26 setembro 2008

1.º Congresso Panamazónico da Maçonaria Acreana

Vai ter lugar hoje, dia 26, e amanhã, dia 27, na cidade de Rio Branco, Estado do Acre, Brasil, o 1.º Congresso Panamazónico da Maçonaria Acreana. Este Congresso insere-se nas comemorações do 35.º aniversário da fundação da Grande Loja Maçônica do Estado do Acre e no 103.º aniversário da criação da Maçonaria Acreana.

A Grande Loja Maçônica do Estado do Acre foi fundada em 20 de Agosto de 1973 e a sua Loja n.º1, a Augusta e Respeitável Loja Simbólica Bandeirantes do Acre foi fundada em 20 de Agosto de 1904 (há 104 anos; mas a própria GLEAC refere que a comemoração é do 103.º aniversário da criação da Maçonaria Acreana, pelo que quem sou eu para corrigir?).


Também se assinalará o 102.º aniversário da criação da Loja n.º 2 daquela Obediência, a Augusta e Respeitável Loja Igualdade Acreana, mediante o descerramento hoje de uma placa alusiva à primeira reunião dessa Loja, fundada em 5 de Maio de 1906, no local onde decorreu a sua primeira reunião, agora instalações de uma empresa de comércio de automóveis da cidade de Rio Branco.


Ainda hoje, pelas 20 horas, ocorrerão, no Teatro Plácido de Castro, localmente conhecido por Teatrão, e no âmbito do Congresso, palestras sobre os temas
Reforma Política e reforma Tributária. Serão palestrantes Jarbas de Melo e Lima, ex-deputado federal do Rio Grande do Sul, e Ário Zimmerman, professor da Universidade Federal de Rio Grande do Sul.

Amanhã, sábado, 27, a partir das 18 horas, na Escola Armando Nogueira, haverá uma cerimónia maçónica, também aberta à sociedade em geral, na qual falará o Sereníssimo Grão-Mestre anfitrião, Luiz Saraiva Correia. A partir das 22 horas, no Clube Maçônico Parque das Acácias, haverá a apresentação dos novos Irmãos Maçons, seguido de jantar dançante.


O
A Partir Pedra deseja que esta iniciativa da Maçonaria Acreana decorra com brilho e seja coroada de êxito.

Esta notícia resulta de informações obtidas nas seguintes fontes:


Jornal eletrónico Página 20

Sítio da Grande Loja Maçônica do Estado do Acre

Portal Pedreiros Livres

Rui Bandeira

25 setembro 2008

A ponte do Arco Iris

Que me desculpem os leitores mas este post é essencialmente pessoal. Não tem nada de maçonaria, mas " os maçons são como as pessoas" parafraseando um humorista que não me recordo, e por isso de vez em quando têm assomos de sentimento.

Aqui há uns meses largos e a propósito do post 500 deste blog, trouxe-vos os amuos do NICO. Os comentadores da altura entraram na brincadeira, e assim o NICO passou a fazer parte da história deste blog.


O NICO partiu hoje para a Ponte do Arco Iris.

Desde o inicio do mês que estava adoentado, uns dias melhor outros pior. Foi-lhe diagnosticado um tumor do baço, e depois de muitos exames e análises decidimos que seria melhor operá-lo.

Hoje 3 dias depois não resistiu a mais uma complicação.

Tivemos dias bons, muito bons e excelentes, hoje temos um dia mau, por isso só me resta agradecer ao NICO por estes anos todos.

José Ruah

24 setembro 2008

Música no Blogue

Pois hoje decidi dar-vos musica !!!

Desde há muito muito tempo que tinha vontade de por música no A Partir Pedra. Não que a música melhore o que aqui se escreve, mas em minha opinião harmoniza o espaço e melhora a leitura.

A ideia é ter uma playlist razoavelmente extensa e de música variada, não necessáriamente maçónica, que permita ao leitor deixando a janela do browser aberta ir ouvindo enquanto faz outras coisas.

