04 junho 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: Entrevista ao candidato Júlio Meirinhos

Os obreiros da Loja Mestre Affonso Domingues elaboraram dez perguntas destinadas a serem colocadas a ambos os candidatos. Foram enviadas aos candidatos, que a elas responderam sabendo que as questões colocadas eram exatamente iguais para ambos e sem conhecerem as respostas um do outro. Não são, tivemos consciência disso, perguntas fáceis. Mas fizemo-las confiantes em que a grande capacidade dos candidatos se traduziria em boas respostas a perguntas difíceis e, sobretudo, que através delas poderíamos ter uma mais aprofundada noção dos projetos e do pensamento de cada um deles. Publicamos hoje a entrevista do candidato Júlio Meirinhos.

Na próxima semana, publicar-se-ão as respostas do outro candidato.



Qual o papel e significado da Maçonaria Regular no século XXI?

A Maçonaria Regular deve continuar a ser o que sempre tem sido ao longo dos tempos. 
Deve ser um espaço de princípios e valores, de aperfeiçoamento interior, de liberdade e de progresso. 
Um espaço de fraternidade, solidariedade e de aperfeiçoamento de características de liderança em todas as áreas da vida em sociedade.
Num tempo em que voltam a emergir fenómenos populistas e de valores pouco democráticos e em que as condições de vida das pessoas se degradam brutalmente os nossos valores devem estar bem presentes na defesa da liberdade e do progresso.
Onde está um Maçom deve estar a Maçonaria e os seus valores. 
E o mundo, hoje, precisa dos nossos princípios e valores.

Assinalas no teu manifesto a prioridade ao relacionamento com as Obediências dos espaços iberoamericano e lusófono. Como vês o papel da GLLP/GLRP nesses espaços e que políticas de atuação concreta preconizas?

Como tenho dito a melhor opção é manter o rumo e consolidar o trabalho que tem vindo a ser feito ao longo dos anos.
A inovação pouco ponderada ou a rotura com as relações consolidadas traz, inevitavelmente, retrocessos na nossa afirmação internacional.
Assim sendo, procurarei reforçar a nossa aposta estratégica na relação com as principais potências maçónicas, com particular incidência com os países Ibero‐americanos e com os países lusófonos e, em especial, com as potências regulares brasileiras e a Grande Loja de Moçambique assim como com os Triângulos e Lojas a trabalharem no espaço lusófono.
Comigo, terá continuidade a preparação da organização da Conferência Maçónica da CMI, a realizar em Lisboa, em 2015. Também aqui não podemos, face aos compromissos assumidos, dar passos atrás.
Pugnarei, analogamente, pela continuidade das Cimeiras Ibéricas, pelo trabalho ibérico conjunto no espaço ibero-americano e pelo crescente incremento da participação na CMI e na organização que congrega a Maçonaria Regular Lusófona.
No fundo, também aqui consolidarei a nossa participação e afirmação.
É redutora a visão de quem entende que nos devemos fechar sobre nós próprios diminuindo a nossa ação internacional.

Que papel e que intervenção (se é que alguma) preconizas que a GLLP/GLRP exerça na sociedade portuguesa, como e com que instrumentos?

Como já referi vivemos um tempo em que estão a emergir fenómenos populistas e em que as condições de vida das pessoas se degradam brutalmente.
Logo, devemos afirmar os nossos valores na defesa da liberdade e do progresso. 
Afirmá-los na sociedade sem nos abrirmos em excesso mas sem nos fecharmos sobre nós próprios.
Devemos primar, igualmente, pela solidariedade e fraternidade.
E a melhor forma de o fazer é pelo exemplo. 
Um Maçom deve ser exemplar no seu comportamento cívico pois onde está um Maçom está a Maçonaria. E, assim sendo, o nosso comportamento individual continua a ser a nossa melhor intervenção na sociedade.
Coletivamente, devemos afirmar, cada vez mais, na sociedade, os nossos valores e romper com todas as práticas internas que não estejam em consonância com eles.
E, para isso, o melhor instrumento é a nossa ação individual e coletiva.

Como preconizas que se efetue a capitalização, gestão e administração do Fundo de Solidariedade Maçónico?

A capitalização deve ser efetuada por duas vias: uma percentagem dos resultados líquidos existentes a definir, anualmente, no momento da definição da aplicação desses resultados líquidos; e, os donativos recebidos pela GLLP/GLRP.
A gestão deverá ser efetuada em obediência a um Regulamento debatido e aprovado no seio do Conselho de Veneráveis Mestres.
E a sua administração deverá ser efetuada pelo Grão-Mestre que, naturalmente, poderá cooptar quem entender para o auxiliar. 

Como preconizas o lançamento e funcionamento da Academia Maçónica (“Academia de Formação” é pleonasmo...) e qual o prazo que prevês para efetivo início do seu funcionamento?

A nossa Academia já deu os seus primeiros passos. Com José Manuel Anes, José Ruah, entre outros, várias ações já foram concretizadas. E outras foram planeadas e aguardam implementação.
Eu quero consolidar o seu funcionamento descentralizado por todo o país.
Quero, analogamente, implementar o seu funcionamento digital.
Quero, igualmente, aprofundar as suas valências maçónicas e profanas.
Quero, ainda, trabalhar na elaboração da história da Maçonaria Regular portuguesa.
E vou fazê-lo desde logo. Mal seja instalado na Cadeira de Salomão.

Na dinâmica de funcionamento Lojas/Grande Loja privilegias a prevalência da liberdade de atuação das Lojas ou da coordenação da Grande Loja? Na primeira hipótese, como prevines fenómenos de basismo e descoordenação? Na segunda, como prevines excessiva coordenação e autoritarismo? 

