14 setembro 2007

Blogue do Grémio Estrela d'Alva

Aqui no A Partir Pedra, quanto a sítios e blogues de inspiração ou temática maçónica, a única distinção que fazemos é a da existência ou não de qualidade.

Hoje, quero aqui chamar a atenção para um blogue de superior qualidade: o blogue do Grémio Estrela d'Alva. Publica textos de notável qualidade desde 15 de Julho de 2006 - é, portanto, cerca de um mês mais novo do que o A Partir Pedra. Ao contrário do que aqui fazemos, no Grémio Estrela d'Alva não existe a intenção de publicar textos com frequência: no segundo semestre de 2006, foram ali publicados ao todo 15 textos (média de 2,5 por mês) e, no corrente ano, até final de Julho (em Agosto e até à presente data de Setembro nada foi publicado), publicaram-se ali mais 25 textos ( média um pouco superior a 3 por mês). Mas quase todos os textos merecem atenta leitura e e constituem boas lições para quem tem a preocupação de se aperfeiçoar. Pelo menos uma vez por mês, vou espreitar este blogue e, quando há texto novo, leio-o sempre com muito gosto e proveito. Recomendo vivamente este blogue!

Não se estranhe que aqui se divulgue e aconselhe a leitura de um blogue de uma Loja da Maçonaria Liberal. A Loja Estrela d'Alva existe sob os auspícios do G.O.L.. A Loja Mestre Affonso Domingues sob os auspícios da G.L.L.P./G.L.R.P.. Isso não faz dos elementos de uma e de outra rivais. Sabemos o que nos une (que é muito!) e as diferenças que existem entre nós. Isso não invalida o respeito mútuo e o desejo, também mútuo, de que cada um siga proficuamente o caminho que escolheu. E onde existe coincidência de ideias e valores, apraz-nos reconhecê-lo.

Por exemplo, repare-se mo subtítulo do blogue Grémio Estrela d'Alva: A Maçonaria é uma Ordem universal, filosófica e progressiva, fundada na tradição iniciática, obedecendo aos princípios da Fraternidade e da Tolerância, constituindo uma aliança de homens livres e de bons costumes, de todas as raças, nacionalidades e crenças. A Maçonaria adopta como divisa a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, e como lema a Justiça, a Verdade, a Honra e o Progresso. Um maçon, qualquer que seja a Obediência em que se insere, só pode concordar com estas palavras!

Outro exemplo. Atente-se no texto de introdução do blogue Grémio Estrela d'Alva:

A Maçonaria tem por princípios a tolerância mútua, o respeito dos outros e de si mesmo e a liberdade absoluta de consciência. Considera as concepções metafísicas como sendo do domínio exclusivo da apreciação individual dos seus membros e por isso se recusa a toda a afirmação dogmática. Combate a tirania e a ignorância e neste contexto, tudo o que aqui se diz e apresenta, procura ilustrar publicamente os prícípios do livre pensamento e do respeito universal pelos direitos de cada indivíduo colectiva e individualmente. Assim, este espaço dirige-se a maçons e a não-maçons, sendo todas as opiniões recebidas com agrado e respeitadas por igual.

Só se pode compartilhar estes princípios! E um blogue que segue estes princípios e que tem os textos com a qualidade que o Grémio Estrela d'Alva nos oferece só pode ter, no A Partir Pedra, a justa referência elogiosa que ora e aqui lhe faço.

Rui Bandeira

13 setembro 2007

O nono Venerável Mestre

Entre Setembro de 1998 e igual mês de 1999, exerceu funções o nono Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues, Luís P..

Luís P. foi um dos maçons que mais tempo se manteve no grau de Aprendiz, não por desinteresse ou falta de assiduidade, mas porque recusou, várias vezes, ser elevado ao Grau de Companheiro, por não se sentir preparado para tal! Já Mestre maçon, sempre revelou um particular interesse pela formação, especialmente pela formação dos Aprendizes, de que foi directamente responsável, salvo erro, dois anos, enquanto 2.º Vigilante da Loja. Foi ele o 2.º Vigilante que, conforme o José Ruah referiu aqui, lhe pediu para continuar mais um ano nessa função, em vez de, como seria normal, avançar para 1.º Vigilante, preferindo ser ultrapassado na informal "linha de sucessão" da Loja por Jean-Pierre G.. Ou seja, Luís P. revelou um particular interesse pela formação maçónica e pelo trabalho com os símbolos, quer como formando, quer como formador.

Tinha, além disso, uma concepção rigidamente esotérica, quase crística, senão mesmo crística da Maçonaria. Para ele, a Maçonaria é essencialmente um método de desencadeamento e evolução de um processo iniciático, tendente à aproximação do Homem ao Divino - um processo paralelo, por exemplo, ao misticismo monástico cristão. isto é, e se bem interpreto o seu pensamento, o método iniciático maçónico é um dos métodos de aproximação do Homem ao Divino, como o são o dito misticismo monástico ou o budismo. Luís P. privilegiava, assim, o estudo, a teoria, a análise simbólica, tendo porém o cuidado de alertar para os perigos do que costuma designar de "devaneios esotérico-birutas" muito presentes em muita "literatura", principalmente do século XIX.

Luís P. procurou aplicar estes seus princípios no governo da Loja, durante o seu mandato. Privilegiou, assim, a formação, o apoio, dos Aprendizes - e, por arrastamento, dos Companheiros. Na minha opinião, já enquanto 2.º Vigilante estabelecera as bases e a forma de proceder à instrução dos Aprendizes que ainda hoje se pratica na Loja Mestre Affonso Domingues - designadamente o hábito, que permanece, de os Aprendizes e Companheiros terem uma sessão de instrução uma hora antes da sessão de Loja que se realiza no segundo sábado de cada mês. Manteve e reforçou essa actuação. E nisso deixou um bom legado à Loja.

Também deixou o legado de a formação dos Companheiros ser muito similar à dos Aprendizes, apenas incidindo no Catecismo de Companheiro e nos símbolos do grau. Na minha opinião, esse legado não será tão positivo, porquanto a minha concepção do grau de Companheiro é de que os objectivos deste são radicalmente diversos dos do grau de Aprendiz e, portanto, não devem ser prosseguidos com os mesmos métodos. Mas isto são contas de outro rosário...

Durante o seu mandato, a Loja esteve virada para dentro, para a formação, para a reflexão, para a união do grupo em prol do aperfeiçoamento dos seus membros.

Luís P. dirigiu a Loja segundo a sua concepção, sem derivas. Quem concordou, aproveitou; quem não concordou, suportou. Foi talvez, até agora, o último Venerável "autoritário" da Loja. Alguns não concordavam lá muito com a orientação de Luís P.. Mas a Loja ainda estava na fase de actuar segundo a batuta do seu Venerável Mestre e, portanto, a concepção de Luís P. foi aplicada sem objecções de maior.