As peças musicais que integram esta primeira fase da primeira lista, não têm uma ordem particular. Procurei juntar um pouco de Mozart, Bach, R.Strauss, Mussorgsky, Mendelsohn e Smetana com faixas de bandas sonoras dos filmes Gladiador e Principe do Egipto ( sim o de animação), juntando ainda uma música de grande significado para mim - Jerusalem de Ouro cuja historia se encontra aqui e letra na tradução inglesa neste sitio


Regularmente juntarei outras peças, retirarei outras e alterarei a ordem pela qual aparecem.

Veremos o que daqui vai sair.


José Ruah
O vosso Mozart de serviço e para vos servir !!!

23 setembro 2008

Deísmo - I


Quando se fala em deísmo ou deísta, é necessário estar-se ciente de que o nosso interlocutor ou os nossos ouvintes ou leitores utilizam tais palavras com o mesmo significado que nós lhes damos. Com efeito, há grande probabilidade de duas ou mais pessoas utilizarem estas mesmas palavras com significados mais ou menos diferentes. Daqui à confusão e à incapacidade de entendimento da real posição que se está a procurar transmitir vai um passo muito curto... Facilmente demonstro esta minha afirmação.

Se recorrermos à edição em inglês da Wikipedia, verificamos que a noção de deísmo (deism) que ali se transmite é a seguinte (tradução livre minha):

Deísmo é a crença teísta que existe um Deus Supremo e que criou o Universo físico, mas que não intervém no seu normal funcionamento.

Porém, reorrendo em seguida à edição em francês da Wikipedia, verificamos que a noção ali dada de deísmo (déisme), surpreendentemente, é a oposta da versão inglesa (de novo tradução livre minha):

O deísmo, do latim deus, é uma crença ou doutrina que afirma a existência de um Deus e a sua influência no Universo, quer quanto à sua criação, quer quanto ao seu funcionamento.

É fácil ver como é possível estabelecer-se a confusão entre duas pessoas que usam a mesma noção, com significados opostos consoante verificam uma fonte em inglês ou em francês!

Mas não fiquemos por aqui e consultemos agora a Wikipedia em português. Eis a noção de deísmo que ali se encontra:

O deísmo pretende enfrentar a questão da existência de Deus, através da razão, em lugar dos elementos comuns das religiões teístas tais como a "revelação divina", os dogmas e a tradição.

Agora, aparentemente é que a confusão se tornou absoluta: em inglês, diz-se branco, em francês diz-se preto e em português... não se fala de cor, olha-se para a forma...

Aparentemente...

É fácil estabelecer-se a confusão ao utilizar estes conceitos, porque as suas definições nas três fontes são imperfeitas. Quando nos limitamos a consultar a fonte e não a efetivamente verificá-la e a analisar a sua pertinência, origem da afirmação e motivo dela, é fácil passar a utilizar noções imperfeitamente definidas e vê-las confrontadas com outras noções, também padecendo do mesmo defeito, que divergem da que obtivemos. Daí à confusão, à extrema dificuldade de entendimento, à desarmonia, o passinho é realmente muito pequeno, repito...

Então, o que é afinal o Deísmo? Qual das definições está correta, se é que alguma o está? Vou agora aumentar a confusão: na minha opinião, nenhuma delas está incorreta! Nem as aparentemente opostas! Cada uma delas, lida e analisada com cuidado, mostra uma faceta do conceito. O que estão é - todas!- deficientemente formuladas. Adianto, desde já, que, no meu entendimento, das três a que se aproxima mais do conceito correto é a definição em português, que privilegia o seu cerne: o que é importante no conceito de deísmo não é se o Criador intervém ou não no normal funcionamento do Universo. O que interessa nele, o seu cerne, o seu traço verdadeiramente distintivo, é o que afirma a definição portuguesa: o deísmo enfrenta a questão da existência de Deus através da Razão. Para além disto, está-se a extrair corolários que, se não devidamente justificados, induzem em erro.