Acho esta dicotomia algo redutora.
Eu quero uma governação mais colegial e mais participada em que todos os irmãos sejam, cada vez mais, ouvidos.
Quero uma Grande Loja cada vez mais afirmativa em todos os seus planos mas que não se substitua às Lojas ou que as procure submeter. 
Quero obreiros e Lojas livres pois aí estará a nossa força.
Quero ouvir, sempre, o Conselho de Veneráveis.
Mas quero, naturalmente, que exista articulação na nossa ação coletiva.
Articulação, liberdade, governação participada e colegial é aquilo que preconizo.
Sem basismo, sem autoritarismo e, acima de tudo, sem projetos individuais de Lojas que possam desvirtuar os nossos valores e princípios em prol de promiscuidades e interesses financeiros e/ou de outro tipo.
Aquilo porque já passámos com o envolvimento de uma ou outra Loja em processos pouco claros e que estão a ter tradução judicial é algo a não repetir.
E não se trata, aqui, de autoritarismo.
Trata-se de defender os nossos valores e de não prejudicar a nossa imagem coletiva e individual.

Quais as principais obras/contribuições que fizeste para o desenvolvimento da nossa Augusta Ordem nos últimos 10 anos?

A melhor avaliação deve ser feita pelos meus Irmãos. Mas é bem conhecido que, nestes últimos dez anos, estive sempre à Ordem. 
Estive sempre ao serviço da Maçonaria e do Grão-Mestre em funções. 
Estive sempre presente na minha Loja e em largas dezenas de outras Lojas. 
Ajudei a edificar Templos na minha região, a consagrar novas Lojas, em todo o país, a iniciar novos irmãos e a elevar outros. 
No fundo, participei ativamente no crescimento e consolidação da GLLP/GLRP.
Estive presente na maioria das Assembleias e Grandes Lojas. Representei a nossa organização no estrangeiro.
Desempenhei várias funções no Grão Mestrado e na minha Loja. Desempenhei várias funções nos Altos Graus. Não quero aqui enumerar todas pois seria fastidioso e o meu currículo foi distribuído a todos e pode ser consultado.
Fui, como sempre, um obreiro participativo na edificação coletiva do nosso caminho.
É por isso que me candidato. 
Porque entendo que desenvolvi um percurso nos últimos dez anos que me capacita para gerir a GLLP/GLRP em linha com o que acontece nas grandes potências maçónicas mundiais que primam pela adequada preparação, pela estabilidade e continuidade da gestão das suas lideranças e da sua gestão administrativa e financeira.

Quantos irmãos foram por ti propostos e quantos deles continuam ainda na nossa Augusta Ordem?

Ao longo de toda a minha vida maçónica tive a honra de propor dezenas de irmãos e a grande maioria está connosco. 
Mas a permanência dos obreiros na nossa Augusta Ordem é um tema que merecerá reflexão comigo a Grão-Mestre. É algo a melhorar e temos todos, em conjunto, de encontrar formas de o fazer.

Se fores eleito Grão-Mestre, qual a principal mudança em relação ao que existe que preconizas e qual o principal aspeto que achas deve ser mantido inalterado na GLLP/GLRP?

Pretendo ter uma liderança mais participada e colegial. Quero manter o rumo dos princípios que têm norteado uma boa gestão administrativa e financeira assim como do nosso crescimento e consolidação. Não podemos regredir a uma gestão amadora (ainda que bem intencionada). As nossas responsabilidades e compromissos não o permitem.

Se não fores eleito Grão-Mestre, que papel, atividade e colaboração, nos próximos cinco anos, antevês para ti na GLLP/GLRP?

O mesmo papel que tenho tido desde sempre. 
Estarei sempre à Ordem da Maçonaria e do Grão-Mestre em funções. Estarei sempre presente nas Lojas e junto dos meus irmãos por todo o país e no estrangeiro. Serei sempre mais um a partir pedra.

 Entrevista publicada por
Rui Bandeira

01 junho 2014

O MUNDO DA CAROLINA


É Domingo, 1 de Junho, e algo se passa na Covilhã.
Há cerca de 5 meses a memória de uma menina deu origem à criação de uma nova Associação cujo objetivo é ajudar.
Ajudar quem precisa de ajuda, ajudar quem, sem querer e sem culpa, se vê a braços com alguma doença daquelas que não deixam dúvidas quanto ao fim a que destinam os que lhes caem nas garras.
Esta associação de que Vos falo hoje é a Associação “O Mundo da Carolina”.
A Carolina foi uma menina que viveu 8 anos, 8 anos apenas.
Apenas 8 anos que no entanto foram suficientes para deixar aos crescidos, com muitas dezenas de anos, um legado de Amor suficiente para provocar esta onda solidária que hoje tem um dos seus momentos mais importantes com a inauguração de um parque para crianças e com o lançamento público do livro que a Carolina, com apenas 8 anos (!), nos deixou em herança.
Um livro de histórias e desenhos, que a Carolina escreveu e desenhou durante o tempo em que ficou hospitalizada no Hospital Pediátrico de Coimbra.
Legado extraordinário, felizmente agora posto ao serviço das outras crianças que, como ela, se vêm envolvidas na injustiça do sofrimento.
Os Pais da Carolina, os Colegas, as Professoras, muitos Amigos, juntaram-se e 5 meses após a criação da Associação sem fins lucrativos “O Mundo da Carolina”, eis que hoje na Covilhã, cidade onde nasceu e viveu enquanto pôde, é feito o lançamento do livro que traz a todos nós  aquilo que foi o Seu mundo, histórias de Amor e Ternura que a sua jovem e inocente imaginação foi capaz de inventar para entretenimento dos dias em que não pôde saltar e brincar como a maioria dos seus coleguinhas.
Deixo-Vos este testemunho e um desafio.
Quis o acaso (será o acaso ?) que tenha podido falar ontem, Sábado, com uma das pessoas que a acompanhou até ao fim no hospital em Coimbra, e mesmo sendo uma profissional da saúde (…ou da doença ?), habituada e habilitada a muitas situações de grande constrangimento, ainda recordou a Carolina que acompanhou há mais de um ano.
A que não hesitem em visitar o sítio   www.omundodacarolina.pt assim como Vos desafio a encomendar um livro através do endereço  geral@omundodacarolina.pt  (10 euros) com as histórias e poemas que a Carolina nos deixou.
Toda a receita reverte para apoio a quem necessita e isso não se nega nem se esquece.
Bem hajas Carolina, estejas onde estiveres os teus Amigos não te esquecem e mantêm a Tua memória.


