11 janeiro 2007
Tolerância - o verdadeiro inicio do conceito
Talvez eu o tenha induzido em erro ao mencionar Locke, mas seguramente não me enganei no tempo.
As primeiras questões filosóficas sobre a Tolerância surgem com a reforma de Martinho Lutero, portanto bem no século XVI e no seu primeiro quartel.
Se não passaram 500 anos devem faltar uns 10, lapso pelo qual me penitencio.
Com a reforma a questão da tolerância ganha um relevo enorme pois passam a existir outros Cristãos para além dos Católicos. E se até aí os de outras religiões eram Infiéis, os Protestantes eram Hereges, mas ainda assim Cristãos.
Como politicamente houve países / regiões / principados que passaram a praticar outro tipo de Cristianismo, a questão da tolerância ganhou uma importância imensa, para o equilíbrio político da época.
Locke retoma a questão da tolerância em 1689.
Mas deixemos o Rui prosseguir com a sua explanação, pois fiquei com essa ideia ao ler o seu ultimo post.
Publicado por Jose Ruah às 00:40 0 comments
Marcadores: Locke, tolerância
10 janeiro 2007
O Ramo de Acácia
Acredito que as coisas têm um fundamento e que esse fundamento poderá ser encontrado na História, nos Usos e Costumes, ou em Livros Sagrados.
O que fazemos com as coisas pode derivar da interpretação dada, tenha ela sido a mais correcta ou não, ou simplesmente diferente.
Hoje decidi pegar na Acácia.
A Maçonaria elegeu como um dos seus símbolos a Acácia, outros, e apenas a título de exemplo, são o Esquadro e o Compasso.
Porquê a Acácia e não o Cedro? Sabemos pela tradição e pela História que estas madeiras foram usadas no Templo de Salomão, base simbólica da Maçonaria Especulativa tal como a conhecemos actualmente.
Aliás o Cedro é muito mais mencionado como material de construção do Templo que a Acácia, mas não é utilizado na simbologia Maçónica.
E a Acácia, ou mais propriamente o Ramo de Acácia (Inglês: Sprig; Francês: Rameau) passou a ser claramente um símbolo.
As primeiras referências à Acácia aparecem no Antigo Testamento no Livro do Êxodo. Aqui Deus determina que será esta a madeira e não outra a que será utilizada para a construção da Arca a Aliança onde estão depositadas as Tábuas da Lei, bem como para a construção da mesa Para os Pães da Preposição e outros objectos de culto utilizados naquele que foi na verdade o primeiro Templo.
Não um templo de pedra como o que o rei Salomão constrói ( ou manda construir), mas um templo móvel que era erguido nos acampamentos do Povo Judeu.
A estrutura deste Templo Móvel é depois emulada por Salomão para a construção do Templo em Jerusalém, respeitando as proporções e os compartimentos. Nesse Templo foi depositada a Arca da Aliança e os demais objectos de culto.
Ora o Templo era revestido a cedro, mas os Objectos de Culto em Acácia.
O termo hebraico é Shittah e pensa-se que referencia a espécie de Acácia hoje conhecida por Nilotica ou Seyal. Sendo que na região também existem a Albida, Tortilis e Iraqensis.
Mas esta referência é à madeira de Acácia. Todavia como já disse antes o Símbolo é o Ramo de Acácia.
E as referencias ao Ramo de Acácia aparecem também relacionadas com os Hebreus, mas não com o Templo.
De entre as tribos do Povo Judeu uma originou a linhagem dos Sacerdotes. Primeiro no Templo móvel e depois no Templo de Jerusalém. Ora por uma questão religiosa estes Sacerdotes não podiam aproximar-se de cadáveres humanos e por consequência das respectivas campas.
Na altura os cemitérios não estavam tão organizados como actualmente e os defuntos eram inumados nos terrenos fora das cidades mas muitas vezes sem critérios de localização. Ora isto representava um problema para os Sacerdotes pois para cumprirem os preceitos religiosos tinham que saber onde estavam essas campas.
Como sabemos a Acácia é considerada em muitos sítios uma praga, pois precisa de poucos recursos para viver e em caso de incêndio é a primeira planta a aparecer, não deixando que as espécies autóctones voltem e assim causando desequilíbrios ambientais.
Esta característica seguramente levou a que as campas passassem a ser marcadas com um Ramo de Acácia para assim serem facilmente reconhecidas pelos Sacerdotes.
Daqui à Lenda de Hiram é um passo, pois a lenda situa no espaço e no tempo a estória da morte de Hiram , espaço e tempo que são os que acabo de referir , Jerusalém na época da construção do templo.
Na Lenda Hiram é assassinado e o seu cadáver enterrado fora da cidade para encobrir o crime. Todavia a regra mandava marcar a sepultura com um Ramo de Acácia.