Reanalizemos a versão inglesa da Wikipedia. Prossegue esclarecendo (de novo tradução livre minha): Relaciona-se com uma filosofia e um movimento religiosos que afirmam que é através da Razão que se apreende a existência e natureza de Deus (cá está!). Não toma posição em relação ao que Deus possa fazer fora do Universo. Isto em contraste com o fideísmo, que se encontra em muitas formas dos ensinamentos cristãos, islâmicos e judaicos, que defendem que a religião se baseia na Revelação nas Sagradas Escrituras ou nos testemunhos de outros, tanto quanto no raciocínio.
Os Deístas tipicamente rejeitam a maior parte (sublinhado meu) dos eventos sobrenaturais (profecias, milagres) e tendem a assentar em que Deus não intervém nos assuntos da vida humana nem nas leis naturais do Universo. O que as religiões organizadas veem como revelação divina e escrituras sagradas, a maior parte (outra vez sublinhado meu) dos deístas vê como interpretações humanas, mais do que como fontes autorizadas (da vontade de Deus). Os Deístas acreditam que a maior oferta que Deus deu à Humanidade não é a religião, mas a capacidade de raciocinar.

Como se vê, também na versão em inglês da Wikipedia, no conceito de deísmo o enfoque está afinal na apreensão da existência de Deus através da Razão; a questão da atividade ou não de Deus no Universo após a sua criação é um corolário extraído por muitos (não por todos) deístas - acrescento eu que devido a dois muito respeitáveis motivos: o primeiro será que, se através da Razão se apreende a noção do Criador, perfeito por natureza, que perfeitamente criou o Universo, então não precisa, e seria errado e contraproducente, voltar a intervir (mexer no que é perfeito só pode piorar, nunca melhorar, por definição; e o Ser Perfeito nunca cometeria esse erro); o segundo, pela contraposição à noção teísta da apreensão de Deus através da Fé, que faz ver como milagres (intervenções divinas) o que a Razão vê apenas como incapacidade sua em perceber, ou ausência de conhecimento suficiente para entender, a lei natural originariamente criada por Deus que motiva o evento supostamente milagroso: o milagre não será, assim, uma ação pontual divina, antes um sucesso decorrente das Leis Naturais fixadas aquando da Criação, só que (ainda) não explicável pela Razão, devido ao desconhecimento da globalidade dessas Leis Naturais. Em suma, Deus não intervém após a Criação, porque não há necessidade que intervenha, dado que esta é uma Obra Perfeita e tudo se resolve e é resolúvel através das Leis Naturais perfeitas e perfeitamente determinadas.

Insisto: o cerne da noção de deísmo está na apreensão do conceito de Deus através da Razão. O resto são corolários que alguns, talvez a maior parte, dos deístas extraem da afirmação inicial. Não se vincule a definição ao corolário - até porque, estando este porventura errado, tal não significará que a asserção que o originou também o esteja: pode o corolário simplesmente ter sido mal extraído!

Este texto já vai longo. No próximo, procurarei analisar a noção de deísmo transmitido pela versão francesa da Wikipedia e demonstrar como a aparentemente contraditória definição nela existente não é, afinal, tão contraditória como isso.

Mas, entretanto, retenhamos então que a noção mais correta, aquela que devemos utilizar, para evitar confusões, de Deísmo respeita, simplesmente à apreensão do conceito do divino pela Razão.

Rui Bandeira

22 setembro 2008

Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 - Base VII

BASE VII

DOS DITONGOS

1º) Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, distribuem-se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais, caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivan, lencóis (mas lençoizinhos), tafuis, uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas ilheuzito), mediu, passou, regougar.

Obs.: Admitem-se, todavia, excecionalmente, à parte destes dois grupos, os ditongos grafados ae (= âi ou ai) e ao (âu ou au): o primeiro, representado nos antropónimos/antropônimos Caetano e Caetana, assim como nos respetivos derivados e compostos (caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, representado nas combinações da preposição a com as formas masculinas do artigo ou pronome demonstrativo o, ou seja, ao e aos.

2º) Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares:

a) É o ditongo grafado ui, e não a sequência vocálica grafada ue, que se emprega nas formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente na da 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em -Um: constituis, influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui, Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e de 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em -air e em -oer: atrais, cai, sai; móis, remói, sói.

b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a união de um ii a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como fluido de formas como gratuito. E isso não impede que nos derivados de formas daquele tipo as vogais grafadas ii e i se separem: fluídico,fluidez (u-i).

c) Além dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos decrescentes, admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes. Podem considerar-se no número deles as seqüências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas, tais as que se representam graficamente por ea, co, ia, ie, lo, oa, ua, ue, uo: áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua, ténue/tênue, tríduo.

