29 março 2007

"Tava" bom o doce !

O Rui promete o Rui cumpre.

Ontem mesmo depois de uma sessão de loja o Rui diante de um numero apreciavel de testemunhas pagou o Doce que prometeu a proposito das imagens de simbolos de Grandes Inspectores ( vide comentários aos posts ).

Mas o mais importante foi a fraternidade da refeição.

JoseSR

Sábado de SANGUE

Sábado, dia31, é dia de SANGUE.

Não, não se trata de nenhuma violência, nem este espaço a tolera.

A imagem ao lado esclarece tudo: Sábado é dia de DOAÇÃO DE SANGUE.

Preparem os vossos bracinhos, deitem para trás das costas o medo da seringa, e vamos todos seguir o exemplo do jovem da imagem e, sem custos,vamos dar o que de melhor podemos dar: um pouco de nós !

Fazer uma doação de sangue, de um pouco de seiva da vida que nos não faz falta, pois o nosso corpo muito rapidamente reporá o que demos, é um simples acto de solidariedade que devemos tornar num benigno hábito periódico. E sabemos que o que damos é sempre bem aplicado, pois vai servir a quem precisa e quando precisa.

A acção de doação de sangue é organizada pelo Grupo 19 dos Escoteiros de Portugal, da Pontinha e o sangue recolhido, por pessoal médico e de enfermagem do Instituto Portugês do Sangue, será creditado na conta corrente do Grupo de Dadores de Sangue Mestre Affonso Domingues, criado por membros da Loja com o mesmo nome e que, desde há muito, conta com a participação dos jovens escoteiros daquele Grupo.

A associação do Grupo 19 dos Escoteiros de Portugal e do Grupo de Dadores de Sangue Mestre Affonso Domingues, como todas as boas coisas de gente bem intencionada, não foi planeada, resultou de um feliz conjunto de circunstâncias, da junção simples e sem preocupações de quem quer apenas dar o seu contributo para ajudar o próximo. Numa das acções de recolha organizada pelo Grupo de Dadores, houve a oportunidade de contar com a adesão dos jovens do grupo 19 dos Escoteiros de Portugal. Tempos depois, foi o Grupo 19 quem organizou uma acção semelhante e obviamente que os elementos da Mestre Affonso Domingues tiveram todo o gosto em participar. Tivémos então a grata surpresa de verificar que o Grupo 19 destinou o sangue recolhido a ser creditado no Banco de Sangue do Grupo de Dadores, e muito gratos ficámos com isso. A partir de então, sem necessidade de mais conversas ou acordos, ficou natural e tacitamente assente: o Grupo 19 dos Escoteiros de Portugal faz, por direito próprio, e muita satisfação nossa, parte do Grupo de Dadores de Sangue Mestre Affonso Domingues. Os seus elementos têm os mesmos direitos e, se necessário, beneficiam da prerrogativa de reivindicar o crédito de sangue do Banco de Sangue. Para todos os efeitos, os elementos do Grupo 19 dos Escoteiros de Portugal e os do Grupo de Dadores de Sangue Mestre Affonso Domingues são verdadeiros IRMÃOS DE SANGUE.

E assim, as recolhas periódicas de sangue sáo organizadas por um ou outro Grupo, com a participação de todos, todos unidos na causa comum de ajudar a que não falte sangue a quem dele necessite.

Portanto, caros leitores deste blogue, considerem-se todos formalmente intimados a deslocarem-se Sábado, dia 31, entre as 9,30 h e as 12,30 h, à Escola Básica Melo Falcão, na Pontinha (perto do Quartel de Engenharia e do Restaurante Velho Mirante - é só chegar à Pontinha e perguntar, que onze pessoas em cada dez dizem logo onde é...) e... estender o bracinho.

Têm direito a um lanchinho, ao convívio entre todos, à satisfação de ajudar e ao automático registo como dador de sangue do Grupo de Dadores de Sangue Mestre Affonso Domingues, com o inerente direito a beneficiar, para si e sua família , do crédito de sangue do Grupo, quando dele necessitarem.

Quem more longe, pode colaborar na mesma: dirige-se ao Centro de Recolha do Instituto Português do Sangue mais próximo de sua casa e informa que faz a doação para crédito do Grupo de Dadores de Sangue Mestre Affonso Domingues. O pessoal do Instituto anota e regista, sem necessidade de quaisquer burocracias.