Temos aqui a ligação.
Hoje o ramo de acácia continua a ser usado como símbolo, sendo que e tanto quanto consegui perceber é o Ramo da Acácia Nilotica ou Seyal, ou eventualmente o da Acácia Robinia.
Ficam aqui as imagens de cada um deles e cada um de vós que tire as conclusões.
Publicado por Jose Ruah às 15:57 3 comments
Marcadores: Acácia, Simbolismo, Templo
09 janeiro 2007
Tolerância: o início enquanto conceito filosófico
Duas pessoas que se julguem minimamente inteligentes não debatem um tema com o propósito de convencer o opositor. Tal seria, na quase totalidade dos casos, pura perda de tempo e energia. Duas pessoas minimamente inteligentes debatem um tema de forma a, sob a forma de rebaterem os argumentos do opositor e apresentarem os seus, atingirem dois objectivos: um (a que o JoséSR já aludiu no seu texto Tolerância - parte 5 1/2) é o de aprofundarem o seu conhecimento sobre o tema; o outro é o de verificarem, maxime construírem, atenta a discordância original, os pontos de convergência possíveis.
É por isso que dou particular importância ao acordo relativamente à evolução do conceito de Tolerância: é um ponto de convergência com possibilidades de servir de base a um mais alargado campo de acordo!
Do comentário do JoséSR, ficou-me apenas uma perplexidade: que quer ele exactamente dizer quando escreve (e cito) "O conceito de tolerância é mal utilizado actualmente, foi corrompido e essa corrupção é a noção que as pessoas têm da tolerancia."? Ou seja, presumindo eu que o conceito original de Tolerância é o que ele apresentou, qual é a noção do conceito (pouco importa se ele a classifica de "corrompido" e "mal utilizado") que as pessoas utilizam actualmente? Aguardo com curiosidade o esclarecimento, para verificar se podemos daqui estabelecer outra ponte comum...
Entretanto, e como prometido, passo ao aparecimento do conceito Tolerância, com relevância filosófica. É um pouco mais moderno do que o cálculo que o JoséSR apresentou: não 500 anos, mas antes do século XVII, mais precisamente de 1689, ano em que John Locke (imagem que ilustra este texto) publicou a sua A Letter concerning Toleration (Uma carta relativa à Tolerância).
Para que, daqui em diante, não haja dúvidas sobre o conceito originalmente apresentado por Locke, segue-se um pequeno comentário que encontrei aqui, da autoria de alguém que o JoséSR já citou, Carlos Fontes:
Carta Sobre a Tolerância, de John Locke ( Em construção !) |
1.Pressuposto: A tolerância é a essência do cristianismo O cristianismo na sua essência, segundo Locke, é uma religião tolerante, porque despreza tudo aquilo que gera a própria intolerância religiosa: a) Heresias (diversidade de opinião sobre a matéria de fé). Todos se julgam na posse da verdadeira interpretação da palavra de Deus (ortodoxia), o que os levam a acusarem os outros de hereges. Contudo, ninguém está na sua posse dado que só Deus a conhece. b) Teocracia. No Evangelho, não se defende nenhum tipo de regime político. O cristianismo, no inicio como refere Locke, difundiu-se entre regimes políticos com naturezas muito distintas. A própria questão da ligação entre o Estado e a Religião é indiferente para a salvação das almas. A única coisa que é importa no cristianismo é a salvação das almas, a qual dependente unicamente da conduta que os indivíduos levarem. Deus irá julgá-los não pelas ideias que manifestaram sobre a interpretação da doutrina, mas sobre a sua conduta, isto é, se foram ou não virtuosos.
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2. Pressuposto: A falsa religião preocupa-se com o supérfluo e ignora o essencial A falsa religião confunde o Estado com a Igreja, privilegia as manifestações externas do culto, proclamando a uniformidade da doutrina (ortodoxia), desprezando o essencial: a conduta virtuosa dos homens. A religião torna-se num meio usado por magistrados e pelos membros destas igrejas para esconder o roubo e a violência que exercem sobre os cidadãos.
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3. Princípio: Nenhuma crença pode ser imposta pela força. Toda a tentativa de impor qualquer religião pela força está votada ao fracasso. O homem é livre de acreditar ou não. Neste domínio não há meios de provar se alguém acredita ou não. "Se a verdade não arrebata o entendimento pela luz, de nada lhe serve uma força exterior" (pág.93)
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4.Princípio: A Liberdade de consciência é um direito natural de todos os homens (pág.101)
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5.Princípio: Todos os homens são iguais e nenhum tem mais direitos que outro. Ninguém se pode arvorar com mais autoridade que o seu semelhante em matéria de religião. Os sacerdotes, como os magistrados são homens, neste sentido estão face a Deus em igualdade de circunstâncias como quaisquer outros.