No entanto, esta sua concepção de direcção da Loja não viria a vingar - e a mudança começaria mais cedo do que mais tarde, ironicamente devido a uma decisão pessoal do Luís P... Mas essa será matéria para outro texto...

Rui Bandeira

12 setembro 2007

“Os Grandes Portugueses” - 2

Após estimulante conversa com o meu Irmão Aprendiz Maçon A. D., também obreiro na minha estimada loja, na qual me deu nota que via no sítio electrónico em tópico, uma estimulante via de aprendizagem, e não dispensava o seu acesso numa base diária.

Tendo já escrito um artigo para o mesmo e sabendo que os escrivães de serviço são poucos (apenas 3), eu solidariamente, proponho-me de quando em vez, dar o meu contributo.


De resto é esta também uma forma de estar ligado, não só espiritualmente, mas pela forma da letra aos meus irmãos.


Terminada a conversa acedi ao sitio e percorri os artigos, por temas, e um, cuja autoria é do Rui Bandeira, que procurou responder a um leitor cuja curiosidade o levou a querer saber quantos, dos grandes portugueses elencados no conhecido programa televisivo, teriam sido Maçons.


Na sua habitual facilidade com que explana os temas, o Rui Bandeira, de forma brilhante teceu os seus considerandos sobre o caso, pese embora, se note que só a custo aceita ter sido o Marquês de Pombal um Maçon, com facilidade vê em Fernando Pessoa um irmão, e com gosto conjectura sobre o preenchimento de requisitos de Aristides Sousa Mendes, para como tal ser reconhecido.


Compreendo isso. Afinal as acções do Marquês de Pombal não se compaginam com os valores maçónicos – perseguiu de forma impiedosa os jesuítas, mandou para a forca a nobreza de quem desconfiava, entre outras atrocidades, de quem o Intendente Geral da Policia – Pina Manique – era o braço direito.


Quanto a Fernando Pessoa, o Rui Bandeira reconhece premissas que sendo válidas para o “fazer” Maçon também o são para o considerar Mágico, pois também estudou esta via esotérica, e não me parece que o tivesse sido, só porque estudou a magia, tendo-se dado até com o conhecido “Mago” Allister Crowlley.


Mas no essencial aquilo que me leva a escrever estas linhas é o facto de o Rui Bandeira ter eliminado, logo á partida, com um bom argumento diga-se, pessoas como D. Afonso Henriques, Infante D. Henrique, D. João II, Vasco da Gama, e Camões.


Não resisto a pensar numa linha, ainda que ténue, não perceptível a “olho nu” ligando estas figuras, entre outras não mencionadas ou retratadas, e cujos pontos de contacto à Maçonaria, são bem defensáveis.


Passo a explicar. Para início de conversa Portugal é um País de génese iniciática e esotérica. Isso está patente pelo seu principal mentor – S. Bernardo de Claraval – figura maior do seu tempo no seio da cristandade, primo do Conde D. Henrique, este pai do nosso primeiro Rei.


Foi Bernardo de Claraval quem, enviando um seu tio para a Palestina, fomenta a criação dos templários, ordem de cavalaria iniciática que haveria de ter em D. Afonso Henriques como frater.


Os Templários criados para a demanda do Santo Graal, enclausuraram-se durante 7 anos no antigo templo do Rei de Salomão, e surgem como um braço armado da cristandade temido em todo o oriente.


O que eles lá encontram não se sabe, supõe-se apenas, como se supõe terem-no trazido para um porto seguro, na Europa, o Porto do Graal, ou como assinava o nosso primeiro Rei, o Portugral, hoje Portugal. Mais tarde, aí uns 400 anos, haveria, digo eu, de ser levado para a terra da Verdadeira Cruz, ou vera cruz como lhe chamou Pedro Alvares Cabral.


É sabido que a arte Gótica surge de repente na Europa, trazida pelos templários da palestina. Os construtores dos templos, isto é a maçonaria operativa, trabalhava para e com os Templários. Os pontos de contacto eram pois muito fortes.


Isto para dizer que D. Afonso Henriques pode não ter sido, e creio que não, um maçon, mas com eles teve próximo contacto, até pela sua condição de frater de uma ordem iniciática, como a dos Templários.


Quanto ao infante D. Henrique, recordo que foi Governador da Ordem de Cristo, logo também ele um iniciado nos mistérios templários, de quem a Ordem de Cristo era a fiel depositária.


Lembremo-nos ainda que esta Ordem foi uma criação do Rei D. Dinis que lutou arduamente durante 7 anos, para obter confirmação Papal, após o papado ter extinto a Ordem dos Templários.


E este Rei é importante, porque também ele era um iniciado. Não na Ordem do Templo não na de Cristo (pelo que se julga saber) mas sim numa Ordem iniciática Trovadoresca, conhecida como “Os Fieis do Amor”. Faz sentido ter sido este nosso Rei Poeta tão ilustre no seu tempo pelas suas “cantigas de amor”.


Acontece que se supõe ter o nosso Luís Vaz de Camões e Fernando Pessoa, ambos pertencido a esta Ordem Iniciática tão pouco conhecida entre nós.


O Rei João II um iniciado, tendo sido um dos mais destacados Grão-Mestres da Ordem de Santiago, e vários dos grandes navegadores foram cavaleiros desta Ordem. De referir ainda que D. Dinis não se limitou a criar a Ordem de Cristo, a ele se deve a desanexação da Comenda Portuguesa da Ordem de Santiago, através de Bula Papal de 1290.


Vasco da Gama tendo sido um ilustre Almirante, obrigatoriamente seria um iniciado, pois só assim possível capitanear uma embarcação Portuguesa.


Portanto, admitindo como boa a argumentação para o facto de todos estes não terem sido Maçons, foram pelo menos iniciados, e tiveram pontos de contacto importantes, com a Ordem Maçónica e a Maçonaria, que no entender de Fernando Pessoa não seriam a mesma coisa … para ele a Ordem Maçónica era ancestral (anterior mesmo à lenda que os portadores do avental com 3 rosas conhecem) e a maçonaria a que ele se refere é a especulativa surgida no XVIII. Quando Fernando Pessoa dá a entender, nos seus escritos, ser “Maçon” a qual das duas se referiria? Penso que à primeira …


Uma última nota para chamar à atenção do logótipo estilizado do Município de Odivelas que ostenta um coração e um curso de água.


Sabendo que o Rei D. Dinis é a principal figura deste município, foi ele o criador do lugar de Odivelas, não deixa de ser uma muito feliz coincidência ter sido adoptado o símbolo do Amor – o coração – fazendo juz ao facto de ter sido um iniciado dos “Fieis do Amor”.


Como sei que o criador do logótipo não sabia disto, não tenho dúvidas que foi o G.:A.:D.:U.: quem guiou a sua mão.


Bem Hajam.


