. Mas isso fica já para o ano, que também é ano...

Por agora, entro de férias. O que quer dizer que suspendo a publicação de textos aqui no A Partir Pedra até ao próximo ano. Mas o A Partir Pedra não para por causa disso. Há mais quem publique aqui!

Mas, para a hipótese de os restantes editores do blogue também estarem com pouca disponibilidade para escrever e não possam assegurar o habitual ritmo de um texto por dia útil, e não querendo defraudar aqueles que já se habituaram a esse ritmo, deixo providenciada, para os dias de penúria de textos, o agendamento de republicações de textos antigos do blogue. Como estamos em época de borralho e histórias, os textos republicados serão alguns dos primeiros textos que foram publicados sob a etiqueta de "alegoria".

Entretanto, pela minha parte, do meu pouso de férias, desejo a todos vós uma Boas Festas. E boas entradas. E um 2009 tão bom quanto possível. Até lá!

Rui Bandeira

22 dezembro 2008

A Cadeira de Salomão

Denomina-se de Cadeira de Salomão a cadeira onde toma assento o Venerável Mestre da Loja quando a dirige em sessão ritual.

Em si, não tem nada de especial. É uma peça de mobiliário como outra qualquer. É como qualquer outra cadeira. Porventura (mas não necessariamente) um pouco mais elaborada, com apoio de braços, com maior riqueza na decoração, com mais cuidado nos acabamentos. Ou não...

Como quase tudo em maçonaria, a Cadeira de Salomão tem um valor essencialmente simbólico. Integra, conjuntamente, com o malhete de Venerável e a Espada Flamejante (esta apenas nos ritos que a usam), o conjunto de artefatos que simbolizam o Poder numa Loja maçónica. Ninguém, senão o Venerável Mestre, usa o malhete respetivo. Ninguém, senão ele, utiliza a Espada Flamejante. Só ele se senta na Cadeira de Salomão.

A Cadeira de Salomão destina-se, pois, tal como os outros dois artefatos referidos, a ser exclusivamente utilizada pelo detentor do Poder na Loja. Assim sendo, importante e significativo é o nome que lhe é atribuído. Não se lhe chama a Cadeira de César ou o Trono de Alexandre. Sendo um atributo do Poder, não se distingue pelo Poder. Antes se lhe atribui o nome do personagem que personifica a Sabedoria, a Prudência, a Justa Sageza. Ao fazê-lo, está-se a indiciar que, em Maçonaria, o Poder, sempre transitório, afinal ilusório, sobretudo mais responsabilidade que imperiosidade, só faz sentido, só é aceite, e portanto só é efetivo e eficaz se exercido com a Sabedoria e a Prudência que se atribui ao rei bíblico.

Quem se senta naquela cadeira dispõe, no momento, do poder de dirigir, de decidir, de escolher o que e como se fará na Loja. Mas, em maçonaria, se é regra de ouro que não se contraria a decisão do Venerável Mestre, porque tal compromisso se assumiu repetidamente, também é regra de platina que, sendo-se livre, não se é nunca obrigado a fazer aquilo com que se não concorda. O Poder do Venerável Mestre é indisputado. Mas, para ser seguido, tem de merecer a concordância daqueles a quem é dirigido. E esta só se obtém se as decisões tomadas forem justas, forem ponderadas, forem prudentes. O Poder em maçonaria vale o valor intrínseco de cada decisão. Nem mais, nem menos.

A Cadeira de Salomão é pois o lugar destinado ao exercício do Poder em Loja, com Sabedoria e Prudência. Sempre com a noção de que não é dono de qualquer Poder, que só se detém (e transitoriamente) o Poder que os nossos Irmãos em nós delegaram, confiando em que bem o exerceríamos.

Não está escrito em nenhum lado, não há nenhuma razão aparente para que assim tenha de ser. Mas quase todos os que se sentaram na Cadeira de Salomão sentem que esta os transformou. Para melhor. Não porque esta Cadeira tenha algo de especial ou qualquer mágico poder. Porque a responsabilidade do ofício, o receber-se a confiança dos nossos Irmãos para os dirigirmos, para tomar as decisões que considerarmos melhores, pela melhor forma possível, por vezes após pronúncia dos Mestres da Loja em reunião formal, outras após ter ouvido conselho de uns quantos, outras ainda em solitária assunção do ónus, transforma quem assumiu essa responsabilidade. A confiança que no Venerável Mestre é depositada pelos demais é por este paga com o máximo de responsabilidade. Muito depressa se aprende que o Poder nada vale comparado com o Dever que o acompanha. Que aquele só tem sentido e só é útil e é meritório se for tributário deste.

