Maçonaria: história, lenda e mitos
Quer para os seus cultores, quer para os seus detratores, a Maçonaria significa mais do que o seu dia a dia apresenta aos que nela buscam ferramentas para o seu aperfeiçoamento pessoal. A Maçonaria, instituição com centenas de anos, influenciou tanta gente de valor, tanto progresso da humanidade, tanta evolução da sociedade, que progressivamente ganhou uma aura - de prestígio, de honra, de valor, para os seus cultores; de perigo, de conspiração, de influência malfazeja, para os seus detratores - que supera, creio, a realidade. E esta é já muito gratificante!
A Maçonaria ultrapassa hoje os maçons e o seu conjunto. Confere-se-lhe poder e influência superiores aos que realmente detém. O principal objetivo da Maçonaria - o aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros - parece demasiado modesto, quer em relação aos feitos passados, quer à alegada capacidade presente, quer aos (ansiados ou temidos, consoante os casos) propósitos futuros. Não duvido que a Maçonaria, pela elevada craveira dos seus milhões de membros, possua potencialidades de influenciar grandes mudanças e progressos (ou, segundo os seus detratores, diabólicos planos e retrocessos...). Interrogo-me se deseja desenvolver e aplicar, enquanto organização, essa potencialidade (ao invés de, formados, melhorados, mudados os seus membros de bons para melhores, ser cada um destes a contribuir, por si, para o progresso e a melhoria, material e espiritual, da sociedade em que se insere). Duvido, muito fortemente, que, se o desejasse, fosse uma opção sensata.
Mas, para o bem e para o mal, bem vistas a realidade e as ilusões, a Maçonaria é vista, por cultores e detratores, com uma dimensão e influência superiores às que efetivamente detém. Resulta, a meu ver, esta situação, do facto de a Maçonaria, pelas circunstâncias em que cresceu e se desenvolveu, ter constituído e constituir um ponto de convergência de três planos distintos: o plano histórico, ou real, o plano lendário, ou surreal, e o plano mítico, ou imaginário.
Esta convergência destes três planos, que em princípio se teriam por contraditórios e inconciliáveis, é, por exemplo, claramente aparente, quando se busca informação sobre as origens da Maçonaria: no plano histórico, a Maçonaria tem as suas origens nas associações medievais e pós-medievais de construtores em pedra, em especial segundo a forma e prática que assumiram nas Ilhas Britânicas; no plano lendário, a origem da Maçonaria remonta à época da construção do Templo de Salomão; no plano mítico, surgem-nos as mais variadas e fantasiosas origens: desde os Templários, aos sacerdotes e mistérios egípcios, ao culto mitraico, encontramos origens míticas da Maçonaria, para todos os gostos e paladares.
Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, esta mistura de planos inconciliáveis não constitui um mal, um defeito. Na minha opinião, é uma mais-valia. Porque permite que na Maçonaria confluam os planos da avaliação racional, do sonho e da imaginação. Tendemos a esquecer que a Razão, sendo obviamente importante, sendo essencial, não é tudo, que o Instinto, a Inteligência Emocional, a Imaginação, constituem também dimensões essenciais do todo que cada ser humano é e todos têm um papel na sua evolução, na sua melhoria, no seu aperfeiçoamento. Um ser exclusivamente racional tende a hipervalorizar a lógica e a ser frio, a esquecer o sentimento. A capacidade racional do homem deve ser complementada pelos outros planos e valências referidos, sob pena de a queda no hiperrealismo significar o enlear no imobilismo. Inerentes à evolução, ao progresso, pessoal e social, estão as capacidades de sonhar, de imaginar. Por cada mil sonhos loucos, um revelar-se-á, não só viável, como meritório; o produto da mais desbragada imaginação normalmente são castelos na areia, ou flutuando no ar, mas, de quando em vez, o jogo entre a mente humana e a sua imaginação faz com que surja uma situação em que o Mundo pula e avança, como bola colorida entre as mãos de uma criança...
Portanto, uma das riquezas da Maçonaria, a razão por que esta é tida com mais capacidade do que a que detém, é esta confluência em si dos três planos: histórico ou real, lendário ou surreal e mítico ou imaginário.
Nos próximos textos, procurarei referir-me a cada um destes três planos, em relação à Maçonaria.
Rui Bandeira
A Maçonaria ultrapassa hoje os maçons e o seu conjunto. Confere-se-lhe poder e influência superiores aos que realmente detém. O principal objetivo da Maçonaria - o aperfeiçoamento moral e espiritual dos seus membros - parece demasiado modesto, quer em relação aos feitos passados, quer à alegada capacidade presente, quer aos (ansiados ou temidos, consoante os casos) propósitos futuros. Não duvido que a Maçonaria, pela elevada craveira dos seus milhões de membros, possua potencialidades de influenciar grandes mudanças e progressos (ou, segundo os seus detratores, diabólicos planos e retrocessos...). Interrogo-me se deseja desenvolver e aplicar, enquanto organização, essa potencialidade (ao invés de, formados, melhorados, mudados os seus membros de bons para melhores, ser cada um destes a contribuir, por si, para o progresso e a melhoria, material e espiritual, da sociedade em que se insere). Duvido, muito fortemente, que, se o desejasse, fosse uma opção sensata.
