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30 maio 2008

Galileu e o tempo

Do muito material que me vai chegando, seleccionei para hoje uma pequeníssima historieta, de autor desconhecido, que atribui a Galileu uma sábia resposta, que nos ajuda a perspectivar o sentido da vida e da nossa forma de por ela passar.

Em certa ocasião alguém perguntou a Galileu:

- Quantos anos tens?


- Oito ou dez. - respondeu Galileu, em evidente contradição com as suas barbas brancas.


E logo explicou:

- Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida
, porque os já vividos já os não tenho, como já não temos as moedas que já gastámos.

Crescemos em sabedoria se valorizarmos o tempo como nesta historieta alegadamente faz Galileu. Quantas vezes exclamamos, espantados: - Como o tempo passa! Mas, na realidade, não é o tempo que passa por nós, somos nós que por ele passamos!

Somos peregrinos e é bom pensar na meta que nos espera... A certeza de que o nosso caminhar terreno tem um final é o melhor meio para valorizarmos mais cada minuto que percorremos.

Mas essa certeza também nos deve motivar para aproveitarmos bem o que realmente temos: o presente!

Aprendamos a viver cada dia como se fosse o último: o ontem já se foi e o amanhã ainda não chegou.

Portanto, não nos deixemos tolher pelos fracassos, desgostos ou insuficiências do passado. Tal como é estulto repousar sobre os êxitos, as alegrias ou os louros de que porventura alguma vez desfrutámos. O que devemos fazer é dar o melhor de nós AGORA.

Também de muito pouco nos vale sonhar com grandezas ou desafogos futuros, como forma de ultrapassar as nossas limitações de hoje. É HOJE, AQUI E AGORA que vivemos. Preparemos o nosso futuro, mas vivamos o presente. É do nosso trabalho de agora, da nossa relação de agora com aqueles que nos são queridos, do aproveitamento que hoje soubermos fazer dos momentos de lazer que também merecemos e que certamente hoje também teremos, do tempo para aprender, para reflectir, em suma do que VIVERMOS hoje que resultará o nosso futuro.

Mas lembremo-nos sempre que há algo que (felizmente!) todos ignoramos: a duração do futuro de que ainda dispomos. Algum dia será o nosso último. E não sabemos qual. Não percamos o nosso presente a troco de um possível futuro que não sabemos se e em que medida teremos. Mas também não hipotequemos o futuro que tivermos por esbanjarmos sem préstimo o presente de que dispomos...

Como em tudo na vida, o segredo é o equilíbrio: aprender com o passado, mas não deixar que o passado nos tolha, para melhor vivermos o presente; não deixar de preparar o futuro de que ainda dispusermos, porque não sabemos de quanto vamos dispor, mas sem sacrificar ao hipotético futuro o presente, porque não sabemos se o vamos ter e em que medida o vamos ter.

A vida é para ser vivida e aproveitada, não desperdiçada. Momento a momento. Recordando, aprendendo e aproveitando os momentos já passados e preparando os que ainda não vivemos. Mas sempre vivendo e aproveitando e desfrutando e tornando úteis todos e cada um dos momentos que para nós são o presente.

Bom fim de semana!

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Segunda-feira vou a Bragança defender um inocente (aqueles que eu defendo são sempre inocentes! E quando algum é condenado, trata-se de um monstruoso erro judiciário!). Não sei se regresso a Lisboa ainda a tempo de publicar aqui um texto. Logo se verá!

Rui Bandeira

06 maio 2008

A tigela e o exemplo


Ontem, afazeres profissionais impediram-me de publicar aqui no blogue. Um julgamento no Tribunal Arbitral prolongou-se de manhã até à noite. Mas há males que vêm por bem...

Hoje, na minha caixa de correio tinha uma mensagem de um leitor do blogue que, muito oportunamente, me enviou um vídeo que pontua e complementa com precisão o texto A tigela de madeira. Este texto, na versão em que circula na Rede, procura unicamente chamar a atenção para o tratamento que se deve dar aos nossos maiores. A intervenção da criança é simplesmente o catalisador que desperta a consciência dos adultos que desconsideravam o idoso, levando-os ao arrependimento e ao atalhar de atitudes que conduz ao final feliz e harmonioso.

Eu optei por deixar a reacção à frase da criança à imaginação do leitor, parando o texto no seu ponto mais forte, e por acentuar, não apenas o dever de bem tratar os nossos ascendentes, mas também - quiçá sobretudo - o facto de os nossos actos constituírem um exemplo para os nossos filhos. As nossas escolhas, as nossas atitudes em relação aos nossos maiores reflectem-se não só perante estes mas também perante aqueles que temos o dever de educar. O leitor que me enviou este vídeo interpretou na perfeição a minha intenção. O vídeo complementa e ilustra com muito a propósito a mensagem que pretendi transmitir.

Não tenhamos ilusões: muito do que os nossos filhos são e serão resulta do que nos vêem fazer, não do que lhes dizemos que deve ser feito...

Portanto, e repetindo as legendas finais do vídeo, não se esqueçam: As crianças vêem. As crianças fazem. Torna a tua influência positiva.



Rui Bandeira

02 maio 2008

A tigela de madeira


Como tenho ultimamente feito à sexta-feira, deixo aqui hoje mais uma pequena história merecedora de reflexão. É mais uma das que recebi por correio electrónico e de que desconheço a autoria. Como habitualmente, o texto publicado é editado por mim. Hoje, a edição é significativa, já que lhe retiro todo o final, aparentemente feliz, em que os que erraram se arrependem, mudam de atitude e todos, a partir daí, vivem felizes para sempre. Para a reflexão que se pretende suscitar, é perfeitamente desnecessário. Como verão, é muito mais interessante parar na frase mais forte…


Um homem já de avançada idade e marcado pelo desgaste da vida foi viver com os seus filho, nora e neto, este de quatro anos de idade. A avançada idade do homem causava que as suas mãos fossem já muito trémulas, a sua visão cansada e limitada, os seus passos vacilantes.


Como é usual, a família comia reunida á mesa. Mas o tremor das mãos do avô e a sua dificuldade de visão tornavam-lhe difícil o manuseio dos talheres. Se o almoço eram ervilhas, elas caíam da colher para a toalha de mesa, a cadeira e o chão. Se bebia um pouco de leite, era certo e sabido que entornava parte dele. O filho e a nora depressa ficaram fartos de tanta confusão.


- Temos de fazer alguma coisa com o meu pai. Já não aguento mais tento leite entornado, tanto barulho de comer com a boca aberta, tanta comida espalhada pelo chão!


Então o filho e a nora decidiram colocar uma pequena mesa num canto da cozinha e que o velho passasse a ali fazer as suas refeições, enquanto o resto da família descansadamente comia, feliz e contente, na mesa de refeições.


Porque o idoso senhor já anteriormente quebrara um ou dois pratos, arranjaram-lhe uma tigela de madeira e passaram a pôr-lhe ali a comida.


E assim o velhote passou a comer ao canto da cozinha, de uma tigela de madeira. Por vezes, uma lágrima de desgosto e de humilhação humedecia o seu rosto. Mas ali continuava sozinho, procurando controlar o tremor das suas mãos o melhor que podia, pois, mesmo assim, sempre que deixava algo cair ao cão, ásperas palavras de censura lhe eram dirigidas.


