O maçom e a Política
O sexto Landmark (princípio fundamental) da Maçonaria Regular prescreve:
A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.
No texto que, neste blogue, dediquei ao sexto Landmark, escrevi:
Por isso, em Loja não se discute Política nem Religião. Esta, porque sendo do foro íntimo da cada um, não faz sentido discuti-la. Aquela, porque sendo susceptível de grandes paixões poderia cavar insanáveis conflitos entre Irmãos. Ademais, reconhecendo cada maçon no seu Irmão um homem livre e de bons costumes, grave atentado a essa liberdade seria não lhe reconhecer o direito à sua crença religiosa e ao seu entendimento político. Não quer isto dizer que um maçon não possa ou não deva afirmar a sua convicção religiosa ou a sua posição política. Pode este, pode aquele, pode aqueloutro, podem todos. Mas, isto feito, mais além não se vai. Cada um crê no que crê, pensa como pensa, ponto final! Não há lugar para discussões sobre se esta crença é melhor do que aquela ou se aquele entendimento político é mais ou menos adequado do que aqueloutro.
A controvérsia ou discussão política está, assim, completamente banida em Loja, na Maçonaria Regular.
Este princípio implica um corolário, a que se chega por duas vias: a Maçonaria Regular não toma posições políticas.
Não o faz, porque (1), uma vez que não existe discussão política em Loja e, dado que as deliberações dos maçons são tomadas em Loja, não há como tomar posição política que resulte de deliberação validamente tomada; e porque (2), uma vez que a tomada de uma posição política implica escolha - em favor de algo, em detrimento de algo -, a instituição maçónica não toma posição, pois, com toda a probabilidade, iria fazê-lo em concordância com alguns dos seus membros, mas, por outro lado, afirmando discordância em relação a outros. E a Maçonaria Regular não privilegia nenhum dos seus elementos, nenhuma das ideias livres de homens livres. Não se trata sequer de determinar maiorias e de agir segundo as maiorias verificadas. Em matéria de ideias, tão legítimas e respeitáveis são as ideias maioritárias como as minoritárias. Afirmar uma posição institucional em detrimento do livre entendimento de um elemento que seja seria desrespeitar esse entendimento. A instituição é de todos, o espaço onde todos cooperam para que cada um se aperfeiçoe e evolua. Não pode pois privilegiar uns - ainda que porventura a maioria - em detrimento de outros ou de apenas um que seja.
A Maçonaria Regular, enquanto instituição, não toma, pois, posições políticas. A Maçonaria Regular não é monárquica nem republicana. A Maçonaria Regular não é politicamente conservadora, nem liberal, nem social-democrata, nem progressista, não prossegue nem defende nenhum "ismo". A Maçonaria Regular integra homens bons, que procuram ser melhores, sejam monárquicos ou republicanos, conservadores ou progressistas, liberais ou sociais-democratas, seja qual for o "ismo" que prefiram.
Por seu turno, cada maçom tem as convicções políticas que entende ter, toma e divulga (ou não...) as posições políticas que lhe aprouver, declara (ou não...) as escolhas políticas que julga adequado declarar, quando se lhe afigura oportuno, nos locais em que pretenda e possa fazê-lo.
Cada maçom é, em suma, um homem livre, que assume e aceita e com naturalidade pratica que há um espaço - a Loja - em que convive e coopera com outros homens livres, que podem ter ideias diversas das suas, sem que tal cause quaisquer dificuldades de relacionamento. E assim a diversidade é, não causa de conflito, mas catalisador de riqueza e abertura de espírito, de constante e leal interação das ideias de todos com todos, cada um testando e avaliando a validade das suas, a força das suas convicções, cada um evoluindo em função da sadia análise das ideias e convicções dos outros.
Fora do espaço da Loja, cada um é livre de assumir as posições políticas que entenda, como entenda, quando entenda.
Por isso, e em suma, não há posições políticas da Maçonaria Regular, mas cada maçom regular é livre de tomar e assumir e divulgar as posições e convicções e escolhas políticas que muito bem entenda. Que serão sempre suas e só suas e só a ele vinculam.
Rui Bandeira
11 comentários:
Caro Rui,
A religião é uma filosofia – é uma concepção do mundo e da vida. Porque não fará sentido discuti-la?
Quanto à política – a forma de organização e governação de uma sociedade não deve ser discutida?
Posto isto, como pode afirmar que «E assim a diversidade é, não causa de conflito, mas catalisador de riqueza e abertura de espírito, de constante e leal interacção das ideias de todos com todos, cada um testando e avaliando a validade das suas, a força das suas convicções, cada um evoluindo em função da sadia análise das ideias e convicções dos outros.»