J.P.Setúbal

30 maio 2014

O Silêncio e o Verbo! – Parte -1

O Silêncio e o Verbo!

Gênesis 1:1 No princípio criou Deus os céus e a terra.
Gênesis 1:2 A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas.
(Fonte: A Bíblia Sagrada – Génesis – A criação do Mundo)

No princípio …
No princípio da criação, tendo em conta os livros sagrados, nada existia com forma, nada havia para além do vazio.

Tínhamos apenas o espaço vazio, o caos, o vácuo, o espaço sem direção (sem Sul, sem Norte, sem Oriente, sem Ocidente, sem Zénite e sem Nadir, ou seja, sem a verdadeira dimensão de universalidade, até porque nada existia com forma).

Assim se nada existia, com forma, também o Verbo não podia descrever essa mesma ausência de forma, porque também ele não existia, o que fazia que não existindo o Verbo (a palavra), também o Silêncio não existia, pois o Silêncio é, ou pode ser:

(…) a ausência total ou relativa de sons audíveis. Por analogia, o termo também se refere a qualquer ausência de comunicação, ainda que por meios diferentes da fala.
(Fonte: Wikipédia)

Ou seja, se a comunicação é o Verbo e o Verbo aquilo que permite a existência da comunicação é também a existência do Verbo que leva à existência do Silêncio e se o Verbo não existia, também o Silêncio não existia.

Gênesis 1:3 Disse Deus: haja luz. E houve luz.
Gênesis 1:8 Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
Gênesis 1:29 Disse-lhes mais:
Eis que vos tenho dado todas as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente; ser-vos-ão para mantimento.

(Fonte: A Bíblia Sagrada – Génesis – A criação do Mundo)

“E disse Deus…”
“Chamou Deus…”
“Disse-lhes mais…”


Ou seja o Grande Arquiteto Do Universo quebrou o vazio, desfez a ausência de forma, preencheu o vazio, organizou o caos, deu direção ao espaço, criando assim o Sul, o Norte, o Oriente, o Ocidente, o Zénite e o Nadir, ou seja, deu dimensão ao conceito de Universalidade, através do uso do Verbo, isto é, o Grande Arquiteto Do Universo criou com o uso do Verbo, quebrando e gerando assim, em simultâneo, o próprio Silêncio.

No seu ato final, a criação do Homem, o Grande Arquiteto Do Universo, teve de comunicar diretamente a fim de gerar um EU e um TU, isto é, não quebrar apenas o Silêncio, usando o Verbo, mas dirigir esse Verbo a alguém, “Ele” tinha de ser ouvido.

1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.
2. Ele estava no princípio junto de Deus.
3. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.
4. Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.
5. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam
(…)
8. Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
9. [O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem
(Fonte: A Bíblia Sagrada - O Evangelho Segundo S. João)

Assim perante o poder da criação, declarado pela utilização do Verbo e diante da grandeza do “Real”, que é sábia na utilização deste, comecei a entender melhor o porquê do “SILÊNCIO” .

Era demasiada a ambição e até descabida, alguém como eu, que começara a apreender a utilizar as ferramentas base, na construção do seu próprio Templo, querer ter logo de início o poder de criar, isto mesmo sem mais nada saber!

Será que não está mais que provado que o uso inadequado do Verbo tem sido a principal causa de conflitos e de destruição desde do princípio dos tempos?

Não seria desta forma uma atitude totalmente descabida e tendencialmente fratricida passar tal arma e poder para as mãos de quem ainda não estava preparado?

Hoje estou certo que sim!
Mas afinal onde estava eu nessa altura com essa ambição tão desmedida e descabida?
Querer criar, sem primeiro entender como o fazer!

Estava afinal ainda ligado a um cordão umbilical profano, estava ainda ligado a uma corrente de vida profana, da qual não tinha sido capaz de me desligar aquando da minha descida ao centro da terra, afinal não tinha sido capaz de visitar o meu interior e rectificar-me, largado os conceitos e preconceitos profanos, dos quais havia prometido livrar-me!

Alexandre T.

28 maio 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: manifesto do candidato José Manuel Pereira da Silva


Conforme prometido e em cumprimento do princípio da igualdade de tratamento das candidaturas, que livremente assumimos neste blogue, divulga-se hoje o manifesto de candidatura do candidato José Manuel Pereira da Silva, também publicado no sítio na Internet da sua candidatura, de acesso livre, em http://jmpereiradasilva.wordpress.com/.

Carta aos M. Q. I. da GLLP/GLRP em que se explicam as razões duma candidatura ao cargo de Grão Mestre

Vivemos, nestes dias, um período que se espera de profunda reflexão para todos os M:.M:. que reúnem a qualidade para, no dia 21 de junho, decidir sobre qual o seu par a ser investido nas funções de Grão-Mestre da Obediência.

Se falo de reflexão e de decisão individual é porque me recuso a ver, neste processo, uma “campanha eleitoral”, uma “disputa entre candidatos” ou outra qualquer coisa que se assemelhe. Não porque esses processos me sejam estranhos, tantos foram aqueles em que, na minha vida profana, participei e me envolvi com entusiasmo. Porém, não os consigo conceber no interior duma Obediência Maçónica. Por duas razões principais.