O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio. Como todas as crianças daquela idade, observava e aprendia.


Um dia, o pai da criança encontrou-o concentrado a manusear um pedaço de madeira e perguntou-lhe o que estava a fazer. Então o menino. Com um cândido sorriso próprio da idade, respondeu-lhe, orgulhoso do que aprendera e da decisão que tomara:


- Estou a fazer uma tigela, para tu e a mãe comerem quando eu crescer e vocês forem mais velhos…!


Diz o povo, na sua ancestral sabedoria: Filho és, pai serás, como fizeres, assim acharás.


O ritmo acelerado da vida actual torna, por vezes, algumas pessoas impacientes para com as limitações dos mais idosos. Muitas vezes, há a tentação de optar pelo mais fácil, de afastar, de esconder. Mas, para além do respeito, carinho e consideração que os nossos ascendentes nos devem merecer, não nos devemos esquecer que um dia seremos nós os limitados, os doentes, os fracos e que quem cuidará de nós serão aqueles que hoje crescem aprendendo com o nosso exemplo e que, em silêncio vêem, absorvem e – que ninguém tenha disso dúvidas! – guardam na sua memória os gestos e atitudes e opções que nos vêem executar, ter e fazer.


Honrar os nossos ascendentes, tratá-los com consideração, amor e carinho é um dever básico. Como filhos e como pais. Porque o melhor ensinamento que damos aos nossos filhos é o nosso exemplo.


Rui Bandeira

24 abril 2008

A lógica segundo Einstein

À beira de um fim de semana prolongado, feriado comemorativo do 25 de Abril incluído, mais uma historieta que nos ensina algo.

Acho-a adequada para esta ocasião de comemoração do 25 de Abril. Também há 34 anos houve alguns que fizeram o que muitos pensavam não ser possível fazer...

A historieta chegou-me por correio electrónico, atribuída a Albert Einstein. Não posso jurar que a autoria esteja correcta, nem incorrecta. Como habitualmente, o seu texto foi editado por mim.

Conta certa lenda que estavam duas crianças a patinar num lago congelado. Era uma tarde nublada e fria e as crianças brincavam despreocupadas. De repente, o gelo quebrou-se e uma delas caiu, ficando presa na fenda que se formou. A outra, vendo o seu amiguinho preso, e a congelar, tirou um dos patins e começou a golpear o gelo com todas as suas forças, conseguindo, por fim, quebrá- lo e libertar o amigo.

Quando os bombeiros chegaram e viram o que havia acontecido, perguntaram ao menino:

- Como conseguiste fazer isso? É impossível que tenhas conseguido quebrar o gelo, sendo tão pequeno e com mãos tão frágeis!

Nesse instante, um ancião que passava pelo local, comentou:

- Eu sei como ele conseguiu.

Todos perguntaram:

- Pode dizer-nos como?

- É simples! - respondeu o velho. - Não havia ninguém à sua volta para lhe dizer que não seria capaz!


Muitos dos erros, das omissões, dos fracassos, das oportunidades perdidas que temos na vida decorrem de nos auto-limitarmos, de nos convencermos ou deixarmo-nos convencer que não somos capazes. Desde uma coisa tão simples, mas tão limitadora para tantos, como falar em público, à mais complexa empresa, somos nós que temos de decidir se somos capazes, que condições temos de reunir para o ser, que precauções devemos seguir, enfim, como tentar. Mas cabe-nos a nós fazê-lo, não deixar que os outros nos influenciem com derrotistas avaliações de que não somos capazes.

Muitos interrogam-se sobre como se forja o elo de fraternidade entre os maçons. Uma das formas é, não só não dizer a nenhum de nós que ele não é capaz, mas auxiliá-lo, assisti-lo, nas iniciativas a que se propõe. Mesmo que, no íntimo, se tema que ele não seja capaz... E, se for caso disso, auxiliá-lo a superar as consequências de um inêxito.

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Também apelo a que o caro leitor seja capaz de ficar tocado pela situação da Inês, seja capaz de se decidir a contribuir com um auxílio monetário para a sua família (nenhum auxílio é demasiado pequeno; a junção dos pequenos, de todas as proveniências, fará, espera-se, o suficiente), seja capaz de não ser indiferente...

Rui Bandeira

18 abril 2008

O pote

A historieta que deixo para reflexão este fim de semana tem sido tão divulgada que dificilmente não terá já sido lida por si. Mas é sempre bom relembrar uma boa estratégia para a vida. E, como quem conta um conto acrescenta um ponto, para além de, como habitualmente a adaptar à minha maneira, lá para o finalzinho sempre acrescento um "pontinho" da minha laia...

Um professor, diante da sua turma de matemática, sem dizer uma palavra, pegou num pote de vidro, grande e vazio, e encheu-o com bolas de golfe. Em seguida, perguntou aos alunos se o pote estava cheio. Todos disseram que sim!

Então o professor pegou numa caixa de berlindes e esvaziou-a para dentro do pote. Os berlindes encheram os espaços vazios entre as bolas de golfe. O professor voltou a perguntar se o pote afinal agora é que estava cheio. Todos os alunos disseram que sim!

Então o professor pegou numa caixa de areia e esvaziou esta para dentro do pote. A areia preencheu os espaços vazios que ainda restavam. O professor perguntou seguidamente aos alunos se finalmente era agora que o pote estava cheio. Uma hesitação de dúvida perpassou pelos alunos, mas, não vendo como pudesse colocar-se algo mais dentro dele, todos acabaram por dizer novamente que sim!

Sorrindo, o professor pegou então numa chávena de café e, cuidadosamente, deitou o líquido para dentro do pote, humedecendo a areia.

Os estudantes, três vezes logrados, riram da situação. Então o professor explicou:

- Quero que entendam que o pote simboliza a vida de cada um. As bolas de golfe são os elementos mais importantes: a família e os amigos. São indispensáveis para que a vida seja plena e feliz. Os berlindes são as outras coisas que também importam: o trabalho, a casa, o carro, a interacção social. A areia representa todas as pequenas coisas, quantas vezes supérfluas ou fugazes, que também preenchem a nossa vida. É importante que tenham sempre presente o que é realmente importante na vida. Se se encher primeiro o pote com areia, então não haverá mesmo lugar para as bolas de golfe, nem mesmo para os berlindes... O mesmo acontece nas nossas vidas: se gastarmos todo o nosso tempo e energia com as pequenas coisas, não conseguiremos arranjar lugar para o que é verdadeiramente importante. Haverá tempo e lugar para tudo, desde que se ocupem primeiro do que é realmente importante. O resto é apenas areia!

O professor calou-se. Então, um aluno levantou-se e perguntou o que simbolizava afinal o café.

Sorrindo, o mestre respondeu à esperada pergunta:

- Que bom teres-me feito essa pergunta! O café serve apenas para mostrar que, por muito ocupada que esteja a nossa vida, com cuidado e jeito sempre haverá lugar para tomar um café com um amigo...

E - acrescento agora eu - para escrever uns textos num blogue...
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E ainda para ser solidário com a Inês e, finalmente, gastar uns minutinhos para ver aqui como ajudar... e fazê-lo!

Rui Bandeira

11 abril 2008

O principal na vida


Mais um texto merecedor de meditação, que recebi por correio electrónico, cujo autor desconheço e que, como habitualmente, adapto para aqui publicar.

