Regras Gerais dos Maçons de 1723 - XV
Na Grande Loja ninguém pode actuar como Vigilante senão os Grandes-Vigilantes, se presentes; se ausentes, o Grão-Mestre, ou quem presidir em seu lugar, poderá nomear Vigilantes "ad-hoc" para exercerem o cargo de Grandes Vigilantes pro tempore, devendo ser Companheiros da mesma Loja chamados para o efeito, ou enviados pelo Mestre; em caso de omissão, então deverão ser chamados pelo Grão-Mestre, para que a Loja sempre esteja completa.
Esta Regra, que eu saiba, não tem correspondência na regulamentação ou na prática atual. Era uma Regra, porventura herdada da Maçonaria Operativa, claramente com interesse para uma organização com um reduzido número de Lojas e em que os ofícios em Grande Loja não eram apenas exercidos a nível individual, mas também em representação da Loja onde se se inseria o obreiro que exercia o ofício.
Daí o cuidado em que o Vigilante que não estivesse presente fosse substituído por um obreiro da sua Loja e que, não estando nenhum presente, fosse chamado a comparecer alguém dessa Loja, "para que a (Grande) Loja sempre esteja completa".
A Grande Loja só estava, pois, completa, com a presença de representantes de todas as Lojas! E o Vigilante exercia o ofício também em representação da sua Loja, tanto assim que, na sua ausência, não era substituído por outro Mestre presente, antes por um Companheiro da sua Loja.
A propósito desta - hoje peculiar - referência ao Companheiro da Loja a exercer ofício de Grande Oficial, é necessário relembrar que, em 1723, ainda a Maçonaria não utilizava o sistema de três graus (Aprendiz, Companheiro e Mestre). Então, só havia dois graus, Aprendiz e Companheiro. Mestre não era grau, era ofício: denominava-se Mestre o Companheiro que dirigia a Loja. Só em 1738 foi oficialmente introduzido o 3.º grau. Até então, cada Loja era dirigida por um Mestre, dispunha de vários Companheiros (que estavam aptos a exercer e exerciam os vários ofícios da Loja) e de Aprendizes. Com a introdução do 3.º grau, o grau de Companheiro passou a ser mais um grau de formação, o maçom na plenitude das suas funções passou a ser o Mestre , havendo vários Mestres em cada Loja. Aquele que dirigia a Loja, anteriormente designado por Mestre, passou a ser designado por Venerável Mestre.
Portanto, a referência feita na regra a "Companheiros", atualizada para a estrutura de hoje, que vigora desde 1738, deve entender-se feita a Mestre Maçom; e a referência a "Mestre" corresponde hoje a Venerável Mestre.
Atualmente, o Grão-Mestre, na designação do Quadro de Oficiais da Grande Loja tem, por norma, o cuidado de nomear, além dos Grandes Vigilantes, dois Vices, um para cada, cuja função é a de assegurar a substituição do titular do ofício, na sua falta ou impedimento. Nas raras,mas sempre possíveis, ocasiões em qie quer o Grande Vigilante titular, quer o seu Vice estejam ausentes, então o Grão-Mestre, ou o Vice-Grão-Mestre que dirigirá a sessão designa um Mestre para exercer ad hoc o ofício, como refere a Regra de 1723.
Portanto, a referência feita na regra a "Companheiros", atualizada para a estrutura de hoje, que vigora desde 1738, deve entender-se feita a Mestre Maçom; e a referência a "Mestre" corresponde hoje a Venerável Mestre.
Atualmente, o Grão-Mestre, na designação do Quadro de Oficiais da Grande Loja tem, por norma, o cuidado de nomear, além dos Grandes Vigilantes, dois Vices, um para cada, cuja função é a de assegurar a substituição do titular do ofício, na sua falta ou impedimento. Nas raras,mas sempre possíveis, ocasiões em qie quer o Grande Vigilante titular, quer o seu Vice estejam ausentes, então o Grão-Mestre, ou o Vice-Grão-Mestre que dirigirá a sessão designa um Mestre para exercer ad hoc o ofício, como refere a Regra de 1723.
Fonte:
Constituição de Anderson, 1723, Introdução, Comentário e Notas de Cipriano de Oliveira, Edições Cosmos, 2011, página 140.
Rui Bandeira
3 comentários:
Boas.
Surgiu-me esta curiosidade!
A altura da Maçonaria Operativa, será que eles também reuniriam com regularidade e mais ou menos com os mesmos rituais?
Provavelmente não, pois os tempos eram outros e não deveria haver a disponibilidade que hoje há, quer ao nivel humano quer ao nivel logistico.
Não será?
Nuno
Caro V:.M:. Rui Bandeira:
- Os M. Cumprimentos,
Na qualidade de Profano, que perscuta sob o lema "Conhece-te a ti mesmo" aconteceu - na minha procura na net - que a R:.L:.M:.A:.D:. deu resposta, com os seus Artigos/Pranchas, a muitas das minhas questões/dúvidas.
Grato pelo contributo, quer neste espaço quer no site, bem como aos V:. M:. que partilham
os seus Artigos e ou Pranchas.
Bem Hajam!
Saúdo-os com Fraternal Abraço,
PS - Perdão pelo incómodo.Por Favor anulem os meus comentários anteriores. Grato
@ Streetwarrior:
Os documentos da época da Maçonaria Operativa encontrados não possibilitam, que eu saiba, elucidar a sua questão.Mas, especulando, creio que, sendo cada Loja um "estaleiro de construção", os maçons operativos conviviam diariamente no seu trabalho e reuniam, algumas vezes por ano (talvez trimestralmente, talvez nas épocas de equinócios e solstícios - podendo essa ser a fonte das reuniões trimestrais, nessas alturas, das modernas Grandes Lojas), para deliberações, certificações dos progressos dos elementos da Loja e regulação de assuntos disciplinares.
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