A primeira, porque entendo que, ao contrário das organizações profanas, a Maçonaria dispensa individualidades de liderança ou chefia que se afirmem como constitutivos de orientações capazes de mobilizarem um conjunto de seguidores que neles confiem. Entre nós as mais altas funções só podem resultar como emanação duma vontade coletiva. Foi por isso que a minha candidatura não nasceu da minha vontade, mas sim da vontade de várias dezenas de irmãos cuja solicitação de disponibilidade se me impôs como um dever fraterno.

A segunda, assim sendo, porque me repugna a ideia duma disputa entre pessoas que, partilhando os mesmos princípios jurados, se devem dispor à Concórdia e à Fraternidade na mais solene recusa da divergência e do antagonismo.

Candidato-me porque acredito na Maçonaria como um projeto coletivo exemplar que tem no Amor Fraterno uma fonte suficiente de legitimação do serviço que cada um é chamado a prestar.

Todos conhecemos os princípios, apesar da sua origem na antiguidade dos tempos, que fundaram a criação da Maçonaria Universal moderna. A Grande Loja é um garante de que todos partilhamos os mesmos valores, as mesmas regras e o mesmo
respeito pela Tradição com que nos afirmamos como uma via iniciática e com que nos circunscrevemos como Sociedade e Fraternidade num contributo notável ao serviço da Humanidade. Mas, é um garante perante todos e cada um, precisamente porque é dessa necessidade coletiva, tornada consciência, que ela se ergue como realidade necessária e testemunho dum querer e dum crer coletivo.

A Grande Loja é, por isso, uma emanação das Lojas e só estas detêm a soberania que se expressa nas competências do órgão máximo da nossa governação: a Assembleia de Grande Loja. E não existe outra sede de detenção dum poder efetivo. Toda a função executiva se lhe deve submeter e nenhuma autonomia que
não resulte duma clara delegação desse poder deve ser questionada e corrigida. Este é o princípio da constituição do poder entre nós que, justamente, se inscreve na Constituição e no Regulamento Geral em cumprimento dos princípios da Regularidade e da Tradição.

Tal significa que essa constituição dum poder soberano, entre nós, se inicia, propriamente, na eleição de cada VM e se completa com a eleição do Grão-Mestre. Confundir o vértice com a própria pirâmide é um erro, deliberado ou inconsciente, próprio dos que sonham com a formação de nomenklaturas que se pretendem legitimadas para o exercício dum poder que tenho dificuldade em descortinar qual possa ser, mas que não deixa de ter um impacto negativo ao criar a desagradável sensação de que as Lojas devem servir a GL e as decisões que nela se tomem mesmo que ao arrepio da sua vontade. Esta lógica inversa é negativa e cria divisões
internas, por um lado, e um progressivo alheamento da participação coletiva.

Candidato-me porque acredito que a soberania das Lojas deve tornar-se efetiva para que possamos prosseguir o nosso trabalho e irradiar com força e vigor.

Chegam-me ecos dum desconforto crescente entre os Irmãos que manifestam sentir que, entre nós, tem crescido aquilo que podemos identificar como aquela tendência de alguns que se sentem, particularmente, “iluminados” e “talhados” para o exercício de cargos e funções, ou que veem no exercício do grande oficialato uma forma de promoção e ascensão hierárquica. Como se isso pudesse ter algum sentido entre nós e como se esse exercício não seja, ainda, apenas a manifestação daquela disponibilidade que a humildade fraterna reclama para o serviço de todos. Não deixo, contudo, de reconhecer a existência de Irmãos que, por refletirem essas mesmas qualidades de disponibilidade e humildade, desenvolvidas num intenso e assíduo trabalho nas suas Lojas e pela exemplar sabedoria revelada na sua execução ritual se revelam como figuras incontornáveis e como uma mais-valia cerimonial e espiritual, constituindo um exemplo que se deve acentuar e manter.

Mas estes são já sinais dum “desvio” de que todos somos responsáveis na medida em que para ele todos temos contribuído. É, por isso, muito importante a criação dum espaço de reflexão coletiva em que possamos questionar-nos sobre a natureza e a finalidade contemporânea da Maçonaria. Considero-o como um grande, necessário e urgente debate, capaz de nos motivar e unir para os grandes desafios do futuro. Não basta reclamarmo-nos da Tradição, de nos constituirmos como uma via iniciática e simbólica se a essa reivindicação não pudermos atribuir uma significação e um sentido que ilumine a nossa pertença e a nossa escolha dum caminho que, só podendo ser transformante de cada um para se instituir como contributo universal, deve continuar a ser vivido como uma das mais surpreendentes e belas construções dos homens “livres e de bons costumes”: a Maçonaria. Porque se não clarificarmos e aprofundarmos, coletivamente, esse significado e esse sentido continuaremos a deixar que se instalem, entre nós os mal-entendidos e os epifenómenos que nos prejudicam e nos dificultam o trabalho que, iniciado no Templo, devemos continuar no mundo profano. E como esse mundo precisa hoje de nós e do nosso trabalho!

Candidato-me porque acredito que todos nos podemos reconhecer em todos, sem exceção, dando conteúdo a essa ideia primordial de que nos constituímos como Fraternidade.

Sei que os compromissos assumidos pela Grande Loja exigem uma gestão rigorosa e difícil. No entanto, sinto-me perfeitamente preparado para o exercício da função de Grão-Mestre e para enfrentar com o maior rigor essas dificuldades. Estive durante mais de uma década envolvido nessa gestão e em tempos que não foram, por certo, mais fáceis. Mas esse é um aspecto menor, quando sabemos que existem na Obediência tantos Irmãos que, em termos de preparação e qualificação nas áreas da gestão e da administração, organizacional e financeira, se situam em
patamares de excelência e cujo apoio me foi fraternamente manifestado. Será, por isso, garantida uma gestão que assegure o cumprimento dos compromissos adquiridos e que adeque o orçamento aos tempos difíceis que vivemos, limitando as despesas ao essencial, com rigor e frugalidade. Não sendo rico, tenho a vantagem de compreender a dificuldade sentida por tantos Irmãos no cumprimento das suas responsabilidades e a razão, pela qual, têm diminuído os troncos nas nossas Lojas.