Conta a lenda que certa mulher pobre, com uma criança ao colo, ao passar pela entrada de uma caverna, ouviu, vinda do interior desta, uma voz misteriosa, que lhe disse:

- Entra e leva tudo o que desejares. Tens cinco minutos. Mas não te esqueças do principal! E lembra-te de uma coisa: depois de saíres, a entrada da caverna fechar-se-á para sempre.

A mulher entrou na caverna e encontrou muitas riquezas. Fascinada pelo ouro e pelas jóias, pôs a criança no chão e, ansiosamente, começou a juntar tudo o que podia no seu avental.

Daí a pouco, ouviu de novo a misteriosa voz:

- Já só tens um minuto.

Num frenesim, procurando garantir que conseguia levar o que fosse mais valioso, a mulher, carregada de ouro e pedras preciosas, correu para fora da caverna. De imediato, a entrada desta fechou-se. Nada permitia ver que ali antes se encontrara uma caverna. Já só se via um maciço de pedra.

Só então a mulher se lembrou que deixara a criança no interior da caverna, fechada para sempre!

Também, às vezes, connosco acontece esquecermo-nos do essencial. Não necessariamente toldados pela cobiça ou ganância, mas afectados pelo trabalho, pelos deveres, pelas preocupações, também pelos nossos anseios e projectos.

Devemos ter sempre presente que, esteja em causa o que estiver, o principal na vida são sempre os valores morais e espirituais, a família, os amigos, enfim, o que dá significado à Vida. Não nos esqueçamos que o nosso tempo neste Mundo passa mais rapidamente do que gostamos de pensar. Não é à toa que o Povo diz que "esta vida são dois dias"... E o fim da vida chega, muitas vezes, inesperadamente. Quando esse momento chegar e passarmos adiante, a passagem que franquearmos inexoravelmente se fechará atrás de nós, para sempre, sem apelo nem agravo. Não nos esqueçamos nunca, pois, do principal da vida enquanto a vivemos!

O Criador criou as pessoas para amarmos e as coisas para usarmos. Não amemos as coisas e usemos as pessoas! Não nos esqueçamos nunca do principal da Vida.

De entre os Valores que devemos preservar, avultam os da solidariedade. Neste blogue, a solidariedade é, presentemente, convocada em favor da Inês. Não se esqueça do principal da vida e não olhe para o infinito nem assobie para o lado! Na medida do que puder e quiser, dê uma ajuda e um donativo para auxiliar a sua família a suportar as despesas inerentes a um transplante de fígado em Cuba, indispensável para atalhar o envenenamento por cobre de que a Inês padece, devido à doença de Wilson. Veja aqui como o fazer.

E, amanhã de manhã, sábado, 12, junte o útil ao agradável: vá dar sangue! Esteja onde estiver, não muito longe há um serviço que de bom grado receberá a sua dádiva. Se estiver não demasiado longe, junte-se à acção de dádivas de sangue que a Loja Mestre Affonso Domingues, os Escoteiros da Pontinha e a Fundação Angelina e Aristides Sousa Mendes conjuntamente organizam na Escola Mello Falcão, na Pontinha. Não se esqueça do principal da vida: solidariedade e convívio! Esperamos por si!

Rui Bandeira

04 abril 2008

Estranha mulher

Recebi este texto por correio electrónico, enviado pelo PauloFR, já há alguns meses. É da autoria de Maria Ivone Corrêa Dias, membro da Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás (Brasil) e a sua publicação aqui é uma homenagem que presto a quem teve tanta sensibilidade ao escrevê-lo:

Eu sei que ela existe (embora eu nunca a veja...), mulher estranha, de mãos imensas, semeando esmolas, misteriosamente, cercada de respeito, de lendas e de temor. As mãos dessa mulher têm forma de amor, mãos que ninam os berços da orfandade, mãos que põem luz na noite da viuvez, mãos que cortam o erro como espadas, mãos que abençoam, que denunciam crime e que trazem, no gesto que redime, toda a unção das próprias mãos de Deus.

Essa mulher tem a graça das Acácias, a ternura que consola a dor alheia, o bem que ela faz gravando só na areia, vem a onda e o leva ao seio do grande Artista que vela sobre o triste, o fraco e o oprimido.

Essa mulher, se escuta algum gemido, se pressente a dor, a injustiça, a queda, como o vento desloca-se, flecha ousada e firme na pressa de salvar, servir e se esconder.

Ela está de pé às portas da miséria...

Junto ao incapaz, ela é o braço potente, amparo ela o é ao lado do indigente, arrimo da velhice, luz da juventude, e ante a própria morte, aos pés do ataúde, essa mulher é esteio, é força e segurança.

Seus braços, quais colunas talhadas na rocha, já sacudiram tronos, muralhas e cidadelas, já libertaram escravos e enriqueceram os pobres, já ergueram nações sobre cinzas de impérios...

Ela já viu morrer os filhos em prol da liberdade, e, embora chorando sobre os seus tristes restos, seu braço ergueu, em sagrado protesto, a bandeira santa do amor universal.

De sua mesa farta, tal como em família, reparte ela o pão da graça feminina, sem humilhar aquele a quem sobrou pobreza, e sua mão direita, segundo o evangelho, jamais presenciou o que a esquerda fez.

A ordem do Senhor: "Amai-vos uns aos outros" à frente do seu Templo essa mulher gravou, e como irmãos se tratam milhões de filhos seus, homens predestinados, cidadãos benditos que não se envergonham - oh não - de crer em Deus.

Essa mulher estranha, sem jóias e sem fraqueza, essa mulher estranha, temida e venerada, mil vezes perseguida, vencendo com galhardia, é cidadã do Mundo, é a MAÇONARIA.

Quando eu for grande, gostava de conseguir escrever assim...

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Segunda-feira vou estar ausente e sem contacto com computadores, pelo que nada publico aqui. A partir de terça-feira, se nada vier a ocorrer em contrário, voltarei. Bom fim de semana!

Rui Bandeira

28 março 2008

Conhece-te a ti mesmo


Esta pequena história foi-me enviada pelo Simple há alguns meses. Guardei-a, aguardando a oportunidade de aqui a publicar. É hoje! Não sei quem é o seu autor - o Simple não mo disse. Ilustra um dos objectivos básicos buscados pela Maçonaria: o auto-conhecimento. Como condição necessária para ir mais além. Um bom motivo de reflexão para o fim de semana!

Um homem idoso está sozinho junto um caminho, não sabendo que direcção tomar, pois não se recorda nem de onde veio nem para onde ia. Senta-se um momento para repousar as suas pernas cansadas, quando olha para cima e se depara com uma mulher velha como a História. Ela dirige-lhe um sorriso sem dentes e pergunta-lhe:

Então, diz-me lá qual o teu terceiro desejo."

"Terceiro desejo?" - pergunta o homem estupefacto - "Mas como posso eu ter um terceiro desejo sem ter tido um primeiro e um segundo?"

"Já te concedi dois desejos," - diz a velha - "mas o teu segundo foi que pusesse tudo como estava antes de teres pedido o teu primeiro desejo. É por isso que não te recordas de nada, pois tudo está como antes de teres pedido o teu primeiro desejo. Resta-te, por isso, apenas mais um."

"Seja," - diz o homem - "não acredito nisto, mas mal não há-de fazer. O meu desejo é este: quero conhecer-me a mim mesmo, e saber quem sou."