Como sempre, a doação de sangue é precedida de consulta médica e teste de hemoglobina, para garantir que não há qualquer prejuízo para a saúde do dador.

Um conselho: ao contrário do que muitos pensam, NÃO É ACONSELHÁVEL DAR SANGUE EM JEJUM. Deve-se apenas evitar tomar álcool. Pelo contrário, ter tomado o pequeno almoço é conveniente, para evitar quebras de tensão.

E pronto! Sábado lá esperamos os leitores deste blogue! Rejeitem o comodismo, vão dar sangue!

Olhem, encarem isso como a contrapartida da leitura deste blogue e considerem-se quites, até à próxima acção de recolha de sangue!

Até Sábado, na EB Melo Falcão, na Pontinha!

Rui Bandeira

28 março 2007

Grandes Inspectores

É importante clarificar a nuance.


Nas obediencias regulares os graus Azuis ( 1º ; 2º ; 3º) e os Graus filosoficos ou Altos Graus estão separados administrativamente.


Sendo assim a Grande Loja Legal de POrtugal / GLRP titula administrativamente a Maçonaria Azul , tendo estabelecido convenios com os Organismos que titulam os Altos Graus e que são fundamentalmente 3 linhas:


Rito Escoces Antigo e Aceite

Regime Escoces Rectificado

Rito de York e suas Derivativas.


O convenio estabelecido com estas entidades especifica que apenas Maçons da GLLP/GLRP poderão pertencer a estes altos graus e que se deixarem de pertencer À GLLP/ GLRP sairão tambem dos altos Graus.


A Grande Loja no entanto tem uma estrutura administrativa que inclui 3 cargos eleitos separadamente e um certo numero de cargos nomeados pelo Grao Mestre. Entre estes estão os Grandes Inspectores em numero igual aos ritos praticados pela Grande Loja.


Estes Grandes Inspectores têm por missao fiscalizar as Lojas verificando que tudo se encontra dentro dos regulamentos e que os rituais são praticados e trabalhados de forma correcta. Devem ainda propor medidas correctivas e em casos extremos sanções.


A Unica condiçao para se ser Grande Inspector é ter sido Veneravel Mestre de uma Loja.


No Post anterior e eu referi-o em comentario ao post o Rui usou o Simbolo dos Grandes Inspectores do REAA ( altos graus). Ora para ser esse Grande Inspector é necessario ser grau 33, o que nao sou ( mas por outras razões que para aqui nao sao chamadas).



Para comparaçao encontrei a imagem de um avental de Grande Loja para o Cargo de Grande Inspector. Poderão ver no centro do Avental o Simbolo Distintivo da Função ( a figura é de um avental da G.L. N. Francesa)

Comparando com a Aguia Bicefala simbolo do 33º poderão perceber a grande diferença.
Na verdade há mais uma diferença. Uma vez 33º sempre 33º, uma vez que é um grau obtido por iniciação. Quanto à função de Grande Inspector da Grande Loja, essa é efemera terminando quando o Grao Mestre assim o desejar, não conferindo qualquer direito o prerrogativa uma vez terminada.
JoseSR

Grande Inspector do REAA

Hoje apetece-me cometer uma inconfidência! Bem sei que nós, os maçons temos fama de ser discretos (alguns dizem "secretos"), mas todos temos direito a um momento de fraqueza...

Do que se passou na sessão da Primavera da Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal já o JPSetúbal deu conta. Mas houve algo, com um particular interesse para nós que ele não contou! Discreto!

Naquela sessão de Grande Loja ocorreu, já se disse, a investidura do Grão-Mestre Mário Martin Guia. Mas houve mais... Ocorreu também a ajuramentação dos Grandes Oficiais designados pelo novo Grão-Mestre.

Ora sucede que um desses Grandes Oficiais é o que exerce a função de Grande Inspector do Rito Escocês Antigo e Aceite. E sucede também que o ajuramentado Grande Inspector do Rito Escocês Antigo e Aceite é um elemento da Loja Mestre Affonso Domingues. Até aqui, nada de anormal: a Loja Mestre Affonso Domingues é uma das lojas mais antigas da GLLP/GLRP (é a Loja n.º 5) e está habituada a que elementos que a integram façam parte do Quadro de Grandes Oficiais.Todos os que passaram por essa situação exerceram os ofícios para que foram escolhidos com espírito de serviço e dedicação. Nada de mais, realmente.

