21 julho 2006

“Amar a Pátria ...” e o Futebol (mais uma sobre ...)

Para aqueles para quem a frase em título faz algum sentido, e a reconhecem desde os primeiros passos iniciáticos na nossa augusta ordem, o que significa que TODOS já com ela conviveram, ocorreu-me, neste texto profano, mas não esquecendo a responsabilidade que impende sobre todo e qualquer Maçon, ao qual se lhe exige, não ser bom como os demais profanos, mas sim ser melhor que eles, dissertar sobre um tema que a tantos diz, porém a uns coisas boas a outros nem por isso.
Mas afinal o que é que o futebol tem a ver com o “Amar a Pátria” ?
Futebol já todos sabemos o que é. Mas e a Pátria, todos saberão ?
E onde é que isto encaixa com a maçonaria, ou com os maçons ?
Muitas perguntas. Algumas pistas de resposta pretendo aqui deixar, alertando humildemente para o facto de serem meras opiniões pessoais, que naturalmente deverão soçobrar perante avalizadas opiniões.
Antes porém uma pequena historia introdutória gostaria de aqui deixar. Tem a ver com uma comitiva de Eleitos Locais Portugueses, fundamentalmente, constituída por Presidentes de Câmara e Assembleia Municipal portugueses, que se deslocaram ao Brasil, concretamente ao estado do Ceará.
A deslocação desta comitiva pretendia partilhar com os congéneres daquele Estado Brasileiro formas de intervenção municipal, comparar sinergias, promover Portugal e o Brasil como destinos turísticos.
Numa dada fase dos trabalhos, em sala, a comitiva Portuguesa foi dividida por regiões de forma a formar grupos e assim preparar uma apresentação das respectivas regiões onde se inseriam os municípios de cada um.
O autor destas linhas tendo estado presente (embora não como eleito) teve oportunidade de registar que a generalidade dos eleitos portugueses, a quem incumbiu a apresentação dos seus grupos de trabalho, perante uma plateia composta por decisores políticos locais brasileiros, desfiaram um chorrilho de lamentações, exigências e protestos, tal como se ali estivesse quem lhes pudesse resolver todos os seus problemas. Isto para além de utilizarem siglas e palavras incompreensíveis para os nossos “irmãos” brasileiros.
Ora para promoção do País, estando nós no estrangeiro, foi do pior que já tive oportunidade de presenciar.
Coube-me porém a sorte de fazer a apresentação do meu grupo de trabalho, e tendo ficado para penúltimo, considerei uma oportunidade de desfazer a imagem negativa construída pelos meus antecessores.
E porque “amo a minha Pátria” falei apenas dos aspectos positivos que o meu País oferece, hoje e no futuro. Não deixei de falar no passado, pois Portugal pode orgulhar-se de ter um longo e rico passado, já outros países ... .
Se nós próprios não valorizarmos perante os outros aquilo que nos é próximo então quem o fará ?
Agora o futebol onde muito se falou e de como o campeonato do mundo mudou a vida das pessoas e dos países. A “coisa” vinha já do europeu em 2004.
Claro que as injecções diárias de noticias futebolísticas roçaram o exagero, claro que os considerandos dos “treinadores de bancada” oscilavam nos índices dos limites da paciência, perante as mais desfocadas posições sobre aquilo que era a eficácia da selecção nacional.
Mas alcandorar o futebol como uma maleita de um povo inculto ou sem objectivos, ou pelo menos sem qualquer outro motivo de interesse, assim demonstrando a pobreza de espirito nacional, essa é manifestamente incompreensível.
Um povo que “ame a sua pátria” deve orgulhar-se por se distinguir num qualquer domínio, seja ele na cultura (orgulhemo-nos de dois prémios Nobel – medecina e literatura), seja no desporto, e aqui muito á com que nos orgulhar, seja na ciência (orgulhemo-nos dos vários cientistas portugueses, embora aqui apenas refira por economia de espaço o António Damásio), seja na Política (orgulhemo-nos pelo Cutileiro na UEO, do Freitas do Amaral na Assembleia Geral da ONU, pelo Durão Barroso na presidência da Comissão Europeia, orgulhemo-nos pelo António Guterres Alto Comissário para os refugiados, e atenção segui a ordem cronológica pela qual foram eleitos ou nomeados para os respectivos cargos), enfim orgulhemo-nos sempre e quando Portugal ou portugueses se destingam à escala planetária.
Se o futebol marca a agenda de tanta gente em todo o mundo é porque é um fenómeno global e globalizante, ao qual até os americanos, habituados a impor os seus padrões, tiveram de aderir.
Se o futebol é uma fenomenal manifestação de catarse colectiva de uma Nação, então força com isso exorcizem-se os males e maleitas do dia a dia. Afinal qual é o espanto se a própria economia é afectada, e muito, por fenómenos psicológicos, daí ser tão volátil ?
Se o futebol desenterrou os nossos mais profundos sentimentos de amor pátrio então merece o nosso sentido aplauso, e por isso não nos envergonhemos pelas lágrimas que nos correm pela cara abaixo, pela pele de galinha, pelos altos níveis de ansiedade que certos jogos nos proporcionam, e finalmente, pelo grito(s) lançados a plenos pulmões por vitórias alcançadas, mesmo sem brilhar.
Futebol é desporto. Não eram os jogos olímpicos da antiguidade uma manifestação desportiva que glorificava o País dos atletas de eleição, dos campeões ?
Bandeiras nas janelas das casas, nos automóveis, aos pescoços, o patriotismo desfraldado, vivido e sentido por tantos.
Recordo um comentário quando passava na televisão, uma peça sobre os imigrantes portugueses na Alemanha que se deslocavam centenas de quilómetros só para ver a selecção e de lágrimas nos olhos diziam-se felizes, e alguém dizia ao meu lado “ não compreendo como podem eles – os imigrantes – gostar tanto da bandeira portuguesa quando tiveram de procurar melhor sorte no estrangeiro”. Dei comigo a pensar “como é que se pode pensar não amar a pátria só porque se está longe dela”.
Então Amar a Pátria é cada Português dar o melhor de si, a título de exemplo para os outros, em qualquer circunstância, tanto cá como no estrangeiro (diria mesmo em especial no estrangeiro), apesar de muitas vezes termos razões de queixa, apesar de nem sempre as coisas correrem de feição, apesar de tudo Amar a pátria é de resto uma atitude bem maçónica.

Viva Portugal

Templuum Petrus

É HOJE ... É HOJE... !!!!!!


Não esqueçam nem se distraiam, é hoje que a CERCIAMA conta receber a V. visita. Não faltem:
- Porque é uma Obra valiosíssima !
- Porque toda uma extraordinária equipa Vos convida e merece a V. ajuda;
- Porque as Crianças da Cerciama anseiam pela V. visita.

Vão até lá e verão como ficam felizes com os Amigos que as visitam.

R. Mestre Roque Gameiro, 12 na Amadora.
JPSetúbal

Encerrando a polémica.

Honestamente, não pensava ter que voltar a escrever sobre este tema.

Na minha intervenção, quis apenas sublinhar que o texto do JoséSR era partidário, que a acção de Tsahal no Líbano estava errada e que não é massacrando as populações civis que se resolverá a questão do terrorismo em geral e do Hezbollah, em particular. Pelo menos, do meu ponto de vista. Ponto final.

Mas como o JoséSR está a qualificar o meu texto de “foram apenas atiradas para a discussão algumas ideias na generalidade generalistas e imprecisas numa tentativa de criar uma polémica” vou acrescentar o seguinte:

Já que não tenho entendido que a posição do JoséSR não é a favor da guerra, antes a de condenação da "hipocrisia dos Media e de alguns Governantes e Senhores importantes deste mundo" (JoséSR dixit), vou citar duas frases ditas nos últimos dias e que me parecem elucidativas:

1 - “Estamos a nos defender depois ter sido atacados. É importante sublinhar que se trata de legítima defesa »
Palavras do Vice Primeiro Ministro Shimon Peres ao micro da rádio militar Israelita.

Relembro que a acção de Israel foi justificada pelo rapto de dois soldados. “Atacados”?

2 - “A operação estava preparada de longa data, baseada em informações recolhidas ao longo dos últimos anos”. “O objectivo é de enfraquecer o Irão que utiliza o Hezbollah por procuração na sua confrontação com o Estado de Israel”
Citando o Olivier Rafowicz, porta palavra do exército Israelita.

A ouvir o Shimon Peres, tratava-se de legítima defesa no seguimento daquele rapto. “Legitima defesa”?

Hipocrisia, sim, mas essa hipocrisia não tem fronteiras!

Considero, por minha parte, este assunto como encerrado.

Erato

20 julho 2006

Da Polémica

Este post será breve porque estou com pouco tempo para o escrever, o que quer dizer que talvez volte ao assunto.

Caro Rui

Não sei o fazes mas fico cá pensando deves ser advogado, ou qualquer coisa dessas.

Na verdade caracterizar esta pequena troca de posts como uma polémica é generosidade tua, pois na verdade nada do que eu disse foi efectivamente contestado, foram apenas atiradas para a discussão algumas ideias na generalidade generalistas e imprecisas numa tentativa de criar uma polémica.

Aceitar o desafio para a polémica foi coisa que fiz, mas para ser derimido em privado. Nunca entraria em confronto directo neste blog.

Quando acima digo imprecisas refiro-me entre outras ao Hezbollah.

Erato diz que a UE reconhece como terrorista o Hezbollah. É uma pequena verdade, pois apenas implicitamente como se pode ler no boletim de 10 março cujo link aqui fica
http://europa.eu/bulletin/en/200503/p106031.htm

Esta pequena verdade é consubstanciada numa outra declararção da UE feita sobre o mesmo tema ( o Assassinato do 1º Min Rafiq Hariri), na qual se fala de ala terrorista do Hezbollah, e cujo link aqui vai
http://europa.eu/bulletin/en/200501/p106053.htm

Ao falar-se de ala terrorista pressupõe-se que exista a ala não terrorista. Ora o Movimento Hezbollah é todo dirigido pela mesma pessoa. ( deve ser o Nasrallah sopeira, O Nasrallah Dona de casa, O Nasrallah mordomo, etc.....)

Todavia no documento de fundo sobre organizaçoes terroristas, actualizado em 29/6/2006 o Hezbollah não é explicitamente mencionado.
http://europa.eu/scadplus/leg/en/lvb/l33208.htm

Ou seja a Uniao Europeia navega em meias tintas, para asssim poder ter um grau de liberdade maior.