"Curioso," - responde a velha, antes de desaparecer para sempre - "Esse foi o teu primeiro desejo."

Esta pequena história adverte-nos também para o facto de o auto-conhecimento não ser necessariamente fácil. Pelo contrário, pode ser um fardo. Daí que o segundo desejo tivesse sido o da reversão do resultado do primeiro. Mas mostra-nos também que o Homem sabedor anseia antes e acima de tudo conhecer-se a si mesmo, pois intui que só com esse auto-conhecimento estará preparado para ir mais além. Daí que o terceiro desejo não pudesse deixar de ser o primeiro... E, no fundo, tudo tem um preço. E, para se obter o que se pretende, há que pagar o seu preço. O preço do auto-conhecimento é a responsabilidade acrescida que traz a quem o atinge. Sem desculpas. Sem descontos. Mas vale a pena pagá-lo. Pelo menos, como escreveu Pessoa, se a alma não é pequena...

Rui Bandeira

14 março 2008

O Filho


Mais uma história edificante que recebi por correio electrónico e que adapto para este espaço:

Um homem muito rico e o seu filho tinham uma grande paixão pelas artes. Possuíam uma valiosíssima e variada colecção de pintura, onde quase todos os grandes mestres, de Rafael a Picasso, de Leonardo a Dali, de Rembrandt a Warhol estavam representados. E passavam juntos horas e horas a admirar as fantásticas obras de arte.

Por desgraça do destino e loucura dos homens, o filho foi para a guerra. Numa batalha, enquanto tentava resgatar um outro soldado ferido, foi atingido e morreu. O pai sofreu profundamente a morte do seu único filho.

Um mês mais tarde, alguém bateu à sua porta. Era um jovem, que trazia uma grande tela nas mãos e que disse ao lutuoso pai:

- O senhor não me conhece, mas eu sou o soldado por quem o seu filho deu a vida. Nesse dia terrível, ele salvou muitas vidas. Estava a abrigar-me num local seguro, quando uma bala lhe atravessou o peito. Morreu instantaneamente. Ele falava muito de si e do seu amor pelas artes.

E, entregando ao aturdido pai a tela que levava, acrescentou:

- Sei que não é grande coisa. Eu não sou grande artista. Mas sei que o seu filho gostaria que eu lhe desse isto.

O homem abriu a tela e viu que era um retrato do seu filho, pintado pelo jovem soldado. Admirou a forma como a personalidade do seu filho fora captada na tela pelo jovem soldado. Quis pagá-la ao seu autor. Mas este recusou. Era um presente, o mínimo que poderia fazer em reconhecimento de quem lhe salvara a vida.

O pai mandou emoldurar a tela e colocou o quadro, de forma bem visível, junto da sua extraordinária colecção de pintura. Sempre que alguém visitava a sua casa, ele mostrava, orgulhoso, o quadro que retratava o filho, antes de mostrar a sua rica colecção de pinturas de famosíssimos pintores.

Algum tempo depois, o homem morreu. O seu testamenteiro anunciou um leilão, onde seria vendida a sua valiosa colecção de pintura. No dia marcado, muita gente e gente muito importante compareceu no local do leilão, muitos antecipando a possibilidade de adquirirem obras de arte de artistas famosos.

Iniciado o leilão, a primeira obra a ser exposta para ser licitado foi o quadro do retrato do filho, que o jovem soldado pintara.

O leiloeiro começou:

- A primeira obra a ser leiloada é este quadro intitulado "O Filho". Não tem base de licitação fixada. Quem dá o primeiro lance?

Silêncio na sala!

O leiloeiro insistiu:

- Quem faz uma oferta por este quadro?

Do fundo da sala, alguém gritou:

- Ninguém se interessa por isso, pintado por quem ninguém conhece! Retire-o do leilão e passe às verdadeiras obras dos artistas famosos! É por essas que todos aguardamos!

O leiloeiro, no entanto, persistiu:

- Quem oferece algo por esta pintura? Duzentos euros? Cem euros?

A sala explodiu em protestos:

- Não viemos cá por essa coisa! Viemos pelas obras de arte a sério: os Van Gogh, os Picasso, os Renoir...

Imperturbável, o leiloeiro continuava a deixar a pergunta, qual ladainha:

- Quem oferece um lance pelo quadro "O Filho"?

Finalmente, de um canto da sala, uma voz tímida disse:

- Eu ofereço dez euros pelo quadro.

Era o jardineiro da propriedade. Era um homem pobre, não podia dar mais. E não se teria atrevido a fazer qualquer oferta, se alguém se tivesse interessado pelo quadro.

O leiloeiro prosseguiu no seu trabalho:

- Há uma oferta de dez euros. Alguém dá vinte?

Mas ninguém fez mais qualquer lance. Aliás, todos pareciam aliviados por finalmente o quadro pintado por um desconhecido ter sido licitado e poder-se finalmente prosseguir o leilão, com as obras de arte a sério!

O leiloeiro, profissional, prosseguiu:

_ Há uma oferta de dez euros. Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três, vendido por dez euros.

E bateu o martelo, assinalando o fim da licitação pelo quadro "O Filho".

Um rumor agitou a sala. Enfim, ia começar o leilão a sério!

Porém, o leiloeiro, largando o martelo, anunciou:

- Senhoras e senhores, muito obrigado pela vossa comparência, o leilão terminou!

Um coro de vozes indignadas fez-se ouvir:

Terminou?!!? Então as pinturas célebres? O Miró? O Modigliani? O Grão Vasco? O...?

O tumulto crescia. Toda aquela importante gente e gente de importância manifestava um indignado ultraje e irada decepção.

Então, vindo de um discreto canto da sala, onde sempre estivera, o testamenteiro tomou a palavra e esclareceu:

- O testamento do dono da fabulosa colecção de pintura por que aqui estais continha uma cláusula, com instruções para ser mantida rigorosamente em segredo até este preciso momento. Embora eu devesse anunciar o leilão de toda a colecção, só o quadro "O Filho" seria posto a licitação. Quem o arrematasse, ficaria com toda a colecção e herdaria todas as demais propriedades e meios de fortuna do falecido. O senhor que arrematou "O Filho" fica com tudo!

Nem sempre as coisas famosas e consideradas são as mais importantes. Todos os trabalhos, ainda que modestos, ainda que executados por desconhecidos, devem ser valorados e apreciados. Esta história é isso mesmo, uma história. Mas tem o mérito de chamar a atenção para a vacuidade muitas vezes inerente à fama, à glória, ao reconhecimento público. O famoso deve a sua fama a um misto de acaso com trabalho e valor. Outros também trabalharão tanto como ele e terão uma valia equivalente à dele, mas o acaso promoveu um e não o outro. O acaso de uma melhor aparência ou de um encontro certo, na hora certa, com a pessoa adequada. Admiremos o famoso. Normalmente, essa fama tem alguma valia subjacente. Mas não ignoremos o desconhecido, não desdenhemos de sua valia, só porque as luzes dos holofotes não caem sobre ele. Afinal de contas, todo o famoso começou por ser um desconhecido!

E, sobretudo, na nossa actividade, trabalhemos, trabalhemos sempre o melhor possível, demos sempre o melhor de nós, façamos o melhor que formos capazes. Devemos a nós próprios executar o melhor possível o nosso trabalho e dar o melhor uso que conseguirmos ao nosso valor. O resto, se vier, vem por acréscimo - e talvez por acaso...