3º) Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m. Eis a indicação de uns e outros:

a) Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro, considerando-se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão; Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, colocar-se o ditongo üi; mas este, embora se exemplifique numa forma popular como rüi = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui, por obediência à tradiçăo.

b) Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:

i) am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam, escreveram, puseram;

ii) em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras de categorias morfológicas diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição e pela acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem, sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto, homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (variação do ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém, também; convêm, mantêm, têm (3ªs pessoas do plural); armazéns, desdéns, convéns, reténs; Belenzada, vintenzinho.


As previsões desta Base em nada alteram a norma de escrita vinda do antecedente.

De notar que os linguistas, na redação do Acordo chegam ao pormenor de indicar uma palavra, de uso popular, tão excecional, mas mesmo tão excecional... que os teclados atuais nem sequer estão programados para a escrever. Com efeito, o ditongo "ui" escreve-se sempre sem til, exceto num caso: na forma popular de ruim, em que o "m" final é substituído por um til sobre o "u". O problema é que os teclados em uso não prevêm a colocação de um til sobre a letra "u"... Daí que tivesse optado por colocar lá um trema (¨) a fazer de (~) til, apesar de o uso do trema, como iremos ver ao tratarmos de uma outra Base, mais adiante, desaparecer da língua portuguesa, exceto em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros que o utilizam. Mas tive de optar por um mal menor: afinal de contas, não me apetecia que, por ausência de sinal gráfico, uma forma popular de "ruim" ficasse grafada... rui. Eu sei que sou uma peça em aperfeiçoamento, mas também não exageremos...

Descodificando alguns termos técnicos:

Ditongo é o nome que se dá à combinação de um som vocálico com um som semivocálico emitidos num só esforço de voz. O ditongo diferencia-se do hiato pelo facto de este último ser constituído por duas vogais e ser pronunciado em sílabas diferentes. Quando a semivogal antecede a vogal denomina-se ditongo crescente. Os ditongos podem ser denominados ditongos nasais, se a vogal que contiverem for uma vogal nasal
(informação obtida aqui).

Tónico: respeitante a sílaba tónica, aquela em que recai a maior intensidade de som da palavra.

Átono: respeitante a sílaba que não é tónica.

Antropónimo: nome de pessoa.


Rui Bandeira

21 setembro 2008

O Templo de Salomão


Um poema escrito por um Aprendiz - vale a pena ler

Esculpido foi aquele templo
No tempo de Salomão.
Como que pedra cúbica sobre pedra cúbica,
Cada pedra, cada ponta,
Aponta-me um novo mundo:
– O Templo de Salomão!

Oh! Como são belas as colunas... Ícones da maçonaria!
A fraternidade universal
Da beleza, da força e da sabedoria.
Romãs, acácias e labirintos,
Mágicos modelos templários.
Todos os nossos instintos,
enigmas
Dogmas de Zoroastro
Antigos e novos calendários.

Harmónicos e eternos rosa-cruzes,
Misteriosos, entrelaçados.
Todas as raças do mundo
Em uma só igualdade.

Herdeiros de Alexandria
Livro da lei:
Velho e Novo testamento
Palavras de Salomão
– Façam de mim o teu instrumento.

Ensinam-me a caminhar ao topo da escadaria
Régua e compasso... Geometria!
Somente corações puros
Progridem na maçonaria.

Oh! Como é fantástico adentrar ao templo:
– É saborear o gozo do crepúsculo de cada manhã,
– É aprender filosofia, arquitectura e sabedoria,
– É ouvir de nossos mestres: “A lenda de Hiram”.

Salomão!
Símbolo máximo da ciência e sabedoria suprema.
Hiram!
Arquitecto, governador da ordem e da justiça.
Assassinato foi sua sentença
Venerado combatente
Sublimes segredos
Relatos e poemas.
Só decifro em Pitágoras
Seus pentagramas e teoremas,

Porque...
Há um olho no céu:
Atravessa-me,
Impulsiona-me
Aperfeiçoa-me... Cada aresta!
Transforma-me... Um fiel irmão!... (prontidão).
Ventanias entre universos
Virtudes, razões, cantos paralelos,
Como se neles sempre existissem:
... Versos!
Transparência,
É a corrente de aprendizes
Despidos do medo
E isentos de profanas insígnias.
Inteligência,
São os companheiros e os mestres
Interligados.
Brilho em Vénus
Raio de sol
Chaves astronómicas e rectilíneas.