Como vez, e acho que já sabias, os factos que levam a escrever são fundamentados, não são fantasiados.

E neste blog terei ( como tenho tido ) o cuidado de verificar as minhas fontes, que posso ou não por logo de inicio.

Podes tambem ter certeza que a expressão das minhas opinões não foi, nem será feita de forma ligeira.

E Pronto, se quiseres continuar com o Epiteto de Polémica pois que seja.

Um Abraço

JoseSR

Até que enfim uma polémica!


Desde o princípio do blogue que aguardava por um desacordo claro e inequívoco entre autores. Juro!

E aguardava, porque, como eu esperava, o desacordo de opiniões entre o JoséSR e o Erato é uma boa oportunidade de desmontar, ao vivo e a cores, um dos mitos sobre os maçons e de mostrar como funciona o debate entre maçons.

Relembro palavras que já foram escritas, no texto de apresentação do blogue: "este espaço não é, não quer ser e não vai ser, um "blogue maçónico". É, quer ser e vai ser, simplesmente, um blogue feito por maçons." E também: "Este espaço não se destina a ser lido por maçons (...) Este espaço destina-se a ser lido por quem quiser fazê-lo" - maçon ou não maçon.

Neste espaço cabe a apresentação e discussão de quaisquer temas que qualquer colaborador do blogue entenda útil apresentar ou discutir, sem tabus, sem censuras, sem limitações que não as inerentes ao correcto comportamento social que todos nós, maçons, procuramos ter: o respeito pelas ideias dos outros, mesmo - e sobretudo! - quando diferentes e opostas das nossas; a discussão aberta, leal, dura, mesma, sobre as ideias, sobre os argumentos, não sobre as pessoas ou aqueles de quem pontualmente discordamos.

Visto isto, vamos à desmontagem do mito: os maçons não têm um pensamento único, não estão sempre de acordo; pelo contrário, só pode ser maçon quem, por acreditar na Liberdade, por praticar a Tolerância, por exercer a Responsabilidade, tiver as suas próprias ideias e as defenda, não importa se em concordância ou discordância de outro maçon!

Esta mini-polémica permite ainda mostrar como os maçons, pela sua vivência comum, pela sua prática, sabem discutir, sabem polemizar, sabem discordar, sabem, enfim, debater ideias sem utilizar a ofensa ou argumentos ad hominem e, pelo contrário, procuram defender as suas ideias assumindo as discordâncias com as ideias expressas pelo seu parceiro, mas não as diabolizando, antes procurando ressalvar os pontos positivos delas e as convergências que é possível encontrar.

Não quero proclamar que nós, maçons, somos perfeitos e sempre impolutos no debate. Longe disso! Só se pode proclamar maçon quem assume a sua imperfeição e, humildemente, procura aperfeiçoar-se, com o auxílio dos seus Irmãos! Portanto, as regras de boa convivência, de boa discussão, de são debate, são, por vezes quebradas. Claro que sim! Mas a diferença é que tal quebra sucede muito menos que no comum da Sociedade e, sobretudo, que a quebra destes princípios, quantas vezes no calor do debate, é assinalada e não raro assumida pelo próprio que os quebrou.

Aproveitemos então a mini-polémica para verificar o cumprimento dos princípios enunciados. O resumo e a interpretação das posições de cada um é, obviamente, pessoal meu e, embora procurando espelhar o pensamento de cada um dos polemistas, trata-se de um resumo muito no "osso", apenas tocando o necessário para demonstrar o cumprimento dos princípios atrás enunciados.

O JoséSR expressou a sua posição sobre os actuais desenvolvimentos no Médio Oriente, deixando bem clara a sua posição favorável aos israelitas e verberando o duplo padrão que, no seu entender, os governos ocidentais praticam em relação ao terrorismo que atinge o Ocidente e aquele que "apenas" vitimiza Israel. Nesse sentido, deixou bem clara a sua concordância com a recente e actual actuação de Israel e a sua óbvia discordância relativamente à actuação dos militantes e dirigentes do Hezbolah, do Hamas, etc..

O Erato manifestou o entendimento de que o pensamento do JoséSR é parcial e não objectivo - mas afirmou o seu respeito pelo texto que critica e expôs os seus argumentos, que considera dever serem também atendidos: a declaração europeia que considera o Hezbolah uma organização terrorista, a sua preocupação com as vítimas civis e com o sacrifício que é sucessivamente imposto ao Líbano com as permanentes acções militares no seu território e termina proclamando que tudo isto se passa "porque, talvez, façam falta os homens livres e de bons costumes neste mundo de loucos".

A resposta do JoséSr lamenta que Erato não tenha entendido que a sua posição não é a favor da guerra, antes a de condenação da "hipocrisia dos Media e de alguns Governantes e Senhores importantes deste mundo".

Repare-se: cada um expõe os seus argumentos, critica, porventura acerbamente, o que discorda nos argumentos do outro, mas nenhum põe em causa a boa fé do outro; pelo contrário, facilmente se pode verificar que, partindo de posições divergentes, ambos buscam os pontos de convergência nos seus entendimentos: Erato, embora manifestando preocupação pelas consequências da actuação de Israel, ressalva: "Claro que o Estado de Israel tem o direito, e o dever legítimo, de preservar a sua integridade nacional"; JoséSR assume ser a sua posição "facciosa", assim também considerando a do seu opositor, mas respeitando-a e concedendo-lhe o óbvio direito de a ter; manifesta a sua pena de que o Líbano seja de há muito instrumentalizado por muitos e esclarece não defender a guerra.

Conclusões? Que Homens livres e de Bons Costumes não têm medo de assumir divergências; que respeitam as posições contrárias e procuram contra-argumentar racionalmente; que buscam as convergências.

E, no caso concreto, ninguém fica, creio, com dúvidas que ambos entendem que Israel tem direito à existência, à segurança e à integridade territorial, que o Líbano também, que a guerra é sempre a pior maneira de resolver os conflitos e que é preocupante e de censurar que vidas de civis inocentes sejam ceifadas por qualquer conflito. E que, afinal, ambos concordam que, realmente, fazem falta mais homens livres e de bons costumes neste mundo de loucos...

É assim uma boa e saudável discussão entre maçons!

Que todos discutam tão firme, mas tão serenamente assim...

Rui Bandeira


19 julho 2006

Lamento

Quando escrevo nao pretendo ser consensual. Tenho as minhas opiniões e expressa-las-ei, tantas vezes quanto me apetecer.

Lamento que ERATO tenha confundido um Blog com uma Loja. Mas é o direito dele de confundir.

Lamento tambem o facto de ERATO nao ter percebido nada do que escrevi, mas cada um percebe o que quer e esse é um direito de cada um.

Por isso vou tentar explicar que :

Um Blog não é Loja não se rege pelos mesmos padrões, consequentemente tem uma latitude bem mais vasta.
Para além do mais, os promotores do Blog tiveram o cuidado de escrever :
"Blogue escrito por Maçons .... " o que é totalmente diferente de Blog Maçonico que por definição nao teria muito cabimento pois estaria limitado quer nos temas quer nas latitudes de abordagem.

Quanto ao meu escrito e para que fique mais claro se é que tal é necessário , em lado nenhum do que escrevo defendo a guerra, condeno sim a hipocrisia dos Media e de alguns Governantes e Senhores importantes deste mundo.

O que alias é consubstanciado em POST posterior.

JoseSR

LIBANO, A MINHA PÁTRIA TEM SEMPRE RAZÃO

Não sei se o texto intitulado “Hipocrisia ou Falta de Coragem” tem o seu lugar num blog Maçónico.

Principalmente quando o nosso Querido Irmão JP Setúbal escreve, e passo a citar: “Temos a intenção de falar/brincar/dissertar, mas principalmente tirar as teias de aranha que povoam as cabeças de muitas pessoas sobre os M:. e a M:. dando a conhecer o que queremos, o que fazemos, quem somos.”

Mas como sou tolerante por natureza, e odeio todas as formas de censura, vou respeitar este texto partidário, embora lamentando um ponto de visto verdadeiramente “orientado”.

Vou tentar, então, desfazer um pouco este maniqueísmo e vestir a pele do advogado do diabo.

Primeiro, e para restabelecer a verdade, está errado escrever que os países ocidentais, a não ser os USA, não qualifiquem o Hezbollah de terrorista. O Parlamento Europeu adoptou no dia 10 de Março de 2005 uma resolução qualificando o Hezbollah justamente de terrorista.

Isto dito, justificar o injustificável, quero dizer a sobrevivência de Israel num conflito com o Hezbollah e, consequentemente, dissertar sobre os estragos colaterais na população Libanesa, é pelo menos redutor.

Como se pode escrever tão ligeiramente acerca da morte de crianças e mulheres ? Seres inocentes que cometeram o erro dramático de nascer no país errado, numa época errada.

Será preciso relembrar que são civis que são mortos e não combatentes de uma ou outra frente ?

Não quero polemicar porque trata-se de um assunto grave demais para brincar aos analistas políticos de segunda.

Digo simplesmente que, desde a criação do Estado de Israel até ao dia de hoje, houve 5 conflitos generalizados nos quais o Estado Hebraico esteve implicado (1948, 1956, 1967, 1973 et 1982), sem tomar em conta a guerra civil no Líbano.

E qual foi o resultado dessas guerras ? Pergunto, a nível político?
- Nada! Zero!

Por uma razão muito simples: porque nunca será encontrado um compromisso aceitável pelas partes em presença.
Pelo menos, enquanto os actuais dirigentes Sírios e Iranianos se mantenham no seu lugar. Porque são os verdadeiros responsáveis da situação actualmente vivida no Médio Oriente, fornecendo armas, dinheiro, logística e ideologia aos combatentes do Hezbollah e outras facções armadas.

A razão de esperar uma solução que se chame “Jordânia” ou “Egipto”, que passaram a ser exemplos de uma mudança política correcta.
Correcta para nós, Ocidentais. Obviamente.

Claro que o Estado de Israel tem o direito, e o dever legítimo, de preservar a sua integridade nacional mas quero dizer o seguinte acerca do Líbano:

- Não é bombardeando as estradas conduzindo à Síria que Israel vai dar cabo dos terroristas. Apenas irá matar refugiados que tentam fugir das zonas de combate.
- Como não é bombardeando o porto de Beirute e o seu aeroporto internacional que Tsahal acabará com o Hezbollah. Porque o Líbano não é o Hezbollah, longe disto.
- Os Chiitas representam 24% da população Libanesa, menos que os muçulmanos Sunitas e Druzes ou mesmo até que os Cristãos. Sem contar com a população que vive fora do Líbano, essencialmente Cristã, estimada em 12 ou 13 milhões.
- E seria errado pensar que todos os Chiitas aprovam as acções do Hezbollah.