Templuum Petrus

11 setembro 2007

Três comentários a quatro colunas


Como eu escrevi no texto de ontem, há comentários que seria um desperdício ficarem apenas confinados à caixa dos ditos. É, manifestamente, o caso de três oportunos e informativos comentários que Hélio / Apolo fez o favor de colocar em três dos meus textos. Basta lê-los para verificar que acrescentam informação aos textos e, assim, os melhoram. Li estes comentários enquanto estava de férias e logo decidi que não me limitaria a responder aos mesmos, antes os integraria num texto, para que tenham a visibilidade que merecem. Com os meus agradecimentos, aqui estão eles.

O primeiro comentário esclarece:

O capitel da Coluna Jónica (Sabedoria) é caracterizado por uma dupla espiral ou volutas (é o capitel que aparece a ilustrar o belíssimo texto “A quarta Coluna”).
Crê-se que a origem das volutas presentes no capitel devem-se ao facto de quando as colunas eram simples troncos de árvore, bem ou mal desbastados, e postas de modo a suportar o peso da trave que aguentava o telhado, costumavam rematá-las com um pedaço de cortiça destinado a evitar a infiltração de água. Sobre a cortiça assentava um tijolo quadrado, e sobre este último a trave. Com o passar do tempo e sujeita à intempérie, esta cortiça ia contornando-se dando a forma da referida voluta.

Como é bom de ver, este comentário completa com a-propósito o texto Sabedoria.

O segundo comentário informa:

Só a título de curiosidade e como complemento.
Segundo o arquitecto Romano Marcus Vitruvius, do séc. I a.C., este atribui a invenção da Coluna Dórica (Força) a Doros, filho de Heleno, dizendo que os primeiros que empregaram tal medida “mediram o pé de um homem e, vendo que era a sexta parte do corpo, aplicaram às colunas esta proporção: qualquer que fosse o diâmetro da coluna no seu pé, dava-se ao fuste, compreendido o capitel, uma altura igual a seis vezes este diâmetro”.

Este comentário complementa o texto Força.

Por sua vez, o terceiro comentário elucida:

Conta a lenda que: - “Os antigos gregos tinham o costume de depositar sobre as sepulturas das virgens os objectos do seu uso e afeição. Morrendo uma donzela em vésperas de casar, a sua ama depositou sobre a sepultura um cesto contendo vários objectos e adereços da falecida, cobrindo-o a seguir com um tijolo quadrado.
Na primavera, um pé de acanto, sobre o qual, inicialmente, tinha sido colocado o cesto, rebentou de novo. Revestindo as paredes exteriores do cesto pelas quais treparam chegando ao tijolo, as folhas começaram a dobrar-se em formas de voluta. Diz-se que o arquitecto coríntio Calímaco, ao passar pelo lugar da sepultura, notou este fato, desenhando o cesto e as folhas.”

Este comentário ensina assim a origem do capitel da coluna Coríntia, a coluna que simboliza a Beleza.

Hélio / Apolo só não conseguiu imaginar como será o capitel da invisível, porque imaterial, coluna do Espírito, a que se refere o texto A quarta coluna...

Rui Bandeira

10 setembro 2007

Textos, comentários e etc.


Uma das coisas mais atractivas de um blogue é a inter-acção entre os autores dos textos e os leitores destes. Num blogue, a caixa de comentários é uma das suas mais importantes zonas, quer para os autores dos textos, quer para os leitores do blogue. Felizmente, aqui no A Partir Pedra vamos tendo leitores atentos que produzem comentários judiciosos, que não só contribuem para melhor perspectivar os textos como, muitas vezes, abrem caminho aos autores de textos para novos textos.

Tenho sempre o cuidado de ler atentamente todos e cada um dos comentários. A alguns não julgo necessário responder, assumindo que quem fez o comentário não espera resposta, tendo apenas querido deixar registada uma apreciação ou uma achega; a outros, respondo o que entendo adequado responder, acrescentar ou elucidar; mas há alguns comentários, os que mais me entusiasmam, que são aqueles que, lidos, me dão uma sensação de desperdício se ficarem confinados à caixa dos ditos - a esses transcrevo-os e , sendo caso disso, respondo-lhes em novo texto.

A título de exemplo, recordo aqui o comentário que, a propósito deste texto (que me deu muito gozo escrever...) constituiu a deliciosa resposta que a PatBR deu ao dito texto e que deu origem a mais este texto (também escrito com muito boa disposição). Este último texto mereceu ainda um outro fino comentário da PatBR, que deixei sem resposta, não porque o não tivesse apreciado, mas apenas porque, se algo aprendi nas minhas mais de cinco décadas de vida, foi a indispensabilidade de saber deixar a última palavra às senhoras... sob pena de sofrer as consequências, se assim se não fizer...

A que título vem isto? Porque trago à colação estes textos? Por quatro razões, cuja exposição garantidamente (este advérbio é assumidamente plagiado do seu utilizador habitual, o JPSetúbal) demonstra que são expostas por ordem absolutamente arbitrária e, de forma alguma, por ordem da respectiva importância (cada um que faça essa ordenação segundo este critério, se para aí estiver virado):

a. Porque é um pretexto para resgatar do bolor do arquivo do blogue textos que a minha proverbial imodéstia me faz pensar que é uma pena se não forem apercebidos pelos leitores mais recentes do blogue. Com efeito, um dos problemas de um blogue é que, soterrados nas catacumbas do seu arquivo, se encontram textos de que os leitores que passaram a conhecer o blogue já depois da sua publicação só raramente se dão conta. E uma das formas de minimizar o problema é, de vez em quando (sem exageros: de longe em longe...), utilizar um qualquer pretexto para chamar a atenção para eles.

b. Porque, tendo sido confrontado com o relato das noites de insónia que o José Ruah sofreu, preocupado como iria ele conseguir aguentar o blogue em Agosto, com os demais autores dos textos de férias (problema que, aliás, superiormente resolveu com o seu Desafio), quero desde já poupá-lo à torturante perspectiva de repetição de tais horrores para a próxima vez que ele ficar com o blogue nos braços, com este conselho: o período de férias é um óptimo período para republicar (com um pequeno comentário introdutório, não se deve ceder ao pecado da preguiça...) textos antigos, facilitando a sua descoberta pelos novos leitores e o seu rememorar pelos antigos.

c. Porque é altura de lembrar à PatBR que ela está MUITO EM FALTA com o exercício da função de comentadora oficial do blogue - PatBR: aproveita para nos iluminares com um dos teus acutilantes comentários já a este texto; pelo menos sempre disfarçará os comentários que temo vou receber com as minhas provocações ao JPSetúbal e ao José Ruah...; e, de passagem, lembra o teu mais-que-tudo que, agora que ele já está aliviado do encargo de dirigir a Loja, que tão zelosamente assegurou nos últimos doze meses, tem uma massa de leitores expectantes dos textos que espero que ele volte aqui a publicar (sugiro-te que providencies que ele escreva para aí um por semana - afinal de contas é uma coisa QUE ELE PODE FAZER EM CASA - TOPAS????).