Nada é mais belo
Que a verdade.
Busco o princípio,
O começo!
Vasculho origens
Luz e vida,
Sonhos e silêncio.
O mundo é esse,
Assim como o vemos em nossa frente?
Cinzel, malhete, acertos, erros e ilusões?
Ou é o passado que retorna,
Simplesmente?

Não!
Não estamos sonhando,
Não criamos ilusão.

Nós arquitectamos,
Revolucionamos,
Reconstruímos pontes
Dentro de cada coração.
– Reconstruímos juntos:
“O Templo de Salomão”.

Autor: Wlidon Lopes da Silva

19/21 de Setembro


19 de Setembro




Na 6ª feira passada, 19 de Setembro, estive no velhinho "Martinho da Arcada" no jantar comemorativo dos 20 anos da nossa Loja Irmã "Fernando Pessoa".

Como era de esperar a sala estava muito bem composta, fraternalmente ocupada, tendo a noite sido preenchida por 2 sessões, uma de "comeres" e outra de "dizeres", sendo que a segunda seria sempre a mais importante, e foi ! Os "dizeres" por sua vez tiveram 3 intervenientes:

- NNF que contou a história da RLFernando Pessoa, a primeira a surgir na Obediência em que nos integramos e portanto a Nº 1 da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP;
- FQ que falou de Fernando Pessoa, da vida dos desassossegos, da obra, dos amores e desamores com a "Ofélinha" e por aí fora...;
- DR que disse alguns poemas de Fernando Pessoa.

A reunião terminou por volta da meia-noite mas, pelo menos para alguns (eu incluido), se durasse a noite toda não se teria perdido nada.

Daqui vão os PARABÉNS da redação do "A-PARTIR-PEDRA" para os nossos Manos em festa.

Mais ano menos ano (mais 2) também nós na Mestre Affonso Domingues comemoraremos os nossos 20 aninhos.

21 de Setembro

Talvez por esta aproximação Pessoana resolvi lembrar na data de hoje, 21 de Setembro, um dos momentos mais extraordinários da poesia, ela toda, universal, transportadora de sentimentos, panfletária de revoltas, o mais possível desassossegada, que Fernando Pessoa nos legou.

Faz hoje anos (45) que um barco grande, teria sido um magnifico navio de cruzeiros se não lhe tivessem adulterado a função, partiu do Tejo direito "às Áfricas", na altura longinquas, misteriosas, desconhecidamente perigosas.

É na recordação dessa partida, desse navio e principalmente de quem lá ia dentro, que copio para aqui as palavras de Fernando Pessoa.
Na época o slogan era algo diferente do actual:

- "Há mar e mar, há ir e não voltar"

Para muitos foi assim !


O Menino da Sua Mãe

No plaino abandonado

Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado
-Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho unico, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe

Fernando Pessoa

Um belo Domingo para todos e preparem a semana que aí vem.
Que seja alegre de muito e bom trabalho.

NOTA EXTRA - Para os nossos visitantes que não conhecem Lisboa, ou conhecem mal, vale uma explicação extra sobre o Martinho da Arcada.
O “Martinho da Arcada” é actualmente um restaurante de Lisboa, situado no antigo “Terreiro do Paço”, hoje Praça do Comércio, a oriente da praça e sob as arcadas que a rodeiam. Bem junto ao Rio Tejo.

Inaugurado em 1782 e situado sob as arcadas da Praça do Comércio, foi um dos cafés mais emblemáticos de Lisboa. Um dos seus mais distintos clientes foi o poeta Fernando Pessoa, que aqui gostava de fazer as suas refeições ou passar longas horas escrevendo. As paredes encontram-se decoradas com fotografias do poeta, a par de bonitos azulejos antigos (transcrição de “lifecooler-Guia de Boa Vida”)

Paiva Setúbal