A primeira vez que um Venerável Mestre se senta na Cadeira de Salomão não lhe permite distinguir se é confortável ou não. Não é apta a que sinta que se encontra num plano superior ou central ou especial em relação aos demais. A primeira vez que um Venerável Mestre se senta na Cadeira de Salomão vê todos os rostos virados para ele. Aguardando a sua palavra. Correspondendo a ela, se ela for adequada. Calmamente aguardando por correção, se e quando a palavra escolhida não for adequada. A primeira vez que um Venerável Mestre se senta na Cadeira de Salomão fá-lo instantaneamente compreender que está ali sentado... sem rede!

E depois faz o seu trabalho. E normalmente faz o seu trabalho como deve ser feito, como viu outros antes dele fazê-lo e como muitos outros depois dele o farão. E então compreende que não precisa de rede para nada. Que o interesse é precisamente não ter rede...

Quem se senta na Cadeira de Salomão aprende a fazer a tarefa mais complicada que existe: dirigir iguais!

Rui Bandeira

19 dezembro 2008

Atitude!

A história de hoje ilustra algo que é tão básico, tão evidente, que por vezes é esquecido: que somos nós que fazemos a nossa vida. E que a nossa atitude perante ela faz diferença. Esta história vai ser agora escrita por mim, procurando descrever um breve filme onde a vi. No final, colocarei o filme. Leiam a história, vejam o filme e, sobretudo, tenham sempre presente que a nossa vida é feita por nós, não por mais ninguém. Que a forma como a encaramos é determinante para o nosso êxito ou fracasso, para a nossa felicidade ou desdita. E que a cooperação permite resolver o que parece irresolúvel.

A rua está cheia de veículos. Todos parados. Os peões acotovelam-se e olham. Tudo bloqueado. Um enorme tronco de árvores está caído atravessando a rua de ponta a ponta, bloqueando por completo o trânsito. Dois polícias, impotentes, limitam-se a procurar acalmar a impaciência das pessoas. Alguém há de resolver a situação. Mas quem? Quando? As pessoas impacientam-se. Têm para onde ir. Têm compromissos. Trabalho. Família à espera. Ficar assim bloqueado não lembra ao diabo... E ninguém toma providências para tirar o bendito tronco do meio do caminho? Para que serve o Estado afinal? Para que serve o dinheiro dos nossos impostos? E aqueles dois polícias, não fazem nada? Se fosse para passar multas de estacionamento, já tratavam de dar à caneta... Vai-se a ver, daqui a bocado ainda me vêm multar por estar assim "estacionado" no meio da rua... E agora chove! Bonito. Hoje só se sai daqui amanhã... O Governo é que tem a culpa disto tudo!

No meio da impaciência geral, um garoto chega. Franzino, olha e vê o que se passa. Encharcado pela chuva o dez réis de gente decide fazer algo para resolver o problema. Larga a mochila da escola. Vai até ao grosso tronco de árvore e... começa a empurrá-lo! Bom, a intenção era boa, mas o catraio nem força tem para mover um molho de lenha, quanto mais um pesado tronco... Bem intencionado mas ineficaz... Faz força, moço, faz, que hás de ir longe com isso... Não querem lá ver o moço, a dar o corpo lingrinhas ao manifesto e a esperar conseguir resolver o que dezenas de adultos não conseguem resolver... Só pode ser brincadeira, raio do rapaz...

Mas mais quatro ou cinco catraios alinham na "brincadeira" e juntam os seus esforços ao primeiro, tentando mover o enorme tronco. Então, junta-se também um adulto a fazer força. E outro. E mais quatro ou cinco. E a multidão, ainda há pouco impotente e desorientada, culpando tudo e todos pelo obstáculo, une-se e faz força para o mesmo lado, em conjunto. E todos, rápida e facilmente retiram o tronco do meio da rua! E todos podem prosseguir o seu caminho.

Tudo o que foi preciso foi que uma criança tivesse a atitude certa!

Lembrem-se: perante os problemas com que nos depararmos, podemos tomar duas atitudes: ficar bloqueados aguardando que alguém os resolva por nós; ou deitar mãos ao trabalho e fazermo-nos à vida para tentar resolver o problema. Muitas vezes não o conseguiremos resolver sozinhos e precisaremos de ajuda. Mas convém que os demais nos vejam fazer algo para que nos possam vir ajudar...

