O método iniciático
Desde tempos imemoriais, o ser humano tenta aprender e ensinar sobre os mais variados temas. Essa postura tem sido crucial para a constante evolução das ciências, sejam elas naturais, humanas ou matemáticas.
Cada ciência tem os seus métodos de ensino, e cada tema pode ter o seu próprio. A maçonaria, não sendo uma ciência, também possui um método de aprendizagem para atingir um dos seus principais objetivos: o aperfeiçoamento dos II∴. Embora tenha pesquisado diversas fontes, nenhuma me convenceu plenamente de que aquele era o verdadeiro método de ensino maçónico. Talvez seja algo único ou, então, a minha pesquisa não foi suficientemente exaustiva para lhe dar um nome.
Assim, vou tentar explicar em que consiste o método e os papéis de cada um dos envolvidos. Para simplificar, o Ap∴ é aquele que aprende, e o M∴ é aquele que ensina. Na prática, todos somos aprendizes, independentemente do nosso grau, mas para este texto, partimos do princípio de que o Ap∴ é o aluno.
O método é simples, mas trabalhoso, e pode ser dividido em três fases:
- Pesquisa e reflexão inicial (procurar): O Ap∴ explora um tema que lhe desperta curiosidade. Pode ser um conceito de um livro ou um instrumento de cantaria. Ele aprofunda o seu conhecimento pesquisando em várias fontes. A internet e a IA podem ser boas aliadas, mas é preciso cautela, pois podem levar a enganos. No final, o Ap∴ deve fazer uma primeira reflexão para iniciar a próxima fase.
- Trabalho escrito (interiorizar): As reflexões da pesquisa devem ser compiladas num texto a ser apresentado a todos os II∴. O texto deve ser objetivo e sucinto para que o tempo de apresentação seja breve e o tempo de discussão seja maior. Nesta fase, o I∴ V∴ ou o V∴ podem orientar o Ap∴.
- Apresentação (aperfeiçoar): O trabalho é apresentado à loja. Após a apresentação, os II∴ MM∴ dão críticas construtivas para melhorar o que foi apresentado. Esta fase é essencial para aprimorar o trabalho e interiorizar os valores em todos os II∴.
Neste processo, cada um tem o seu papel e as suas motivações:
O Aprendiz:
- Procura o tema de estudo (que também pode ser sugerido por um M∴);
- Pesquisa usando várias fontes;
- Elabora o trabalho;
- Apresenta;
- Escuta e interioriza as críticas construtivas;
- Revê e amadurece os conceitos e valores trabalhados.
O Mestre:
- Orienta o Ap∴;
- Sugere fontes e explica o que sabe sem dogmatismos (conceitos incontestáveis);
- Promove o pensamento autónomo no Ap∴;
- Estimula o debate;
- Avalia o processo de desbaste da pedra bruta do Ap∴.
Este método é valorizado nas L∴, mas nem sempre é seguido à risca. Muitas vezes, o debate prossegue no ágape, onde todos podem discutir à vontade. As regras de debate nas L∴ não o reprimem, mas sim, promovem a ordem e o respeito entre II∴, permitindo que um I∴ de cada vez fale.
De forma muito pessoal, penso que se o objetivo for cumprido e a pedra bruta ficar um pouco mais cúbica, qualquer método é válido.
É assim que se aprende e se ensina na R∴L∴ Mestre Affonso Domingues e, até agora, tem corrido bem e concretiza que continuará a correr bem.
D∴ G∴
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