(Ah! E não se enganem: a imagem que ilustra este texto não é o retrato do Filho, pintado por um desconhecido. Esse não consegui localizar... Portanto, optei por uma reprodução de... um auto-retrato de Picasso!).

Rui Bandeira

29 fevereiro 2008

Quanto ganhas por hora?

Mais uma pequena história que recebi por correio electrónico. Mais uma vez, quando procurava uma imagem para ilustrar o texto, verifiquei que já foi publicada em vários blogues. Não é razão para não a publicar aqui. Não precisa de comentários. É tão certeira que até dói...!

Um dia, quando um homem chegou tarde a casa, cansado e irritado após um dia de trabalho, encontrou, esperando por si à porta, o seu filho de 5 anos.

- Papá, posso fazer-te uma pergunta?

- Claro que sim. O que é?

- Quanto ganhas numa hora?

- Isso não é da tua conta. Porque me perguntas isso?! - respondeu o homem, zangado.

- Só para saber. Por favor... diz lá... quanto ganhas numa hora? - perguntou novamente o miúdo.

- Bom... já que queres tanto saber, ganho 10 euros por hora.

- Oh! - suspirou o rapazinho, baixando a cabeça.

Passado um pouco, olhando para cima, perguntou:

- Papá, emprestas-me 5 euros?

O pai, furioso, respondeu:

- Se a razão de tu me teres perguntado isso, foi para me pedires dinheiro para brinquedos caros ou outro disparate qualquer, a resposta é não! E, de castigo, vais já para a cama. Vai pensando no menino egoísta que estás a ser. A minha vida de trabalho é dura demais para eu perder tempo com os teus caprichos!

O rapazinho, cabisbaixo, dirigiu-se silenciosamente para o seu quarto e fechou a porta. Sentado na sala, o homem ficou a meditar sobre o comportamento do filho e ainda se irritou mais. Como se atrevia ele a fazer-lhe perguntas daquelas? Como é que, ainda tão novo, já se preocupava em arranjar dinheiro?

Passada mais ou menos uma hora, já mais calmo, o homem começou a ficar com remorsos da sua reacção. Talvez o filho precisasse mesmo de comprar qualquer coisa com os 5 euros. Afinal, nem era costume o miúdo pedir-lhe dinheiro. Dirigiu-se ao quarto do filho e abriu devagarinho a porta.

- Já estas a dormir? - perguntou.

- Não, papá, ainda estou acordado. - respondeu o miúdo.

- Estive a pensar... Talvez tenha sido severo demais contigo. - disse o pai. - Tive um longo e exaustivo dia e acabei por desabafar contigo. Toma lá os 5 euros que me pediste.

O rapazinho endireitou-se imediatamente na cama, sorrindo:

- Oh, papá! Obrigado!

E levantando a almofada, pegou num frasco cheio de moedas. O pai, vendo que o rapaz afinal tinha dinheiro, começou novamente a ficar zangado.O filho começou lentamente a contar o dinheiro, até que olhou para o pai.

- Para que queres mais dinheiro se já tens aí esse? - resmungou o pai.

- Porque não tinha o suficiente. Agora já tenho! - respondeu o miúdo. - Papá, agora já tenho 10 euros! Já posso comprar uma hora do teu tempo, não posso? Por favor, vem uma hora mais cedo amanhã. Gostava tanto de jantar contigo...

Gosto muito que leia este blogue. Mas NUNCA - nunca mesmo! - gaste com ele um minuto que seja do tempo que deve dedicar aos seus filhos!

Um bom fim de semana!

Rui Bandeira

22 fevereiro 2008

O doce aroma do café

Mais um texto, da autoria original de R. P. Arturo Vargas, que recebi por correio electrónico e que adaptei para aqui publicar, pois parece-me ser mais uma boa alegoria, demonstrativa de princípios e posturas de vida que devemos ter.

Uma filha queixou-se ao seu pai da sua vida e de como tudo estava difícil para ela. Já não sabia o que fazer. Estava cansada de lutar, sem obter resultados. Apetecia-lhe desistir. Parecia que, mal resolvia um problema, logo outro lhe aparecia, numa sucessão sem fim e sem descanso.

O pai, cozinheiro de alta cozinha em restaurante de luxo, levou-a até à cozinha do restaurante onde trabalhava. Ali, encheu três panelas com água e colocou cada uma delas sobre lume alto. Na primeira, colocou ainda cenouras. Na segunda, deitou ovos. E, na terceira, despejou café em pó. Sem dizer uma palavra, deixou que tudo fervesse.

Cerca de vinte minutos depois, apagou o lume. Retirou as cenouras da primeira panela e colocou-as num prato. Retirou os ovos da segunda panela e colocou-os num recipiente. Finalmente, com uma concha, retirou o café e colocou-o numa tigela.

Virando-se para a filha, perguntou-lhe o que via.

- Cenouras, ovos e café - respondeu ela.

O pai pediu-lhe para se aproximar e experimentar as cenouras. Ela assim fez e reparou que as cenouras, cozidas, estavam macias. O pai disse-lhe então para pegar num ovo e descascá-lo. Ela assim fez e verificou que o ovo endurecera com a fervura. Finalmente, o pai disse-lhe que bebesse um pouco de café. Ela assim fez, sorrindo ao notar o seu aroma delicioso.

Mas a filha estava confusa e perguntou ao pai onde queria ele chegar.

Então o pai explicou-lhe que os três diferentes géneros tinham sido submetidos à mesma adversidade: água a ferver. Mas tinham reagido de maneira diferente.

A cenoura entrara na água, forte, firme e dura. Mas depois de submetida aos efeitos da água fervente, amolecera e tornara-se frágil.

Já os ovos eram frágeis quando entraram na água, com o seu interior líquido apenas protegido por uma fina casca. Mas, depois de terem sido fervidos na água, o seu interior endurecera.

Porém, o pó de café era incomparável: uma vez colocado na água a ferver...
mudara a água!!!

As pessoas, em face da adversidade, podem comportar-se como estes três elementos. Uns, como a cenoura, podem parecer fortes mas, submetidos à adversidade e à dor, murcham, tornam-se frágeis e perdem a sua força. Outros, como o ovo, começam com o coração maleável e o espírito fluido mas, submetidos às adversidades da vida, tornam-se duros e inflexíveis. A sua casca exterior parece a mesma, mas estão mais amargos e obstinados, com o coração e o espírito inflexíveis.

Finalmente, há aqueles que são como o pó de café. Este muda a água fervente, o elemento que lhe causa dor. Quando a água chega ao ponto máximo da sua fervura, o café atinge o máximo do seu aroma e sabor.

Procura, minha filha, ser como o café, que, quando as coisas se tornam difíceis, consigas reagir de forma positiva, tornando-te cada vez melhor, sem te deixares vencer pelas circunstâncias, e fazendo com que tudo à tua volta se torne cada vez melhor!

Uma boa lição de vida, para nós seguirmos e para ensinarmos aos nossos filhos!

Rui Bandeira

08 fevereiro 2008

O cão e o coelho

O texto que hoje aqui vos deixo é uma adaptação minha de um texto, de origem desconhecida, que circula por aí. Já o recebi várias vezes. Provavelmente alguns de vós também já o receberam mais de uma vez. Mas talvez agora, sem imagens, apenas com o texto, propicie a reflexão que merece. Enquanto procurava uma imagem para ilustrar o tema, verifiquei que já vários blogues publicaram variantes deste texto. É bom sinal: é sinal que vem tocando a muita gente. Também tem lugar aqui!

