Recordando...
Meus Queridos “Blogers”,
Meus Queridos visitantes, habituais ou não:
Não resisto a pôr neste nosso espaço o texto que, no Expresso de 6/Abril p.p., lembrava que existiu um Homem que, enquanto por cá andou, deu pelo nome de Mário Viegas.
No dia 1 de Abril fez 11 anos que o seu corpo nos deixou, mas a lembrança da sua existência e o som da sua voz e entoação únicas ficaram connosco.
No Teatro, na Poesia, no Dizer, no sarcasmo com que mordeu a pobreza de espírito e o falso pudor da sociedade mandante, Mário Viegas foi um exemplo de verticalidade a seguir.
Humaníssimo, solidário o mais possível com os carentes, deixou em todos que conheceram o seu trabalho uma saudade que nunca mais acaba.
Nunca estive com ele e portanto não o conheci pessoalmente, mas tenho muita pena que tal nunca tenha acontecido.
Este “post” tem também esta intenção, a de homenagear alguém que admirei e que lamento profundamente ter deixado tão cedo a companhia dos vivos.
Mário Viegas faz falta a Portugal.
Ele foi, certamente, um dos que leram Kipling (V. post de JoséSR em 14 de Abril)
Ora aqui está mais um que não apareceu nos Grandes de Portugal.
De Mário Viegas:
10 Mandamentos para 1 espectador de Teatro
1 - NÃO CHEGARÁS ATRASADO, incomodando a concentração daqueles que estão a representar e dos outros (que chegaram religiosamente a horas) que estão a assistir ao Santo Sacrifício do Teatro.
2 – NÃO FALARÁS BAIXINHO com o ou a acompanhante, incomodando com a tua inclinação de cabeça o Espectador de trás, e distraindo os actores celebrantes do Santo Sacrifício do Teatro.
3 – NÃO ADORMECERÁS NEM RESSONARÁS, dando marradas para a frente ou para trás, ou pondo a mão nos olhos para os outros pensarem que estás muito concentrado no Santo Sacrifício do Teatro.
4 – NÃO TOSSIRÁS NEM TE ASSOARÁS com grande ruído, escolhendo as melhores pausas dos celebrantes do Santo Sacrifício do Teatro.
5 – NÃO TE ABANARÁS constantemente com o programa, distraindo os que estão, religiosamente ao teu lado, e irritando os que estão no palco a celebrar o Santo Sacrifício do Teatro.
6 – NÃO COMERÁS rebuçados, pipocas, caramelos, chocolates, pastilhas, comprimidos, tirando-os muito devagarinho, fazendo com o papel e as pratinhas o mais diabólico, satânico e herético ruído numa sala de espectáculos em que se celebra o Santo Sacrifício do Teatro.
7 – NÃO LEVARÁS relógios com pipis electrónicos, telemóveis e sacos de plástico que andarás constantemente a pôr, ora entre as pernas, ora ao colo, perturbando os que celebram o Santo Sacrifício do Teatro.
8 – NÃO LERÁS OU FOLHEARÁS o programa durante a celebração do Santo Sacrifício do Teatro pata tentar saber qual é o nome de determinado actor, ou para tentar perceber a sequência do Santo Sacrifício do Teatro.
9 – NÃO PEDIRÁS borlas ou insistirás em descontos a que não tens direito para assistir à celebração do Santo Sacrifício do Teatro.
10 – NÃO OLHARÁS “com umas grandes ventas” para o vizinho do lado, que achou religiosamente Graça ao que tu não achaste, ou que, piamente cheio de Fé, se levantou logo para aplaudir enquanto tu bates palmas por frete e já a pensar ir a correr para tirar a porcaria do teu carrinho, ou a porcaria do teu sobretudo do bengaleiro, mais cedo do que os outros.
ASSIM SUBIRÁS PURO AOS CÉUS OU ASSIM PODERÁS IR A 13 DE MAIO À COVA DA IRIA OU ASSIM PODERÁS IR E COMUNGAR NO CASAMENTO REAL de Sua Magestade Sereníssima Dom Duarte Pio João Miguel Gabriel Rafael de Bragança, Chefe da Sereníssima Casa de Bragança, Duque de Bragança, de Guimarães e de Barcelos, Marquês de Vila Viçosa, Conde de Arraiolos, de Ourém, de Barcelos, de Faria, de Neiva e de Guimarães, e de Sua Augusta Noiva Isabel Inês de Castro Corvello de Herédia.
IDE E ESPALHAI A BOA NOVA !!
Abraão Viegas
JPSetúbal