d. Por fim (e claro que não é a menos importante das razões), porque hoje estive todo o dia ausente em serviço no Algarve e não pude escrever nada de jeito... E aviso já que, porque amanhã tenho o dia todo dedicado a uma agradável deslocação em serviço a Bragança, que previsivelmente me ocupará todo o tempo entre as sete da manhã e até quando sabem Deus e o juiz de Bragança, tenciono usar o mesmo expediente logo a seguir à meia noite e assim "desenrascar" o texto de amanhã - mas manda a verdade que diga que com mais fundamento, pois vou merecidamente "puxar" para o corpo principal do blogue três interessantes comentários feitos a três textos por um nosso leitor e Irmão, a que não respondi precisamente porque tencionava integrá-los num texto; e, de caminho, aproveito para chamar a atenção para mais quatro textos de que também gosto muito e espero que os nossos leitores também gostem (não vale a pena ir agora à procura: daqui a pouco já está o texto feito e publicado...).

Rui Bandeira

09 setembro 2007

Continuidade - Aí está o 18º

Em Julho passado anunciei aqui a eleiçao do JPSetubal para o cargo de Veneravel Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues.

Como isto da Maçonaria é a sério (pelo menos na Affonso Domingues), não tardou nem um dia a mais que o tempo minimo possivel para que o JPSetubal fosse instalado como Veneravel Mestre da Loja.

Instalado porque literalmente e simbolicamente o Veneravel é instalado na Cadeira de Veneravel, que representa simbolicamente a Cadeira De Salomão.

A Cerimónia decorreu com toda a SOlenidade que se impunha.

JPSetubal deu já uma clara ideia da forma como vai querer que decorra o seu Veneralato e com isso demosntrar claramente que pretende deixar a Loja mais forte , o que aliás tem sido uma constante.

A ti JPSetubal, co-blogueiro,VM e amigo um Triplo e Fraterno Abraço com votos de sucesso.

José Ruah

07 setembro 2007

O oitavo Venerável Mestre

O oitavo Venerável Mestre, tal como ocorrera com José M. M., completou o mandato do seu antecessor e foi eleito e assegurou um novo, e agora completo, mandato. Porém, e até hoje, foi o único Venerável Mestre duas vezes eleito para essa função. Com efeito, José M. M. completara o mandato do seu antecessor por designação do Grão-Mestre; o oitavo Venerável Mestre, como bem lembrou aqui o José Ruah, foi, após a decisão da Loja, subsequente à cisão ocorrida em 1996/1997, de permanecer leal ao Grão-Mestre, regularmente eleito para completar o mandato de José Ruah que, pelas razões que estão explicadas no texto para que remete o atalho acima, entendeu renunciar ao seu mandato. Em Julho de 1997, na reunião normalmente agendada para eleições, foi reeleito para continuar a ocupar a Cadeira de Salomão entre Setembro de 1997 e igual mês de 1998, o que ocorreu.

Jean-Pierre G. foi o oitavo Venerável Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues e, mais uma vez, a Loja teve a fortuna de ter o homem certo a dirigi-la no momento certo. Sendo, como o seu nome indica, de origem e cultura francesas, Jean-Pierre G. não possuía a fraqueza, tão comum nos portugueses, do "nacional-porreirismo". Como ele muitas vezes disse e repetiu, com ele "serviço é serviço, conhaque é conhaque", isto é, a amizade não colidia com o dever, a obrigação e o poder de dirigir impunham-lhe que tomasse as decisões que entendia certas, independentemente das amizades, e havia um tempo para folgar e um tempo para trabalhar. Tão simples como isto, mas tão saudavelmente distante de algumas das nossas atávicas idiossincrasias...

Assim, Jean-Pierre G. foi um Venerável Mestre que fez o que tinha a fazer. Recebeu uma loja escaqueirada pela cisão e não se lamentou - apanhou os cacos. Recebeu uma Loja amputada dos seus mais experientes quadros e não se apoquentou - trabalhou com os quadros que havia, que ganharam experiência em exercício. Recebeu uma Loja que perdera organização e não se desorientou - organizou-a.

Jean-Pierre G. foi o gestor de meios, de homens e de expectativas que a Loja precisava. Quando teve de ser autoritário, foi-o. Recordo-me de uma certa ocasião em que se debatia a limpeza do quadro de elementos que não compareciam a reuniões e não pagavam quotas. Um dos elementos em causa era um Grande Oficial, que exercia, e bem, e com dedicação e zelo, uma função importante e que era da particular confiança do Grão-Mestre. Absorvido nessas funções, há mais de um ano que não comparecia em Loja. A Loja hesitava. Era certo que há muito não vinha às reuniões. Mas era Grande Oficial... E de confiança do Grão-Mestre... E estava a fazer um bom trabalho... E era um tipo porreiro... Jean-Pierre G. viu no que aquilo ia dar e resolveu cortar a direito: tudo isso está muito bem, mas eu é que sou o Venerável Mestre e foi a mim que me encarregaram de decidir. Porreiro ou não porreiro, de confiança ou não, Grande Oficial ou não, o certo é que ultrapassou o período fixado para estar ausente da Loja e deve ter o mesmo tratamento que os outros, que aqui não há filhos e enteados - ou vem à próxima reunião ou até lá pede para mudar de Loja, senão, decide-se a sua exclusão e o Grão-Mestre que arranje outro Grande Oficial. E ponto final! Todos os elementos da Loja se entreolharam, mas todos meteram a viola no saco: realmente o Irmão estava em falta; e não havia nada nos regulamentos que justificasse que tivesse um tratamento de privilégio; e o Venerável Mestre fora eleito para decidir... Resultado: antes da reunião seguinte, o Secretário da Loja recebeu o formal pedido de transferência para outra Loja, onde era mais conveniente para esse Irmão comparecer, e o problema ficou resolvido!

Com Jean-Pierre G. a Loja aprendeu que a fraternidade não exclui o rigor, que a amizade não autoriza privilégios, que quando é tempo de trabalhar, é tempo de trabalhar. Se o caminho se faz caminhando, então é preciso caminhar, não apenas pensar em fazê-lo.

Tenho para mim que, naquela época, muito beneficiou a Loja em ser dirigida por alguém com uma mentalidade diferente, em que o rigor não era incompatível com a boa disposição. Com efeito, Jean-Pierre G. era e continua a ser um homem com um extraordinário sentido de humor, brincalhão e bonacheirão - mas só na hora do conhaque; na hora do serviço, faz-se o que se tem de se fazer, enquanto se tem de fazer.