Mas a razão da inconfidência é que, neste caso, vocês, nossos caros leitores, conhecem o novo Grande Inspector do Rito Escocês Antigo e Aceite. É certo que, pessoalmente, só alguns. E de nome poucos mais. Mas se o que um homem escreve permite perscurtar um pouco da sua alma, então, meus caros, esse é o caso daqueles que costumam visitar e ler esteblogue.

O novo Grande Inspector do Rito Escocês Antigo e Aceite da Grande Loja Legal de Portugal / Grande Loja Regular de Portugal é o colaborador do A Partir Pedra JoséSR!

Ele não o diria, modesto como é. Mas nós, os outros que aqui escrevemos, estamos muito satisfeitos com a escolha do M:. R:. Grão-Mestre!

Bom, só há um problema: já repararam, certamente, que apreciamos particularmente arranjar maneira de manter umas polemicazitas com o JoséSR...Isso agora, vai ficar mais complicado e fiar mais fino... Afinal de contas, Grande Inspector é Grande Inspector...

Brincadeiras à parte, JoséSR é o homem certo para a função. Poucos maçons regulares em Portugal conhecerão tão profundamente o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceite como ele. E também poucos o executarão de forma tão conscientemente cuidada. Eu sei bem disso: há mais de quinze anos que o testemunho!

Bem executar o ritual em que se trabalha é importante para os maçons (um dia destes escreverei um texto sobre isso, sobre o ritual e sobre a sua importância). Tão importante que as Grandes Lojas têm elementos (os Grandes Inspectores dos vários ritos e os seus Assistentes) cuja função é visitar as várias lojas e observar como elas o executam, com vista a detectar possíveis falhas e ajudar os seus elementos a corrigi-las. E, não havendo falhas, a ajudar a que sejam ainda melhores.

Para uma loja, ser visitada por um Grande Inspector ou por um Assistente de Grande Inspector é uma ocasião em que todos procuram dar o seu melhor. E assim só o mero facto de serem visitadas por um desses Grandes Oficiais por si só já contribui para o aperfeiçoamento do seu trabalho ritual em sessão. Receber os conselhos (e também as críticas, se for caso disso) de um Grande Inspector é sempre uma mais-valia.

Com o JoséSR, todas as lojas que trabalham no Rito Escocês Antigo e Aceite sabem que vão beneficiar da ajuda do melhor.

Todos nós, aqui no blogue e na Loja Mestre Affonso Domingues sabemos que o "nosso" JoséSR vai fazer um excelente trabalho!

Rui Bandeira

27 março 2007

Deus e o Mal

Uma das definições de Maçonaria que ouvi é que a Maçonaria é um sistema de moralidade, velado por alegorias e desvendado por símbolos.

Não é apenas isso, mas também é isso.

O texto que vou seguidamente publicar é uma adaptação minha baseada numa daquelas apresentações de diapositivos que, meio lamechas, circulam pela Rede, envoltas em música suave e com fundos de paisagena aprazíveis. Mas esta, em particular, é mais do que isso, é uma forma de mostrar que Razão e Fé não são incompatíveis. São alegorias como esta que os maçons utilizam para reflectir. A Alegoria vela a moralidade, que é desvendada pelos símbolos. Isto também é Maçonaria.

Deus e o Mal

Um professor universitário desafiou os seus alunos com esta pergunta:

- Deus criou tudo o que existe?

Um aluno respondeu, afoitamente:

- Sim, Ele tudo criou.

- Tem a certeza que Deus criou tudo? - insistiu o professor.

- Sim senhor! - respondeu o jovem.

O professor, então, concluiu:

- Se Deus criou tudo, então Deus criou também o Mal, pois o Mal existe. E, assumindo que nós nos revelamos em nossas obras, então Deus é mau...

O jovem ficou calado em face de tal resposta e o professor gozava mais um triunfo da sua Lógica, que demonstrava mais uma vez que a Fé era um mito.

Então, outro estudante levantou a mão e perguntou:

- Posso fazer uma pergunta, professor?

- Claro que sim! - respondeu este.

Então o segundo jovem perguntou:

- Professor, existe o frio?

- Que pergunta é essa? Claro que sim! Ou, por acaso, nunca sentiu frio?

O jovem respondeu: - Na realidade, professor, o frio não existe! Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo o corpo ou objecto é susceptível de estudo, quando possui ou transmite energia. O calor é que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe realmente. Nós criámos essa definição para descrever o que sentimos quando nos falta o calor.