Nesse sentido deveremos ser particularmente rigorosos na organização de eventos e iniciativas, garantindo que a participação de todos se possa fazer sem qualquer sacrifício material. Considero a ideia de que a iniciação é acessível apenas a uma
“elite económica” é antimaçónica e compromete, gravemente, o nosso futuro e a irradiação da Ordem. E sendo essa irradiação um dos nossos deveres constitucionais devemos pugnar para que se nos possam juntar todos os que, considerados como “livres e de bons costumes”, o queiram fazer, independentemente do seu estatuto económico e social.

Temos, por isso, que cuidar de um orçamento que se sustente na realidade suportável pelas Lojas, num período em que a crise económica se abate sobre a generalidade dos Irmãos e muitos havendo a passar por grandes dificuldades financeiras, que deverão ser objeto da nossa mais alta atenção e solidariedade.

Nesse sentido defendo que um plano anual de atividades deve basear-se na capacidade e na iniciativa das Lojas a que a GL se deve associar, promovendo-as, divulgando-as e se necessário coordenando-as. Todas as iniciativas da GL, que tenham impacto orçamental acrescido face aos compromissos atuais devem ser objeto de parecer prévio do Conselho de Veneráveis e de aprovação da Assembleia.

Candidato-me porque acredito que a nossa energia coletiva é suficiente para a resolução de qualquer problema que tenhamos que enfrentar.

A Obediência tem visto crescer o número de Lojas, sobretudo no último ano. Considerando esse crescimento como um fator positivo em si, não deixo de recear que ele possa pôr em causa o normal funcionamento de muitas Lojas, tantas são as que têm que recorrer à fraterna solidariedade e disponibilidade dos seus Mestres Auxiliares para poderem funcionar com o quórum ritual.

Defendo que o crescimento do número de Lojas deve, por isso, resultar do crescimento do efetivo de obreiros e que esse crescimento deve constituir um desafio mobilizador para os próximos anos. Mas não a todo o custo porque, infelizmente, todos sabem como a ausência de cuidado em algumas admissões se transformou num prejuízo sentido internamente e percebido no exterior.

Por outro lado, o bom trabalho das Lojas pode e deve ser aprofundado com ações de formação simbólica e ritual bem como a criação de condições para que a investigação maçónica se faça, entre nós, de forma estruturada e rigorosa. A Academia de Formação Maçónica pode e deve assumir este processo, recorrendo aos Irmãos que, tendo a necessária preparação científica, possam orientar e formar, metodologicamente, todos aqueles que mostrarem essa disponibilidade e gosto pelo estudo e pela investigação: a construção de uma atividade de investigação em teoria e história da Maçonaria, de uma verdadeira maçonologia, seria um notável contributo da GLLP/GLRP para a cultura maçónica universal. Temos obreiros com capacidade e vontade para isso. Garantir condições de trabalho e de divulgação está ao alcance da GL e deve ser tomada como uma prioridade. Tanto mais quanto esta é, exatamente, o tipo de atividade que nos pode prestigiar externamente e contribuir para a irradiação da Ordem. As tecnologias de informação e comunicação permitem-nos, hoje, ter recursos poderosos ao serviço desses desígnios com elevada eficiência.

Também como prioridade e urgência deve ser tomado o inventário do acervo documental e testemunhal que permita a consolidação da nossa memória histórica.

Candidato-me porque acredito que, crescendo com qualidade e esclarecimento, cumprimos a nossa obrigação de via transformante, numa resposta às necessidades espirituais duma sociedade em progressiva erosão ética.

A Grande Loja está hoje comprometida, e bem, com a criação de laços de cooperação e desenvolvimento da maçonaria regular nos espaços lusófono e ibero-americano. Estaremos mesmo comprometidos com a organização, em 2015, com um grande evento como a Conferência Maçónica Interamericana. Devemos honrar os nossos compromissos e cumpri-los de forma a consolidar o nosso prestígio. Mas temos que ser realistas quanto à nossa participação e envolvimento na organização de eventos que impliquem custos que se traduzam em dificuldades orçamentais. Tenho consciência das dificuldades das Lojas e, por isso, defendo que, para além dos compromissos já assumidos, todas as iniciativas futuras devem resultar duma decisão e implicação coletiva e só depois de submetidas a parecer favorável do Conselho de Veneráveis. Penso que é numa agenda interna que devemos, para já, concentrar a nossa atenção e energia, sem prejuízo de todas as iniciativas que, a baixo custo ou sem ele, sempre podemos ir desenvolvendo no plano externo, sobretudo no  plano da lusofonia e ibérico.

Candidato-me porque considero como prioritária a consolidação dos aspetos
internos, sobretudo os orçamentais, e que só resolvidos esses podemos ter a
pretensão, no plano maçónico, duma afirmação externa.

Meus Queridos Irmãos

Estas são as principais ideias que quero partilhar convosco e com as quais justifico a minha disponibilidade para, em nome das largas dezenas de Irmãos que fraternalmente mo “exigiram”, me apresentar como candidato à função de Grão-Mestre da GLLP/GLRP. Uma função para a qual, reafirmo, me sinto preparado por
um passado de entrega ao serviço da Obediência, incluindo a sua fundação.

Não vos apresento um programa porque isso, para mim, não tem qualquer significado numa organização maçónica. Não porque sobre isso não tenha ideias concretas mas, apenas, porque entendo que o “programa” da GL só pode ser aquele que as Lojas, na sua inalienável soberania, decidirem e construírem. A Grande Loja e o seu Grão-Mestre são apenas o garante da nossa Regularidade, ou
seja, do escrupuloso cumprimento da Constituição e do Regulamento Geral que decidimos adotar de acordo com a Tradição, os Usos e os Costumes da Maçonaria Universal.