Então ?

Será que o rapto de dois soldados é a verdadeira razão de tal empenhamento do exército Israelita ?

Será que Israel vai continuar a destruir um Estado de Direito que já sofreu uma guerra civil entre 1975 e 1990 que fez 150.000 mortos ?

Afinal, será uma guerra aberta contra um País vizinho ou retaliações contra uma organização armada que, desde 1982, lança ataques mortíferas contra a população de Israel ?

Ou, então, será para acabar de vez com a memória do massacre ocorrido em Sabra e Chatila quando a Milícia Libanesa e soldados de Tsahal, de mãos dadas, mataram centenas de civis Libaneses ?

Porquê Israel não quer implicar a Síria no conflito com o Hezbollah ?

Porquê Israel recusa o presença de uma força internacional, sob a égide das Nações Unidas, na fronteira com o Líbano?

Porquê ? Porquê ?

Porque, talvez, façam falta os homens livres e de bons costumes neste mundo de loucos.

Erato

Entrámos no top 100 do Blogcounter!



Vale o que vale, mas é grato saber: ontem, com os nossos 37 visitantes e 80 vistas de páginas, entrámos no Top 100 do Blogcounter, no 45.º lugar.

Para se ter uma noção, o 40.º da lista teve no dia de ontem 39 visitantes, o 30.º teve 59, o 20.º teve 75, o 10.º teve 179 e o 1.º (http://Simply-Speechless.Blogspot.com) teve... 1144 visitantes!

Só volto a tocar no assunto se e quando este blogue algum dia estiver nos trinta primeiros. Prometo!

Rui Bandeira

A Flauta Mágica


Vai ter lugar no próximo dia 4 de Agosto (sexta-feira) uma récita da famosa ópera de Wolfgang Amadeus Mozart "A Flauta Mágica". Este espectáculo, integrado no Festival de Ópera de Óbidos - 2006, ocorrerá na Cerca do Castelo de Óbidos, pelas 22 horas, e o preço do bilhete de entrada são apenas € 10,00 (isso mesmo: dez euros!).

O belíssimo cenário em que a obra será apresentada contribuirá, certamente, para uma inesquecível noite para quem for assistir.

A ópera foi escrita escrita em apenas 3 meses. Possui dois actos e o libreto é de Emmanuel Schikaneder. A sua estréia ocorreu em Viena em 30 de setembro de 1791. O libreto é uma alusão à maçonaria, e mostra os dois grandes poderes que regem as relações humanas (bem e mal) - elementos retirados daqui .

Eis um resumo do libreto, tal como Lázaro Curvêlo Chaves publicou neste sítio (ortografia adaptada para o português europeu):

“Hilfe!”, “Hilfe!”, “Hilfe!” – A ópera começa com a entrada de Pamino, esbaforido, gritando por socorro num bosque desconhecido. Antes de entendermos do que foge, esta maneira de começar a peça musical denota o estabelecimento de uma marca: vamos entrar num terreno iniciático, diferente do quotidiano regular.

Fugia de uma serpente de uma enorme serpente, pronta para devorá-lo. Acaba desfalecendo e é salvo por três Damas da Rainha o observam em segredo e correm a dar a notícia de sua chegada ao reino da Rainha da Noite. Entretanto, um caçador de pássaros, Papageno, entra em cena e, vendo a carcaça da serpente acaba assumindo a autoria da salvação diante de um atónito Tamino. Quando aquele se encontra no auge de sua fanfarronada, chegam as três Damas novamente, bem a tempo de o surpreender a mentir. Papageno é castigado e elas, na condição de porta-vozes da Rainha da Noite, dão as boas vindas a Pamino e contam a história de Pamina. A jovem e bela princesa, filha da Rainha da Noite, seqüestrada pelo perverso Sarastro, um poderoso feiticeiro, em cujo castelo a mantém cativa. Elas entregam um retrato de Pamina enviado pela própria Rainha da Noite a Tamino, que imediatamente se apaixona pela beleza da princesa.


Tamino canta uma ária em louvor à beleza de Pamina. Nisso, a Rainha da Noite, um ser sobrenatural que usa um véu negro, surge diante dele. Ela confirma a história contada por suas três Damas, fala da perda de sua filha para Sarastro e roga a Tamino que liberte sua filha das garras de Sarastro. Apaixonado, Tamino decide empreender a tarefa imediatamente. A Rainha, usando seus poderes mágicos oferece ao príncipe uma arma: uma flauta dotada também de poderes sobrenaturais. Sempre que enfrentar quaisquer perigos bastará tocar esta flauta mágica que todos os obstáculos serão vencidos. A Rainha recruta ainda Papageno para auxiliar Tamino nesta tarefa e lhe dá como arma um “glockenspiel”, um pequenino carrilhão que imita sons de sinos. Como auxiliares em sua longa jornada, ambos contarão ainda com três Génios da Floresta que os ajudarão a encontrar Sarastro e Pamina, assim como a superar dificuldades que surjam.

Saem os heróis principais, armados com seus instrumentos, guiados pelos três Génios da Floresta.


Pamina é mantida prisioneira sob a guarda de três escravos liderados pelo mouro Monostatos, serviçal de Sarastro. Monostatos deseja-a e, dominado por intensa sensualidade tenta por todos os meios seduzir Pamina. No interior do palácio, Monostatos avança mais uma vez sobre Pamina quando Papageno entra em cena. Ambos se assustam. O mouro foge da presença da estranha figura do caçador de pássaros. Pamina, aliviada do assédio de Monostatos, conversa com Papageno, que se apresenta como embaixador da Rainha da Noite – fazendo a princesa feliz – e conta os planos de sua mãe para libertá-la. Pamina fortalece suas esperanças na libertação ao saber que um jovem e belo príncipe se encontra a caminho para tirá-la das garras do poderoso Sarastro. Ignorando a real história de seu cativeiro, a real personalidade de Sarastro, seguem as orientações da Rainha da Noite, cujas intenções também ignoram. Quando pela primeira vez se encontram, por sinal, Pamina e Tamino cantam em dueto uma belíssima ode ao amor sublime entre um homem e uma mulher.


Entretanto, Tamino, guiado pela magia dos três Génios da Floresta, chega aos domínios de Sarastro. Antes de prosseguir na sua missão, recebe a recomendação de observar três virtudes essenciais: firmeza, paciência e sigilo. “Empenhe-se como verdadeiro homem e conseguirá seu objetivo”. Pamino chega a um bosque no qual se erguem três templos muito belos. Colocados lado a lado, no da esquerda está escrito “Natur” – Templo da Natureza, “Weisheit” – Templo da Sabedoria – “Vernunft” – Templo da Razão. Em dúvida sobre qual dos templos detém o ideal que busca e já partindo para o processo de tentativas, Tamino está prestes a bater à porta do Templo da Natureza quando escuta um coral que lhe barra a entrada dizendo: “Zurük” – para trás! A seguir prestes a bater à porta do Templo da Razão escuta novamente: “Zurük” - para trás! Finalmente, ao bater à porta do Templo da Sabedoria a porta abre-se e um velho sacerdote, ricamente trajado em vestes brancas e com voz suave dirige-se a Tamino: “Que o traz aqui, jovem audacioso? Que procuras neste local sagrado?” Tamino revela-
lhe as suas intenções: quer libertar a princesa Pamina das mãos do cruel feiticeiro Sarastro. O Sacerdote percebe que Tamino é movido pelo Amor mas que está mal informado acerca de Sarastro. Passa a buscar desfazer a imagem errónea que dele faz Tamino. Este insiste em saber onde a princesa se encontra, tendo por toda a resposta o silêncio. Fica aliviado ao saber, contudo, por vozes estranhas ao templo, que ela ainda vive. O sacerdote afasta-se e Tamino agora resolve tocar a Flauta Mágica, sua arma salvadora. Papageno, ao longe, ouve o som e responde-lhe com a sua flauta de caçador de pássaros. Fica imaginando se Papageno teria encontrado Pamina. Em instantes Papageno entra em cena com Pamina – livre de suas correntes –, orientado que fora pelo som da Flauta Mágica. Monostatos segue ambos, com auxílio dos escravos, e alcança-os já próximos de Tamino. Estão prestes a aprisioná-los quando Papageno se recorda de sua arma mágica, o “glockenspiel”, e toca-o. Ao som de uma dança alegre e saltitante os bandidos saem dançando, como que enfeitiçados.

Pamina, Tamino e Papageno ficam aliviados, quando um som de trombetas anuncia a chegada de Sarastro. Papageno teme por sua sorte e Pamina julga-se perdida. Afinal, acabara de fugir de Monostatos, que a mantinha cativa por ordem de Sarastro.


O séquito de Sarastro chega ao local em que se encontram. Sarastro, saudado pelo coral, entra em cena. O coral diz: “O homem sábio o aclama, o falso aprende a temê-lo. Com paciência ele nos guia para a Sabedoria e para a Luz. Pois ele é nosso líder, proclamando a rectidão.”


Monostatos conta a Sarastro a sua versão dos eventos recentes. De como aquela “estranha ave” – Papageno – o havia surpreendido e retirado Pamina de seus olhos. Sarastro compreende tudo e ordena que dêem “77 chibatadas” nos pés de Monostatos, que sai carregado por outros escravos para a sua punição.


Pamina aproxima-se do Grão Sacerdote Sarastro e confessa a sua transgressão, o seu desejo de escapar para voltar ao convívio de sua mãe. Revela ainda o assédio que vinha sofrendo por parte do mouro Monostatos. Sarastro informa compreender as suas intenções e que não poderia se interpor entre ela e seu anseio de amar. Ressalta, contudo, que não poderá, ainda, libertá-la. Revela quem de facto é sua mãe e os seus planos para destruir a fraternidade de Ísis e Osíris – propõe-se manter Pamina sob seus cuidados e os dos membros daquela fraternidade.


Papageno e Tamino percebem que tinham uma impressão equivocada sobre Sarastro, impressão neles inculcada pela Rainha da Noite, e agora, admirados com Sarastro e a irmandade de Ísis e Osíris manifestam sua vontade de também serem membros. Sarastro informa-os que, nesse caso, deverão passar por um julgamento e uma série de provas a fim de que sejam aceites. Têm início os preparativos para a Iniciação de Tamino e de Papageno que, com a cabeça recoberta por espessa venda, saem de cena.