Ainda hoje a Loja é um refúgio de boa disposição, de descontraída brincadeira entre Irmãos que se tornaram amigos e que facilmente integram e enturmam os novos. Mas ainda hoje a Loja, dir-se-ia que por reflexo adquirido no tempo do Jean-Pierre G., quando trabalha, trabalha - com rigor e espírito de procurar fazer o melhor possível e de ser hoje melhor que ontem, esperando que seja pior do que amanhã.

Rui Bandeira

06 setembro 2007

Diario de um Desempregado


Lançamento do Livro de José Carlos Soares, Mestre Maçon na GLLP/GLRP ( desvendado com autorização do próprio), ocorre no proximo dia 11 de Setembro pelas 21h30 na Fnac do Colombo.


Aqui vos deixo os primeiros paragrafos do Livro ( informaçao retirada de aqui )



Diário de um Desempregado começou a ser escrito em Julho de 2003. Lá, José Carlos Soares, jornalista recém desempregado, anotava momentos importantes que ocorriam nessa fase complicada da sua vida. Relatos das dificuldades por que passou e passa alguém que de um dia para o outro perde o seu emprego. Nestas páginas encontramos memórias de momentos que o autor considera importantes para o esclarecimento da verdade. Apesar de o já ter feita há algum tempo, José Carlos Soares não alterou o sentido da escrita de modo a reflectir toda a revolta e dor que sentia na altura.




"Afinal nada de extraordinário se passou comigo, infelizmente digo nada de extraordinário porque nos dias que correm não é de todo extraordinário ficar sem trabalho de um dia para o outro. Milhares de portugueses passam ou passaram pelas mesmas dificuldades que eu passei, e ainda passo, neste nosso “cantinho à beira-mar plantado”.Despretensiosamente partilho com todos e cada um de vós a minha experiência, não porque seja um exemplo para quem quer que seja, não porque sou melhor, não porque pense ser alguém muito importante e sábio que mereça ser lido e seguido, mas precisamente pelo contrário, porque sou igual a todos vós que me estão a ler, porque apesar de ter feito parte daquele grupo de “pseudo eleitos” que aparece na televisão e nas páginas das revistas nunca deixei que tal desiderato me “subisse à cabeça” porque tenho como verdade adquirida que o facto de ser, ou ter sido conhecido, não faz nem fez de mim melhor que o mais anónimo dos anónimos cidadãos deste e de qualquer outro país."- José Carlos Soares


José Carlos Soares está actualmente empregado.



José Ruah

Luciano - o tenor - Pavarotti

Nao sei se era Maçon. Nao é relevante.

Foi seguramente um dos melhores tenores da história, e foi com os seus concertos com os amigos e nao só um homem preocupado com as desventuras sociais do Mundo.

Morreu hoje.

Ficam a voz e as interpretaçoes fantasticas.

José Ruah

05 setembro 2007

Moto Clube Bodes do Asfalto

Foi logo nos primeiros dias deste blogue que publiquei dois textos sobre clubes de motociclismo maçónicos. No início do corrente ano, escrevi ainda um terceiro texto sobre o mesmo tema, dedicado a um terceiro clube do género. Todos os clubes referenciados se integravam na cultura anglo-saxónica (dois americanos e um australiano). Tenho agora a oportunidade de divulgar a primeira agremiação de motociclistas maçons do espaço lusófono que chegou ao meu conhecimento. Dá pelo curioso nome de Moto Clube Bodes do Asfalto e - só podia!- foi criado no Brasil, em 1 de Agosto de 2003, em Feira de Santana, Bahia. É coordenado pelo Irmão Edson Fernando Sobrinho. Inicialmente, destinava-se a apoiar maçons motociclistas em viagem. Com a criação de uma lista de maçons motociclistas, o movimento começou a crescer, contando em meados do ano passado com 364 associados, de 14 Estados brasileiros, além do Distrito Federal de Brasília, residentes em 118 cidades do Brasil. Os Bodes do Asfalto fazem questão de frisar que não são a extensão de qualquer Loja nem seguem a hierarquia da maçonaria, que, enquanto clube de motociclistas, não praticam nem pretendem praticar o rigor de uma loja maçónica e que o clube não é local para discussão de assuntos de Lojas. Em contrapartida, reclamam-se de serem um canal de comunicação entre os maçons, os maçons motociclistas e motociclistas em geral, serem cidadãos de comportamento social exemplar e de bons costumes, de preservarem os ensinamentos maçónicos, em resumo, de serem Irmãos na Ordem e no Motociclismo. O clube é formado por maçons regulares de todas as potências, ritos e graus de todo o Brasil. A maioria dos seus membros possui motos acima de 600 cm cúbicos de cilindrada.

O ramo deste clube no Estado de São Paulo organiza, no próximo dia 7 de Setembro, em Dois Córregos, um evento denominado 1º EBA – Encontro dos Bodes do Asfalto. Dois Córregos foi escolhida para o evento por ser um município que está bem no meio do Estado e ainda pelo apreço que os elementos paulistas do clube têm pela cidade, que há pouco reabriu a sua loja maçónica.

Além de efectuar um desfile com as suas motos, a grande maioria das marcas Honda, Suzuki, Yamaha e Harley Davidson, o Moto Clube Bodes do Asfalto realizará, durante todo o dia actividades na Praça Arthur de Carvalho, a da Matriz do Espírito Santo, entre elas, a recolha de roupas, calçados e alimentos, que serão entregues a entidades de auxílio social do município. Cada peça de roupa, par de calçado ou quilo de alimento dará direito a um cupão para concorrer a um sorteio de um prémio no final do dia, que será doado pelo próprio Moto Clube Bodes do Asfalto. Mas o premiado só levará o prémio se estiver na praça na ocasião do sorteio. Ao longo do dia, depois do desfile, os membros do Moto Clube promoverão brincadeiras e gincanas, com sorteio de T-shirts e autocolantes.

Ao longo do dia, um écran gigante apresentará clips temáticos e as motos ficarão em exposição, disponíveis para quem quiser ser fotografado montado nelas. Ainda devem ser sorteados passeios na garupa de qualquer moto ou triciclo do grupo. O encerramento da festa terá a presença da Banda V8.

O Moto Clube Bodes do Asfalto pretende que todos os motociclistas de Dois Córregos participem com o grupo do desfile. A concentração será às 9 horas na Praça Francisco Simões. Os motociclistas da cidade também estão convidados para receberem a benção em motocicleta, domingo, dia 9 de setembro, às 10h15, defronte da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo. A concentração para a benção será às 10 horas, na avenida 4 de Fevereiro, daquela cidade.

Uma boa iniciativa, que espero seja acarinhada e acompanhada por todos os maçons da região, sejam eles motociclistas, automobilitsas ou apenas peões.