E o jovem prosseguiu: - Mas permita-me ainda uma outra pergunta. E a escuridão, existe?

O professor, intrigado, respondeu: - Existe, claro que existe.

O aluno retorquiu: Está de novo errado, professor, a escuridão também não existe. A escuridão, na realidade, é apenas a ausência de luz. A luz pode ser estudada, a escuridão, não. Até existe o prisma de Nichols, para decompor a luz branca nas várias cores de que a mesma é composta, com os seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão, não. Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina. Como se pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim? Escuridão é, pois, apenas uma definição que o Homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz!

Finalmente, o jovem perguntou. - Diga-me então agora , professor, ainda pensa que o Mal existe?

O professor respondeu, ainda insistindo: - Claro que sim, claro que existe, bem vemos os crimes e a violência em todo o Mundo, tudo isso é o Mal!

Retorquiu então o estudante: O Mal não existe, senhor. Pelo menos, não existe por si mesmo. O Mal é simplesmente a ausência de Deus, tal como o frio é a ausência de calor e a escuridão a ausência de luz. O Mal é uma definição que o Homem criou para descrever essa ausência de Deus! Deus não criou o Mal. O Mal não é como a Fé, ou como o Amor, que existem, como existem o calor e a luz. O Mal é o resultado de a Humanidade não ter Deus presente em seus corações. É dessa ausência que surge o Mal, como o frio surge da ausência de calor e a escuridão da falta de luz.

Pela primeira vez, o professor compreendeu que a Razão e a Lógica não são antagónicas da Fé e que aquelas, sabiamente aplicadas, afinal justificam esta.

E assim se provou que Deus não criou o Mal e também que a existência do Bem prova a existência de Deus, como o Calor prova haver energia e a Luz prova existir a cor.

Que o Grande Arquitecto do Universo permaneça em nossos corações!

Rui Bandeira

26 março 2007

Ainda a questão dos Maiores Portugueses

Não venho aqui comentar os resultados de um concurso televisivo. É um concurso e como tal tem as suas regras próprias e não deve levantar questões.
No entanto quero, não posso de , salientar o posicionamento obtido pelo Consul Aristides de Sousa Mendes.
Aristides só começou realmente a ser conhecido há uma vintena de anos, muitos anos depois da sua morte e muitos mais depois dos 3 dias em plena guerra em que emitiu os 30 000 vistos salvadores, e mesmo assim conseguiu uma votação importante.
Aristides foi um visionário. A sua visãodo problema dos refugiados foi a correcta. Salvemo-los primeiro vejamos depois como os alimentaremos e alojaremos até os podermos encaminhar ao seu destino.
Dos 30000 Refugiados de Aristides a quase totalidade chegou ao seu destino e os que chegaram refizeram as suas vidas.
Nos nossos dias os problemas dos refugiados persistem. Hoje temos meios economicos e logisticos muito maiores, mas nao seguimos a Visao de Aristides.
Primeiro mandamos comida e tendas. Desta forma garantimos que os refugiados ficam no sistio e de lá não saiem. Depois mandamos um Comissario das Naçoes Unidas ( actualmente o Eng. Guterres) fazer uma visita e aparece tudo nos média e a partir daí o Mundo está feliz porque já ajudou.
Ajudou de facto a manter os refugiados como refugiados e a garantir que mais cedo ou mais tarde o problema se auto resolve, ou o conflito acaba e voltam ou o conflito aumenta e morrem.
Aristides pôs uma dimensão humana no problema. Mostrou claramente que a vontade do homem pode fazer a diferença, mesmo que o preço a pagar seja imenso.
E ele Aristides , e a sua familia, pagou o preço. Preço Injusto porque viveu num regime que não o soube reconhecer e pôs à frente da dimensão humana a dimensão mesquinha da politica de não comprometimento.
Mas esse mesmo regime usufruiu bem dos largos milhoes de Dolares que as instituiçoes judaicas enviaram para Portugal para pagar o Alojamento, a Alimentação e toda a subsistencia dos refugiados, bem como as suas viagens para o Novo Mundo.
Aristides fez o que tinha que fazer - First Things First - primeiro salvar depois o resto. Porque o resto não existe se todos tivessem morrido.
Poderá não ser o mais Importante dos Portugueses, mas para alguém que para a generalidade das pessoas era um ilustre desconhecido o facto de ter sido dos mais votados é de importancia extrema para que as pessoas pensem no que a vontade de um homem pode fazer para mudar o Mundo.
Aristides de Sousa Mendes um Justo do Mundo.