Bom fim de semana e... façam-se à vida!

Rui Bandeira

18 dezembro 2008

Contraste

Luís Zveiter

No Brasil, anteontem, 16 de dezembro de 2008, foi eleito pelos seus pares Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o Past Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro, Irmão Luís Zveiter.

Em Portugal, entre 20 e 22 de novembro, teve lugar o oitavo congresso dos juízes portugueses, organizado pela respetiva Associação Sindical, que aprovou um documento denominado Compromisso ético dos juízes portugueses. No capítulo da Imparcialidade, foi aprovado, além do mais, este saudável princípio:

Os juízes rejeitam a participação em actividades extrajudiciais que ponham em causa a sua imparcialidade e que contendam ou possam vir a contender com o exercício da função ou que condicionem a confiança do cidadão na sua independência e na imparcialidade da sua decisão.

E nos comentários aos princípios aprovados, desenvolveu-se, a propósito do princípio acima transcrito:

O juiz não integra organizações que exijam aos aderentes a prestação de promessas de fidelidade ou que, pelo seu secretismo, não assegurem a plena transparência sobre a participação dos associados.

Não podia concordar mais! O diabo é que responsáveis da dita Associação Sindical logo vieram a público "traduzir" este princípio e o comentário a propósito no sentido de que os juízes entendiam ser contra a sua ética integrarem a Maçonaria ou a Opus Dei. E aqui é que, como diz o povo, a porca torce o rabo. Aqui é onde princípios saudáveis e pertinentes são distorcidos pelo preconceito. E, meus caros, um juiz preconceituoso é alguém que não é, por muito que se afirme ou, até, creia o contrário, imparcial. Porque sofre da mais profunda forma de parcialidade, o preconceito.

Preconceito é, no fundo um pré-conceito. Ou seja, um pré-juízo. Que é, obviamente, um prejuízo. Preconceito é prejuízo. Deveriam entender isto os preconceituosos que entenderam, sem saber do que falam, do alto da sua ignorância, etiquetar a Maçonaria como "associação secreta" (quanto à Opus Dei, é lá com eles, eles que se afirmem ou infirmem ser associação secreta).

O pior cego é aquele que não quer ver; o pior ignorante é aquele que não quer saber. Alinhar em chavões, propalar atoardas, presumir na base de ideias feitas (e mal feitas) é - só! - precisamente o OPOSTO do que se espera de um juiz. De um juiz espera-se que apure primeiro os factos e só depois emita o seu juízo, nunca que emita juízos precipitados e preconceituosos na base de pretensos factos apenas imaginados na sua mente.

Pois bem, para elucidação dos desconhecedores responsáveis sindicais, aqui relembro dois dos Landmarks da Maçonaria Regular, o sexto e o décimo. E, já agora, se não sabem o que são Landmarks maçónicos, eu explico: são o compromisso ético dos maçons, que vem de gerações atrasadas. Não precisou de ser agora fixado, e muito menos "reinterpretado" por nenhuma "associação sindical de maçons"...

Sexto Landmark: A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. É um centro permanente de união fraterna, onde reina a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.

Décimo Landmark: Os Maçons cultivam nas suas Lojas o amor da Pátria, a submissão às leis e o respeito pela Autoridade constituída. Consideram o trabalho como o dever primordial do ser humano e honram-no sob todas as formas.

E, já agora, para esses responsáveis sindicais terem a certeza que nenhum dos outros Landmarks postula qualquer secretismo, façam o favor de os conferir todos aqui, na aba As doze regras. E, já que estamos com a mão na massa, para ver se deixam de dizer disparates sobre assuntos que desconhecem, o melhor mesmo será que procurem informar-se antes de abrir a boca e deixar sair asneira. Podem obter facilmente um manancial de informação sobre o que é a Maçonaria, por exemplo no sítio da Loja Mestre Affonso Domingues. Ou - ainda mais fácil! - vão lendo os já mais de oitocentos textos publicados e totalmente à disposição de qualquer interessado aqui no A Partir Pedra. Convenhamos que, para "associação secreta" não está nada mal...

Muito mal andaram os responsáveis sindicais dos juízes portugueses com este episódio! Que contraste com os seus colegas brasileiros! Mas, enfim, tem de se viver com os responsáveis sindicais que se arranja...