Como pode alguém interagir com as ideias dos outros ou testar e avaliar a força das suas convicções se o debate está interdito? Se a controvérsia ou discussão política e religiosa (filosófica) está completamente banida em Loja, na Maçonaria Regular?
O debate pode trazer acesas discussões mas também traz o conhecimento – da discussão sai a luz! Que sentido faz proibi-lo?
Abraço
@ Diogo:
A religião não é, na minha opinião, uma filosofia. É mais do que ela. É diferente dela.
A controvérsia religiosa ou política gera, na maior parte das vezes, paixões, dissensões.
Em Loja não há lugar a dissensões, paixões. Cada um está em igualdade copm os demais. cada um pode expor os seus pontos de vista, que são respeitados pelos demais.
O respeito da individualidade de cada um implica o respeito pela seu pensamento. Não se justifica, pois, pretender demonstrar ou defender que "o meu Deus é melhor do que o teu ou o meu partido é que é bom e o teu não presta". Isso, em absoluto - e sem qualquer espécie de dúvida - não tem lugar em Loja.
O debate sereno sobre princípios políticos fundamentais, seu alcance, interpretação e corolários, a troca de opiniões sobre a melhor forma de gerir a "polis", a INFORMAÇÃO sobre entendimentos políticos é tão admissível como qualquer outro tema.
O que é proscrito é a CONTROVÉRSIA, a DISCUSSÃO (que excede a noção de debate).
Não confunda, Diogo, a forma com o fundo. Em Loja, procura-se COOPERAR, não AFRONTAR, não TESTAR E AVALIAR A FORÇA DAS CONVICÇÕES de cada um.
É uma questão de prioridades - ou, parafraseando a expressão que oportunamente utilizou no seu comentário ao texto da semana +passada, "É tudo uma questão de grau e de circunstância". A circunstância da Loja privilegia a cooperação, a união, a fraternidade, não o debate, a dissensão, a discussão, ainda que dela venha a nascer a luz. Noutros locais e circunstâncias será adequado o debate preconizado pelo Diogo. Sempre é escusada, dispensável e inadequada a agressividade, a pretensão de imposição de pontos de vista.
A quem quiser;
Por bem de quem o ache;
Com o fim daquilo que se pretender.
Não sendo um Jurista de formação, mas também não um leigo, na utilização de algumas terminologias e frases, originários/as do Latim, linguagem que tanto me apraz, encontrei na minha leitura de algumas dessas mesmas frases e termos, aquilo que creio ser algo que poderá, segundo e de acordo com o meu ponto de vista, trazer alguma Luz àquilo que eu entendo ser o conteúdo da mensagem, de mais este magnifico trabalho, do Moí Respeitável Rui Bandeira.
Dura lex, sed lex
Prega este princípio de que mesmo que não estejamos de acordo com uma determinada lei (leia-se: regra) estas devem de ser seguidas e cumpridas, caso queiramos estar dentro daquilo a que possamos chamar sociedade, grupo, centro de discussão.
Muito mais se outras alternativas e espaços sociais, de intervenção e ou discussão nos é possível ter acesso.
In claris non fit interpretatio
No que é claro não cabe interpretação, ou seja se uma determinada é clara e o seu intuito inteligível, não à o porquê desta ser interpretada e ou, penso eu discutida.
Como creio que o principio advogado de que dentro das Respeitáveis lojas os temas politica e religião não são discutidos afim de não criar divisão, algo que é oposto à divisão e à ruptura, entre de quem nela partilha pontos de vista, saberes e fraternidade (interpretação feita a partir dos mais diversos textos, trabalhos e notas explicativas, do que é a Maçonaria) é tão claro, não cabe qualquer interpretação e ou tentativa de criar uma outra visão e ou ponto de vista, sobra algo que só nos irá afectar se pretendermos e ou quisermos dela fazer parte.
Pacta sunt servanda
Os pactos devem de ser observados, ou seja, devem de ser cumpridos.
Se este é realmente um “pacta servanda”, porquê tentar mudar algo que no seu todo e aquém, este, afecta, não o questiona e não o pretende alterar.
Seremos nós capazes de distinguir de onde e até???
Sim, de onde parte e começa o nosso direito de criticar e ou questionar, aquilo que nos rodeia e ou que possamos não estar de acordo.