JoseSR

O senhor Reitor-Mor e os maçons

Transcrevo parte de um texto publicado ontem, 25 deMarço, num sítio na Rede da Rádio Vaticano:

O Reitor-Mór dos Salesianos, Pe. Pascual Chavez, denuncia que "os novos pais da Europa são maçons" e puseram em andamento um "plano para descristianizar" o Velho Continente, que pretende relegar a religião e construir uma Europa laica e laicista. O mais significativo de todos eles é o "famoso maçon Valery Giscard d'Estaing".


Segundo o chefe dos 16.500 salesianos, a estratégia dos "novos pais não-crentes" da Europa, ao contrário dos fundadores (todos crentes), consiste em "marginalizar a religião e deixá-la sem espaço social e político, porque no passado foi a causa que provocou guerras e enfrentamentos".

O segundo passo desta estratégia - continua o superior geral dos salesianos - consiste em marginalizar a Igreja, porque "colocou travas na roda do desenvolvimento científico e técnico". E o terceiro passo se fundamenta na opção pela multiculturalidade. "que é a opção mais difícil". Pois bem - esclarece o superior salesiano - " por detrás desta estratégia está a maçonaria".

Obviamente que não concordo minimamente com estas declarações. Tenho, no entanto, o cuidado de as não qualificar, por duas razões. A primeira é que o facto de as etiquetar com um qualquer adjectivo, que não seria simpático, não é forma correcta de as infirmar; a segunda, porque, certas ou erradas, lógicas ou ilógicas, o certo é que, quem as proferiu limitou-se a dar a sua opinião, a exercer a liberdade fundamental de expressar o seu pensamento e é bom que o reconheçamos precisamente em relação às afirmações de que mais profundamente discordamos. A liberdade de expressão do pensamento existe em relação a todos e aplica-se às opiniões certas e às erradas, às que merecem o nosso acordo e àquelas com que não concordamos, às inteligentes e às cretinas. A todas!

Mas uma coisa é reconhecer e respeitar o direito à livre expressão do pensamento, outra é deixar passar em claro e sem oposição opiniões que consideramos profundamente erradas e desajustadas, como eu considero a que acima transcrevi.

Em primeiro lugar, importa chamar a atenção para o complexo que parece continuar a assolar certos sectores (que eu me permito considerar mais retrógados) da Igreja Católica em relação à Maçonaria. Fica-se com a sensação de que esses sectores se preocupam mais com os maçons do que com os seus fiéis, que se esmeram mais em gritar que "há lobo" (e de avental..) do que em pastorear o seu rebanho. Um ou mais políticos desagradam a esses cavalheiros? São, seguramente, maçons! Uma qualquer decisão não é bem vista por eles? Foi de certeza inspiração maçónica! Os actuais líderes políticos europeus não são do agrado desses senhores, preocupados em meter seus santos narizes nos assuntos de César, quando se deviam apenas dedicar aos de Deus, como ensinou Jesus Cristo? Todos maçons, está visto! Quando será que se aperceberão que estão a ser repetidamente ridículos?

Os sectores mais retrógados da Igreja de Roma não gostam da Maçonaria. Estão no seu direito! E tanto assim é que podem ficar cientes que nós, maçons, defenderemos o seu direito de proclamarem, as vezes que quiserem, que não gostam de nós. Mas, já agora, convinha que expressassem o seu desagrado com mais algum sentido do ridículo e evitassem declarações deste género!

Fiquem também a saber que, ao contrário do que alguns fazem crer, a Maçonaria - pelo menos a Maçonaria Regular -nada tem contra a Religião Católica, pelo contrário. Como fazemos sempre questão de deixar bem claro, só pode ser maçon quem for crente. Muitos maçons seguem a religião católica. Como muitos outros são evangélicos ou luteranos, ou calvinistas, ou judeus, ou muçulmanos.

E o que importa ter presente é que esta animosidade dos sectores católicos mais retrógados em relação à Maçonaria tem precisamente a ver com este respeito pela religião de cada um, com a recusa dos maçons de verem a Religião como factor de divisão, de guerrearem ou ostracizarem ou afastarem quem quer que seja pela estúpida razão de adorar o MESMO DEUS por forma diferente ou por Lhe atribuir uma designação diferente.Esses sectores retrógados falam, da boca para fora, de Ecumenismo, mas o que não suportam é que o Ecumenismo seja mais naturalmente praticado, porque integrante da sua essência, pela Maçonaria do que porventura alguma vez será por eles!