Rui Bandeira

17 dezembro 2008

A música da Maçonaria

Descobri um sítio com um manancial importante de informação sobre música e maçonaria. Se o Ruah, atual Mestre da Harmonia da Loja Mestre Affonso Domingues, não o conhece já, ser-lhe-á certamente útil passar por lá. Mas não só ele. Qualquer outro maçon, exerça ou não o ofício de Mestre da Harmonia, terá interesse em por lá passar. Mesmo quem não é maçon, se quiser saber algo mais sobre a relação da maçonaria e dos maçons com a música, certamente apreciará as informações que ali pode obter.

A página de entrada do sítio dá-nos acesso a um texto introdutório, que pode ser lido em inglês, castelhano ou francês. Todo o resto do sítio está unicamente em inglês. Na banda esquerda, o sítio apresenta-nos um conjunto de atalhos para diversas páginas setoriais do mesmo. Também após a introdução se apresenta, ao jeito de índice, um conjunto de atalhos para a restante matéria do sítio. Quer por uma, quer por outra via, o acesso ao conjunto da informação é fácil e intuitivo. A informação disponível parece-me bem organizada e apresentada de modo adequado. Em relação a cada compositor ou tema, são, por regra, disponibilizados atalhos para ficheiros de música, que, através do leitor de multimédia instalado no nosso computador, podem ser ouvidos ou, mesmo, descarregados para o disco.

São individualizadamente tratados quatro compositores referidos como maçónicos: Mozart, Haydn, John Philip de Sousa e Sibelius.

Na página dedicada a Mozart, são disponibilizados cinco atalhos para outros tantos ficheiros de música maçónica mozartiana, encabeçados pelo dedicado à Música Fúnebre Maçónica, K477. Seguem-se seis atalhos para trechos de A Flauta Mágica, incluindo a abertura, o final e quatro árias, nelas se incluindo as duas de Papageno, a de Monostatos e a da Rainha da Noite. São ainda disponibilizados três atalhos para três outras peças musicais "não maçónicas" de Mozart: Eine kleine nachtmusik, K525, a abertura das Bodas de Fígaro e a sonata em lá para piano, K331. Seguem-se a indicação da lista da música expressamente composta por Mozart para ser tocada em Loja ou que tem sido utilizada em tal contexto e vários textos sobre o compositor e a sua obra. O espaço dedicado a Mozart termina com a indicação de mais três atalhos para outros sítios que contém matéria sobre este compositor.

A página dedicada a John Plilip de Sousa contém, além de duas imagens deste compositor luso-descendente, uma em uniforme militar, outra com o típico barrete Shrine, cinco atalhos para outros tantos trechos de música maçónica do compositor e mais seis atalhos para outras seis conhecidas marchas de Sousa: Stars and Stripes Forever, Semper Fideles, Marcha do Sino da Liberdade, El Capitán, Marcha do Washington Post e Marcha do Escoteiro. O espaço termina com a indicação de dois atalhos para dois outros sítios sobre o compositor e a sua música.

O espaço referente a Haydn, para além de um texto sobre este compositor, onde se defende a natureza de composição maçónica da oratória A criação, dispõe de um atalho para um trecho desta obra, mais dois atalhos para outras duas obras deste compositor. Termina com a apresentação de um atalho para o espaço dedicado a Haydn nos Classical Midi Archives, onde é disponibilizada uma completíssima gama de músicas do compositor.

O espaço dedicado a Sibelius contém a foto deste, um atalho para a composição Finlândia, vários textos sobre o compositor e atalhos para outros sítios sobre o mesmo.

Outros espaços do sítio são os dedicados a outros compositores de marchas maçónicas e shriners e a outros compositores e intérpretes maçons.

Muito interessante é o espaço dedicado à Música usada em Loja. Começa com oito atalhos para outras tantas peças musicais habitualmente tocadas em Loja e seguidamente fornece mais um conjunto de atalhos que nos permitem apreciar como, também na música, a maçonaria prima pela diversidade dentro do padrão comum: música usada na Loja americana, música usada nas Lojas inglesas, ágape em Indiana e ágape no Texas.

Ainda mais espaços tem este interessantíssimo sítio. Não os vou referir. O vosso interesse os encontrará. Só abro uma exceção para uma curiosidade: música de gaita de foles e música celta em Loja... Como veem, este sítio dedicado a A música da Maçonaria é um mundo...

Rui Bandeira