Sinto-me feliz e realizado com o trabalho maçónico que desenvolvo, assiduamente desde sempre, na minha querida Loja Amor e Justiça.

Mas um Mestre tem que estar à Ordem e servir onde os Irmãos entendam que ele deve servir. Se tiver que ser, por vossa vontade, como Grão-Mestre, que assim seja com a ajuda do G:.A:.D:.U:.

José Manuel Pereira da Silva


Publicado por Rui Bandeira

23 maio 2014

A minha Iniciação. Parte -3


Julgado fui, e agora novas provas tinha de passar, pois no fim de tudo a Luz eu ia poder enxergar e o meu Eu, mais íntimo, alcançar.

Às provas me dediquei, depois de as aceitar. Guiado fui e pelas várias provas passei, vento e calor sofri, mas com água no final me refresquei e dela bebi, só não esperava o amargo, que no fim senti.

Sim o amargo da “doce” frescura, pois com sede “ao pote” eu tinha ido, mas do mais importante me esquecia, que quem daquela água bebe, a ela fica ligado.

Provas superadas a Luz me foi mostrada, sim a Luz à minha frente se apresentava.
Estaria eu acordado, ou a sonhar?

Tudo aquilo à minha frente se declarava e a Luz se mostrava.
Estaria a sonhar, ou aquilo era a realidade?
Pois por um sonho já eu havia passado e com uma Luz, sonhado, que a mesma me haveria de ser dada, por alguém que eu não vislumbrava, por alguém que eu desconhecia, mas por alguém, que de mim, já algo sabia.

Recordo-me e sei, que dessa forma um dia sonhei. E dos sonhos para a realidade, algumas coisas se fazem Verdade.

Seria agora esta a minha sentença, por uma cegueira cega, de falsas parecenças, eu estava rodeado?

Seria verdade e eu estava acordado?
Verdade, mentira?
O que é a realidade?
Será que é verdade dizermos coisas, e delas garantia dar, sem que um dia as tenhamos sequer vindo a experimentar?

Que estranhos Rituais e que estranhos movimentos, eu tinha acabado de fazer, que se passava afinal, em todos aqueles novos momentos?

Nada!
Nada e tudo, ou, quase tudo e nada!
Assim eu, naquele momento, pensava.

Da realidade para a ficção, existia, naquele momento, uma parte que se confirmava e a outra não.

Aquilo era tudo e era nada, daquilo, que eu, havia imaginado, aquilo não era nada, de tudo o que eu afinal, julgava um dia ter dominado.

A verdade, é que por tudo, e devido a tudo, o que eu havia imaginado,
Em outra realidade, agora, o tal momento, e a viagem, se tinham tornado!

Não em realidade, ou verdade, do que antes, tinha sido escrito e ou falado, mas a minha, e tão-somente a minha!

Sim! - A minha realidade!
A realidade do momento, que então eu, antes, tanto havia ansiado.
A realidade, não só da minha mente, mas a realidade do que, no momento, verdadeiramente sentia.

Aquela era a realidade, que um dia alguém me tinha dito, sim que me tinha dito, e eu não acreditara, que somente minha seria, e tão-somente minha, aquela nova realidade, se as barreiras, que se me apresentariam, passasse com a verdade.

Agora compreendia o Segredo, do meu mais íntimo e do meu “Ser”.

Afinal o Segredo, o tal Grande Segredo, não era nenhum Segredo, era apenas algo que só a mim dizia respeito, algo que só eu podia entender, por isso o Segredo, nada tinha de Secreto, mas sim, como um dia já ouvira dizer, ele era apenas Discreto.

Por isso só para mim, ele se tinha revelado e por isso mesmo, e de forma alguma, devia, agora, ele, de ser, aos outros, contado.

E assim terminei esta minha viagem e ao destino consegui chegar, pois nela, tal como na vida, tudo de mim tinha dado e agora para começar um novo caminho eu estava preparado.

Se este novo caminho o vou conseguir fazer, só de mim depende, certo eu estou que de o meu melhor eu vou dar, para a perfeição tentar atingir e a Verdadeira Luz receber.

Nota Final: E assim acabou o sossego de uma vida acomodada, de uma vida cheia de certezas e conceitos, ou preconceitos, enraizados, a viagem, naquele dia iniciada, bem essa ainda muito (espero) falta para estar terminada.

Alexandre T.

21 maio 2014

Eleição de Grão-Mestre 2014/2016: manifesto do candidato Júlio Meirinhos


Numa eleição personalizada, como é a eleição para Grão-Mestre, as pessoas dos candidatos são obviamente o mais importante. Mas os respetivos propósitos e projetos também são, claramente, relevantes para uma escolha consciente. Ambos os candidatos, naturalmente, divulgaram documentos com as respetivas propostas. Embora de interesse fundamentalmente para o universo dos eleitores, os Mestres Maçons da GLLP/GLRP, não existe qualquer inconveniente na sua acessibilidade aos interessados em geral. Aliás, isso mesmo entendeu o candidato Júlio Meirinhos, que o publicou no sítio na Internet da sua candidatura, de acesso livre em http://www.juliomeirinhos.pt

Publica-se hoje aqui, na íntegra, o manifesto apresentado por Júlio Meirinhos. Na próxima semana idêntico procedimento se fará em relação ao manifesto do outro candidato.


Meus Irmãos,
Em todos os vossos Graus e Qualidades
,

Consciente do meu papel enquanto maçom, dos meus deveres, do desejo de contribuir para uma Maçonaria mais atuante, optei por candidatar-me à função de Grão-Mestre, no intuito de servir, trabalhar, ao serviço da nossa Causa.

Assim e também em resposta aos inúmeros apelos que recebi de Irmãos de todo o país e de Lojas extra territoriais, decidi candidatar-me ao cargo de Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Apresento-me, aos meus Irmãos, como sempre estive na nossa Augusta Ordem em todas as funções que desempenhei, tendo por base os valores da solidariedade e fraternidade.