Chegamos ao final do I Acto.


O II Acto começa num bosque com desenhos estranhos e uma pirâmide truncada ao fundo. Dezoito sacerdotes posicionam-se em três pontos da cena, à esquerda, à direita e ao fundo. Sarastro, de pé ao centro, abre a reunião anunciando: “Iniciaremos neste Templo da Sabedoria, servos de Ísis e Osíris. Com alma pura, declaro a todos vós que esta assembléia é uma das mais importantes do nosso Templo. Tamino, filho de um rei, vinte anos de idade, está à porta de nosso Templo.” Três dos sacerdotes se levantam, um de cada vez. O primeiro questiona: “Ele é virtuoso?” pergunta o primeiro. “Ele é discreto?” pergunta o segundo. “É um homem caridoso?” pergunta o terceiro. Sarastro responde afirmativamente a todas as questões e pergunta se todos concordam com a iniciação, devendo manifestar-se erguendo uma das mãos. O grupo de sacerdotes que se encontra à esquerda fá-lo e mantém-se assim enquanto a orquestra entoa uma nota constante. A seguir, o mesmo para o grupo que está à direita e, finalmente, o grupo que está ao fundo, pontuados por uma mesma nota cada, totalizando três toques. Sarastro encerra a reunião cantando uma ária em que invoca a proteção de Ísis e Osíris.


Os dois iniciandos estão prontos para o cerimonial. Este tem início com Tamino e Papageno conduzidos por um sacerdote cada um, no átrio do Templo. Desvendado, Tamino reafirma sua intenção de galgar a sabedoria e ter como recompensa o amor de Pamina. Quando questionado pelo Orador, emite respostas simples, firmes e diretas. Papageno contudo, questionado pelo sacerdote, manifesta-se apenas ansioso pelos prazeres da vida: “comer, dormir e beber. Isto é bastante para mim. Se possível, ter uma bela esposa.” O Orador dá a palavra final: aconteça o que acontecer daqui para frente ambos terão de manter silêncio absoluto. Se violarem esta ordem estarão perdidos. Orador e Sacerdote previnem ambos quanto às malévolas tentações femininas. Logo que estes saem, deixando os dois sozinhos com suas meditações, entram as três Damas da Rainha da Noite que advertem os dois sobre o perigo que correm se permanecerem naquele lugar. “Tamino, certamente a morte aguarda-o. Papageno, você está perdido para sempre.” Apavorado, Papageno começa a tagarelar e é por várias vezes repreendido por Tamino que lhe faz recordar o que ambos prometeram aos sacerdotes. Diante das três Damas, Tamino mantém silêncio e elas saem. A prova termina com os sacerdotes entrando em cena e informando que Tamino vencera aquela etapa.


Na cena seguinte, vemos Pamina a ser preparada para a sua Iniciação. Pamina está adormecida no jardim do palácio de Sarastro. Monostatos surge para mais uma vez tentar seduzir a jovem. Canta a sua paixão pela beleza da princesa. A Rainha da Noite surge no meio de trovões, fazendo Monostatos esconder-se, amedrontado. Ao perguntar a Pamina sobre o destino do jovem que ela lhe havia enviado, a filha retruca que este será iniciado na fraternidade de Ísis e Osíris. Percebendo a gravidade da situação a Rainha, sabedora de que Pamina também está enredada pela fraternidade dos iniciados, entoa a magnífica “Ária da Vingança”, um desafio para a soprano que o interpreta. Extravasa toda a sua cólera contra Sarastro e seus seguidores. Entrega um punhal à filha com a recomendação de que assassine o seu inimigo mortal. A Rainha da Noite desaparece tão misteriosamente como havia surgido. Monostatos, que se ocultara diante da aparição da Rainha, reaparece e toma o punhal das mãos da princesa, ameaçando-a caso não se entregasse a seu apetite sensual. Exactamente no momento em que ele tenta possuir a jovem, Sarastro entra em cena, compreende o que se passa e repreende Monostatos. Este sai, ficando Sarastro e Pamina a sós. Este revela a Pamina que já conhecia os planos de vingança da Rainha da Noite contra ele e a fraternidade de Ísis e Osíris. De sua parte, numa bela ária, Sarastro mostra quais são as armas de que dispõe para derrotar a Rainha:


“Em nosso sagrado templo,

A vingança é desconhecida,

E aqueles que se desviam do dever

O caminho é-lhes mostrado com amor

Com ternura são levados pela mão fraterna

Até encontrarem, com alegria, um lugar melhor

Dentro de nossa sagrada maçonaria,

Por laços de amor estamos unidos

Cada um perdoa o seu próximo

Aqui não há traição

E aqueles que desprezam este nobre plano

Não merecem ser chamados de homem.”

Com esta ária, de forma serena e firme, Sarastro ressalta a diferença entre o que a Rainha da Noite diz e o que a fraternidade de Ísis e Osíris realmente representa. Pamina conhece agora a face da verdade: a crueldade e os propósitos de vingança da Rainha da Noite estão em vivo contraste com a serenidade e o equilíbrio, temperados com o mais sincero amor fraternal revelados por Sarastro. Aqui se encontra o clímax da ópera, a universal confrontação da Luz contra as Trevas.

Na próxima cena, Tamino e Papageno prosseguem em suas provas. Ambos devem continuar guardando o mais absoluto silêncio, conforme recomendação do Orador e do Sacerdote. Para Papageno um teste estranho: surge a seu lado uma mulher muito velha coberta por um capuz e uma longa capa, ocultando sua face e suas formas. Puxando conversa com ele, revela que tem dezoito anos e que seu namorado se chama Papageno. Vai revelar o seu nome quando desaparece num alçapão. Espantado, este puxa conversa com Tamino, que sucessivas vezes o repreende. Tamino será submetido à prova ainda mais difícil: Pamina entra em cena e dirige-lhe palavras de amor, mas ele está impedido, por seu juramento de silêncio, de dirigir-lhe a palavra. Ambos sofrem muito com esta situação. Tamino desejaria falar-lhe, mas está impedido. Pamina julga, desconcertada, que Tamino lhe renega seu amor. Chorando convulsivamente, deixa a cena com Tamino sofrendo muito pela dor que, involuntariamente, impôs à princesa.

Seguem as provas. Agora, no interior do Templo, Sarastro e outros sacerdotes entoam um coral em louvor a Ísis e Osíris. Tamino e Pamina são trazidos à sua presença. Faz-se silêncio em toda a assembléia. Sarastro previne a ambos que ainda deverão se submeter a outras provas. O casal deve despedir-se com um adeus pois agora o príncipe deve submeter-se à prova final – e seu futuro é incerto. Papageno também entra em cena e o sacerdote que o acompanha diz-lhe que, embora não tenha sido bem sucedido na prova anterior, os deuses estavam dispostos a satisfazer-lhe um desejo. Ele pede um copo de vinho. A seguir recorda-se e, numa alegre ária, Papageno canta seu maior anseio: que lhe seja concedida uma bem-amada, tão ansiosamente aguardada. A mesma velha de antes surge e informa que ele tem duas alternativas: casar-se com ela ou morrer. Ele decide-se a aceitá-la e, como por encanto, ela transforma-se numa jovem linda, a Papagena. Papageno corre a abraçá-la e é contido pelo sacerdote que o adverte: “Afaste-se, jovem! Ainda não tem este direito!” E sai com a bela jovem, deixando Papageno só e desolado.

Pamina, por sua vez, encontra-se num aprazível jardim envolvida por pensamentos melancólicos. Não tem certeza do amor de Tamino e, sentindo-se abandonada, pensa em suicidar-se utilizando o punhal que a mãe lhe dera. Surgem os três Génios da Floresta, que buscam dissuadi-la daqueles maus pensamentos com a revelação de que Tamino está a submeter-se a provas, a fim de se unir a ela. Recomendam que Pamina os siga e verá Tamino em sua prova final.

Tamino está próximo do Templo, onde se vêem duas cavernas – uma de cada lado do palco – com um portão gradeado. No centro, uma escada conduz a uma porta onde estão postados dois guardas armados. Os guardas cantam em dueto:

“Aquele que andar

Por estes caminhos

Cheios de dificuldades,

Terá de passar pelas provas

Do fogo, da água, do ar e da terra

E, se vencer

O temor da morte

Como que deixará a terra

Em direção ao brilho do céu.

Iluminados, coração e mente,

Empenhar-se-ão pelo direito

E no sagrado rito de Ísis

Encontrarão a verdadeira luz.”

Os dois guardas, avisando-o dos perigos, exortam à coragem de Tamino e Pamina no início destas provas. Tamino segue firme em seu propósito e informa que nenhuma ameaça pode amedrontá-lo.

Tamino prepara-se para enfrentar a primeira prova, a prova do fogo. Pamina aproxima -se dele para participar também desta prova. Ambos entram na caverna por onde saem labaredas de fogo. Tamino, tocando a Flauta Mágica, passeia com desenvoltura em companhia de Pamina, pelas chamas que vão desaparecendo. A seguir atravessam por uma torrente de águas, como de uma grande catarata, sem que nada lhes aconteça, graças ao mágico som da Flauta. Ao retornarem vitoriosos são saudados por um coral de sacerdotes, Sarastro à frente, que se rejubilam com os iniciandos.

Próximo dali, Papageno ainda está atormentado, desconsolado sem a sua sonhada bem-amada. Canta com saudade e diz, diante de uma forca, que contará só até três para que Papagena reapareça. Papageno está prestes a suicidar-se quando surgem os três Génios da Floresta que o exortam a tocar o seu “glockenspiel” e assim fazer com que Papagena volte. Ele recorda-se do seu instrumento mágico, toca-o e Papagena surge magicamente, tendo início o delicioso dueto “Papagena-Papageno.”

Na cena final vemos a chegada da Rainha da Noite, das três Damas e de Monostatos, que havia passado para o lado da Rainha a fim de, usufruindo de seus poderes mágicos, chegar a seu intento: seduzir Pamina. A Rainha, ensandecida ao ver Pamina e Tamino agora iniciados e membros da fraternidade que odiava, tenta invadir os domínios dos iniciados para derrotá-los definitivamente. Chegam no meio de densa treva, trazendo tochas. Nesse instante, tem lugar uma grande tempestade, com raios e trovões, que obriga os invasores a dispersarem. A noite vai aos poucos dando lugar à aurora. O sol surge e o ambiente ganha cada vez mais luz. Sarastro, o Grande Sacerdote, surge cercado pelos irmãos e sacerdotes e canta:

“A glória do dourado Sol,

Conquistou a noite.