Rui Bandeira

04 setembro 2007

O dia do maçom no Brasil

Não escrevi em Agosto, mas não deixei de estar atento ao que se passa em relação à maçonaria no mundo lusófono e não só. Entre outras coisas, aprendi que no Brasil se assinala no dia 20 de Agosto o Dia do Maçom. Li notícias sobre diversas iniciativas de várias instituições maçónicas brasileiras, de eventos e homenagens, enfim, do que é expectável nestes dias comemorativos. De entre os vários textos a que tive acesso, um deles me chamou particularmente a atenção. Trata-se de um artigo publicado no diário electrónico de Mato Grosso do Sul Agora MS, escrito por Paulo Rocaro, escritor, jornalista, presidente do Clube de Imprensa de Ponta Porã e director da Sodema (Sociedade de Defesa do Meio Ambiente) no Estado de Mato Grosso do Sul. O citado jornal electrónico expressamente autoriza a reprodução de todos os seus textos, desde que expressamente citada a fonte. Usando dessa autorização, porque o texto me agradou e porque entendo que fica bem no A Partir Pedra, com a devida vénia reproduzo o texto em causa, integralmente e sem qualquer edição, isto é, mantendo a ortografia original.

O dia 20 de agosto constitui-se em importante data para uma das mais antigas e respeitadas sociedades do mundo: a Maçonaria. Comemora-se, com fugaz lembrança o Dia do Maçom, revelando atividades nos templos maçônicos que se rendem à beleza e perfeição. É o apogeu de uma luta geral tanto por uma beleza estética quanto interior, sem discrepâncias no conjunto harmonioso de paz social.

Como disse certa vez uma importante liderança maçônica, o homem é um laboratório onde se processam experiências espetaculares, na sua busca incessante pelo aperfeiçoamento das idéias e por sua satisfação pessoal, profissional e material. Desde os primórdios da humanidade o homem procura a sua satisfação espiritual, como elemento essencial ao seu bem-estar, ao lazer, ao entretenimento, ao trabalho, enfim, à sua afirmação no meio social.

E para que ele alcance esse desiderato, torna-se imprescindível a fé. O homem não busca apenas satisfazer as suas necessidades materiais. Para viver, plenamente, busca a satisfação espiritual. Cheio de poder, posto que é dotado de inteligência – esta explosiva força criadora – o homem transforma o mundo. E chega a uma conclusão derradeira, inapelável: Deus existe!

Mas, de tanto investigar, termina por concluir que algo deve ser melhorado ainda neste mundo de Deus. A beleza interior é a única coisa que o tempo não pode prejudicar. As filosofias desfazem-se como areia; as crenças passam uma após outra, mas o que é belo é um prazer para todas as estações, uma possessão para toda a eternidade.

Para o homem da cidade, ser feliz se traduz em “ter as coisas”: apartamento, rádio, geladeira, televisão, bicicleta, automóvel. Quanto mais engenhocas mecânicas possuir, mais feliz se presume. Para isso se escraviza, trabalha dia e noite e se gaba de ser bem-sucedido.

Para uma minoria, mais para lá, para os lados do interior, o conceito de felicidade é muito mais subjetivo: ser feliz não é ter coisas; ser feliz, é ser livre, não precisar se matar de tanto trabalhar. E, principalmente, não trabalhar obrigado. Conjeturando o trabalho que é desenvolvido pela Maçonaria, podemos concluir que a questão interior não se limita ao espaço que se produz.

Ou seja, o maçom dedica-se, religiosamente, à tarefa de explorar no homem o que ele tem de melhor, seu poder de fazer deste mundo um lugar melhor para se viver. Estudo maçônico não significa superficialidade. Ele é alvo de dissecação, quase que uma obsessão pelo bem maior da humanidade: a família. Com ou sem rituais, mas com fé no Grande Arquiteto do Universo, o que se busca em meio às paredes dos templos é o direcionamento do cidadão para uma vida digna.

Lembra-me o grande pensador Blaise Pascal (1623-1662): “Quando considero a duração mínima de minha vida, absorvida pela eternidade precedente e seguinte, o espaço diminuto que ocupo, e mesmo o que vejo, abismado na infinita imensidão dos espaços que ignoro e que me ignoram, assusto-me e assombro-me de me ver aqui antes que lá, pois não há razão por que antes aqui do que lá, antes no presente do que então. Quem me pôs aqui? Pela ordem e conduta de quem este lugar e este espaço me foram destinados?”

Este grande símbolo daquele século, questiona: “O que é o homem na natureza? Um nada, se comparado ao infinito: um tudo, se comparado ao nada; um meio entre nada e tudo. Infinitamente afastado da compreensão dos extremos, o fim das coisas e seu princípio estão para ele invisivelmente escondidos num segredo impenetrável, igualmente incapaz de ver o nada de onde é tirado e o infinito pelo qual é absorvido”.

Nesse contexto, vive a Maçonaria em meio a acontecimentos importantes, admitidos como verdadeiros, com a finalidade de obter do passado maiores probabilidades para o futuro, no desenvolvimento da atividade espontânea do homem. A história tem por fontes a experiência própria, a narração das pessoas presentes aos fatos ou que poderão ter conhecimento deles e os monumentos que os atestam.

Para que a História se torne uma ciência, as tradições vagas e sem nexo não lhe bastam. Precisa de fatos verificados, observados, classificados e bem descritos. Portanto, a História da Maçonaria se resume ao tópico central de sua missão, quando encara o homem como fonte inesgotável de sabedoria, imbuído da vontade férrea de atingir seus objetivos, mesmo com o sacrifício da própria vida.

Dezenas, quem sabe milhares de Irmãos tiveram as suas vidas ceifadas lutando por uma causa nobre, a de difundir, de propagar no universo os fundamentos da notável Instituição Maçônica, que se assentam nos princípios de Liberdade, Fraternidade e Igualdade.

Ao se propor a enfrentar o desafio de serem trabalhadores de ofício social, os maçons têm em seus alicerces uma história de luta, sacrifício, dissabor, incompreensão, censura de governos déspotas, da igreja de outrora (e de alguns de seus setores retógrados de hoje) e, principalmente, da rede de intrigas urdidas, de uns contra os outros, o que resultou numa divisão do todo.

Contudo, o importante é que prevaleceu a Maçonaria como instituição séria, respeitada, admirada e consagrada como uma sociedade secreta, na qual se pratica o bem sem olhar a quem, forja-se masmorras ao vício, nutre-se o ideal de melhor servir à humanidade. É onde se pratica filantropia na última acepção da palavra. Dignifica-se o homem.

Ouvi certa vez o pronunciamento de um venerável, sobre a missão alçada a pontos importantes da nação, em que deixou claro que é desta forma que inspira-se confiança aos obreiros da Maçonaria; levanta-se templos à virtude; reúne-se em nome da democracia, da liberdade, da fraternidade e da igualdade entre todos os povos, exaltando-se o nome de Deus, o Grande Arquiteto do Universo, como inspiração divina e como proteção dos trabalhos.