Era uma vez dois vizinhos. O primeiro vizinho comprou um coelhinho para os seus filhos cuidarem e com ele brincarem. Os filhos do outro vizinho pediram então ao pai que também ele lhes arranjasse um animal para eles cuidarem e com que pudessem brincar. O pai comprou-lhes um cão, um pastor alemão.

O primeiro vizinho mostrou-se preocupado que o cão pudesse vir a comer o coelho. O segundo vizinho sossegou-o, dizendo que certamente não iria haver qualquer problema, pois adquirira o cão ainda cachorro e este iria crescer habituado com o coelho e seriam bons amigos e companheiros de brincadeira, como os filhos de ambos os vizinhos eram.

E aparentemente o dono do cão tinha razão: ambos os animais cresceram juntos e tornaram-se amigos e companheiros de brincadeira. Era normal encontrar o coelho no quintal do cão e este no daquele.

Um dia, a família que tinha o coelho foi passar o fim de semana fora e deixou ficar o coelho sozinho.

Na tarde de domingo, a família que tinha o pastor alemão viu-o, horrorizada, entrar na cozinha segurando entre os dentes o cadáver imundo, sujo de terra, do coelho. Desgostados, deram uma tareia monumental ao cão.

Diziam uns para os outros que afinal o vizinho tinha razão nos seus receios e certamente iria culpá-los e responsabilizá-los pela morte do coelho. Decidiram procurar ocultar o acto do seu cão. Lavaram o cadáver do coelho, secaram-lhe o pêlo com o secador, deixaram-no limpinho e bem parecido e assim o puseram na sua casota, no quintal do vizinho. Parecia vivo e apenas dormindo uma soneca. Talvez os vizinhos pensassem que morrera durante o sono...

Entretanto, o cão, abandonado a um canto, desprezado, lambia tristemente as feridas e as pisaduras que sofrera com a grande sova que levara.

Pouco depois, sentiram chegar, regressada da viagem de fim de semana, a família dona do coelho. E alguns minutos após, ouviram as crianças a gritar. Já viram o coelho! - pensaram.

Cinco minutos depois, o vizinho batia-lhes à porta. Estava assustado. Parecia que tinha visto um fantasma. Estava branco como a cal da parede...

- O que foi? Que cara é essa?

- O coelho, o coelho...!

- Que tem o coelho?

- Morreu...!

- Morreu? Ainda hoje de manhã parecia tão bem...

- Morreu na sexta-feira!

- Na sexta???

- As crianças enterraram-no ao fundo do quintal, antes de partirmos de fim de semana. E agora reapareceu na casota, lavado e limpinho...!

A história termina aqui. O que aconteceu depois não importa! Mas a grande personagem da história é o pastor alemão. Imaginem-no, procurando ansiosamente desde sexta-feira o seu amiguinho coelho. Finalmente, na tarde de domingo, graças ao seu faro, encontrou o local onde estava enterrado. Escava-o, retira de lá o corpo do coelho e leva-o aos donos, talvez confiante e esperançado em que estes o conseguissem reanimar e fazer reviver...

Mas estes, que fizeram? Julgaram pelas aparências. Ignoraram todo o tempo de concórdia entre os dois animais. Julgaram! E julgaram mal! Porque não julgaram com todos os factos, antes com os seus preconceitos! Mas não se coibiram de julgar, de condenar e de castigar...

Quantas vezes tiramos conclusões erradas das situações, julgando-nos donos da verdade! E quantas vezes esse nosso injusto julgamento prejudica, fere alguém, assim vítima da nossa injustiça?

Que esta pequena história venha à mente de quem a ler sempre que estiver à beira de fazer um juízo precipitado e, talvez, injusto. E o faça respirar fundo, pensar melhor, informar-se mais, ponderar toda a informação. E continuará a poder então decidir! Porventura um pouco de calma e ponderação evitarão injustiças causadas por precipitação. E, afinal de contas, se houver culpados a punir, não serão mais uns momentos de ponderação, mais umas diligências de confirmação ou obtenção de dados, que impedirão a punição, agora com maior certeza de que não será injusta!

Rui Bandeira

01 fevereiro 2008

A janela


Hoje, e antes de uma pausa, motivada por ausência minha até quarta-feira, publico mais uma história, de autor desconhecido, que me chegou por correio electrónico, por mim editada e adaptada

Dois homens, ambos gravemente doentes, estavam no mesmo quarto de hospital. Um deles podia sentar-se na sua cama durante uma hora, todas as tardes, para que os fluidos circulassem nos seus pulmões. A sua cama estava junto da única janela do quarto. O outro homem tinha de ficar sempre deitado de costas.

Os homens conversavam horas a fio. Falavam das suas mulheres, das famílias, das suas casas, dos seus empregos, onde tinham passado as férias. E todas as tardes, quando o homem da cama perto da janela se sentava, passava o tempo a descrever ao seu companheiro de quarto todas as coisas que conseguia ver do lado de fora da janela.

O homem da cama do lado começou a viver à espera desses períodos de uma hora, em que o seu mundo era alargado e animado por toda a actividade e cor do mundo do lado de fora da janela.

O homem da cama perto da janela descrevia que esta dava para um parque com um lindo lago. Patos e cisnes chapinhavam na água enquanto as crianças brincavam com os seus barquinhos. Jovens namorados caminhavam de braço dado por entre as flores de todas as cores do arco-íris. Árvores velhas e enormes acariciavam a paisagem e uma ténue vista da silhueta da cidade podia ser vislumbrada no horizonte. Enquanto o homem da cama perto da janela descrevia isto tudo com
extraordinário pormenor, o homem no outro lado do quarto fechava os seus olhos e imaginava as pitorescas cenas.

Um dia, o homem perto da janela descreveu um desfile que ia a passar. Embora o outro homem não conseguisse ouvir a banda, conseguia vê-la e ouvi-la na sua mente, enquanto o outro senhor a retratava através de palavras bastante descritivas.

Dias e semanas passaram. Uma manhã , quando a enfermeira chegou ao quarto, encontrou o corpo sem vida do homem perto da janela, que tinha falecido calmamente enquanto dormia.

Logo que lhe pareceu apropriado, o outro homem perguntou se podia ser colocado na cama perto da janela. A enfermeira disse logo que sim e fez a troca. Lentamente, e cheio de dores, o homem ergueu-se, apoiado no cotovelo, para contemplar o mundo lá fora. Fez um grande esforço e lentamente olhou para o lado de fora da janela que dava, afinal, para uma parede de tijolo!

O homem perguntou à enfermeira o que teria feito com que o seu falecido companheiro de quarto lhe tivesse descrito coisas tão maravilhosas do lado de fora da janela. A enfermeira respondeu que o homem era cego e nem sequer conseguia ver a parede. Talvez quisesse apenas dar-lhe coragem...

Moral da história: há uma felicidade tremenda em fazer os outros felizes, apesar dos nossos próprios problemas. A dor partilhada é metade da tristeza, mas a felicidade, quando partilhada, é dobrada.

Façam o favor de ser felizes... e ajudem à felicidade de quem os rodeia!