O falso mundo das trevas

Conhece agora o poder da luz.”

Um majestoso coral encerra a ópera com louvores a Ísis e Osíris e aos iniciados:

“Salve, novos iluminados!

Passastes pela noite

Louvamos a ti, Osíris.

Louvamos a ti, Ísis.

Pela força são vitoriosos

São dignos da coroa

A beleza e a sabedoria

Haverão de iluminá-los como o Sol.”

Rui Bandeira




18 julho 2006

“O cancro é um produto da nossa capacidade evolutiva.”


Editor António Coxito
Produção Ricardo Melo
Publicado em "De Frente"

MANUEL TEIXEIRA
Nasceu no Porto em 1967. Licenciou-se em Medicina em 1992 pela Universidade do Porto e doutorou-se em Medicina (Genética Médica) pela Universidade de Oslo em 1997. Depois de vários anos de actividade científica na Escandinávia (no Odense University Hospital na Dinamarca e no Institute for Cancer Research do Norwegian Radium Hospital na Noruega), ingressa como investigador no Instituto Português de Oncologia do Porto em 2001. É Director do Serviço de Genética e do Centro de Investigação do IPO-Porto e Professor Convidado do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. É autor de mais de 70 publicações internacionais sujeitas a peritagem científica na área da genética do cancro.Coordenou a equipa de investigadores do IPO do Porto que descobriu o gene responsável pela leucemia mielóide.



A causa do cancro é essencialmente genética ou comportamental/ ambiental?
A nível celular todos os cancros têm provavelmente origem genética, uma vez que resultam de alterações do material genético, ou seja, de mutações. A causa dessas mutações é que pode variar, podendo resultar de um aumento de exposição a agentes mutagéneos ou de um defeito da reparação das lesões do DNA que ocorrem constantemente. Os agentes ambientais causais podem ser físicos (por exemplo, radiação ultra-violeta), químicos (por exemplo, fumo do tabaco) ou biológicos (por exemplo, o vírus HPV). Por outro lado, mutações germinativas em genes envolvidos na reparação de lesões do DNA causam várias síndromes caracterizadas por predisposição hereditária para cancro. Por exemplo, mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2 (que participam na reparação de quebras de cadeia dupla do DNA) causam cancro hereditário da mama, enquanto que mutações nos genes MLH1 ou MLH2 (que participam na reparação de erros de emparelhamento do DNA) causam cancro colo-rectal hereditário. Em geral, só cerca de 5% dos cancros mais comuns têm uma origem genética, enquanto que a maioria das neoplasias são esporádicas. É importante realçar que o cancro é um produto da nossa capacidade evolutiva, já que esta depende da existência de uma instabilidade genética basal. O nosso metabolismo normal produz radicais de oxigénio causadores de lesões do DNA que, se atingirem genes importantes e não forem reparadas, podem dar origem a uma neoplasia.

Para quando a erradicação precoce da leucemia?
Houve grandes avanços no tratamento da leucemia nos últimos anos. No entanto, é importante salientar que leucemia não é uma única doença mas sim dezenas de doenças diferentes, cada uma com uma base biológica distinta. Várias leucemias agudas têm taxas de cura de 80-90%, especialmente em crianças, enquanto outras apresentam pior prognóstico. Uma boa parte dos avanços no tratamento deve-se ao tratamento diferenciado conforme os grupos de prognóstico em parte definidos pelas alterações genéticas das células leucémicas. Por outro lado, há já tipos de leucemias que são tratadas com as novas drogas dirigidas a alvos moleculares específicos (as chamadas drogas inteligentes). Por exemplo, a leucemia mielóide crónica é agora tratada com uma taxa de sucesso de 95% com uma molécula que inibe selectivamente a proteína de fusão BCR-ABL que causa a doença e que resulta de uma translocação cromossómica entre os cromossomas 9 e 22. No futuro, cada vez mais haverá tratamentos específicos dirigidos à alteração molecular que está subjacente à neoplasia em causa, em vez de uma quimioterapia inespecífica que causa mais efeitos laterais por afectar também as células normais.

O que leva à fusão do Septina 2 do cromossoma 2 com o MLL do cromossoma 11?
O que origina a fusão dos genes SEPT2 e MLL é uma translocação cromossómica, que mais não é do que uma troca de fragmentos entre dois cromossomas após a ocorrência de quebras das cadeias de DNA. Neste caso, as quebras das moléculas de DNA ocorrem nestes dois genes, dando origem a um novo gene de fusão chamado SEPT2-MLL. Este gene de fusão passa a codificar uma proteína híbrida que vai causar a leucemia por ter propriedades alteradas que afectam a proliferação celular, a morte celular programada e/ou a diferenciação celular.

Qual o processo utilizado para encontrar o "par" do MLL?
Foi necessária a combinação de várias metodologias. Tudo começou pela detecção da translocação entre os cromossomas 2 e 11 por análise citogenética clássica. Como o ponto de quebra no cromossoma 11 sugeria que o gene MLL estivesse envolvido, fomos confirmá-lo por hibridação fluorescente in situ com uma sonda específica para aquele gene. Confirmado o envolvimento do gene MLL e sabendo que este gene habitualmente se funde com um outro para criar um gene de fusão, faltava encontrar o gene parceiro localizado no cromossoma 2. Esta foi a tarefa mais árdua pois havia dezenas de genes localizados na zona afectada do cromossoma 2. Depois de avaliar a função dos genes candidatos, foram seleccionados para estudo aqueles que, em termos teóricos, se poderiam fundir com o gene MLL para causar uma leucemia aguda. Usando a técnica da reacção em cadeia da polimerase para estudar o RNA, foi finalmente detectado um gene de fusão entre o MLL e o SEPT2. Que este gene híbrido é constituído por sequências nucleotídicas do MLL e do SEPT2 foi posteriormente confirmado por sequenciação automática.
No caso de detecção desta alteração cromossómica, em que consiste o seu tratamento?
O tratamento deste tipo de leucemia consiste em quimioterapia de alta dose e eventualmente transplante de medula óssea. A leucemia mielóide aguda com envolvimento do gene MLL está associada a uma probabilidade de sobrevivência aos 5 anos de cerca de 20%, enquanto que há outro tipo de leucemia mielóide aguda com alterações genéticas de bom prognóstico que apresenta uma sobrevivência de 85%. O grande desafio é descobrir novas modalidades terapêuticas que permitam tratar melhor o tipo de leucemia para o qual a terapia actual é menos eficaz.

JPSetúbal

Cada macaco no seu galho!

Está em voga na nossa imprensa a publicação de citações de frases ditas ou escritas por figuras mais ou menos públicas, mais ou menos conhecidas e publicadas na concorrência.

Trata-se normalmente de secções ligeiras e daí não vem mal ao Mundo, até porque, mesmo nas publicações mais sérias, espaços mais descontraídos também têm o seu lugar.

Na "Visão" n.º 696, de 13/7/06, p. 28, secção “Os outros”, deparei com uma dessas citações, atribuída a "Rui Santos, comentador desportivo", um jornalista - e, pelos vistos, agora também "comentador" - desportivo que, desde há vários anos, trabalha num conhecido jornal da especialidade.

Reza assim essa citação:

Se hoje houvesse um referendo entre a liderança de Sócrates e a de Scolari, os portugueses votariam Scolari.

Com todo o respeito, só por blague posso entender esta frase...

Independentemente do que se pense da actuação de Sócrates (o José, não o filósofo grego), não há comparação possível entre o trabalho de um primeiro ministro e o de um seleccionador e treinador de futebol, por muito bom que este seja ou por muito bons resultados que este obtenha.

Eu bem sei que está na moda denegrir a política e os políticos, mas, quand même, dirigir um País ainda tem uma dimensão e uma responsabilidade diferentes de dirigir um, ainda que talentoso, ainda que bem sucedido, grupo de profissionais do pontapé na bola!

Pessoalmente, até penso que Sócrates (o José) tem feito o que é preciso fazer, designadamente quanto à indispensável cura de emagrecimento do Estado. Uns pensarão que ainda deveria fazer mais e mais depressa, outros porventura entenderão que, pelo contrário, deveria fazer menos ou, pelo menos, não tão depressa. Isso faz parte da discussão política. Cada um que pense o que quiser.

Agora, tratar no mesmo plano responsabilidades que pertencem, manifestamente, a planos diferentes é que penso não ser correcto.

Assim, o meu comentário à blague citada só poderá ser que nunca votaria em Scolari para primeiro ministro e que também nunca votaria em Sócrates (nem o José, nem o filósofo...) para seleccionador nacional de futebol!

Rui Bandeira

17 julho 2006

Um pouco de estatistica

Faz hoje 8 dias ( 8 x 24h) que o contador começou a funcionar.

Acreditemos que de facto o dito só regista uma entrada por cada IP por dia.

Desta forma temos que os 3 mais assiduos escritores vêm ao blogue diariamente e como usam a maquina que têm no escritorio e a que têm em casa ( mesmo que seja a mesma o IP é diferente) cada um deles conta por 2.

Assim 3 escritores x 2 IP x 8 dias = 48 visitas.

Como há mais 2 escritores menos assiduos , e imagino que eles virao pelo menos uma vez por dia temos que

2 escritores x 1 IP x 8 dias = 16 visitas

Ficamos assim com um total de 64 visitas identificaveis.

O contador regista 160 o que quer dizer que sobram 96 visitas de terceiros não identificaveis, o que dá a brilhante media de 12 visitas por dia.

Não sei se é bom ou mau é o que é !!!!!

AH ! a proposito de visitas - Caro visitante já foi hoje ao site da Ajuda de Berço clicar o seu donativo ? o Link está aqui mesmo nesta página !!!

Abraços

JoseSR

Dois pesos Duas medidas

Volto ao tema do meu ultimo post.
Desta vez eu não vou escrever nem comentar, trago apenas excertos de intervenções de 2 politicos importantes deste mundo.

Os excertos foram copiados das paginas oficiais do Eliseu e de Downing Street para os mais antigos e correspondem a Declaraçoes ou discursos feitos nas datas indicadas.
Os mais recentes foram copiados de noticias publicadas na internet no portal Yahoo.

Os textos vão nas linguas originais em que foram proferidos os discursos ou intervenções.