No dia em que se comemora o Dia do Maçom, a esperança é de que este continue levando à compreensão de todos os homens livres e conscientes a certeza plena de que é possível se viver sem os princípios da Maçonaria, mas nunca sem praticar nenhum ato maçônico. Afinal, ser maçom é um estado de espírito, é viver em paz com sua consciência, é, essencialmente, praticar o bem à humanidade, palavra de ordem de todo bom e verdadeiro Maçom.

Embora com atraso, esta é a minha forma de assinalar o dia do Maçom no Brasil.

Rui Bandeira

03 setembro 2007

Organização do jogo

Uma das minhas frases favoritas é a que menciona que O cemitério está cheio de insubstituíveis. Este blogue, no mês passado, ilustrou-a na perfeição. Como anunciei, cumpri o meu dever de tirar férias e não escrevi uma linha. Mas a minha falta não se fez sentir, muito graças ao esforço do José Ruah, que assegurou 21 dos 23 textos publicados em Agosto (os outros dois foram publicados pelo JPSetúbal, também fresquinho após o regresso das suas férias nórdicas), mantendo assim a média de um texto por dia útil.

Muito obrigado pela referência ao meu aniversário e antecipado pedido de desculpas pelo meu mais do que provável esquecimento de referenciar os aniversários dos outros autores de textos do blogue...

Quanto à simpática referência à minha dita condição de "médio organizador de jogo" deste blogue, não posso deixar de rectificar: infelizmente nasci com dois pés esquerdos, quer para o futebol, quer para a dança, e qualquer deles é (ainda) pior do que o pé direito do Óscar Cardozo (e nada têm a ver com o fabuloso pé esquerdo dele...); quanto às minhas supostas capacidades de organização do blogue, a prova está nos quinze meses anteriores: revelei-me muito mais adepto da táctica do "todos ao molho e fé em Deus" e na manutenção de um espaço de criatividade e liberdade do que da organização...

Quanto ao futuro, antes do mais uma novidade e um desejo. A novidade é que, se se confirmar o anúncio que directamente me foi feito por um Mestre da Loja Mestre Affonso Domingues, já este mês este blogue vai passar a ter mais um autor de textos a publicar com frequência. O desejo é que, graças a este "reforço" (a custo zero!!!) e ao que espero seja uma cadência de produtividade de cada autor frequente de... digamos... não quero exagerar... nem ser irrealista... pelo menos um texto por semana, espero este ano poder escrever uma média de apenas dois textos por semana, ou seja, cerca de 100 textos até ao final de Julho.

Se assim for, tenho o plano de trabalho para todo este ano praticamente feito: vou continuar, à cadência tendencial de um texto semanal, a série Memória da Loja, até a conduzir até ao Venerável Mestre que exerceu funções no ano maçónico de 2005 - 2006. Depois disso, a actualização será anual, deixando de fora os mandatos do ex-Venerável Mestre e do Venerável Mestre em exercício. Memória não é história, mas pressupõe algum distanciamento e o mínimo dos mínimos é um ano...; tendo no ano transacto publicado uma série de textos sobre o percurso de um profano enquanto candidato, tenciono este ano publicar uma outra série de textos relativo ao percurso de um maçon desde a sua iniciação até ser Mestre, porventura Mestre Instalado, de uma Loja azul; continuarei, embora talvez com menos regularidade, a publicar textos sobre maçons ilustres, sítios maçónicos, outros blogues maçónicos, Lojas de Investigação e curiosidades maçónicas; publicarei, é claro, sempre que tal se justifique, notícias ou referências de actualidade; tenciono descaradamente aproveitar a boa ideia que o José Ruah teve de lançar o seu estival Desafio e escrever alguns textos desenvolvendo pelo menos alguns dos temas colocados pelos leitores deste blogue; finalmente, é claro que sempre acabarei por escrever alguma coisa sobre coisas de que agora não faço a mínima ideia e que, oportunamente, me dará na bolha de escrever...

Como vêem, neste blogue a "organização do jogo" é simples. Agora basta resguardar a baliza, meter velocidade nas alas e ser eficiente na área para termos uma época em que o nosso desempenho agrade ao nosso público. Esse o nosso objectivo!

Rui Bandeira

02 setembro 2007

Viva a Vanessa !


Estou a alinhavar estas ideias já no dia 2 de Setembro, embora para mim em termos de trabalho ainda seja dia 1 e hoje, dia 1, tivemos outra alegria desportiva.
Para emparceirar com o Campeão do Mundo do triplo-salto aí temos, de novo, a enorme Vanessa Fernandes a saltar para o 1º lugar do podium do triatlo, ela também Campeã do Mundo.
Tal como fizemos com o Nelson Évora, daqui vão os parabéns para a Vanessa Fernandes (de todos os 3 do A-Partir-Pedra) que foi responsável por mais uma vez (e são tão poucas, infelizmente) a Bandeira Nacional ter subido mais alto em simultâneo com a Portuguesa a tocar para 60.000 alemães verem e ouvirem (e aplaudirem !).

Há aqui uma óbvia simpatia pelo número 3.
Nós somos 3 e estamos a dar os parabéns ao Nelson que deu 3 saltos e à Vanessa que cumpriu 3 provas.
O 3 tem significado maçónico, sim !, mas trata-se apenas de uma coincidência curiosa.


JPSetúbal

31 agosto 2007

Desafio Final

Acaba hoje o mes de agosto e consequentemente o desafio que lancei aqui.

Se nos primeiros 15 dias a coisa correu bem e o debate foi animado, ja na segunda quinzena a coisa foi muito mais morna a roçar o frio mesmo.

No final resta fazer o balanço final dizendo que nao tendo sido uma iniciativa de grande sucesso também nao foi um insucessso total.

No entanto confesso estava à espera de mais. Sei que o mes de Agosto é muito fraco , muita gente de ferias, etc, mas ...

Inciando-se Setembro, volta o nosso medio organizador de jogo ( assim comparado ao Rui Costa de ha uns anos) de seu nome - também - Rui.

Fica a equipa completa.

Setembro será um mês de grande actividade maçónica, aqui na Grande Loja e nas Lojas. é o mês de tomada de posse dos Veneraveis de cada Loja.

É o mes da renovaçao e das ideias e planos de acçao para o ano seguinte.

Quanto às perguntas e respostas evidentemente que continuaremos a responder a todas as questões que nos forem postas.

Muito obrigado aos "perguntadores" que permitiram que este blog se mantivesse com um nivel de actividade normal durante o mes de Agosto

Jose Ruah

27 agosto 2007

Desafio - Passagem de Grau

Hoje como estou com tempo e disponibilidade respondo já:

O Profano disse...
Caro josé...Já que a "época das perguntas" ainda não encerrou, e ainda bem :)

Venho fazer uma que talvez por ser um pouco "quente demais ou secreta talvez", me arrisco a ficar sem resposta ou com uma que não seja totalmente a que esperava.