Mas, para o bem e para o mal, bem vistas a realidade e as ilusões, a Maçonaria é vista, por cultores e detratores, com uma dimensão e influência superiores às que efetivamente detém. Resulta, a meu ver, esta situação, do facto de a Maçonaria, pelas circunstâncias em que cresceu e se desenvolveu, ter constituído e constituir um ponto de convergência de três planos distintos: o plano histórico, ou real, o plano lendário, ou surreal, e o plano mítico, ou imaginário.
Esta convergência destes três planos, que em princípio se teriam por contraditórios e inconciliáveis, é, por exemplo, claramente aparente, quando se busca informação sobre as origens da Maçonaria: no plano histórico, a Maçonaria tem as suas origens nas associações medievais e pós-medievais de construtores em pedra, em especial segundo a forma e prática que assumiram nas Ilhas Britânicas; no plano lendário, a origem da Maçonaria remonta à época da construção do Templo de Salomão; no plano mítico, surgem-nos as mais variadas e fantasiosas origens: desde os Templários, aos sacerdotes e mistérios egípcios, ao culto mitraico, encontramos origens míticas da Maçonaria, para todos os gostos e paladares.
Ao contrário do que possa parecer à primeira vista, esta mistura de planos inconciliáveis não constitui um mal, um defeito. Na minha opinião, é uma mais-valia. Porque permite que na Maçonaria confluam os planos da avaliação racional, do sonho e da imaginação. Tendemos a esquecer que a Razão, sendo obviamente importante, sendo essencial, não é tudo, que o Instinto, a Inteligência Emocional, a Imaginação, constituem também dimensões essenciais do todo que cada ser humano é e todos têm um papel na sua evolução, na sua melhoria, no seu aperfeiçoamento. Um ser exclusivamente racional tende a hipervalorizar a lógica e a ser frio, a esquecer o sentimento. A capacidade racional do homem deve ser complementada pelos outros planos e valências referidos, sob pena de a queda no hiperrealismo significar o enlear no imobilismo. Inerentes à evolução, ao progresso, pessoal e social, estão as capacidades de sonhar, de imaginar. Por cada mil sonhos loucos, um revelar-se-á, não só viável, como meritório; o produto da mais desbragada imaginação normalmente são castelos na areia, ou flutuando no ar, mas, de quando em vez, o jogo entre a mente humana e a sua imaginação faz com que surja uma situação em que o Mundo pula e avança, como bola colorida entre as mãos de uma criança...
Portanto, uma das riquezas da Maçonaria, a razão por que esta é tida com mais capacidade do que a que detém, é esta confluência em si dos três planos: histórico ou real, lendário ou surreal e mítico ou imaginário.
Nos próximos textos, procurarei referir-me a cada um destes três planos, em relação à Maçonaria.
Rui Bandeira
11 comentários:
Que resposta poderia dar a maçonaria a este blog: http://revelacoesrevelacoes.blogspot.com/
Afinal o que é história, lenda e o que são os mitos?
Será que a maçonaria é mais do que diz?
Ultimamente tenho tentado aprender um pouco mais sobre a maçonaria... tenho lido o blog a partir pedra, mas deparei-me à pouco com o que aqui partilho...
Fico sem saber o que é certo e errado.
@ Kolob:
Os teóricos de conspirações existem de há muito. Se as conspirações que dizemexistir fossemreais, e não meros produtos da imagunação,o Mundo já teria sido destruído pelo menos uma dúzia de vezes e a Terra já estaria sob odomínio de umas dez espécies alielígenas diferentes...
Uma das variantes das teoriass da conspiração é a que mistura a maçonaria com os delírios de cabeças transtornadas. A aura de mistério da maçonaria propicia o campo para eesas misturas.
Uma das razões da existência deste blogue - talvez aprincipal - é precisamente proporcionar informação às pessoas sobre o que é, o que faz, aMaçonaria. Desmistificar a aura de nistério, informando claramente o que é "segredo"eporquêe fornecendo informação ao público.
Faço-o abertamente, assinando com o meu nome.
Eu forneço factos, informações, explicações. Aquilo que reservo para apenas os maçons, digo abertamente que reservo e qual a razão e o objetivo de tal reserva.
Quando me são aqui colocadas perguntas, respondo o melhor que sei.
A minha resposta ao blogue que indica... é este blogue e tudo o que aqui escrevo!
A partir daí, cada um faz o seu juízo próprio. Quem quiser entender e saber algo mais sobre a Maçonaria, tem esta janela sempre aberta; quem preferir acreditar nas teorias de conspiração, faça o favor de se entreter por onde quiser... A Liberdade é algo que neste espaço é prezado em absoluto e sem transigências.