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6.Princípio: O Estado e a Igreja estão imutavelmente separados quanto à sua natureza e finalidade A separação entre a Religião e o Estado é algo que reside na sua natureza e finalidade. Apesar disso, aquelas que advogam a falsa religião têm sustentado a sua unidade para melhor prosseguirem os seus interesses particulares. O resultado é a intolerância religiosa. A única forma de acabar com a mesma é separar aquilo que por natureza é distinto. a) Estado.O domínio o Estado é o da ordem pública, garantindo, defendendo e promovendo o desenvolvimento dos interesses particulares. O Estado foi constituido por mútuo acordo entre homens livres para resolverem os seus conflitos e protegerem os seus direitos. Está ao serviço dos cidadãos e sob forma alguma pode atentar contra o seus direitos naturais (liberdade, vida, propriedade, etc). b)Igreja. O domínio da Igreja é o culto público a Deus e a exortação dos homens para que levem uma vida virtuosa e piedosa a fim de salvarem as suas almas. As Igrejas são assembleias livremente constituídas e qualquer um as pode criar. Nenhuma tem mais autoridade ou se pode arrogar se ser mais verdadeira que outra. Apenas Deus sabe qual é a verdadeira, e só a Ele compete julgar a conduta dos seus membros. A organização e a hierarquia nas Igrejas resultam da vontade dos homens e não de Deus.
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7.Princípio: Ninguém deve ser perseguido por motivos religiosos, dado que isso é contrário aos direitos fundamentais dos seres humanos.
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8.Princípio: Nenhuma Igreja tem qualquer jurisdição sobre assuntos terrenos. O único instrumento que uma igreja dispõe para convencer alguém a prosseguir o caminho da salvação é a palavra.
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9. Princípio: O bem público é a norma e a medida de toda a feitura de leis. Se uma coisa não é útil ao Estado, mesmo se é indiferente em si mesma, não pode ser sancionada por lei. Os magistrados estão limitados na sua acção á esfera do bem comum, sendo incompetentes em matéria de Fé. Apenas podem intervir nas igrejas quando o bem comum estiver em causa, e sempre no estrito respeito pelos direitos naturais. "O que cabe ao magistrado é zelar para que não haja prejuízo para o bem comum e que não se faça mal à vida ou ao património de ninguém." "Objecto das leis não é garantir a verdade das opiniões mas a salvaguarda e a segurança dos cidadãos e de cada propriedade e pessoa em particular" (pág.93) "O cuidado com a alma de cada um e das coisas do céu, nenhuma delas pertence ou é sujeitável ao Estado, é inteiramente entregue a cada um" (pág.97).
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10. Princípio: O que é legal para o Estado não pode ser proibido pelo magistrado em relação à igreja. A acção do magistrado assenta no escrupuloso respeito dos princípios de universalidade, equidade e imparcialidade.
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11. Princípio: Todo o individuo tem o direito de desobedecer às leis se os direitos fundamentais foram postos em causa pelo magistrado. Ninguém pode ser violentado na sua consciência. É à consciência que se deve primeiro obedecer e só depois às leis. "Em primeiro lugar há que prestar obediência a Deus e, depois, às leis" (pág.97) A fonte de todos os conflitos entre os homens é a opressão e não a diversidade das suas opiniões. Quando existe tolerância o povo torna-se o guardião da paz social, pois nessa altura estão finalmente satisfeitos os seus direitos.
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2. Limites da tolerância A tolerância, segundo Locke, tem três limites fundamentais: Não se deve tolerar todos aqueles que atentem contra a própria sociedade e os direitos naturais dos indivíduos, pondo assim em causa o bem comum. Não de deve tolerar aqueles que a coberto da religião são súbditos de outros Estados. Por último, não se devem tolerar os ateus porque os mesmos não respeitam as promessas feitas, os contratos e os juramentos que são os laços que unem as sociedades humanas (pág.100). |
Carlos Fontes
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Tradução de referência do texto: Lisboa Editora.Lisboa.1º.Edição.1999
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Pesquisa
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Biografia .Filosofia . Bibliografia .Tolerância- Em Torno de um Conceito .
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Carlos Fontes
Rui Bandeira
Publicado por Rui Bandeira às 12:23 2 comments
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08 janeiro 2007
Acácia
JoseSR
Publicado por Jose Ruah às 16:05 2 comments
Marcadores: Acácia
Vivó Blogue !!!!
E o contador de visitas marca ( neste momento)
4000
pode nao ser muito , mas é muitissimo
JoseSR
Publicado por Jose Ruah às 15:11 0 comments
Marcadores: blogue
Tolerancia - se é para continuar o debate então seja !
JoseSR
Publicado por Jose Ruah às 11:06 1 comments
Marcadores: tolerância