Rui Bandeira

25 janeiro 2008

Arroz e flores


Mais uma história para reflectir. Mais uma pequena história que recebi por correio electrónico. O texto é pequeno. Mas os textos são como os homens: não se medem aos palmos! Não é preciso mais para nos dar que meditar.


Um homem estava a colocar flores na campa de um parente quando, ao seu lado, na campa vizinha, um chinês colocou um prato de arroz.


Voltando-se para ele o homem perguntou:


- Você acredita que o defunto comerá o arroz?


- Sim! – respondeu o chinês…- Quando o seu familiar defunto vier cheirar as suas flores...


Moral da História:


Respeitar as opções do outro, é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter. As pessoas são diferentes, actuam e pensam de modo diverso.


Não julgue! ............ Simplesmente COMPREENDA.


Rui Bandeira

18 janeiro 2008

O saldo


Ontem, as circunstâncias impediram-me de publicar aqui no blogue. Parti de madrugada para o Algarve, para um julgamento, que durou até ao final da tarde, só cheguei a Lisboa noite dentro e tive de ir de imediato para uma reunião com clientes que se prolongou até de madrugada. Enfim, um dia totalmente preenchido. E, a propósito de dia bem preenchido, eis mais um texto inspirado numa mensagem de correio electrónico que recebi, cuja origem desconheço e que eu adaptei.

Imagine que havia um Banco que todas as manhãs adicionava à sua conta 86.400 euros.

Esse estranho Banco, porém, não transfere o saldo de um dia para o outro: todas as noites apaga da conta o saldo que não foi gasto.

Que faria? Calculo que retiraria todos os dias a quantidade de dinheiro que não tinha gasto, não?

Pois bem, esse Banco existe mesmo: é o TEMPO!

Todas as manhãs, esse Banco adiciona à conta pessoal de cada um 86.400 segundos.

Todas as noites, esse Banco retira da conta de cada um, e dá como perdida, qualquer quantidade desse saldo que não foi transformada em algo de proveitoso.

Esse Banco não transfere saldos de um dia para o outro. Não permite acumulações.

Todos os dias abre a cada um uma nova conta. Todas as noites elimina o saldo do dia que findou.

Quem não utilizar o seu saldo diário, fica a perder: não tem uma segunda hipótese de utilizar o que sobra.

Não existe reforço do saldo diário. Cada um deve viver o presente com o saldo de hoje!

Cada um deve utilizar o seu tempo da melhor forma possível. O que não utilizar, ou utilizar mal, está perdido ou gasto para sempre.

Para se entender o valor de um ano, pergunte-se a um estudante que reprovou e tem de repetir o ano escolar...

Para se entender o valor de um mês, pergunte-se a uma mãe que olha para o seu bebé prematuro...

Para se entender o valor de uma semana, pergunte-se ao editor de um semanário...

Para se entender o valor de uma hora, pergunte-se ao enamorado que espera pela sua amada...

Para se entender o valor de um minuto, pergunte-se ao viajante que perdeu o comboio...

Para se entender o valor de um segundo, pergunte-se a uma pessoa que esteve à beira de ter um acidente...

E, para se entender o valor de um milésimo de segundo, pergunte-se ao atleta que recebeu a medalha de prata dos 100 metros planos dos últimos Jogos Olímpicos...!

Devemos dar valor a todos os momentos que vivemos. O tempo não espera por ninguém.

Eu aproveitei algum do meu saldo de hoje a escrever e publicar este texto.

Espero que achem que aproveitei bem o saldo que usei e que dêem por bem empregue o saldo que gastaram a lê-lo!

Rui Bandeira

11 janeiro 2008

Fácil X Difícil


Mais um texto aparentemente ligeirinho, que recebi através do correio electrónico. Mas, meus caros, sendo ligeirinho, ligeirinho, vale a pena meditar no que nele está escrito (o que é fácil) e, sobretudo, levar à prática as nossas conclusões (o que é mais difícil).

Fácil é ocupar um lugar na agenda telefónica;

Difícil é ocupar o coração de alguém.

Fácil é julgar os erros dos outros;

Difícil é reconhecer os nossos próprios erros.

Fácil é ferir quem nos ama;

Difícil é curar essa ferida.

Fácil é perdoar aos outros;

Difícil é pedir perdão

Fácil é exibir a vitória;

Difícil é assumir a derrota com dignidade.

Fácil é sonhar todas as noites;

Difícil é lutar por um sonho.

Fácil é rezar todas as noites;

Difícil é encontrar Deus nas pequenas coisas.

Fácil é dizer que amamos;

Difícil é demonstrá-lo todos os dias.

Fácil é receber;

Difícil é dar.

Fácil é criticar os outros;

Difícil é melhorar-nos a nós mesmos;

Fácil é pensar em melhorar;

Difícil é deixar de pensar e realmente fazê-lo!

Ser maçon é partir do fácil e procurar fazer o difícil.

Rui Bandeira

14 dezembro 2007

O exemplo do burro

Um dia, o burro de um camponês caiu num poço. Não chegou a ferir-se, mas não podia sair dali por conta própria. Por isso, o animal zurrou durante horas, enquanto o camponês pensava em como o poderia ajudar. Finalmente, o camponês tomou uma decisão cruel: concluiu que o burro já estava muito velho e que o poço já estava seco e, de qualquer forma, precisava de ser tapado. Portanto, não valia a pena esforçar-se para tirar o burro de dentro do poço. Pelo contrário, chamou os vizinhos para o ajudarem a enterrar o burro vivo, aterrando, ao mesmo tempo, o poço. Cada um deles pegou numa pá e começou a deitar terra dentro do poço. O asno não tardou a aperceber-se do que lhe estavam a fazer e zurrou desesperadamente.

Porém, para surpresa de todos, o burro acalmou-se , depois de ter levado em cima com algumas pazadas de terra. O camponês olhou para o fundo do poço e surpreendeu-se com o que viu. A cada pazada de terra que caía no seu lombo, o burro sacudia a terra e logo dava um passo sobre essa mesma terra, que caía ao chão. Assim, em pouco tempo, todos viram como o burro conseguiu chegar até à boca do poço, passar por cima da borda e sair dali a trote.

A vida atira-nos muita terra. Todos os tipos de terra. Principalmente se já estivermos dentro de um poço. O segredo para sair do buraco é sacudir a terra com que se leva e dar um passo em cima dela. ada um dos problemas que se nos deparam e que é superado é um degrau que nos conduz para cima. Podemos sair dos mais profundos fossos, se não nos dermos por vencidos: usemos a terra que nos atiram para seguir adiante!

Desta pequena história podemos retirar cinco lições que nos ajudarão a ser felizes:

1.ª - Devemos libertar-nos do ódio e do desespero, que só pioram a nossa situação.

2.ª - Devemos libertar a nossa mente de preocupações exageradas, que só prejudicam o nosso raciocínio.

3.ª - Devemos simplificar a nossa vida, buscando soluções simples para o que só aparentemente é complicado.

4.ª - Devemos dar mais e esperar menos, pois assim não nos desiludiremos.

5.ª - Devemos amar mais e... aceitar a terra que nos atiram, pois ela pode ser uma solução, não um problema!