11/9/2002 – 1 ano após – Jacques Chirac
"...
Je veux dire à chacune et chacun d'entre vous, et, à travers vous, à tous vos compatriotes, l'amitié, la fidélité, la solidarité de la France. Notre volonté de lutter contre le terrorisme international, et de combattre sans relâche la barbarie et les forces de haine..."

11/3/2004 – Jacques Chirac
"...
La France condamne, bien sûr, sans appel ces actes de terrorisme et exprime sa solidarité avec l'Espagne pour lutter contre cet abominable fléau. Rien, rien, ne justifie jamais la barbarie. Les démocraties doivent être et seront unies pour la combattre sans faiblesse. ..."

7/7/2005 - Jacques Chirac
"...
Ces actes sont inqualifiables. Ce mépris à l'égard de la vie humaine est quelque chose que nous devons combattre avec une fermeté sans cesse accrue et toujours plus solidaire entre les grandes nations du monde contre celles et ceux qui les commettent. ..."

17/7/2006 – Jacques Chirac - noticia retirada do portal Yahoo France
"...

Il a appelé à l'arrêt des bombardements israéliens au Liban et des tirs de roquette du Hezbollah contre Israël, comportements "à la fois violents et aberrants" ayant des conséquences "dramatiques" sur la population libanaise. ..."


11/9/2001 – Tony Blair
"...
As I said earlier, this mass terrorism is the new evil in our world. The people who perpetrate it have no regard whatever for the sanctity or value of human life, and we the democracies of the world, must come together to defeat it and eradicate it. This is not a battle between the United States of America and terrorism, but between the free and democratic world and terrorism. We, therefore, here in Britain stand shoulder to shoulder with our American friends in this hour of tragedy, and we, like them, will not rest until this evil is driven from our world. ..."


7/7/2005 - Tony Blair
"...
It is through terrorism that the people that have committed this terrible act express their values, and it is right at this moment that we demonstrate ours. I think we all know what they are trying to do - they are trying to use the slaughter of innocent people to cower us, to frighten us out of doing the things that we want to do, of trying to stop us going about our business as normal, as we are entitled to do, and they should not, and they must not, succeed.
When they try to intimidate us, we will not be intimidated. When they seek to change our country or our way of life by these methods, we will not be changed. When they try to divide our people or weaken our resolve, we will not be divided and our resolve will hold firm. We will show, by our spirit and dignity, and by our quiet but true strength that there is in the British people, that our values will long outlast theirs. The purpose of terrorism is just that, it is to terrorise people, and we will not be terrorised. ..."

17/7/2006 – Tony Blair - noticia retirada do portal Yahoo UK & Ireland
"...
But this morning Mr Blair went further, telling reporters: "The only way we are going to have a cessation of violence is if we have an international force deployed into that area." ..."


Tal como disse nao preciso sequer de comentar, porque como todos sabemos o Hezbollah e o Hamas ainda não são organizaçoes terroristas porque ainda não atacaram nenhum país soberano para além de Israel.



JoseSR

O Mendigo 6ª feira

Um pequeníssimo momento para pensar Mia Couto.

O mendigo Sexta-Feira jogando no Mundial"(...)

O que me inveja não são esses jovens, esses fintabolistas, todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas.
A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras pára perante a dor falsa de um futebolista.
As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me atender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros.
Se a vida fosse um relvado, quantos penalties eu já tinha marcado contra o destino? (...)"

(Mia Couto, in O fio das Missangas)

JPSetúbal

16 julho 2006

Vamos ao "ARRAIAL" na 6ªfeira, dia 21 ?


Pois eu penso que ninguém pode recusar este convite !
A CERCIAMA (CERCI da Amadora) conta connosco (conta com todos) para esta festa e as 100 Crianças (algumas com 40 e tal anos...) que lá estão anseiam por verem reconhecida a qualidade dos trabalhos que fazem e que nessa oportunidade são postos à vista de todos os Amigos que os visitam.
As solicitações, infelizmente, são muitas e as condições do espaço existente, ainda que exemplar, são insuficientes para satisfação de novos pedidos de apoio.
É preciso meter mãos à obra para o arranque e concretização final da expansão das instalações da Cerciama.
O espaço está lá dísponivel, a necessidade também, só falta o resto, que são os meios ($/€) para fazer avançar a construção.
Na próxima 6ªfeira, entre as 20 e as 24 horas, vamos à Amadora, à R. Mestre Roque Gameiro 12, comer uma sardinha, um caldo verde e dar uma ajuda àqueles míudos maravilhosos e a uma organização que merece o esforço e o respeito de todos nós que nos dizemos "normais", para felicidade nossa...

JPSetúbal

Hipocrisia ou Falta de Coragem ?

Aqui vou eu embalado para mais um assunto polémico. Mas não tenho mais paciencia para os Média e sobretudo para os governantes deste Mundo.

Bradam que as retaliaçoes de Israel contra o Hezbollah e o Hamas são desproprocionadas e estão a causar a morte de civis.

Esquecem-se que nos Ultimos anos foram ao Afeganistão, ao Iraque. à Chechenia, aos Bascos, ao IRA, passando pelo Sendero Luminoso e pelas Forças de Libertaçao da Colombia, e isto para nao esquecer o Panamá, Granada, Nicaragua, Etiopia, Sudão, Iemen, etc.

Esquecem-se os governos e especialmente os Media que Terroristas não são militares são civis ( vide definição em http://en.wikipedia.org/wiki/Terrorist ) e que consequentemente quando um terrorista morre temos uma baixa CIVIL.

Fundamental nao confundir terrorismo com Guerrilha, pois estes ultimos sao forças militares que usam um metodo de combate a outras forças militares. Quanto aos terroristas não são militares e atacam preferencialmente alvos CIVIS.

Voltando ao tema.

Uso desproporcionado de força ? Qual o critério de mensuração? Se o meu inimigo me atirar com 1 rocket e eu responder com 10 é desproporcionado ? e se ele atirar 200 e puser 3 bombas, e raptar 2 soldados e ainda usar misseis de fabrico Iraniano e eu responder com Bombardeamentos selectivos a alvos perfeitamente identificados, mesmo que para isso use 2000 Rockets e 500 Misseis será desproporcionado ?

Desproporcionado seria, em meu entender, bombardeamentos massivos que atinjam tudo o que encontrem num determinado raio.

Barragens de fogo de artilharia a eito, e sem a preocupação de atingir apenas pontes, estradas e outras infraestruras.


É verdade que morrem mulheres e crianças. E Porquê ?

Se estas vitimas forem do lado de Israel, não se vai saber quantas pois o Estado proteje as familias, mas morreram porque estavam nos seus lugares de trabalho ou nos infantarios que foram deliberadamente bombardeados.

Se estas Vitimas forem do lado Hezbollah ou Hamas, provavelmente estavam a servir de escudos humanos, pois estas organizaçoes escolhem bairros residenciais para aí colocarem as suas bases. Por outro lado usam as imagens para Marketing.

O que Israel está a fazer é o exercico de um direito a fronteiras seguras defendo-se de grupos terroristas cujo unico objectivo é a guerra contra Israel.
è necessario perceber que Israel retirou unilateralmente de Gaza e do Sul do LIbano, e que as instancias internacionais apoiaram e ficaram muito contentes. Retirou porque pensou, e lhe deram garantias, que as fronteiras seriam seguras.

Pois esses mesmos " GArantidores " são hoje os que bradam pela retirada imediata.

Só posso concluir uma coisa. Ou são hipocritas ou lhes falta coragem, pois quando lhes convém garantem a segurança ( dizem eles) e quando essa segurança é deliberadamente violada pelos agressores terroristas, bradam que Israel é impedioso.

E porquê ? Porque na generalidade dos casos temem os países arabes e o seu petroleo, temem aquilo que já não se fala mas que existe e que é o Embargo Comercial Arabe que consiste em banir dos mercados Muçulmanos os produtos dos países que apoem Israel.

Mas para além do mais temem represalias terroristas nos seus territorios. Por que nesse caso teriam que fazer a mesma coisa que Israel, mas com excepção dos USA, falta-lhes coragem para isso.

Terrorismo hoje é uma ameaça global, mas continua a ter dois pesos e duas medidas.

Se o alvo for um país ocidental as represalias chamam-se " Combate ao Terrorismo Internacional"

Se o alvo for Israel as represalias chamam-se " Assassinato, Uso desproporcionado de Força, terrorismo de estado, etc ".

E por aqui me fico hoje, com a certeza que voltarei a este tema pelos tempos mais proximos.

JoseSR

15 julho 2006

Feira mundial do livro electrónico.


Se o conhecimento não ocupa espaço, a cultura (ou algumas formas da expressão cultural) também não ... e cada vez menos! Por isso, deixo aqui esta pequena notícia para os amantes do livro.

Encontra-se a decorrer a Feira Mundial do Livro Electrónico.
Nesta feira é possível aceder a centenas de milhares de livros em formato electrónico, em mais de 100 línguas, podendo os interessados realizar o download gratuito das obras que lhe interessam até ao próximo dia 4 de Agosto.

Esta iniciativa assinala o 35º aniversário da colocação do primeiro eBook online, pelo fundador do Projecto Gutenberg, Michael Hart, a 4 de Julho de 1971.

É possivel encontrar obras de vários autores portugueses como Luís Vaz de Camões, Camilo Castelo Branco, Eça de Queiroz, Ramalho Ortigão, Florbela Espanca, Cesário Verde, António Nobre, Júlio Dinis, Almeida Garrett e Fernão Lopes.

A feira mundial do livro electrónico encontra-se no site: http://worldebookfair.com/

Boa leitura!

Fernão de Magalhães



14 julho 2006

26 de Fevereiro de 1943

No 10 de Junho trouxe ao “A-PARTIR-PEDRA” um pedaço da História de Portugal, pedaço esse que só não está esquecido, apenas porque é desconhecido.
Como muitos e muitos outros !!!
Na altura indiquei que voltaria com o resto desse pedaço de História no momento próprio.
É hoje, 14 de Julho.

Estes momentos da História de Portugal são capítulos exclusivos das “histórias de Portugal” de cada um de nós, e neste caso concreto é um capítulo da “minha História de Portugal”.
É um óbvio entendimento egoísta, mas Portugal foi feito com milhares de capítulos destes, desconhecidos de todos, e entendo que seria bom, e principalmente inteiramente justo para os intervenientes, que todos pudessem ter acesso à história de acontecimentos como este.