Até ao ponto em que, de acordo com os nossos mesmos princípios e forma de ver, aquilo que não nos parece correcto, tentamos impor de forma permanente e até ditatorial aquilo que é a nossa exclusiva e única vontade.
Eu não creio que nos seja advogado qualquer direito, social, moral e ou até mesmo constitucional, de que em prol do que um, ou outro, seja possível querer mudar algo que não nos afecta, algo em que não somos obrigados a participar, algo que diz respeito a terceiros e onde estes não se queixam e ou manifestam estar insatisfeitos.
Aquilo que eu aqui leio é preto no branco, ou seja, está apenas aqui exposta uma regra do que é aplicado dentro de uma Respeitável Loja Maçónica e a sua razão de ser (aiiiii que se começam a revelar os segredos da maçonaria, aiiiii).
O comentário entre parênteses é se calhar a grande frustração de alguns, face a um todo que imaginam e que afinal por tudo aquilo que aqui é exposto e apresentado, em nada conseguem encontrar algo de mal e ou polémico, ou até mesmo conspirativo, pois se de politica e ou religião se fala-se ai sim isso seria um maná para todos aqueles que defendem as teorias da conspiração.
Mas sempre se foi e se será preso por ter cão e ou por não o ter.
Um bem-haja, a todos aqueles que de bem e por bem, para consigo e para com os outros, estão no seu dia-a-dia e nesta caminhada, à qual eu chamo vida.
M.A.
@ M. A.:
Concordo e entendo o que escreveu. Não concordarei tão resolutamente com tudo o que me parece estar implícito - e, se erro na minha análise do que está implícito, peço desculpa desde já.
Parece-me ver implícita uma crítica à posição expressa pelo Diogo, não tanto por ela mesma, mas por um lastro de anteriores intervenções suas que - ficou claro nos comentários ao texto de 24 de fevereiro de 2010 - desagradaram a vários leitores deste blogue.
Não tenho procuração do Diogo para o defender - nem o Diogp precisa que eu o defenda, pois manifestamente que se sabe defender sozinho (e atacar também...).
Mas acho oportuno trazer aqui à colação que o Diogo, na sequência das intervenções críticas que então foram produzidas, fez duas coisas, que só se podem classificar de dignas: a primeira, apresentar o seu pedido de desculpas ("Reconheço que tenho um estilo um tanto truculento, não deliberado, que pode afastar o debate do propósito que procuro. Por este facto peço desculpa aos autores e restantes comentadores do blog."). A segunda, ter, a partir daí, pautado as suas intervenções por um para mim evidente cuidado de não lhes incutir a anterior agressividade. Nesse sentido, e como não tenho dúvidas de que estão dialogando pessoas de bem, sugiro a todos que consideremos a página virada, concordemos ou discordemos com argumentos e afirmações, com as melhores justificações que pudermos, mas não se continue continuamente a acenar com posturas, até ver, passadas. É que crítica gera resposta, que, se se sentir a crítica como injusta, pode naturalmente subir o tom e... lá está novamente o caldo entornado!
No caso concreto, compreendo o comentário e as objeções do Diogo. Está de fora. Gosta - é manifesto! - do debate, da troca de ideias, da discussão. Não entende bem - ou faz crer que não entende, buscando mais esclarecimento - a regra vigente na Maçonaria Regular. Colocou as suas objeções de forma cordata.
Podemos argumentar as nossas discordâncias. Devo eu procurar aprofundar o esclarecimento - que é para isso que escrevo neste blogue, por vontade própria e sem ninguém me obrigar a tal
Fora de Loja, como dentro de Loja, não vejo agravo na discordância, ofensa na oposição, má-vontade na pretensão de aprofundasmento.
E estou certo que, bem vistas as coisas, o M.A. concorda comigo.
Obrigado ao Diogo e ao M.A. pelos vossos comentários.
Estimado e respeitável Rui Bandeira;
Desde já agradeço o seu comentário, mas não aceito a suas desculpas, pois na realidade quem possivelmente não se explicou bem e ou criou a possibilidade de algo ter ficado implícito e não explicito, foi eu.
Assim quem tem de ser desculpar sou eu.
Não o meu comentário não é direccionado e nem sequer contem algo implícito ao Diogo, o qual, tal como creio já lho ter manifestado, se tem apresentado de uma forma muito concordata e objectiva, face às suas questões e pontos de vista.
A minha mensagem é dirigida na realidade a quem assim o quiser, por bem de quem e a quem o ache e tem na realidade o fim daquilo que se pretender, ou seja, a minha mensagem é dirigida em abstracto a todos aqueles que vêm neste tema e ou poderão ver no mesmo, algum fundamento para as tais teorias da conspiração politico religiosa, sobre a qual tanto se tenta ligar a Maçonaria.