Sempre à Ordem!

Com uma permanente e total disponibilidade para servir a nossa organização, em todas as circunstâncias em que seja importante representá-la, a bem da Maçonaria Regular, da que fala português e da Maçonaria universal.

Apresento-me em nome do modelo de governação da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP que privilegia a boa relação com todas as potências maçónicas regulares mundiais que primam pela preparação, estabilidade e continuidade das suas lideranças, a bem da regularidade maçónica, designadamente a concertação das Obediências europeias e as de língua portuguesa.

Apresento-me ao serviço de uma estratégia a longo prazo, o único registo que, em Maçonaria, faz sentido.

Apresento-me com a convicção de poder vir a ser o garante da unidade, da pluralidade e da diversidade.

Apresento-me no entendimento de ser capaz de continuar o nosso crescimento qualitativo, quantitativo e territorial assim como de pugnar pela integração, no nosso seio, de maçons oriundos de outras obediências e de todos os ritos regulares.

Apresento-me na convicção de poder contribuir para reforçar a credibilidade internacional da nossa Obediência.

Apresento-me com o intuito de ser capaz de dar continuidade a tudo aquilo que de bom foi feito, e é muito, e de melhorar tudo aquilo em que podemos evoluir, aberto às sugestões de todos, integrando os sentimentos coletivos.

Meus Irmãos,
Em todos os vossos Graus e Qualidades
,

Para o efeito, quero assumir alguns compromissos. Só assim sei estar na vida e, logo, na nossa organização.

Comigo, há lugar para todos os que trabalham a bem da Ordem, valorizando as propostas e atitudes que servem a sua Loja ou a nossa Obediência, atentos ao impacto negativo de eventuais manipulações ou desvios.

Regularidade

As nossas regras são imutáveis. E o seu cumprimento é o primeiro dever de um Maçom.

Logo, por maioria de razão, um Grão-Mestre deve cumprir e fazer cumprir a estrita observância da Regularidade Maçónica, dos Landmarks, da Constituição, dos Regulamentos, dos Rituais e dos nossos valores.

Infelizmente, alguns Irmãos, por vezes, esquecem-se desse dever. Individualmente ou em projetos que, de maçónicos, pouco têm; e que prejudicam a nossa imagem.
Em conjunto, teremos de saber preservar os nossos valores e erradicar, do nosso seio, comportamentos que nos afetaram negativamente no passado e lesam no presente.

Respeitarei, naturalmente, todos os Ritos Maçónicos que são praticados na Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Harmonia

Defenderei intransigentemente a Harmonia, a Paz e a Concórdia no seio da nossa Augusta Ordem. Não admitirei, no nosso seio, comportamentos que violem esses valores.

Quero estabelecer com os Altos Graus uma parceria e um diálogo permanente de aprofundamento do nosso trabalho conjunto.

Quero contar com o contributo dos Past Grão-Mestres para o nosso trabalho maçónico.

Governação Participada e Colegial

A governação da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é, cada vez mais, delicada e complexa em termos administrativos e financeiros, em razão do seu enorme crescimento, qualitativo e quantitativo, dos compromissos financeiros existentes e de tudo o que a sua gestão já implica.

Não podemos regredir ao amadorismo e temos, ao invés, de aprofundar a eficiência do seu modelo de gestão e governação.

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é uma Obediência. E não deve ser confundida, na sua prática interna, com organizações de qualquer outro tipo. O Grão-Mestre tem os poderes constantes da sua Constituição e Regulamentos.

Quero uma governação participada. É esse o modelo que vou implementar.

Quero uma Grande Loja complementar ao trabalho das Lojas.

Quero ouvir os meus Irmãos em todos os seus Graus e Qualidades.

Quero reunir o Conselho de Veneráveis.

Quero instalações de Veneráveis, participadas e descentralizadas, em que estarei disponível para acordar a forma de o fazer.

Quero uma gestão administrativa e financeira cada vez mais eficiente.

Relações Institucionais

A nível nacional, assumo o compromisso de manter um relacionamento sadio com as autoridades civis e religiosas.

A nível local e regional, procurarei, em articulação com os Veneráveis Mestres e colhendo previamente a sua opinião, no estrito respeito da autonomia de cada Loja, estimular o relacionamento com os diferentes poderes religiosos e civis.

Sede e Templos

A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é hoje a grande potência maçónica portuguesa.

Está implantada em todo o território continental e possui inúmeras Lojas nas Regiões Autónomas e no estrangeiro. Cresceu em qualidade e quantidade. É a maçonaria regular portuguesa.

A sua Sede Nacional e os seus Templos devem ser, nos próximos anos, adequados a este crescimento qualitativo e quantitativo.

A aquisição de uma nova sede para a Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, na capital do país, em Telheiras, foi um marco para a nossa organização. Vamos melhorar as suas funcionalidades e utilização.

Similarmente, vamos consolidar a nossa presença, com templos, em todo o país. O Porto é uma prioridade, mas vamos lutar para que todos os distritos tenham espaços condignos e bem localizados.

Esta área será uma das minhas prioridades. A excelente gestão financeira que temos tido, que não vai sofrer desvios, permite afirmar este objetivo.

Relações Internacionais

Nas relações internacionais, tal como na maçonaria em geral, a opção é a de manter o rumo e consolidar o trabalho que tem vindo a ser feito ao longo dos anos.
A nossa aposta estratégica assenta na relação com as maçonarias regulares dos países de língua portuguesa em paralelo com a manutenção da ligação ao eixo Atlântico, valorizando o nosso posicionamento de centralidade entre a Europa, a América e a África.

Assim sendo, procurarei reforçar a relação com as principais potências maçónicas, com particular incidência com os países Ibero‐americanos e com os países lusófonos e, em especial, com as potências regulares brasileiras e a Grande Loja de Moçambique assim como com os Triângulos e Lojas a trabalharem no espaço lusófono.