Este Heroi Nacional faria hoje, 14 de Julho, 97 anos se ...

26 de Fevereiro de 1943
Extracto do Livro de Ordens de Sua Ex. o Comandante,
a bordo do “NRP LIMA”, em S.Miguel, Açores.


Sua Ex. o Comandate determina e manda publicar o seguinte:

Ordem nº 62 –

Louvor: Depois de terminadas as duas viagens ultimamente realizadas pelo contra-tropedeiro Lima, uma de Lisboa a Ponta Delgada de 15 a 17 de Janeiro de 1943, durante a qual sofremos um violento, embora curto temporal, outra de 26 a 31 do mesmo mês, em serviço de busca e recolha de náufragos de navios afundados a mais de 300 milhas para sudoeste de S. Miguel, missão que acabou também por um regresso tormentoso, quero transmitir a toda a guarnição as boas impressões que no meu espírito se sintetizaram e também manifestar-lhe:

1º - Admiração quase ilimitada pelas magníficas provas de resistência e estabilidade que este navio exuberantemente evidenciou, quer correndo com o mar tempestuoso suportando balanços que atingiram 67º, quer quando varrido pela vaga, perdida uma embarcação e arrombadas outras, retorcidos muitos balaústres e ferros de toldo, arrancados das suas cravações sarilhos de espias e cofres de munições, torcidos os turcos e com numerosas avarias em toda a parte, quer ainda aguentando-se bem desafrontado do mar durante capas rigorosas e mesmo quando atravessado durante a noite, em consequência das suas máquinas estarem imobilizadas durante cerca de uma hora. Este conjunto de circunstâncias adversas, não sendo vulgar verificar-se, não teve assim, felizmente, outro efeito do que arreigar-nos ainda mais a enorme confiança que nas qualidades deste navio já depositavamos.

2º - Plena satisfação pelo êxito da missão, que excedeu tudo o que esperavamos pois que, tendo partido em busca de náufragos do afundado navio “City of Flint”, pudemos não só salvar 3 das suas 4 partes, ou sejam 48, como ainda encontrar e recolher os 71 sobreviventes que andavam no mar e tinham pertencido ao navio mercante americano “Julia Ward Howe”. Não só estes salvamentos em si, como também a maneira cuidadosa e cheia de carinho com que os náufragos foram tratados a bordo, levam-nos a crer que algum importante e invulgar serviço tivemos a sorte de prestar ao nosso país, acreditando-o como defensor e praticante dos mais elevados sentimentos humanitários e impondo-o à consideração e respeito de todo o mundo.

3º - O maior apreço pelas qualidades marinheiras que a guarnição demonstrou em todas as emergências das 2 viagens, levando o cumprimento do dever ainda mais além do que é usual esperar-se, surgindo sempre nos locais do perigo ou onde o seu esforço era necessário, trabalhando com disciplina e serenidade, executando as ordens com confiança, facto este que profundamente me anima e desvanece. Ao sangue frio e coragem do pessoal se deve não ter havido mais e maiores avarias e muitas delas terem sido prontamente reparadas. Por todas estas honrosas razões são de louvar todos os componentes desta guarnição que no seu conjunto se mostrou admirável e digna das tradições da nossa marinha. A todos eles, quase um a um, caberia um louvor. Mas como nem quando, felizmente, se tem um elevado nível médio destes, se deve deixar de olhar especialmente para aqueles que melhor se evidenciaram, seja porque de facto possuem mais vincadas qualidades, ou porque nos momentos próprios se lhes ofereceu oportunidade de actuar, poderá parecer que todos os outros foram esquecidos, o que não é assim, como se disse. Por isso individualmente:
Louvo o 1º artilheiro nº 4933, Mário Calvário Setúbal por, no dia 30.01.1943, a bordo do contra-tropedeiro Lima, ter mostrado excepcional competência, desembaraço e serenidade como marinheiro do leme nas mais dificeis condições de governo, a alta velocidade e muito mar da alheta e ainda por ter desempenhado com o maior cuidado o serviço de vigilância sendo o primeiro a avistar uma das embarcações dos náufragos recolhidos a 28 de Janeiro.

A bordo do C/T Lima, em S.Miguel , 26 de Fevereiro de 1943
O Comandante
Manuel Maria Sarmento Rodrigues
Capitão-Tenente
JPSetúbal

13 julho 2006

Mais um selo de temática maçónica

Já a 23 de Junho, no texto "Uma prancha (filatélica) maçónica", tinha dado conta de uma bela emissão de selos pelos Correios austríacos, sobre o tema Mozart e a Maçonaria.

Não se tratou de iniciativa isolada. Os mesmos Correios austríacos emitiram, em 6 de Abril último, um belíssimo selo , representando a recepção de Mozart numa Loja Maçónica que visitou, em funcionamento no Castelo Rosenau (na Áustria, está claro!).

Este selo é vendido para coleccionadores integrado numa pagela, contendo a imagem completa da Loja em sessão, estando nela inserido o selo com o pormenor da recepção a Mozart.

Esta pagela contém ainda um texto muito informativo sobre as circunstâncias da visita de Mozart a esta Loja, o Castelo Rosenau e os primórdios da Maçonaria na Áustria. Infelizmente, como seria de esperar, este texto está em alemão, pelo que só quem entenda a língua de Goethe (ou quem se aventurar a utilizar um tradutor instantâneo, dos que há por aí na Net, neste caso, com direito a alguns disparates...) poderá apreciar o seu conteúdo.

A aquisição desta peça filatélica custa... um euro!

Os Correios austríacos disponibilizam ainda, não um, mas dois sobrescritos com o carmbo de 1.º dia de circulação. O sobrescrito é igual, variam os carimbos, embora ambos datados de 6/4/2006. Ambos os carimbos são, naturalmente, de temática maçónica.












O custo de cada sobrescrito com o carimbo de 1.º dia de circulação é de € 1,45.

Mais informações e detalhes aqui .

Rui Bandeira

12 julho 2006

Mais uma curiosidade

ao navegar na net em busca de informaçao para um proximo trabalho - dito prancha - a apresentar por estes dias dei com o seguinte endereço.

http://transgression.blog.lemonde.fr/transgression

e reconheci imediatamente o modelo.

JoseSR

Que Impere o Bom Senso na Opel da Azambuja



Parafraseando "faço dele as minhas palavras" ainda à uns dias falava sobre esse assunto com uns amigos e chegamos precisamente a essa conclusão, para quem entende um pouco de multinacionais, não é assim que se mostra força. Essa força está na capacidade de provar que somos melhores e fazemos melhor, como a Autoeuropa fez, que segundo consta tem varios prémios de produtividade e a montagem de linhas mais rápida. Á que provar que pode ser um erro deslocalizar, mas isso não se consegue com este tipo de atitudes. Acho que os sindicatos são essenciais, mas para liderar processos por forma a conseguirem o melhor para os trabalhadores e isso pode passar por acordos em que haja alguns pequenos sacrificios para não por em causa familias destroçadas directa e indirectamente, para além do País.
Não se pode ter uma visão só dos beneficios e direitos mas olharmos para o deveres. E é um dever dos sindicatos e trabalhadores procurarem soluções e lutarem por elas, mas de forma construtiva e não destrutiva. Todos tem a sua função e devem se produzir ajustamentos em determinados periodos para o bem de todos, e isso, por enquanto a Autoeuropa ao que parece tem sido exemplo.
Esperemos que o bom senso e alguma flexibilidade de todos os intervenientes impere porque se assim for os valores materiais podem ser atingidos para a continuidade. O fecho será o pior dos males.

PauloFR

Opel na Azambuja - a proposito da saída

Nao vou aprofundar este assunto, uma vez que antevejo que ainda vai enchar muitas paginas de jornais e muitos minutos de telejornais.

Não quero aqui falar de cumprimento de contratos nem das sanções que daí possam advir, nem das questoes politicas associadas.

Quero apenas debruçar-me sobre um problema de atitude.

É um facto que a GM internacionalmente está com problemas economicos.

É um facto que a unidade da Azambuja tem custos de produção mais elevados que outras unidades GM por essa Europa fora.

É um facto que o modelo ( aliás UNICO) que lá é produzido é um modelo marginal e sem importancia estratégica para a Opel, tanto mais que estava já anunciado o seu fim.

E qual foi a atitude dos trabalhadores, seguramente bem aconselhados pelos Sindicatos, qual foi ?

Greves de protesto, multiplas RGT ( para quem nao sabe Reuniao Geral de Trabalhadores) e algumas sessões plenárias.

Como todos sabemos este tipo de acções contribuiem de forma decisiva para o aumento de produtividade e consequentemente para os custos.

Ou seja, diminuem a produtividade e aumentam os custos.

Ora os senhores da GM pensam de uma forma simples.

Quanto dinheiro vamos perder daqui até 2009 ( data do fim do contrato) .

Depois fazem a outra conta, que é : quanto pagaremos de indemnizaçao ao Estado Portugues por nao cumprimento de contrato.

E ainda apuram quanto ganharemos com a produçao noutra unidade.

Se o saldo fosse desfavoravel á GM garanto que ficavam até ao fim do contrato. Mas seguramente nao é.

As multinacionais pretendem calma e produtividade e se conseguirem isso os negocios continuam. Veja-se a Autoeuropa. Neste caso os trabalhadores aceitaram pacotes remuneratorios que permitiram a empresa nao ter prejuizos e aceitaram aumentar a produtividade. O resultado é que a WV ja assinou o contrato de produção de um modelo novo ( nao um em fim de vida ).

Neste caso , Azambuja, acho que os sindicatos nao perceberam que a forma de luta pelos postos de trabalho era ao lado da GM e não contra a GM.

Enquanto continuar este espirito revolucionario anti patronato imperialista, espirito anquilosado nas mentes de alguns poucos mas que são os lideres de opiniao de outros muitos , e não se perceber que a Economia é um fenomeno global estes casos vão continuar.

Mas isto sou só eu a dizer.


JoséSR

Interrogações depois da tragédia



Há assuntos em que é melhor deixar passar uns dias antes de emitir opinião, para que a Emoção não obnubile a Razão.

É o caso da morte dos cinco sapadores chilenos e de um bombeiro beirão, ocorrida quando estes procuravam combater um incêndio que, desgraçadamente, os venceu!