Este constante zumbido desses sectores retrógados em relação à Maçonaria não tem, afinal, nada a ver com esta, antes releva da sua concepção da Religião e da Igreja como Poder, como Domínio dos crentes, coutada dos seus desejos de imposição do que lhes convém definir como dogmas. É realmente complicado pastorear os seus crentes, mantendo-lhes a rédea curta e confinados ao claustrofóbico espaço deixado pelas suas retrógadas imposições, quando esses mesmos crentes se apercebem que, na Maçonaria, podem crer, podem manter a sua relação com Deus, podem crescer espiritualmente, sem que lhes seja imposta a cega obediência aos ditames de pseudo-detentores da Verdade Absoluta, podem ser Homens Livres seguindo a sua religião em harmonia com os demais, qualquer que seja a crença religiosa de cada um.

Compreendo, assim, que esses sectores retrógados não suportem a Maçonaria. Mas fiquem sabendo que nós, maçons, proclamamos o nosso respeito pela Religião Católica (como pelas outras). Do que não prescindimos é do nosso direito de, se assim o quisermos, nos relacionarmos directamente com o Criador, sem necessidade de intermediários ou intérpretes da Vontade Divina. Porque cremos - e todos os crentes devem crer, mesmo os retrógados... - que o Poder Infinito de Deus é suficiente para que a Sua Vontade possa ser revelada a cada um, sem que necessariamente tenha de passar pelo crivo dos ministros da Igreja!

Resumindo: nós, maçons, respeitamos quem entende manter a sua relação com Deus nos termos definidos pelos Ministros da Igreja e segundo a mediação destes. O que não prescindimos é do nosso direito denos relacionarmos com o Criador da forma que cada um entende a melhor para si, incluindo, se assim o entender, nos termos definidos pelos Ministros da Igreja... Que isso vos desagrade, é problema vosso; com o vosso desagrado podemos nós bem! Procuramos é aperfeiçoarmo-nos e não desagradar ao Criador!

Quanto à acusação do senhor Reitor-Mor dos Salesianos, permito-me duvidar que todos os actuais líderes europeus sejam maçons. Mas posso garantir-lhe que os maçons não têm qualquer plano para descristianizar o Velho Continente. Pela simples razão de que, agrade ou não ao senhor Reitor-Mor, a esmagadora maioria dos maçons Regulares da Europa são cristãos, e com muita honra! Agora, o que sucede é que não rejeitam, antes se sentam junto a eles, os Muçulmanos ou os Judeus ou os crentes noutras religiões. Se isso dói ao senhor Reitor-Mor, já é outro problema!

O que podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que os maçons não pretendem nem nada fazem para marginalizar a religião, porque, para todos e cada um dos maçons regulares, a sua religião é essencial. O que não damos é um "exclusivo" a nenhuma religião.... Se isso nauseia o senhor Reitor-Mor, o vómito é dele!

O que podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que nenhum maçon regular quer marginalizar a Igreja Católica. O que não permite é que nenhuma outra Igreja seja marginalizada, nem, muito menos, que a Igreja leve a cabo o desejo dos seus sectores mais retrógados de marginalizar os maçons e a Maçonaria! Se isso desorienta o senhor Reitor-Mor, a ele cabe esforçar-se para melhor decifrar a Vontade Divina!

Agora o que também podemos garantir ao senhor Reitor-Mor é que ele tem toda a razão quando diz que é estratégia da Maçonaria a opção pela multiculturalidade! Com muita Honra e todo o Gosto! E expresso o meu júbilo por, neste ponto, o senhor Reitor-Mor nos fazer justiça! Se isso faz tremer o senhor Reitor-Mor, se o senhor Reitor-Mor é adepto da "uniculturalidade" (qual, já agora? Em matéria de "uniculturalidade", confesso saber pouco; não estará o senhor Reitor-mor, espero, a manifestar o seu apreço pelas ideias "uniculturais" de um certo senhor de bigodinho que viveu na Alemanha há umas dezenas de anos...), se o convívio com as diferentes culturas o repugna, talvez seja, decididamente, melhor tratar-se!

Por mim, senhor Reitor-Mor, qualquer que seja o caso, desejo-lhe, sincerament, as melhoras!

Rui Bandeira