Quanto à sua pergunta sobre o que é história, o que é lenda e o que são mitos, a resposta está precisamente nos textos que se seguem a este.
Disponha sempre!
Boas...
Ainda esta madrugada por volta das 02h30m, no canal Infinito repetiram um documentário sobre a Ordem.
é bastante elucidativo e dá para ter um noção maior do que é a Maçonaria.
abr...prof...
@ NuNo_R:
Meu caro, às 2 h 30 m da madrugada,a única coisa que, para mim, é (a modos que) infinita é o sono em que estou mergulhado...
Rui,
Muito obrigado pela resposta e pelo tempo despendido a responder.
Sinceramente, para alguém que não conhece muito é complicado ver onde está a verdade.
Sei que nem sempre todo o que é lógico está certo, por isso tenho que tentar entender tudo o que leio e tentar descobrir a verdade por mim mesmo. É óbvio que uma mão "amiga" acaba sempre por ser a chave que nos ajudará a encontrar as respostas, como tal, uma vez mais obrigado pela resposta e pelo esclarecimento.
Quão infeliz consideração sobre o blog Revelações, Irmão...
Percebo que a Acácia não te é conhecida...
Revelações foi escrito da forma mais imparcial possível, procurando justamente expor os mais diversos pensamentos e mitos a respeito da Maçonaria e, sobretudo, da Verdade, para que os profanos pudessem dissipar muitas de suas dúvidas.
- Pediria, entretanto, que o Irmão procurasse conhecer Tubal Caim, que procurasse visitar o interior da terra e que, sobretudo, conhecesse os Irmãos da Luz antes de manifestar-se do modo como te manifestates...
@ Augusto Branco:
Tem a certeza que nos estamos ambos a referir ao mesmo blogue?
É que aquilo que vi em janeiro no endereço que Kolob indicou era do mais transtornado delírio das teorias de conspiração que vi...
E agora nem sequer pude rever: depois de ter lido o seu comentário,tentei refrescar a minha memória mas... agora o dito blogue não está acessível ao público, mas apenas a convidados.
Nestas condições, não percebo muito bem como poderá um "blogue de acesso privado" contribuir para que os "profanos pudessem dissipar muitas de suas dúvidas"...
Daí que admita que haja aqui alguma confusão e estejamos a falar de coisas diferentes.
Duas coisas te carecem: Conhecimento mais profundo da Maçonaria e melhor capacidade de literatura e interpretação.
Revelações cita várias e várias teorias de conspiração que não refletem a opnião do autor, mas que circulam livremente pelo mundo.
O blog está privado, agora, por que está sendo editado com as demais 400 páginas que faltavam ao livro.
Uma coisa eu te digo: não basta chegar ao grau de Mestre, para ser realmente um Mestre Maçom. Há coisas que escaparão pela vida inteira daqueles que simplesmente não têm preparo para conhecer a Verdade.
@ Augusto Branco:
1) Duas conclusões tiro então:
1) Estamos a falar do mesmo blogue. E temos opiniões diametralmente opostas sobre o mesmo. Só com uma diferença:eu acho natural que o Augusto Branco pense diferente de mim e não preciso de ser agressivo nem fazer juízos de valor em relação a si. Presumo que será o responsável (ou que conhecerá o responsável) do blogue e concorda com o que nele se escreve. Pois solenemente declaro que acho que tem todo o direito de pensar como entende, não me faz mossa nenhuma que pense o que entender e que divulgue o seu pensamento- mais: opor-me-ei, na medida do que eu puder, a qualquer tentativa de coartar a sua liberdade de expor o seu pensamento. Mas só lhe peço, em troca, uma coisa: respeite igualmente o meu pensamento e, já agora, abstenha-se de perorar sobre a forma como eu penso, de me dar conselhos que não pedi e de classificar ou emitir juízos sobre a minha preparação ou capacdade em matéria de Maçonaria. Não é por nada de especial, é só porque desconheço a sua preparação para me julgar, nesta matéria...
2) Em Maçonaria, diz-se que o maçon não se afirma como tal, deve antes fazer-se reconhecer como tal pelo seu comportamento e suas ações.
Quem ler esta nossa troca de comentários fará o seu juízo sobre o seu comportamento e sobre o meu. E, no fundo, é isso que interessa: cada um pensa o que pensa, expõe o que pensa... e depois os outros tecem os seus juízos.
A Verdade não carece de juízos ou de achismos, meu caro. Então à Verdade não importa o que eu ou você pensamos: importa apenas o que a Verdade é.
Sucesso pra você.
@ Augusto Branco:
Neste ponto, tem toda a razão.
O que fica em aberto é se o que cada um pensa ser a Verdade, efetivamente o é...
Desejo-lhe também tudo de bom.
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