Como é habitual nestas circunstâncias, a par da emoção e do luto é sempre anunciado o inquérito que, como habitualmente, é sempre rigoroso... Acho bem, há que procurar descobrir o que correu mal, para procurar evitar que a tragédia se repita. Ponto é que se resista à tentação de apontar culpas e culpados, até porque, quase sempre, o ponteiro dos julgadores de culpas é lesto em apontar quem já não se pode defender (é muito mais fácil fazê-lo...) e isso equivale a somar à perda da Vida a agressão da culpa apontada.

Espero assim que o inquérito sirva para indicar o que devia ter sido feito, e não foi, para que nunca mais deixe ser feito, e o que foi mal feito e deve passar a ser bem feito, para procurar evitar a repetição de tragédias destas.

Por mim, tenho algumas perguntas que gostaria de ver respondidas:

1. Quando, no ano passado, foi anunciada a criação dos grupos de primeira intervenção em fogos florestais, os nossos sapadores aerotransportados, foi divulgado que uma peça essencial do seu equipamento individual, que sempre trariam consigo, era uma peça desdobrável, incombustível ou quase, isolante do calor, que serviria para a eventualidade de um sapador se ver cercado pelo fogo poder deitar-se no solo e cobrir-se com essa capa de protecção, para que o fogo passasse por ele sem o vitimar. Porque não estavam os sapadores chilenos equipados com tal peça, que porventura os poderia ter salvo? Que medidas serão tomadas para que tal omissão não mais ocorra?

2. Se estavam e tal não os salvou, que se tenciona fazer para obter melhor equipamento que proteja os nossos sapadores com eficácia?

3. Sabe-se que a missão dos sapadores aerotransportados - serem largados perto do incêndio, para limparem o terreno e abrirem aceiros, com o objectivo de travar a progressão do incêndio - é arriscada; por isso, esse pessoal é suposto ser treinado e comandado por gente experimentada. Quem decide e quais os critérios de decisão para definir o local onde são largados os sapadores e que melhorias há a fazer nesse processo de decisão (necessariamente rápido, em cada caso concreto) para melhor compatibilizar a eficácia de actuação com a segurança de quem actua?

4. Os sapadores no terreno têm uma visibilidade reduzida, trabalham num ambiente difícil e obviamente em stresse; estão à mercê de caprichosas mudanças de direcção e intensidade do vento. Que meios de auxílio e de prevenção são utilizados para apoiar quem está no terreno e avisar das alterações de circunstâncias que ponham em risco a sua segurança? Porque falharam, no caso concreto? Se não existiram ou foram insuficientes, que há que fazer para que, ao nível do apoio operacional a quem está no terreno, nada falhe quando é preciso que assim seja?

5. O que há a treinar, fora da época de incêndios, para evitar desenlaces destes? O que se aprendeu com esta tragédia para melhorar o treino e a preparação dos demais sapadores?

Estas são, na minha modesta opinião as perguntas a que o rigoroso inquérito deve dar resposta.

Porque o combate ao fogo é uma luta em que o objectivo é vencer o inimigo, sem sofrer quaisquer baixas.

As minhas homenagens aos seis combatentes mortos e o meu desejo que, por muito tempo, se possível para sempre, sejam os últimos a tombar.

Rui Bandeira

11 julho 2006

Antes da caridade

Antes da caridade
(Notícia não assinada, publicada no Jornal de Notícias online em 11/07/2006)

"Quando a bondade se mostra já não é bondade, embora possa ser útil como caridade ou solidariedade. Daí 'Não dês as tuas esmolas perante os homens, para seres visto por eles'. A bondade só pode existir quando não é percebida, nem mesmo por aquele que a faz; quem se veja a si mesmo no acto de fazer uma boa obra deixa de ser bom; será, no máximo, um membro útil da sociedade (…)." Ocorreu-me Hannah Arendt quando soube pelos jornais que o segundo homem mais rico do mundo iria doar parte do seu dinheiro (não, como Álvaro de Campos, aquele que dá do bolso onde tem menos, mas o do bolso onde tem mais) à fundação do homem mais rico do mundo. O multimilionário Warren Buffet, que acumulou qualquer coisa como 44 mil milhões de dólares, entregará 85% dessa fortuna à Fundação Bill e Melinda Gates. Buffet é, sem dúvida, um homem caridoso que não se deixou aprisionar para sempre pela vertigem do lucro (nem com os piedosamente hipócritas propósitos de criar riqueza ou postos de trabalho), mas a bondade é provavelmente outra coisa. Não vem nos jornais nem se anuncia e, se calhar, é mais motivo de desassossego e dor do que de auto-satisfação. E, se o mundo precisa de caridade, talvez (mas que sei eu?) precise ainda mais, muito mais, de bondade.
Fim da notícia.







Vem o aproveitamento deste texto a propósito da campanha publicitária, em curso, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Spots televisivos, múltiplos outdoors, fixos e com movimento, nas ruas, nas estações do Metropolitano, em tudo o que é sítio.
São muitos milhares de euros (senão milhões) gastos em publicidade, e a pergunta que me ocorre permanentemente é “Para quê? “.
Já o patrocínio do Lisboa-Dakar é muitissimo discutível, mas agora a campanha em marcha é, no mínimo, ofensiva para os necessitados e para todos os que colaboram e participam em dádivas e, nas chamadas, acções de beneficiência onde se angariam fundos para... fazer publicidade ?.
Qual o objectivo de uma campanha destas ?

Será atrair “Clientes” ?
Bom, digam-me que precisam de gente para ajudar, que eu digo onde está. Sem cobrar nada.


Será dar a conhecer a existência da S.C.M.L. ?
Foi criada em 1498, e se em 2006 não é já suficientemente conhecida, então é porque foi dirigida, ao longo de todo este tempo (508 anos), por gente completamente incapaz.

Será o quê ?
É uma situação de enorme perplexidade, sem sentido, sem objectivo, sem interesse, com... nada.
E são estas situações que levantam as maiores suspeitas sobre a forma de gastar dinheiro em Portugal, pelas Entidades estatais, para-estatais, de solidariedade social e muitas outras que funcionam com o dinheiro dos portugueses.

A Lotaria Nacional (existe desde 1783) não é suficiente como veículo publicitário, agora acrescida das outras lotarias, dos totojogos, dos eurojogos, ... ?

Claro meus Amigos, Visitantes, Irmãos, este é um desabafo, mas sinto-me indignado com o que se faz com o dinheiro em Portugal, principalmente quando é muito, principalmente quando a sua aplicação é uma ofensa a tantos que não tendo nada, não reivindicam nada e não chegam sequer a saber o muito que se poderia fazer para os ajudar, os ensinar, lhes curar o corpo e a alma.
Com o dinheiro gasto como ? Com uma Agência de publicidade ...!

Alegremente, publicitadamente, impùdicamente, impunemente !

Mas este assunto tem a ver particularmente connosco, claro que tem.
Verdade meus Irmãos ?

JPSetúbal

Dádiva Sangue 8 de Julho - Agradecimento


Como foi comunicado num post anterior, à dádiva de sangue apareceram 12 amigos. Nestas coisas de solidariedade desde que apareça mais do que um ficamos felizes, mas confessamos que gostariamos de ver muitos mais.
Existem muitos dadores que aparecem pouco, e quando efectivamente podem dar ente 3 a 4 dádivas por ano, se não promovermos estas iniciativas, muitos dadores podem passar anos sem o fazer. Por isso deverá ser efectuada mais campanhas anuais, sendo desejável no minimo duas e o ideal três por ano.
E uma alegria ver aparecer nestas iniciativas pessoas que o fazem pela primeira vez. Experimentam, verificam que não custa nada e que a sensação do bem que fizeram os leva a ser novos dadores regulares.
Devemos sempre que vamos fazer uma dádiva procurar iniciar um amigo nestas andanças.
Bem hajam os dadores que nos apoiam nesta iniciativa.


PauloFR

10 julho 2006

Fraternidade Atlântica


A Loja Fraternidade Atlântica reune em Neuilly- Bineau, integrada na Grande Loge Nationale Française, Obediência Maçónica de França internacionalmente reconhecida como Regular, isto é, observando todos os princípios maçónicos, tal como a Grande Loja Legal de Potugal / Grande Loja Regular de Portugal, em que se integra a Loja Mestre Affonso Domingues, de que os autores deste blogue fazem parte.

A Loja Fraternidade Atlântica, que é a Loja n.º 1267 da GLNF, sendo uma Loja constituída e funcionando em território francês e integrada na Obediência Maçónica Regular de França tem a característica distintiva - que se adivinha já do seu próprio nome - de trabalhar em português.

Trata-se de uma Loja em que se integram imigrantes portugueses em França, lusodescendentes e franceses com interesse e carinho pela Língua Portuguesa. O seu funcionamento é uma forma de preservação da Língua Portuguesa (a Pátria de Fernando Pessoa...) pelos imigrantes portugueses em França e lusodescendentes nesse País, os quais, naturalmente, no seu dia a dia têm de se expressar na língua de Molière, mas continuam a prezar e a pretender expressar-se na língua de Camões. É também uma forma de permitir aos francófonos amantes da Língua Portuguesa praticarem a mesma.

A Loja Fraternidade Atlântica constituiu-se em 13 de Maio (note-se o simbolismo da data...) de 2000 e proclama a seguinte Profissão de Fé:

Em tempos de outrora, nossos irmãos portugueses traçaram os caminhos de suas buscas além dos mares e oceanos para semear, a partir do Velho Continente, o Oriente, a África e as Américas.

As velas de suas caravelas, arredondadas pelos ventos, verdadeiras gotas de esperança de descobrimento e de fé num oceano desconhecido, levavam a cruz das ordens eternas para um horizonte no qual surgiria um cruzeiro estrelado.

Desde então, inúmeros laços foram tecidos entre os nossos continentes por homens livres e submetidos à Vontadae Divina.

Um deles, o nosso saudoso irmão André Rosenthal, Mestre Instalado da R. L. France, no Oriente do Rio de Janeiro, desejou a criação de uma Loja que, a partir da França e através da língua portuguesa, se inscrevesse nesse espírito de Fraternidade ultra-mares.

Fraternidade Atlântica, nave na qual os amantes da viagem farão a viagem do Amor Fraternal.

"Navegar é preciso..."

No passado mês de Junho, a Loja Mestre Affoso Domingues e a Loja Fraternidade Atlântica concretizaram a sua geminação.

É com orgulho e espírito fraterno que aqui registamos esse facto e manifestamos que este blogue está à disposição dos nossos irmãos da Fraternidade Atlântica e que esperamos que o frequentem e apreciem.

Rui Bandeira