Daremos uma particular importância à organização da Conferência Maçónica Interamericana CMI, a realizar em Lisboa, em 2015, que, à luz do que fizemos em 1996, Reunião Mundial de Grão-Mestres, será um momento de consolidação da nossa Grande Loja. Paralelamente, iremos igualmente organizar a Reunião Internacional dos Grandes Secretários e a Reunião da Confederação Maçónica de Língua Portuguesa, dando assim continuidade a todo o trabalho já efetuado, assumindo de novo a responsabilidade de coordenação e realização de todos estes grandes eventos.

Reforçarei a continuidade das Cimeiras Ibéricas, pelo crescente incremento da participação na CMI e na organização que congrega a Maçonaria Regular Lusófona.

Consolidação da nossa Grande Loja

Darei continuidade a tudo aquilo que reputo de bom e considero bem feito e estarei disponível para integrar e implementar todas as sugestões de melhoria ou de evolução.

A consolidação da nossa Augusta Ordem, em múltiplas vertentes e áreas, continuará a ser o grande desígnio do meu mandato.

Quero apoiar as apostas das Lojas, em prol da filantropia e do apoio aos Maçons, designadamente através da continuidade dos trabalhos em curso, na criação de um seguro de saúde, no apoio aos mais idosos, na promoção de bolsas de estudo, na preparação de programas de estágios e na instituição de ações de solidariedade social.

Quero reforçar a capitalização do nosso Fundo de Solidariedade.

Quero valorizar, ainda mais, a nossa imagem social e solidária bem como os nossos laços de amizade e fraternidade através do incentivo e apoio às iniciativas das Lojas que potenciem esses desígnios e envolvam as nossas famílias.

Vou incentivar a nossa implantação em todo o território nacional. Vou continuar a promover o crescimento de Obreiros e de Lojas.

Quero facilitar a adoção do uso das tecnologias informação e comunicação e a utilização do nosso site enquanto principal instrumento de comunicação da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP.

Quero criar uma revista maçónica digital.

Quero consolidar o funcionamento descentralizado e digital da Academia de Formação aprofundando as suas valências maçónicas e profanas.

Quero trabalhar na elaboração da história da Maçonaria Regular portuguesa.
Meus Irmãos,
Em todos os vossos Graus e Qualidades
,

Estes meus compromissos pressupõem uma atenção constante às iniciativas de tudo aquilo que possamos desenvolver em conjunto. Daí que esteja interessado em enriquecer a minha atuação de Grão‐Mestre, integrando as ideias deste manifesto de candidatura com as vossas sugestões, críticas e propostas.

Só passaremos nas pontes que construirmos.

Estou ao vosso dispor, ao serviço da Maçonaria Regular e da Maçonaria Universal.
A Grande Loja Legal de Portugal/GLRP é e será aquilo que, unidos, construirmos. Em congruência, o nosso lema é:

Continuar, cumprindo os Princípios, a consolidar a edificação da nossa Ordem, a bem da Humanidade, à Glória do Grande Arquiteto do Universo.

Júlio Meirinhos


Publicado por Rui Bandeira

20 maio 2014

É hora de escrever …

Como escrever algo quando a inspiração a isso pouco ou nada ajuda?

Escolher um tema, daqueles que julgamos saber, estudá-lo um pouco mais, ou na realidade, estudá-lo pela primeira vez, desenvolvê-lo, interpretá-lo e escrever sobre ele?

Escrever sobre tudo e nada, sobre nada em particular, sobre tudo em geral?

“Bater” toda esta mistura de ingredientes e como sempre vontade de a saborear e escrever … e levado ao “forno” sair algo sobre maçonaria.

Seja assim então! É hora de escrever.

O que não falta a um maçon é inspiração para escrever, essa é uma capacidade que nos é reconhecida pelos demais, embora particularmente encontre que muitas das vezes a simpatia e a amizade fazem com que as críticas e os reparos sejam amenos.

Quais os temas, daqueles que julgamos saber e dominar de lés a lés, quando na realidade nada sabemos sobre eles? Não insinuo sobre aqueles que sabemos mais ou menos, muito menos sobre os outros em que sabemos uma ou outra coisa, pronúncio sim aqueles em que temos a profunda noção que nada sabemos, mas insistimos em dizer que sim e, na generalidade dos casos a nós próprios, sendo esse um erro que é, como muito bem sabemos e até reconhecemos, fatal (metaforicamente falando).

Esta parte de estudar, de pesquisar, de ouvir e de aprender é, a partir de determinada altura, na vida de um maçon, uma enorme e valente chatice, podendo até ser considerada como uma afronta e ou uma falta de respeito. A partir de determinada altura, tudo se sabe, tudo se domina, tudo se encara de maneira diferente, tudo tem e emana luz e, na realidade, não passa de uma ilusão individual.

Escrever é tão só, algo que considero individual e ao mesmo tempo coletivo. Quem escreve, fá-lo porque assim o entende, escreve porque tem gosto nisso. E se ao escrever for possível aprender? E evoluir?

Cá vou aprendendo as minhas “coisas”, os temas que considero importantes estudar, desenvolver e interpretar, dando-lhes depois o meu cunho, mas esses não os partilho, pois esses fazem parte do meu caminho, da minha discrição, do meu templo interior. Não tenho necessidade e nem os quero partilhar, não sendo isto defeito, mas sim feitio. 

É hora de escrever que há uns tempos que a inspiração me falta, que há (muitos) temas que não domino e que os tento aperfeiçoar um pouco mais a cada nova aurora.

Não sou, nem ambiciono ser nem mais nem menos, sou apenas aquilo que sou e sempre aquilo que quero ser.

E por fim, mas nunca por último, que tem tudo isto a ver com Maçonaria?

É aquela simples parte de escrever sobre tudo e sobre nada. Individual em prol do coletivo, estando à ordem!

Daniel Martins