Mas aceito e compreendo se a mesma não for respondida tal o assunto que aborda.
e passo a perguntar:

Pelo que sei e posso estar errado, em sessões de Loja, os Aprendizes e os Companheiros não fazem "uso da palavra". Correcto?

Se sim, então como podem eles serem avaliados para "serem aumentados de salário" ( já que não "falam")?
É atravez de "pranchas" que façam e que demonstram os ensinamentos adquiridos ou atravez de exames próprios e adequados ao "aumento de salário"?
Sei que a resposta será pouco "discreta", mas se possível agradeço desde já.
abr...prof...

Olha que excelente ideia - Fazer um exame para passar de grau. !

Nunca me tinha ocorrido esse metodo. Caro amigo gostei, e embora sabendo que dificilmente ( quase impossivel) o porei em prática vou pensar seriamente nisso. (estou a falar a serio)

Como pode calcular o exame nao faz parte da norma.

Está de facto certo quando diz que os companheiros e os aprendizes nao podem falar.

Mas podem escrever, pintar, desenhar, executar e sobretudo pensar. E com isto produzir trabalho a ser apresentado formalmente.

Dependendo de cada loja, e na minha optica as duas formas sao admissiveis, o Aprendiz ou o companheiro usam da palavra para apresentar o seu trabalho da seguinte maneira:

1 - Os trabalhos sao suspensos para o efeito de apresentaçao - com os trabalhos suspensos podem usar da palavra.

2- O Veneravel Mestre concede autorizaçao especial de uso de palavra para efeito de apresentaçao de trabalho.


Em qualquer dos casos uma vez finda a apresentaçao a palavra nao lhe é mais concedida, nem para defesa do trabalho das apreciaçoes feitas pelos mestres presentes.


Depois temos as avaliações complementares, assiduidade, interesse demonstrado nas discussoes pos sessão, presenças nas sessoes de instruçao e respectivo desempenho, etc.

Enfim nao é por falta de metodos de avaliação que um aprendiz ou um companheiro não passam de grau.

José Ruah

O triplo ....Nelson

Não se trata de nenhum ritual novo.

Apenas o tributo deste Blog ao NELSON EVORA pela sua brilhante vitória no Campeonato do Mundo de Atletismo em Osaka, na disciplina de Triplo Salto.

Este nosso País vê-se assim projectado uma vez mais na alta roda do atletismo mundial.


Venha agora a medalha no Salto em Comprimento.

A Partir Pedra

Desafio - sera que falhei alguma pergunta ?

Caros leitores


Estou em divida com algum de vocês ?

Eu acho que não , pois repondi a tudo até agora. Mas como o aviso de novos comentários vai para o mail do Rui e ele está de ferias, pode ter havido um ou outro que nao me apercebi.

Se assim for, por favor repitam a pergunta neste post.

Novas perguntas, ainda estao em tempo uma vez que o prazo acaba a 31 de Agosto.


José Ruah

Desta vez é que foi

Em primeiro lugar as minhas desculpas pela ausencia.

Desta vez nao anunciei, nao fosse o Diabo tece-las, e a coisa aconteceu. Na Sexta passada la fui à pesca. O mesmo grupo da semana anterior acrescido do meu enteado.

Saimos pela fresca, e fui sempre a levar com vento na cara e estava mesmo frio.

Descontando alguns enjoos, entre osquais o do redactor, a coisa correu muito bem, e passadas 3 horas quando voltamos traziamos uma quantidade apreciavel de peixe.

Feitas as contas eram para cima de 100 unidades e com um peso estimado de cerca de 15 a 20 kg.

Directos da Ericeira para Colares, onde fizemos a contablizaçao do produto e a respectiva separaçao, em partes parecidas.

A primeira parte foi a parte do Almoço. Sargos e garoupas pequenas. Tudo para cima do carvão depois de devidamente arranjados e passados por sal.

Depois a separaçao para que cada um levasse para casa uma porçao da pescaria.

Mas aqui entre nós, o Mestre Assador esmerou-se e dos que foram parar à grelha sobrou nada e passaram pelo estreito com uma facilidade .....

Vamos ver se em Setembro ainda se consegue ir mais uma vez.

José Ruah

26 agosto 2007

Entrevista do MRGM


Esta semana o “Sol” publicou uma entrevista com o Muito Respeitável Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal/GLRP, Irmão Mário Martin Guia.
É um documento importante que, sugerimos, seja lido atentamente por todos quantos estão interessados nos “segredos” da Maçonaria regular.
Ali o MRGM define políticas, indica caminhos, esclarece as dúvidas mais imediatas relativas às politiquices que, com grande frequência, têm servido de pretexto para “julgamentos definitivos” sobre a Maçonaria e os Maçons.

Como ele diz ainda há muita gente que considera os Maçons como “mata-padres”, particularmente no que se refere à Igreja Católica Apostólica Romana, cujo obscurantismo divulgado não deixa o seu povo sequer, olhar para o lado, não vá descobrir alguma verdade diferente da de Roma, ou pior do que isso, descobrir que a igreja de Roma tem sido ao longo dos séculos, essa sim, mata-maçons.

Temas como a Universidade Moderna, a admissão na Maçonaria, as relações com outras obediências e finalmente o contrato de arrendamento de instalações condignas ficam ali abordados e suficientemente esclarecidos.

Claro que não evitará que as ideias fantasiosas sobre os “mistérios”da maçonaria continuem a ser cultivadas pelos que não querem ver e/ou por todos os que publicitando toda a tolerância do mundo acabam por, com a sua actuação diária, acertar machadadas mortais no que é de facto tolerância, igualdade, ecumenismo.

JPSetúbal

21 agosto 2007

Sabiam que

O dia de hoje para além de ser como ja foi dito o do Aniversario do Rui também ficou celebre pelos factos ( entre outros ) que seguem:


21/08/1560 O astrônomo dinamarquês Tycho Brahe observa um eclipse do sol

21/08/1806 Os trabalhos maçônicos são suspensos no Brasil devido a perseguição

21/08/1896 Conde de Peña-Ramiro (governador de Madrid) ordena a invasão do Gran Oriente Español

21/08/1914 Eclipse Solar

21/08/1939 Alemanha e Rússia firmam um pacto de não agressão

21/08/1940 Morte de Leon Trotsky no México (o atentado foi em 20/08/1940)

21/08/1948 Fundação da Loja Pátria e Liberdade - Teresina

21/08/1956 Fundação da Loja Deus, Ordem e Progresso - Palmeiras de Goiás - GO

21/08/1985 Fundação da loja 'Salgado Filho' - Belo Horizonte - MG

21/08/2005 Inaugurada a praça Mafalda (personagem do cartunista Quino) em Buenos Aires


Até Amanhã

José Ruah