Creia que se tal mensagem e ou comentário fosse dirigido a alguém em particular, tal como fiz no passado seria directo e dirigido, não procuro o conflito nem a reacção através da provocação indirecta e ou disfarçada. Se por ventura alguma vez procurar a reacção de alguém, em especial, nunca o farei de forma indirecta, pois acho que esse tipo de procedimento pode não levar ao objectivo da provocação e ter acções / reacções colaterais.
A minha mensagem é mesmo, e em especial neste caso, uma resposta em abstracto a todos aqueles que vivendo a teoria da conspiração, vêm neste tema da política e religião, bem como em outros uma forma de levar avante as suas divagações.
Espero desta vez ter sido suficientemente um ponto branco sobre um fundo preto.
M.A.
Caro Rui,
Afirma você no post que:
«as deliberações dos maçons são tomadas em Loja»
Ora, no Moderno Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa vem o significado de deliberação:
«(lat deliberatione) 1 - Acção ou efeito de deliberar. 2 - Debate oral de um assunto entre muitas pessoas. 3 - Resolução que se toma após uma discussão»
Ou seja, num grupo:
1 - ou estão todos de acordo e a deliberação é pacífica,
2 - ou não estão todos de acordo e a decisão é imposta por um chefe,
3 - ou a deliberação resulta de um debate ou discussãod entre vários indivíduos.
Donde, seja sobre que assunto for, se Sicrano pensa que a decisão certa é A e Beltrano que a decisão certa é B, então, inevitavelmente, há debate ou discussão.
E se as teses são mutuamente exclusivas (ou é uma, ou é outra, mas nunca uma mistura da duas), então, um ou outro impõem a sua tese (pela valia da sua lógica e argumentos). Não há outra hipótese.
Se as teses não são mutuamente exclusivas, então pode haver um acordo que abranja parte de A e parte de B
De qualquer forma, se não estiverem todos de acordo ou não houver um chefe a impor uma decisão, então há discussão e debate em Loja.
Abraço
Diogo, o facto de as deliberações dos maçons serem tomadas em Loja não implica que de todas as discussões decorram deliberações.
Creio que o Rui Bandeira já explicou aqui no blogue (e creio que mais do que uma vez) como decorre uma discussão em Loja:
- a palavra não é dirigida a ninguém em particular, mas a toda a Loja na pessoa do Venerável Mestre
- cada um intervém uma e uma única vez
- dos dois pontos acima decorre que não há direito de resposta
- vota-se após a discussão, se o Venerável Mestre assim o entender; pode entender não se deliberar coisa nenhuma
- quem decide é o Venerável Mestre em funções, com base no resultado da votação
- o resultado da votação não vincula a decisão do Venerável Mestre, sendo, acima de tudo, indicativo da vontade coletiva da Loja
Curioso método, não? A mim também me fez muita confusão quando o vi descrito pela primeira vez... Mas dizem que funciona.
Abraço,
Simple
Compreendo e concordo plenamente com a inclusão do 6º Landmark.
Sem ele, podia criar-se em Loja ambiente favoravel quem sabe até para "Abater Colunas".
Cumprimentos
JPA
Caro Simple,
Vamos ver se entendi correctamente o processo de deliberação em Loja:
1 - Cada um intervém uma única vez, dirigindo a palavra a toda a Loja na pessoa do Venerável Mestre não havendo direito de resposta.
2 - Vota-se após a discussão? Aqui não tenho a certeza de ter compreendido o significado do termo discussão:
a) Depois de cada um ter dirigido a palavra à Loja, existe uma discussão final entre todos seguida de uma votação, após a qual pode haver uma decisão do Venerável Mestre em funções que não está vinculado à votação do grupo ou,
b) Aquilo a que chama discussão resume-se apenas às intervenções únicas e individuais sem direito de resposta, seguida de uma votação, após a qual pode haver uma decisão do Venerável Mestre em funções que não está vinculado à votação do grupo?
3 - Quem decide é o Venerável Mestre em funções que não está vinculado à votação do grupo.
De qualquer forma é um processo de decisão autocrático.
Abraço
@ M. A.:
Percebi - à segunda... nem sempre se pode perceber tudo à primeira... - o sentido do seu comentário. E assim junto a minha concordância ao implícito, tanto como a já anteriormente afirmada quanto ao explícito.