Adaptação minha de texto de autor desconhecido.
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Nas próximas segunda, terça e, eventualmente, quarta-feira, estarei ausente e sem ligação à Rede, que me permita publicar textos no blogue. Regressarei quarta ou quinta-feira, por alguns dias, antes de fazer uma pausa de Natal e Ano Novo. De qualquer forma, continuem a espreitar o blogue. Há mais autores a escrever aqui...

Rui Bandeira

07 dezembro 2007

Semear a Beleza

Um homem trabalhava numa fábrica que ficava a cinquenta minutos de autocarro da sua casa.

Na paragem a seguir à sua, entrava todos os dias uma senhora idosa, que se sentava sempre junto à janela do autocarro. Abria a mala, tirava um pacotinho e passava toda a viagem atirando algo pela janela. A cena repetia-se todos os dias.

Um dia, curioso, o homem perguntou-lhe o que atirava ela pela janela.

- Atiro sementes. - Respondeu ela.

- Sementes? Sementes de quê?

- De flores. É que eu olho para fora e a berma da estrada é tão vazia... Gostaria de poder viajar vendo flores coloridas ao longo de todo o caminho. Como seria bonito!

- Mas as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, comidas pelos pássaros. A senhora acha mesmo que vai germinar alguma semente na berma da estrada?

- Acho, meu filho! Mesmo que muitas se percam, algumas acabarão por cair na terra e, com o tempo, vão dar flor.

- Mesmo assim, vai demorar muito... E precisam de água...

- Eu faço a minha parte! A chuva ajudará. Se alguém deixa cair sementes, as flores hão-de surgir!

E a senhora idosa virou-se para a janela e recomeçou a sua tarefa. O homem, quando desceu na paragem junto ao seu emprego, pensava que a velha senhora já estava senil.

Mas, algum tempo depois, o homem, viajando no autocarro, ao olhar para fora, viu flores na berma da estrada! Muitas flores! A berma da estrada era uma paisagem colorida, perfumada, linda! Lembrou-se então da velha senhora, que não via já há algum tempo. Perguntou por ela ao motorista do autocarro, que conhecia todos os passageiros habituais.

- A velhinha das sementes? Morreu há quase um mês...

O homem voltou para o seu lugar e continuou a olhar a paisagem linda. E pensou:

- Quem diria? As flores nasceram mesmo! Mas de que adiantou o trabalho dela? Morreu sem ver esta Beleza toda!

Nesse momento, ouviu uma criança a rir. No banco da frente, uma menina apontava pela janela, entusiasmada:

- Olha, pai, que lindo! Tantas flores à beira da estrada! Como se chamam estas flores?

Então, o homem compreendeu o que a velha senhora tinha feito! Mesmo não estando já ali para ver, ela fez a sua parte, deixou a sua marca, a Beleza, para a contemplação e a felicidade das pessoas!

No dia seguinte, o homem entrou no autocarro, sentou-se junto à janela, tirou um pacotinho de sementes do bolso e fez toda a viagem atirando-as pela janela... E assim deu continuidade ao que a velha senhora fizera, semeando o amor, a amizade, o entusiasmo e a alegria!

O futuro depende das nossas acções no presente. Se semearmos boas sementes, os frutos das plantas que nascerão serão igualmente bons. Semeemos as nossas sementes!

(adaptação minha de um texto, sem indicação de autor, recebido por correio electrónico)

Rui Bandeira

23 novembro 2007

O eco da vida

Mais uma pequena alegoria recebida em correio electrónico e por mim adaptada, que ilustra bem a postura que devemos ter na vida, se a queremos viver da melhor maneira.

Um pai e um filho passeavam na montanha. A certa altura, o filho magoou-se e gritou: - Aaaahhhhh!

Para seu espanto, ouviu, vinda não sabia de onde, da montanha, uma voz que respondeu: - Aaaahhhhh!

Curioso, o menino gritou: - Quem está aí?

E ouviu, vindo não sabia de onde, da montanha, a mesma voz responder: - Quem está aí?

Zangado com a resposta, o menino gritou: - Estúpido!!

E ouviu a mesma voz responder-lhe, sempre vinda não sabia de onde, da montanha: - Estúpido!!

Confuso, o menino perguntou ao pai o que se passava, que voz era aquela. O pai, sorrindo, disse-lhe: - Filho, presta atenção!

E, virando-se para a montanha, gritou: - És admirável!

Logo se ouviu uma voz respondendo de volta: - És admirável!

O pai gritou de novo: - És um campeão!!!

E ouviu-se de volta: - És um campeão!!!

O menino, admirado, continuava a não entender. Então o pai explicou-lhe: - O que ouvimos chama-se eco. É o som da nossa própria voz que, reflectido, regressa até nós.

E prosseguiu: Também a vida é assim: devolve-te tudo o que dizes ou fazes. A nossa vida é o reflexo das nossas acções. Portanto, se desejas mais amor no Mundo, cria mais amor à tua volta; se desejas felicidade, faz felizes os que te rodeiam; se desejas um sorriso na alma, dá um sorriso à alma dos que conheces. Esta relação aplica-se a todos os aspectos da vida. A vida devolve-te exactamente o que tu lhe deres. A tua vida não é uma coincidência ou uma sucessão de acasos: é um reflexo de ti próprio. Portanto, se algum dia não gostares do que recebes de volta, revê muito bem o que estás a dar!

Sejam felizes!

Rui Bandeira

14 novembro 2007

As melhores sementes

Um agricultor, homem de poucos estudos, todos os anos participava na Feira de Agricultura da cidade mais próxima da sua exploração apresentando a concurso exemplares da sua colheita de milho e todos os anos ganhava o troféu do Milho do ano. O seu milho, ano após ano, era cada vez melhor.


Certa vez, após a cerimónia de recepção do prémio, foi entrevistado por um repórter do jornal local, que, tendo perguntado sobre a forma como ele costumava cultivar o seu valioso e qualificado milho, ficou muito intrigado com a revelação do agricultor de que ele partilhava boa parte das suas melhores sementes com os seus vizinhos.

- Porque é que senhor partilha com os seus vizinhos as suas melhores sementes, quando eles competem directamente consigo?

O agricultor, homem de poucos estudos, respondeu-lhe:

- Porquê? É simples: o vento apanha o pólen do milho maduro e leva-o de campo para campo. Se os meus vizinhos cultivarem milho de qualidade inferior à do meu, a polinização degradará gradualmente a qualidade do meu milho. Logo, para eu conseguir obter sempre milho da melhor qualidade, tenho que ajudar os meus vizinhos a cultivar também milho da melhor qualidade, cedendo-lhes parte das minhas melhores sementes.

O agricultor era homem de poucos estudos, mas de muita Sabedoria!

Quem quiser viver em Paz, deve procurar que seus vizinhos também vivam em Paz.

Quem quiser viver bem, deve ajudar os outros, para que também vivam bem.

Quem quiser ser feliz, deve ajudar os outros a encontrar também a felicidade, pois o bem-estar de cada um está ligado ao bem-estar de todos. Todos nós dependemos uns dos outros e, portanto, todos nós somos importantes uns para os outros, para que todos e cada um possamos viver bem.

Que cada um de nós ajude os seus próximos a cultivar cada vez mais as melhores sementes, os melhores milhos, as melhores amizades!

Que cada um, para lidar consigo mesmo, use a cabeça e, para lidar com os outros, use o coração!

(Adaptação minha de um texto de Karl Rahner)

Rui Bandeira