@ Diogo:
Por isso nada se delibera em Loja relativamente a política e religião...
E, Diogo, nunca viu que eu alguma vez escrevesse que entre os maçons reinava o unanimismo. Pelo contrário,, o que várias vezes leu escrito por mim é que os maçons respeitam a opinião diversa e, portanto, lidam muito bem com a divergência, encarando-a como natural, até, saudável, e em nada obstaculizadora da fraternidade, da amizade e mútua consideração.
É um estado de espírito e uma forma de conduta que se aprende e se treina e se entranha.
Mas os maçons reconhecem que não são perfeitos - se o fossem, não necessitavam de se aperfeiçoar... - e sabem que há matérias em que é muito mais difícil manter este espírito de concórdia, porque é muito mais fácil ser-se influenciado pela paixão. E, como por outro lado, reconhecem que a opções religiosa e política de cada um só ao próprio dizem respeito, concluíram pela inutilidade e, mesmo, inconveniência da sua discussão em Loja. OU seja, entre dois valores, que nunca são absolutos, no caso, por um lado, o debate, propiciador de clarificações, e a concórdia, nestes particulares casos optaram por privilegiar a segunda.
E pouco importa a conceção de cada um sobre qual o valor que, geral ou normalmente deve prevalecer: nenhum destes valores é, como disse, absoluto e deve-se privilegiar um ou outro, em diferentes momentos ou em relação a diversos temas, consoante se entenda mais adequado.
@ Simple:
Só faltou complementar o esclarecimento, parav melhor enquadramentro e entendimento, com um detalhe:
Em Maçonaria, toda a atuação individual é estritamente voluntária. Ninguém é, ninguém pode ser obrigado a executar algo com que não concorda. Logo, qualquer decisão é tomada tendo-se em conta que, embora quem com ela não concorde não aja contra ela (seria desrespeitar a opinião prevalecente e quem a tomou), só a executa SE QUISER.
Logo, sendo certo que o poder decisório é conferido ao Venerável Mestre em funções (funcionando, afinal, a Loja, na fase de discussão e para deliberação como um Conselho do Venerável), nenhum Venerável Mestre decide algo contra o que verifica ser a vontade da Loja - poiis seria como um general que se colocasse na posição de ter de ir para a batalha sozinho, ou insuficientemente acompanhado, enquanto o seu exército (ou o grosso dele) ficava tranquilamente sentado a apreciar o que se ia passar...
E, como frisou, o certo ´+e que esta mescla de democracia e delegação de poder funciona bem...
@ jpa:
Os Landmarks são (rodos) a matriz da Maçonaria Regular.
Mas nenhum Landmark é impeditivo da criação de um ambiente favorável ao abater de colunas (extinção, fecho) da Loja. Sempre que surgir uma situação em que a inevitabilidade ou o mal menor seja o abatimento de colunas de uma Loja, é até melhor que tal decisão seja tomada pelos que a compõem do que deixar degradar a situação até à inevitabilidade de a decisão formal ser tomada por quem está de fora - ainda que com a autoridade do Grão-Mestre.
Mas concordo consigo que o sexto Landmark é uma preciosa estipulação para preservar a harmonia na Loja e, assim, prevenir dissídios que, no limite, podiam levar a abatimento de colunas.
O meu filho cresceu a ouvir o avô que o Benfica era o maior, eu só por contradição afirmava que o Porto era o maior e, acabei por ganhar a batalha desde muito cedo. Na realidade em minha casa nunca se viu jogos de futebol assim como por exemplo telenovelas mas, mal notei que o meu filho começou a orientar-se muito pelo Porto comecei nos noticiários a fazer-me de adepto do Sporting só para o contrariar.
Passados estes anos o meu filho tem a sua opinião e nem sei qual é o clube dele na realidade, já aqui comentei que cada um deve seguir o seu caminho e assim fiz com os meus. Nunca impus nada a eles além dos princípios que todos os pais devem ensinar, assim concluo que a minha casa funciona como uma loja tirando os rituais, liberdade e fraternidade são elementos que devem imperar, ao ver hoje em dia o meu filho de que muito me orgulho, vejo que será um bom seguidor destes princípios.
Será uma pedra mal talhada como eu na construção de um mundo melhor.
Eu parei a tempo na minha influência, optei por liberdade de pensamento e quando olho para o meu filho vejo tudo que lhe transmiti, podem acreditar que é uma pessoa muito elogiada pela sociedade civil e pelos familiares.
Bom fim-de-semana a todos.
Enviar um comentário